domingo, novembro 20, 2005

Semana da Ciência e Tecnologia II

Actividades interessantes no Distrito de Beja

Remediação de solos contaminados por actividades mineiras

Data Início:

21-11-2005 14:15

Data Fim:

21-11-2005 17:15

Entidade Responsavel:

Escola Superior Agrária de Beja

Tipo de Evento:

Portas Abertas / Visitas a laboratórios

Público Alvo:

Jovens

Descrição:

Demonstração da utilização de resíduos orgânicos biodegradáveis (lamas de ETAR, composto, etc.) na remediação (melhoria das características físico-químicas e biológicas) de solos degradados por actividades mineiras (solos ácidos, com fraca capacidade de retenção de água, com condições nutricionais pobres e com elevadas concentrações de elementos tóxicos).

Local:

Laboratório 6, Escola Superior Agrária de Beja
Rua Pedro Soares
Beja

Número máximo de participantes:

15

Necessária Inscrição Prévia:

Sim

Inscrição Online: :

Inscreva-se

Telefone para inscrição:

284314300

Local para inscrição:

Laboratório de Química, ESAB

Nome de Contacto:

Paula Alvarenga

Telefone:

284 314 312

Morada:

Rua Pedro Soares - Beja

Actividades interessantes no Distrito de Castelo Branco

As Sombras do Universo

Data Início:

23-11-2005 16:30

Data Fim:

23-11-2005 18:00

Entidade Responsavel:

Paulo Vargas Moniz

Tipo de Evento:

Colóquios / Palestras / Conferências

Público Alvo:

Público em Geral

Descrição:

No âmbito das comemorações do ano mundial da fisica, terá lugar a palestra "as sombras do universo" (ver em
http://www.dfisica.ubi.pt/pt/fnb.html) na Biblioteca Municipal
da Covilhã as 16h30. É dedicada a
cosmologia e desenvolvimentos teoricos\observacionais recentes.

Local:

Biblioteca Municipal Covilhã
Biblioteca Municipal Covilhã
Covilhã

Nome de Contacto:

Paulo Moniz

Telefone:

275 319 703

Morada:

Biblioteca Municipal Covilhã - Covilhã

Actividades interessantes no Distrito de Coimbra

Um Observatório Amador

Data Início:

21-11-2005 21:00

Data Fim:

27-11-2005 23:00

Entidade Responsavel:

Nucleo de Mira da APAA

Tipo de Evento:

Portas Abertas / Visitas a laboratórios

Público Alvo:

Público em Geral

Descrição:

Como se trabalha num observatório astronómico a um nível amador. Relações com a astronomia professional.

Local:

Observatório astronómico de Mira
Escola Sec. Dr. Maria Cândida
Mira

Nome de Contacto:

David Nunes

Telefone:

917165509

URL:

observatorio-mira.planetaclix.pt

Morada:

Escola Sec. Dr. Maria Cândida - Mira

Semana da Ciência e Tecnologia I

Actividades interessantes no Distrito de Aveiro


Mercado do Livro Técnico-Científico

Data Início:

21-11-2005 9:00

Data Fim:

25-11-2005 18:30

Entidade Responsavel:

Universidade de Aveiro, Departamento de Química

Tipo de Evento:

Oficinas / WorkShops

Público Alvo:

Público em Geral

Descrição:

Feira do Livro Técnico-Científico na qual os estudantes poderão adquirir livros a preço de saldo ou com grandes promoções.

Local:

Livraria dos SASUA
Campus de Santiago
Aveiro

Nome de Contacto:

Diogo Gonzalez Casa Nova

Telefone:

234 370 211

Morada:

Campus de Santiago - Aveiro

A Terra sob os nossos pés

Data Início:

21-11-2005 10:00

Data Fim:

23-11-2005 12:00

Entidade Responsavel:

Universidade de Aveiro, Departamento de Química

Tipo de Evento:

Oficinas / WorkShops

Público Alvo:

Público em Geral

Descrição:

A Terra esconde segredos nem sempre fáceis de desvendar.
Existem métodos capazes de aumentar o conhecimento daquilo que pisamos. Nesta actividade, serão abordadas algumas das aplicações práticas dos métodos geofísicos de prospecção no estudo do subsolo.

Local:

Departamento de Geociências
Campus de Santiago
Aveiro

Número máximo de participantes:

15

Necessária Inscrição Prévia:

Sim

Nome de Contacto:

Diogo Gonzalez Casa Nova

Telefone:

234370211

URL:

http://event.ua.pt/semct/

Morada:

Campus de Santiago - Aveiro

Observações:

Inscrição online.

