quarta-feira, novembro 29, 2006

Descobertas feitas e por fazer, Livros que queremos ler

Caro(a) amigo(a)


já alguma vez se interrogou sobre qual foi, até ao dia de hoje, a maior e mais importante descoberta científica de todos os tempos? E o que lhe parece que falta ainda descobrir para darmos mais um passo de gigante na aventura do conhecimento?

Mas não é tudo. Queremos ainda saber qual o livro de divulgação científica que não pode deixar de ser lido.

Na Semana da Ciência e da Tecnologia 2006 convidámos várias personalidades da cultura e da ciência do nosso país a darem o mote a esta iniciativa, que vai continuar nos próximos meses. Este é um convite de grande participação pública.

No site da Ciência Viva (http://www.cienciaviva.pt/diga/) já é possível aceder aos contributos dados por António Coutinho, António Firmino da Costa, Alexandre Quintanilha, Carlos Fiolhais, Fraústo da Silva, João Lobo Antunes, Jorge Buescu, Jorge Calado, José Vítor Malheiros, Manuel Fiolhais, Manuel Heitor, Manuel Paiva, Nuno Crato, Roberto Carneiro e Sobrinho Simões.

A lista vai crescer nos próximos meses. Muitos outros testemunhos são esperados e o seu também. Basta aceder ao site da Ciência Viva e registar o seu contributo.

Ficamos à espera da sua participação!

Parabéns Montanheiros...!

Do mailing-list espeleo_pt retirámos a seguinte notícia:



“Os Montanheiros - Sociedade de Exploração Espeleológica”

Os Montanheiros comemoram o seu 43º aniversário no próximo dia 1 de Dezembro. Integradas nas comemorações estão previstas algumas actividades abertas ao público.

No dia 30 de Novembro, na sede da associação, pelas 20:00 horas será aberto o Museu Vulcanoespeleológico a todos que o queiram visitar, seguindo-se pelas 21:30 horas a Sessão Solene do aniversário, onde será orador o Prof. Paulo Borges do Departamento de Geociências da Universidade dos Açores, que irá desenvolver o tema: “Ambientes litorais e perigos costeiros nos Açores”.

No dia 1 de Dezembro pelas 08:00 horas tem lugar a Alvorada, com o hastear da bandeira e onde se esperam os cumprimentos das filarmónicas desta cidade, com o toque do hino dos Montanheiros. Pelas 09:30 horas, na Igreja da Sé, há a missa por alma dos sócios falecidos.

Pelas 15:00 horas, no Algar do Carvão, haverá lugar à grande corrida “Degraus do Algar do Carvão”, prova por escalões, onde os participantes terão de subir, em contra-relógio, desde a parte mais baixa, junto à lagoa, até ao marco no cimo do Pico do Carvão. Os melhores atletas serão premiados com troféus e prémios. As inscrições para esta prova poderão ser feitas pessoalmente ou telefonando para a sede da Associação.

No Sábado 2 de Dezembro, entre as 9:00 e as 13:00 decorrerá uma competição de escalada no Ginásio da Escola Padre Jerónimo Emiliano de Andrade, também por escalões, onde também serão premiados os melhores atletas.

Ainda durante o mês de Dezembro, no dia de Natal, pelas 11:00 horas será realizada a missa na Gruta do Natal, e para a qual se espera novamente uma boa afluência participantes.

(fonte: http://www.montanheiros.com/)

4ª Conferência NEL


A quarta sessão das Conferências sobre Espeleologia do NEL, que será feita por elementos do NEC (Núcleo de Espeleologia de Condeixa) será em 7 de Dezembro de 2006 (5ª-feira), às 21.30 horas, no Auditório 1 da ESEL - Leiria.



Picos da Europa e México
Exploração das Grandes Verticais

A não faltar...

