segunda-feira, novembro 20, 2006
Comemoração da SCT - II
Lição sobre a água
Este líquido é água.
Quando pura
é inodora, insípida e incolor.
Reduzida a vapor,
sob tensão e a alta temperatura,
move os êmbolos das máquinas que, por isso,
se denominam máquinas de vapor.
É um bom dissolvente.
Embora com excepções mas de um modo geral,
dissolve tudo bem, ácidos, base e sais.
Congela a zero graus centesimais
e ferve a 100, quando à pressão normal.
Foi neste líquido que numa noite cálida de Verão,
sob um luar gomoso e branco de camélia,
apareceu a boiar o cadáver de Ofélia
com um nenúfar na mão.
Comemoração da SCT - I
Na semana em que se comemoram os 100 anos do nascimento de Rómulo Vasco da Gama de Carvalho, nome do cientista e pedagogo também conhecido pelo pseudónimo literário de António Gedeão, o Blog associa-se às comemorações da Semana da Ciência e Tecnologia e do Dia Nacional da Cultura Científica, promovidas pela Ciência Viva, através da divulgação de alguma poesia deste autor.
Pedra filosofal
Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.
Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.
Eles não sabem que o sonho
É tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral
pináculo de catedral
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo de Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Columbina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.
Eles não sabem nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.
in Movimento Perpétuo, 1956
domingo, novembro 19, 2006
Faltam 6 dias...!
Canção do Marco
É num porto
Italiano
Mesmo ao pé das montanhas
Que vive o nosso amigo
Marco
Numa humilde casinha
Ele acorda
Muito cedo
Para ajudar
A sua querida mamã
Mas um dia a tristeza
Chega ao seu coração
A mamã tem de partir
Cruzando o mar
Para outro país
Vais-te embora mamã
Não me deixes aqui
Adeus mamã
Pensaremos
E
Se tu não voltas eu irei
À procura em toda a parte
Não me importa se for longe
Hei-de encontrar-te
Link para filme com música - aqui...!
sábado, novembro 18, 2006
A importância geológica de Peniche
S/P - Limite Sinemuriano-Pliensbaquiano; P/T - Limite Pliensbaquiano-Toarciano.
A equipa de investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra que estuda o lugar de Ponta do Trovão, em Peniche, concluiu que o local tem um valor geológico único a nível mundial.
"Pela leitura das rochas, sobre a qual já nos debruçamos há uma década, conclui-se que este é o local que apresenta o melhor registo geológico do mundo para o intervalo de tempo do período do jurássico inferior, há 183 milhões de anos", afirmou Luís Vítor Duarte, líder da equipa de investigadores.
Luís Duarte explicou que a península de Peniche, em termos geológicos, "mostra uma sucessão de estratos de rochas sedimentares carbonatadas de idade jurássica, registando, de forma contínua e ímpar, cerca de 20 milhões de anos da história geológica portuguesa".
"Constitui, sem dúvida, o melhor registo em Portugal de rochas daquela idade, relacionadas com uma fase marinha iniciada à volta dos 190 milhões de anos, anterior à génese do oceano Atlântico", disse.
O investigador defendeu ainda que a península de Peniche "ocupa um irrefutável valor científico à escala planetária, pois apresenta exemplos únicos da história geológica do período Jurássico".
Dos trabalhos elaborados, a equipa também concluiu que no jurássico inferior "a Península Ibérica era uma ilha e que as zonas das cidades como Coimbra, Lisboa e Peniche eram mar, só existia ambiente marinho".
Com os estudos realizados, a ideia é que dentro de dois anos o local venha a ser classificado pela Comissão Internacional de Estratigrafia (organismo pertencente à Unesco) como o estratotipo do limite Pliensbaquiano/Toarciano — um padrão à escala mundial entre dois dos andares do período Jurássico com cerca de 183 milhões de anos.
A equipa assinou ontem um protocolo com a Câmara Municipal de Peniche para a organização de actividades de divulgação científica na área da geologia para escolas, visitas de estudo e campos de trabalho por parte de investigadores internacionais.
in Público - 17.11.2006
Foto - Luís Vitor Duarte (autor do mapa)
(autoria das fotos - Fernando Martins)
sexta-feira, novembro 17, 2006
Um Pêndulo de Foucault em Estremoz...
A Terra roda...e em Estremoz vê-se!
Três séculos depois de Copérnico;
Dois séculos depois de Galileu;
Século e meio depois de Foucault,
Venha ver a Terra rodar em Estremoz.
Mais informações em:
http://www.estremoz.cienciaviva.pt
Seminário em Marvão
Nota: Podem ainda visitar a nascente cársica da Quinta e nas imediações a Cova da Moura (cuidado com os morcegos...).
Teatro sem pagar...
A sessão tem lugar no Domingo, dia 19 de Novembro, às 16 horas, no Teatro Aberto, em Lisboa.