Os minerais do nosso quotidiano

Data Início:

21-11-2005 10:00

Data Fim:

25-11-2005 17:00

Entidade Responsavel:

Universidade de Aveiro, Departamento de Química

Tipo de Evento:

Exposições

Público Alvo:

Público em Geral

Descrição:

Exposição permanente de amostras de minerais, acompanhada por descrições simples que explicam a sua constituição.

Local:

Departamento de Geociências - 2º Piso
Campus de Santiago
Aveiro

Nome de Contacto:

Diogo Gonzalez Casa Nova

Telefone:

234370211

URL:

http://event.ua.pt/semct/

Morada:

Campus de Santiago - Aveiro

Geodetective

Data Início:

21-11-2005 15:00

Data Fim:

25-11-2005 16:30

Entidade Responsavel:

Universidade de Aveiro, Departamento de Química

Tipo de Evento:

Oficinas / WorkShops

Público Alvo:

Público em Geral

Descrição:

Com base em pistas (propriedades), os participantes deverão identificar diferentes minerais.
Como se podem distinguir os minerais? Como os podemos identificar? Que nome lhes podemos dar?
É proposto ao participante um conjunto de actividades práticas (determinação e observação de algumas propriedades dos minerais) que permitirão responder a estas e outras questões.

Local:

Departamento de Geociências
Campus de Santiago
Aveiro

Número máximo de participantes:

15

Necessária Inscrição Prévia:

Sim

Nome de Contacto:

Diogo Gonzalez Casa Nova

Telefone:

234370211

URL:

http://event.ua.pt/semct/

Morada:

Campus de Santiago - Aveiro

Observações:

A actividade decorrerá das 15h às 15h30 e das 16h às 16h30. Inscrição online.

Teatro para Comunicar Ciência

Data Início:

22-11-2005 15:00 / 23-11-2005 11:00

Data Fim:

22-11-2005 15:45 / 23-11-2005 11:45

Entidade Responsavel:

Centro Ciência Viva de Aveiro - A Fábrica

Tipo de Evento:

Exposições

Público Alvo:

Público em Geral

Descrição:

Todas as formas para comunicar são válidas no nosso centro de ciência! O espectáculo que agora apresentamos pela companhia de teatro – A BARRACA é encenado por Gil Filipe e tem cenários e adereços de Delphim Miranda. Susana Costa, Pedro Borges e Gil Filipe vão contar toda a verdade sobre a Lua com a ajuda de Bonecos, projecções de imagens, música, luz negra, muita festa e alegria... ...
A peça História Breve da Lua é baseada num texto de António Gedeão publicado em 1981 dedicada ao público infanto-juvenil. A história parte da lenda que se conta sobre as manchas da Lua que diz serem um homem que lá está, de castigo, por ter trabalhado num Domingo. Para contar a verdade toda sobre as manchas da Lua e as suas fases, temos dois amigos: o Jerónimo e o Agapito. Um, acha que o que lá está é mesmo o Homem da Lua, e o outro, sabe que não, isso do Homem da Lua é tudo um grande disparate, uma invenção. No decorrer da discussão encontram o ‘Astrónimo’ - como lhe chama o Jerónimo - que, com a ajuda de um telescópio e do vestido de uma linda menina que por ali anda a passear, lhes tira todas as dúvidas sobre a Lua. Com esta história queremos, sobretudo, mostrar que ensinar é uma festa e aprender é divertido, vale a pena e dá prazer...

Local:

Auditório da Reitoria da Universidade de Aveiro
Campus de Santiago
Aveiro

Número máximo de participantes:

100

Nome de Contacto:

Filipa Assis

Telefone:

234 427 053

Morada:

Campus de Santiago - Aveiro

Observações:

FICHA TÉCNICA
Texto de António Gedeão
Encenação e dramaturgia de Gil Filipe
Música de Alberto Fernandes
Elenco Gil Filipe, Pedro Borges e Susana Costa


quinta-feira, novembro 17, 2005

Comemorações do Ano Mundial da Física

A Equipa de Coordenação de Leiria das Comemorações do Ano Internacional da Física, vai realizar, na semana da Ciência e Tecnologia, várias actividades interessantes das quais se salientam as seguintes:


Painel sobre: "A divulgação científica em Portugal"

- Local: Auditório 1 da Escola Superior de Educação de Leiria (ESEL);
- Interventores: Prof. Doutor António Manuel Baptista (comunicador com programas na Rádio e RTP1), Dr. Guilherme Valente (Gradiva Editores), dr. Leonel Silva (programa Megaciência - SIC) e Dr. Máximo Ferreira (Museu da Ciência, comunicador na televisão e rádio);
- Data: 22.11.2005 (3ª-feira);
- Horário: 18.30 horas.