PS - As próximas sessões são à 6ª-feira, em 15.12.2006 (não sei o tema e conferencistas) e 22.12.2006 ("Expedições do Sistema Cársico do Frade : Arrábida - Sesimbra", a cargo do Núcleo de Espeleologia da Costa Azul).

25 anos do Departamento de Geologia da Universidade de Lisboa


COMEMORAÇÃO DO 25.º ANIVERSÁRIO DO DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA DA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DE LISBOA

EXPOSIÇÃO

"EVOCAÇÃO DAS RAÍZES E DA MEMÓRIA"


6 de Dezembro de 2006 (4.ª feira) 17H30

Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa - Edifício C6

Mais informações em:
http://www.fc.ul.pt/sites/25anos/


Download do Convite - AQUI




Organização:
Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa


Mais Informações:
Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
Telef.: 21 750 00 66
http://geologia.fc.ul.pt/geoFCUL/index.htm

Projecto europeu OIKOS



Muitas Universidades e Instituições europeias estão a participar num projecto europeu (OIKOS) em que se está a desenvolver uma interface multimédia para a aprendizagem através da Internet (www.e-oikos.net) de temas relacionados com riscos geológicos, aplicáveis a diversos grupos etários.

Veja-se o seguinte exemplo:
http://151.8.193.227/oikosgmap/oikos4.htm

terça-feira, novembro 28, 2006

Intervalo

Interrompemos a colocação das fotos do Encontro dos Geopedrados para explicar uma dúvida que tinhamos e a que o Blog Bandeira ao Vento soube, finalmente, dar resposta...

Marionetes - Encontro Geopedrados II

Clicar para ampliar as imagens...




Marionetes - Encontro Geopedrados




NOTA: Porei, mais tarde, um pequeno filme com as Marionetas...

Nascente do Rio Lis (Encontro Geopedrados)








Nota: as duas últimas fotos são da autoria da Ana Rola, licenciada em Biologia e Mestre em Ensino de Geologia, cursos tirados na Universidade de Coimbra, que é minha colega de Escola...

Almoço dos Geopedrados (Encontro em Leiria) -II



Grupo de Trabalho para o Estudo do Património Espeleológico dos Açores

Com os nossos agradecimentos ao Blog Profundezas, que nos referiu esta associação/grupo de trabalho açoriano da área da Espeleovulcanologia...

Devido à natureza vulcânica do Arquipélago e à presença de escoadas lávicas do tipo basáltico, as ilhas dos Açores apresentam um diversificado património espeleológico com valor insubstituível e inestimável. São conhecidas cerca de 250 cavidades naturais, (tubos de lava e algares vulcânicos), correspondendo a muitas dezenas de quilómetros de caminhos subterrâneos, onde se escondem muitos segredos e estranhas formas de vida. As cavidades vulcânicas dos Açores complementam-se, possuindo no seu conjunto uma diversificada riqueza geológica, biológica e estética, que poderá ser divulgada ou protegida consoante a especificidade do local em causa.

Consciente da importância deste património, o Governo Regional dos Açores criou através da resolução N.º 149/98 de 25 de Junho, um grupo multidisciplinar encarregado de promover a elaboração de um estudo sobre as cavidades vulcânicas dos Açores, que posteriormente, através da resolução N.º 191/2002 passou a desigar-se GESPEA (Grupo de Trabalho para o Estudo do Património Espeleológico dos Açores).

Este grupo tem como objectivos principais:
  • Propor ao Governo Regional as medidas legislativas adequadas à protecção, conservação e valorização do Património Espeleológico dos Açores (PEA);
  • Propor ao Governo Regional a classificação de cavidades vulcânicas;
  • Emitir parecer sobre planos de ordenamento e de gestão, para as cavidades vulcânicas, que venham a ser realizados;
  • Emitir pareceres e pronunciar-se sobre quaisquer actos, intervenções ou actividades, de natureza pública ou privada, que se desenvolvam nas cavidades vulcânicas dos Açores, ou que interfiram directa ou indirectamente com estas;
  • Promover campanhas de sensibilização e de divulgação do PEA;
  • Promover estudos de pormenor sobre as cavidades vulcânicas pouco conhecidas ou recentemente descobertas.