Bertolt Brecht escreveu esta peça entre 1938 e 1956, abordando situações da vida de Galileu que permanecem actuais, como a liberdade individual e a relação do cientista com a sociedade.
A atitude de Galileu face à experimentação marca o início da ciência moderna. Esta obra tem um significado muito especial neste ano em que se comemora o centenário do nascimento de Rómulo de Carvalho, poeta, professor e grande divulgador da ciência e da experimentação como base do conhecimento científico.
A participação é gratuita. Reserve já os seus bilhetes através do telefone 21 891 71 00 ou pelo e-mail info@pavconhecimento.pt
O bilhetes têm que ser levantados até às 19 horas de Sábado, dia 18, no Pavilhão do Conhecimento, no Parque das Nações, Lisboa.
Reserva limitada aos primeiros 200 pedidos.
Venha ao teatro connosco!
Esta encenação de Galileu é da autoria de João Lourenço, com dramaturgia de Vera San Payo de Lemos e o actor Rui Mendes no papel principal. O cenário é de João Lourenço e Henrique Cayatte, com uma forte inspiração em imagens e instrumentos científicos.
quinta-feira, novembro 16, 2006
Sismo nas Curilas
3ª Conferência NEL
segunda-feira, novembro 13, 2006
Balada... in...docente
http://www.youtube.com/watch?v=UQURs_gvFcI
domingo, novembro 12, 2006
Semana da Ciência e Tecnologia
As actividades que iremos realizar são as seguintes:
1. Encontro dos Geopedrados
Local: Leiria
Data: 25.11.2006 (Sábado)
Horário: 12.00 - 22.00 horas
Destinatários: Ex-alunos do curso de Geologia de 85/89 da Universidade de Coimbra
Actividades: Pré-encontro - Almoço, Visita à Gesseira de Souto da Carpalhosa e/ou Castelo de Leiria, ida a espectáculo de Marionetas; Encontro - Encontro-Lanche, Jantar-Convívio.
2. Visita à Gesseira de Souto da Carpalhosa
Local: Leiria
Data: 25.11.2006 (Sábado)
Horário: 13.30 - 16.00 horas
Destinatários: Qualquer pessoa pré-inscrita
Actividades: Ponto de encontro - Café Olhalvas; partida em carros próprios para a gesseira, com material de campo de geólogo e roupas apropriadas, regresso ao local de partida.
3. Comemoração on-line da Semana da Ciência e Tecnologia
Local: Internet
Data: 20 a 25.11.2006
Horário: Todo o dia
Destinatários: Qualquer pessoa
Actividades: Publicação on-line de poesia de António Gedeão (ou de outras sugeridas para o evento).
4. Mini-Acção de Formação "Utilização de Blogues como ferramenta de trabalho em Contexto Escolar "
Local: Escola Correia Mateus - Leiria
Data: 22.11.2006 (4ª)
Horário: 14.15 - 16.15 horas
Destinatários: Actividade para Professores, com prioridade para docentes do Departamento de Ciências Físicas e Naturais da Escola Correia Mateus, mas aberta a outros docentes da mesma Escola ou de outras Escolas.
Actividades: Workshop para professores sobre aprofundamento de conhecimentos sobre a utilização em contexto escolar dos Blogues, com especial ênfase na sua aplicação na divulgação científica, no uso com turmas e na sua adaptação ao contexto de uso local.
sexta-feira, novembro 10, 2006
Aplicação informática para Geociências
O respectivo ficheiro de instalação para plataformas Windows ® encontra-se em:
http://www.fc.up.pt/pessoas/jmcoelho
sob a rubrica ‘software/Geoiso’.
O despiste de eventuais dificuldades na sua utilização pode ser efectuado através do e-mail do autor do software, jmcoelho@fc.up.pt.
segunda-feira, novembro 06, 2006
ENCONTRO DE GEOPEDRADOS EM LEIRIA...!
Programa das festas:
Pré-Encontro:
12.00 -13.00: Almoço no Café-Restaurante Olhalvas.
13.00 - 15.30: Visita à Gesseira de Souto da Carpalhosa (ou, em alternativa, ao Castelo de Leiria).
16.00 - 17.00: Ida das crianças (e acompanhantes) a um espectáculo de Marionetas.
Encontro:
16.00 - 19.00: Encontro dos participantes (casa do Fernando).
19.00 - 22.00: Jantar-convívio (local a definir).
Aceitam-se sugestões e críticas...
NOTA: Quem pode vir deve informar-me (960081251, fjfom@hotmail.com ou 244834505) de quando chega, quantas pessoas traz, se pretende almoçar, jantar ou participar em alguma das actividades (Marionetas, Gesseira ou Castelo, para comprar bilhetes ou pedir autorização).
sexta-feira, novembro 03, 2006
Revistas a não perder
1. National Geographic - Portugal (Novembro 2006)
Custando apenas 1,00€, tem na capa a menina mais antiga do mundo - a reconstituição de uma bebé (menina de Dikika) da espécie Australipithecus afarensis, com 3,3 milhões de anos (um pouco mais velha que a Lucy e bastante mais completa, osteologicamente falando).