Dia Nacional da Cultura Científica: "Homenagem a António Gedeão"

- Local: Biblioteca Municipal Afonso Lopes Vieira - Leiria;
- Interventores: alunos da Escola Secundário Afonso Lopes Vieira - Leiria, orientados pela Professora Helena Espírito Santo;
- Data: 24.11.2005 (5ª-feira);
- Horário: 18.30 horas.

Pré e Proto-história na bacia do Lis


No âmbito de um Mestrado em Evolução Humana do Departamento de Antropologia da Universidade de Coimbra está a decorrer em Leiria, no seu castelo altaneiro, uma Exposição Temporária de 30 de Setembro 2005 a 30 de Março 2006, com entrada gratuíta. Esta é descrita no site da Câmara Municipal de Leiria do seguinte modo:

A extraordinária capacidade de Adaptação Humana aos mais variados ambientes criou, durante milénios, uma relação de simbiose, em que habitantes e habitats se fundiam num só” é a frase que introduz o visitante nesta viagem pela Arqueologia e Evolução Humana.

A iniciativa surge, em primeiro lugar, como um balanço actualizado, dos imensos trabalhos arqueológicos desenvolvidos ao longo dos últimos anos, na região de Leiria e que revelaram novos dados de grande importância no contexto dos conhecimentos relativos à ocupação humana destes territórios.

Muitas são as vertentes da arqueologia que têm convivido em Leiria, desde a municipal (através da Oficina de Arqueologia, criada em 2003), passando por investigadores dos meios académicos, até aos muitos trabalhos de emergência ou de minimização de impactos patrimoniais em acompanhamentos de obra.

Destas intervenções, que englobam cronologias desde a Pré-história Antiga até à Arqueologia Industrial, a opção foi o enfoque na área da Pré e Proto-história, já que Leiria tem sido palco de descobertas arqueológicas e antropológicas (Menino do Lapedo) de muita relevância no contexto nacional e internacional, que importava trazer a público de uma forma didáctica, abrangente e actual.

Constata-se ainda a realização de actividades para alunos, a saber:

Os ateliers pedagógicos pretendem incentivar a aprendizagem, promover a divulgação e valorização do património cultural, fazer a ponte entre o passado e o presente de forma criativa, despertando o público-alvo para as ciências em torno da Pré-história e Evolução Humana.

Informações:
Os ateliers decorrem uma ou duas vezes por semana durante duas horas. Estes definem-se como um espaço lúdico-pedagógico destinado, preferencialmente, a alunos do 1.º e 2º Ciclos do Ensino Básico.
Cada atelier não deve exceder 20 crianças.
A participação dos grupos organizados realiza-se mediante marcação prévia. Os alunos devem ser acompanhados pelo professor responsável.
Horário: Das 10h00 às 12h00 ou das 14h30 às 16h30, nos Paços Novos do Castelo de Leiria.

Ateliers:

“Talhar a pedra na Pré-história - Como se faziam as ferramentas?”

“Riscos e Rabiscos - A Arte na Pré-história ”

“Como são os ossos dos animais?”

“Brincar com a Grande Árvore da Evolução Humana”

“Procurar, escavar e conservar!”

Finalmente, a acompanhar estas actividades decorrerá um ciclo de Conferências de elevado valor científico, como facilmente se comprovará:

Calendário de Conferências e oradores:
Novembro 2005 | Dia 25
“Atapuerca: O Homo heilderbergensis”
- Juan Luis Arsuaga, Co-Director do Projecto de Atapuerca, Prof. Catedrático da Universidade de Complutense de Madrid.

Dezembro 2005 | Dia 09
“Chimpanzés: os nossos parentes mais próximos”
- Cláudia Sousa, Primatóloga, especialista em Chimpanzés, Prof. Auxiliar da Universidade Nova de Lisboa.

Janeiro 2006 | Dia 27
“O Neandertal”
- Bernard Vandermeersch, Responsável pela descoberta de vários fósseis de Neandertais, Prof. Emérito.

Fevereiro 2006 | Dia 24
“Evolução Humana Um Balanço Actual”
- Eugénia Cunha, Profª. Catedrática, Antropologia Biológica, Universidade de Coimbra.