Site da Internet do GESPEA (Grupo de Trabalho para o Estudo do Património Espeleológico dos Açores):

Almoço dos Geopedrados


Encontro dos Geopedrados

Embora com atraso, aqui fica a descrição oficial do evento:

1. Almoço

Começou só com dois quartos de hora académicos de atraso, com a presença de duas Biólogas (Céu Machado e Ana Rola, ambas entusiastas da Geologia, vindas para saída de campo). Almoçaram ainda o Fernando Martins, a Adelaide e o filho, a Georgina, marido e filhos e a Téu, marido e filha - doze no total...

2. Saída de Campo
Prevista para Gesseira de Souto da Carpalhosa, foi alterada em virtude do estado do tempo (fazer 500 metros em terreno muito enlameado era um pouco difícil). Estava previsto vir um lisboeta para ver a Gesseira, mas convenci-o a vir noutra altura. Optámos por ir antes ver as Nascentes do Rio Lis, nas Fontes (concelho de Leiria) pois as últimas chuvadas tinham tornado esta exsurgência (as temporárias e a permanente) um espectáculo... Nessa altura já o Carlos, esposa e filho se tinham juntado a nós - catorze participantes (a Lai ficou em casa, a preparar a merenda...).

3. Fantoches
Uma boa sala, um bom espectáculo (pena o espanhol que às vezes era difícil para algumas crianças...) e, já com o Jorge, esposa e filhas, estivemos dezasseis a ver as Marionetes.

4. Merenda
Com umas coisitas do Fernando, mais os bolos e vinho da Téu, mais uma vista de olhos ao computador (para trocar experiências...) aqui estivemos vinte e seis pessoas, na casa do Fernando e Lai, pois, entretanto, chegou o João Paulo, Fátima e filhos, o Manel Caveira (e filhos) e a Florbela (e filha ) - pena o Jorge e família terem ido embora mais cedo...

5. Jantar
Fomos 22 pessoas ao Jantar, no Restaurante A Grelha, em Leiria. Eu acho que não estava mau (havia lá uns petiscos interessantes...). Pontos menos bons - o fumo que ocorreu numa certa altura e o facto de muitos não saberem cantar a música oficial do evento, bem como o facto de ter havido um pequeno toque num carro no final, que estaa mal estacionado...

6. Despedidas
Foram feitas na casa da Lai e Fernando (já sem o Carlos, Micá e André...), tendo-se discutido novas datas e novas actividades...!


Em breve, posts com fotos (e filmes...!) do evento, num blogue perto de si...
Quer tiver fotos e/ou descrições pode postar no Blogue ou enviar para mim.

domingo, novembro 26, 2006

Morreu Mário Cesariny ...


Mário Cesariny de Vasconcelos (Lisboa, 9 de Agosto de 1923 — Lisboa, 26 de Novembro de 2006) foi um pintor e poeta, considerado o principal representante do surrealismo português.

Para conhecerem este grande homem, sugere-se o artigo na Wikipédia - clicar aqui. Aqui fica um seu poema, para quem desconhece o autor...


lembra-te

Lembra-te
que todos os momentos
que nos coroaram
todas as estradas
radiosas que abrimos
irão achando sem fim
seu ansioso lugar
seu botão de florir
o horizonte
e que dessa procura
extenuante e precisa
não teremos sinal
senão o de saber
que irá por onde fomos
um para o outro
vividos

sábado, novembro 25, 2006

Adiamento da ida à Gesseira


Por causa do mau tempo (ter-se-ia de fazer cerca de 500 metros a pé em caminho muito lamacento...) a ida à Gesseira fica adiada.