Março 2006 | Dia 03
“O Menino do Lapedo e as origens do Homem Moderno na Europa”
- João Zilhão, Arqueólogo, Prof. da Universidade de Lisboa. Co-responsável pela descoberta do “Menino do Lapedo”.

quarta-feira, novembro 16, 2005

Semana da Ciência e Tecnologia - Nazaré


Quando as Câmaras Municipais se decidem a contratar Geólogos, às vezes os resultados são surpreendentes. O Turismo SSS (Sun, Sand, Sex...) pode ser complementado por um Turismo Ambiental, Patrimonial e Geopatrimonial, como, e muito bem, descobriu a Câmara Municipal da Nazaré...!

O Colóquio (com Saída de Campo) intitulado Lagoa da Pederneira - Geologia e História, leva à Nazaré caras conhecidas e cientistas afamados, como se poderá ver pelo Programa:

09.00h Recepção dos participantes e entrega de documentação
09.30h Sessão de abertura com o Presidente da Câmara Municipal da Nazaré
10.00h “A Lagoa da Pederneira no contexto da evolução Holocénica do Litoral Centro”, Mª Conceição Freitas (Faculdade de Ciências da Univ. de Lisboa)
10.30h “O vale da Lagoa da Pederneira: condicionantes geológicas e evolução do Diapiro das Caldas da Rainha”, Jorge Dinis (Dep. de Ciências da Terra da Univ. de Coimbra)
11.00h Intervalo para café
11.30h “Da Lagoa da Pederneira à Planície Aluvial da Nazaré. Evolução histórico-geográfica” , Mª Virgínia Henriques (Dep. de Geociências da Univ. de Évora)
12.00h “O Pelourinho da Pederneira e o impacto dos fósseis na cultura e religião Popular”, Carlos Neto Carvalho (Câmara Municipal de Idanha-a-Nova)
12.30h Debate
13.00h Almoço
15.00h “A Lagoa da Pederneira do Romano ao Medieval”, Carlos Guardado Silva e Pedro Gomes Barbosa (Fac. de Letras da Univ. de Lisboa)
15.30h ”Os Graffitis da Batalha e a Lagoa da Pederneira”, Jorge Estrela
16.00h Intervalo para café
16.30h “A antiga religião popular da Lagoa da Pederneira”, Moisés Espírito Santo (Fac. de Ciências Sociais e Humanas da Univ. Nova de Lisboa)
17.00h “Notas Sobre a Lagoa da Pederneira e Alfeizerão”, Adriano Monteiro (Centro de Estudos Nazarenos)
17.30h Debate
18.00h Conclusões e Encerramento do Colóquio

A não faltar...

Semana da Cultura Científica

Semana da Ciência e da Tecnologia e Dia Nacional da Cultura Científica

Na semana em que se comemoram os 99 anos do nascimento de Rómulo Vasco da Gama de Carvalho, nome do cientista e pedagogo também conhecido pelo pseudónio literário de António Gedeão, a Unidade Ciência Viva celebra este evento com as XIX Edições da Semana da Cultura Científica e do Dia Nacional da Cultura Científica.

Recordemos agora, com muita saudade, um dos meus favoritos - o poeta-cientista...


Pedra filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.
Eles não sabem que o sonho
É tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral
pináculo de catedral
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo de Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Columbina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

in Movimento Perpétuo, 1956


Lágrima de preta

Encontrei uma preta
que estava a chorar
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhai-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

in Máquina de Fogo (1961)


Poema para Galileo

Estou olhando para o teu retrato, meu velho pisano,
aquele retrato que toda a gente conhece,
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano.
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.
(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Ofício.
Disse Galeria dos Ofícios.)
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.
Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria...
Eu sei... Eu sei...
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileo Galilei!
Olha. Sabes? Lá em Florença
está guardado um dedo da tua mão direita num relicário.
Palavra de honra que está!
As voltas que o mundo dá!
Se calhar até há gente que pensa
que entraste no calendário.

Eu queria agradecer-te, Galileo,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu,
e quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar – que disparate, Galileo!
– e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem a menor hesitação –
que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.

Pois não é evidente; Galileo?
Quem acredita que um penedo caia
com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?

Esta era a inteligência que Deus nos deu.

Estava agora a lembrar-me, Galileo,
daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo
e tinhas à tua frente
um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo
a olharem-te severamente.