Os interessados devem contactar-me para marcar nova data....

sexta-feira, novembro 24, 2006

Novos Mapas

Novos Mapas para quem vem de Sul, A8 ou Continente

Para quem vem da IC2 (antiga Nacional 1), A8 ou Continente de Leiria, a sugestão é ir à Rotunda D. Dinis, subir a Avenida da Comunidade Europeia - Circular interna de Leiria, até chegar à Rotunda do MacDonalds e Hotel Ibis (Praça Rotária).


Indo pela Avenida daComunidade Europeia - Circular interna de Leiria chega-se à Rotunda do MacDonalds e Hotel Ibis (Praça Rotária). Desta vez ir em frente (Variante Sul).

Na Rotunda Santo André (junto ao Hospital) virar em direcção ao centro (passar ao lado InterMarché) e ir até à Travessa da Rua das Olhalvas.


Clicar nas imagens para ampliar - e imprimir se necessário...

Adiamento de Conferência NEL

Recebemos do NEL a seguinte informação:


CONFERÊNCIA DE HOJE (24 DE NOVEMBRO) ADIADA PARA 30 DE NOVEMBRO (QUINTA-FEIRA)

Devido à intempérie que se faz sentir um pouco por todo o país, não foi possível ao Núcleo de Espeleologia da Costa Azul deslocar-se a Leiria. No entanto o evento foi adiado para dia 30 de Novembro (próxima Sexta-feira), à mesma hora.

Lamentamos qualquer incómodo, mas só agora foi possível confirmar a impossibilidade da deslocação dos intervenientes.


A quarta sessão das Conferências sobre Espeleologia do NEL, será então feita pelo Francisco Rasteiro do NECA (Núcleo de Espeleologia da Costa Azul) em 30 de Novembro de 2006 (5ª-feira), às 21.30 horas, no Auditório 1 da ESEL - Leiria.

Expedições do Sistema Cársico do Frade : Arrábida - Sesimbra

A não faltar...

NOTA: Adiada, novamente, para 22.12.2006 (6ª-feira)...

Encontro dos Geopedrados em Leiria

O ponto de encontro é no Café Olhalvas, sito na Travessa das Rua das Olhalvas (moro no prédio do Café...).

MAPA:


Pontos de referência: fica nas próximidades do Hospital, do Intermarché, da saída da Autoestrada A1, das Bombas Total, dos Bombeiros Municipais...

Comemoração da SCT - VIII



Homem




Inútil definir este animal aflito.

Nem palavras,

nem cinzéis,

nem acordes,

nem pincéis

são gargantas deste grito.

Universo em expansão.

Pincelada de zarcão

desde mais infinito a menos infinito.



in Movimento Perpétuo (1956)





Impressão digital



Os meus olhos são uns olhos,

E é com esses olhos uns

que eu vejo no mundo escolhos

onde outros, com outros olhos,

não vêem escolhos nenhuns.



Quem diz escolhos diz flores.

De tudo o mesmo se diz.

Onde uns vêem luto e dores

uns outros descobrem cores

do mais formoso matiz.



Nas ruas ou nas estradas

onde passa tanta gente,

uns vêem pedras pisadas,

mas outros, gnomos e fadas

num halo resplandecente.



Inutíl seguir vizinhos,

querer ser depois ou ser antes.

Cada um é seus caminhos.

Onde Sancho vê moinhos

D. Quixote vê gigantes.



Vê moinhos? São moinhos.

Vê gigantes? São gigantes.



in Movimento Perpétuo (1956)

Comemoração da SCT - VII



Rómulo Vasco da Gama de Carvalho/António Gedeão
(Lisboa, 24.11.1906 - Lisboa, 17.02.1997)

Filho de um funcionário dos correios e telégrafos e de uma dona de casa, Rómulo Vasco da Gama de Carvalho nasceu a 24 de Novembro de 1906 na lisboeta freguesia da Sé. Aí cresceu, juntamente com as irmãs, numa casa modesta da rua do Arco do Limoeiro (hoje rua Augusto Rosa), no seio de um ambiente familiar tranquilo, profundamente marcado pela figura materna, cuja influência foi decisiva para a sua vida.