Estavam todos a ralhar contigo,
que parecia impossível que um homem da tua idade
e da tua condição,
se estivesse tornando num perigo
para a Humanidade
e para a Civilização.
Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,
e percorrias, cheio de piedade,
os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.

Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das suas alturas
e poisaram, como aves aturdidas – parece-me que estou a vê-las –,
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.
E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual
conforme suas eminências desejavam,
e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
a meia-noite louvores à harmonia universal.
E juraste que nunca mais repetirias
nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,
aquelas abomináveis heresias
que ensinavas e escrevias
para eterna perdição da tua alma.
Ai, Galileo!
Mal sabiam os teus doutos juizes, grandes senhores deste pequeno mundo.
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias, Galileo Galilei.
Por isso eram teus olhos misericordiosos,
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade.
Por isso estoicamente, mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto eles, do alto inacessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão directa dos quadrados dos tempos.

in Linhas de Força (1967)


Poema do eterno retorno

Se não houvesse mais nada
(mesmo mais nada)
senão átomos,
se a mesma causa desse sempre o mesmo efeito
e para o mesmo efeito houvesse sempre a mesma causa,
então o meu salgueiro
havia um dia de ressuscitar.

Se não houvesse mais nada
(mesmo mais nada)
senão átomos,
eu próprio,
na efemeridade eternamente repetida
deste momento de agora,
tornaria a rever o meu salgueiro.

Se não houvesse mais nada
(mesmo mais nada)
senão átomos,
os milhões de milhões de milhões de átomos
que compõem os milhões de milhões de milhões de galáxias
dispostos de milhões de milhões de milhões de maneiras diferentes,
teriam forçosamente de repetir,
daqui a milhões de milhões de milhões de séculos,
exactíssimamente a mesma posição que agora têm.

E então,
nesse dia infinitamente longínquo mas finitamente próximo,
eu, Fulano de Tal,
Filho legítimo de Fulano de Tal e de Dona Fulana de Tal,
nascido e baptizado na freguesia de Tal,
a tantos de Tal,
neto paterno de Fulanos de Tal,
e materno de Tal e Tal,
etc. e tal,
se não houvesse mais nada
(mesmo mais nada)
senão átomos,
encontrar-me-ia no mesmo ponto do mesmo Universo
a olhar parvamente para o meu salgueiro.

Isto, é claro,
se não houvesse mais nada
(mesmo mais nada)
senão átomos.

in Novos Poemas Póstumos (1990)


Poema do homem novo

Niels Armstrong pôs os pés na Lua
e a Humanidade saudou nele
o Homem Novo.
No calendário da História sublinhou-se
com espesso traço o memorável feito.

Tudo nele era novo.
Vestia quinze fatos sobrepostos.
Primeiro, sobre a pele, cobrindo-o de alto a baixo,
um colante poroso de rede tricotada
para ventilação e temperatura próprias.
Logo após, outros fatos, e outros e mais outros,
catorze, no total,
de película de nylon
e borracha sintética.
Envolvendo o conjunto, do tronco até aos pés,
na cabeça e nos braços,
confusíssima trama de canais
para circulação dos fluidos necessários,
da água e do oxigénio.

A cobrir tudo, enfim, como um balão ao vento,
um envólucro soprado de tela de alumínio.
Capacete de rosca, de especial fibra de vidro,
auscultadores e microfones,
e, nas mãos penduradas, tentáculos programados,
luvas com luz nos dedos.

Numa cama de rede, pendurada
das paredes do módulo,
na majestade augusta do silêncio,
dormia o Homem Novo a caminho da Lua.

Cá de longe, na Terra, num borborinho ansioso,
bocas de espanto e olhos de humidade,
todos se interpelavam e falava,
do Homem Novo,
do Homem Novo,
do Homem Novo.

Sobre a Lua, Armstrong pôs finalmente os pés.
caminhava hesitante e cauteloso,
pé aqui,
pé ali,
as pernas afastadas,
os braços insuflados como balões pneumáticos,
o tronco debruçado sobre o solo.

Lá vai ele.
Lá vai o Homem Novo
medindo e calculando cada passo,
puxando pelo corpo como bloco emperrado.
Mais um passo.
Mais outro.

Num sobre-humano esforço
levanta a mão sapuda e qualquer coisa nela.
com redobrado alento avança mais um passo,
e a Humanidade inteira, com o coração pequeno e ressequido
viu, com os olhos que a terra há-de comer,
o Homem Novo espetar, no chão poeirento da Lua, a bandeira da sua Pátria,
exactamente como faria o Homem Velho.

in Novos Poemas Póstumos (1990)