Na verdade, a sua mãe, apesar de contar somente com a instrução primária, tinha como grande paixão a literatura, sentimento que transmitiu ao filho Rómulo, assim baptizado em honra do protagonista de um drama lido num folhetim de jornal. Responsável por uma certa atmosfera literária que se vivia em sua casa, é ela que, através dos livros comprados em fascículos, vendidos semanalmente pelas casas, ou, mais tarde, requisitados nas livrarias Portugália ou Morais, inicia o filho na arte das palavras. Desta forma Rómulo toma contacto com os mestres - Camões, Eça, Camilo e Cesário Verde, o preferido - e conhece As Mil e Uma Noites, obra que viria a considerar uma da suas bíblias.

Criança precoce, aos 5 anos escreve os primeiros poemas e aos 10 decide completar "Os Lusíadas" de Camões. No entanto, a par desta inclinação flagrante para as letras, quando, ao entrar para o liceu Gil Vicente, toma pela primeira vez contacto com as ciências, desperta nele um novo interesse, que se vai intensificando com o passar dos anos e se torna predominante no seu último ano de liceu.

Este factor será decisivo para a escolha do caminho a tomar no ano seguinte, aquando da entrada na Universidade, pois, embora a literatura o tenha acompanhado durante toda a sua vida, não se mostrava a melhor escolha para quem, além de procurar estabilidade, era extremamente pragmático e se sentia atraído pelas ciências justamente pelo seu lado experimental. Desta forma, a escolha da área das ciências, apesar de não ter sido fácil, dá-se.

E assim, enquanto Rómulo de Carvalho estuda Ciências Fisico-Químicas na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, as palavras ficam guardadas para quando, mais tarde, surgir alguém que dará pelo nome de António Gedeão.

Em 1932, um ano depois de se ter licenciado, forma-se em ciências pedagógicas na faculdade de letras da cidade invicta, prenunciando assim qual será a sua actividade principal daí para a frente e durante 40 anos - professor e pedagogo.

Começando por estagiar no liceu Pedro Nunes e ensinar durante 14 anos no liceu Camões, Rómulo de Carvalho é, depois, convidado a ir leccionar para o liceu D. João III, em Coimbra, permanecendo aí até, passados oito anos, regressar a Lisboa, convidado para professor metodólogo do grupo de Físico-Químicas do liceu Pedro Nunes.

Exigente, comunicador por excelência, para Rómulo de Carvalho ensinar era uma paixão. Tal como afirmava sem hesitar, ser Professor tem de ser uma paixão - pode ser uma paixão fria mas tem de ser uma paixão. Uma dedicação. E assim, além da colaboração como co-director da "Gazeta de Física" a partir de 1946, concentra, durante muitos anos, os seus esforços no ensino, dedicando-se, inclusivé, à elaboração de compêndios escolares, inovadores pelo grafismo e forma de abordar matérias tão complexas como a física e a química. Dedicação estendida, a partir de 1952, à difusão científica a um nível mais amplo através da colecção Ciência Para Gente Nova e muitos outros títulos, entre os quais Física para o Povo, cujas edições acompanham os leigos interessados pela ciência até meados da década de 1970. A divulgação científica surge como puro prazer - agrada-lhe comunicar, por escrito e com um carácter mais amplo, aquilo que, enquanto professor, comunicava pela palavra.

A dedicação à ciência e à sua divulgação e história não fica por aqui, sendo uma constante durante toda a sua a vida. De facto, Rómulo de Carvalho não parou de trabalhar até ao fim dos seus dias, deixando, inclusive trabalhos concluídos, mas por publicar, que por certo vêm engrandecer, ainda mais, a sua extensa obra científica.

Apesar da intensa actividade científica, Rómulo de Carvalho não esquece a arte das palavras e continua, sempre, a escrever poesia. Porém, não a considerando de qualidade e pensando que nunca será útil a ninguém, nunca tenta publicá-la, preferindo destruí-la.

Só em 1956, após ter participado num concurso de poesia de que tomou conhecimento no jornal, publica, aos 50 anos, o primeiro livro de poemas Movimento Perpétuo. No entanto, o livro surge como tendo sido escrito por outro, António Gedeão, e o professor de física e química, Rómulo de Carvalho, permanece no anonimato a que se votou.

O livro é bem recebido pela crítica e António Gedeão continua a publicar poesia, aventurando-se, anos mais tarde, no teatro e,depois, no ensaio e na ficção.

A obra de Gedeão é um enigma para os críticos, pois além de surgir, estranhamente, só quando o seu autor tem 50 anos de idade, não se enquadra claramente em qualquer movimento literário. Contudo o seu enquadramento geracional leva-o a preocupar-se com os problemas comuns da sociedade portuguesa, da época.

Nos seus poemas dá-se uma simbiose perfeita entre a ciência e a poesia, a vida e o sonho, a lucidez e a esperança. Aí reside a sua originalidade, difícil de catalogar, originada por uma vida em que sempre coexistiram dois interesses totalmente distintos, mas que, para Rómulo de Carvalho e para o seu "amigo" Gedeão, provinham da mesma fonte e completavam-se mutuamente.

A poesia de Gedeão é, realmente, comunicativa e marca toda uma geração que, reprimida por um regime ditatorial e atormentada por uma guerra, cujo fim não se adivinhava, se sentia profundamente tocada pelos valores expressos pelo poeta e assim se atrevia a acreditar que, através do sonho, era possível encontrar o caminho para a liberdade. É deste modo que "Pedra Filosofal", musicada por Manuel Freire, se torna num hino à liberdade e ao sonho.E, mais tarde, em 1972, José Nisa compõe doze músicas com base em poemas de Gedeão e produz o álbum "Fala do Homem Nascido".

O professor Rómulo de Carvalho, entretanto,após 40 anos de ensino,em 1974, motivado em parte pela desorganização e falta de autoridade que depois do 25 de Abril tomou conta do ensino em Portugal decide reformar-se. Exigente e rigoroso, não se conforma com a situação. Nessa altura é convidado para leccionar na Universidade mas declina o convite.

Incapaz de ficar parado, nos anos seguintes dedica-se por inteiro à investigação publicando numerosos livros, tanto de divulgação científica, como de história da ciência. Gedeão também continua a sonhar, mas o fim aproxima-se e o desejo da morrer determina, em 1984, a publicação de Poemas Póstumos.

Em 1990, já com 83 anos, Rómulo de Carvalho assume a direcção do Museu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa, sete anos depois de se ter tornado sócio correspondente da Academia de Ciências, função que desempenhará até ao fim dos seus dias.

Quando completa 90 anos de idade, a sua vida é alvo de uma homenagem a nível nacional. O professor, investigador, pedagogo e historiador da ciência, bem como o poeta, é reconhecido publicamente por personalidades da política, da ciência, das letras e da música.

Infelizmente, a 19 de Fevereiro de 1997 a morte leva-nos Rómulo de Carvalho. Gedeão, esse já tinha morrido alguns anos antes, aquando da publicação de Poemas Póstumos e Novos Poemas Póstumos.

Avesso a mostrar-se, recolhido, discreto, muito calmo, mas ao mesmo tempo algo distante, homem de saberes múltiplos e de humor subtil, Rómulo de Carvalho que nunca teve pressa, mas em vida tanto fez, deixa, em morte, uma saudade imensa da parte de todos quantos o conheceram e à sua obra.

in http://www.citi.pt/

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