Mas é por outro motivo que recomendamos esta revista - a reportagem sobre Megacristais (Coração de cristal - Sob o deserto mexicano de Chihuahua) é fantástica...!
Para quem já foi a uma gesseira (como a de Souto da Carpalhosa, em Leiria, ou de S. José do Pinheiro, em Soure) e pode apanhar cristais com alguns centímetros (às vezes decímetros...!) de gesso, de preferência da variedade selenite (gessos absolutamente transparente), com maclas fantásticas (v.g. asa de andorinha, entre outras) ver imagens de cristais de selenite com mais de 10 metros é fantástico...! Comprem, que vale a pena - ou vão ao site português da NG...
2. SuperInteressante - Novembro 2006 (n.º 103)
Um pouco mais cara - 2,75€ - tem este mês como destaque um artigo com novidades sobre a grande extinção do final da Era Mesozóica (KTB), intitulado Afinal, o que matou os dinossauros? - Novas pistas apontam para vulcões e alterações climáticas. Os autores do artigo, os paleontólogos Gesta Keller (Universidade de Princeton) e Alfonso Pardo (Universidade de S. Jorje - Saragoça) criaram uma teoria multicausal (associando o vulcânismo que causou as trapes do Decão, na Índia, vários impactes meteoríticos e aquecimento global) nesta grande crise biológica (uma das cinco maiores que afectou a vida na Terra).
Plena de artigos interessantes, de Biologia, Geologia, Paleontologia, Astronomia e outras áreas, é sempre muito agradável ler as últimas novidades da ciência nesta pequena revista. É pena não ter um site para ser aqui referênciado...
terça-feira, outubro 31, 2006
A apagada e vil tristeza da Geologia em Portugal
Foi publicado em 27 de Outubro passado o Dec.-Lei 208/2006 onde se apresenta a nova Lei Orgânica do Ministério da Economia e Inovação, a qual vem, entre outras coisas, finalizar uma tendência, iniciada no governo de Durão Barroso, de menorização da Geologia e, principalmente, da responsabilidade que o Estado tem para o conhecimento geológico do território nacional. Com efeito, a estrutura que outrora se chamou Instituto Geológico e Mineiro e que tinha por missão fundamental a aquisição sistemática de conhecimento geológico do território nacional e seus recursos, desempenhando, portanto, o papel de Geological Survey (ou de Serviços Geológicos, como se lhe queira chamar), foi pura e simplesmente reduzida a uma mera área departamental do agora criado e denominado "Laboratório Nacional de Energia e Geologia, I.P.". É uma notícia triste que se estava a adivinhar e que indubitavelmente terá consequências penalizantes para o desenvolvimento económico, social e ambiental do país.
Convém recordar que o IGM, extinto numa primeira fase de reestruturação de organismos públicos em 2003 e contra a qual a comunidade geocientífica sempre manifestou a sua total discordância, não era um dos muitos institutos públicos que a dada altura proliferaram neste país. O IGM era o percursor de um outro criado há mais de 150 anos (A Comissão Geológica do Reino, fundada em 1848) com a mesma missão e objectivos.
A missão e competências do Instituto Geológico e Mineiro foram então dispersas por duas instituições diferentes. Criou-se a Direcção Geral de Geologia e Energia, à qual foi atribuída a gestão dos recursos geológicos, tendo as competências científicas sido englobadas nas do INETI - Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação por mera fusão administrativa, conforme explícito na Resolução do Conselho de Ministros nº 198/2005, a qual deu início ao processo em curso de reforma dos laboratórios do estado. Desta fusão resultou uma perda total das sinergias necessárias ao bom cumprimento da missão. Se a perda de autonomia per si constitui factor crítico, mais o é quando as competências se dispersam e não se articulam e quando a missão de serviço público e independente se desvirtua por integração numa instituição de natureza, missão e objectivos bem diferentes. Importa lembrar que o laboratório do profissional de geologia é “o campo”, o que acarreta uma vivência e logística de funcionamento administrativo muito própria, por si só justificativas de autonomia.
Após terem assumido explicitamente que a extinção do IGM foi um erro, ao considerarem que a referida fusão administrativa constituiu uma regressão (Resolução do CM nº 198/2005) e após o relatório do Grupo de Trabalho Internacional para a Reforma dos Laboratórios do Estado que preconiza: Marine Geology, Hydrogeology and Geology, Economic Geology and the Laboratory of Mineral Technologies that constituted the former IGM should be restored to an independent State Laboratory, IGM, não se compreendem as razões que levaram o actual governo a manter sem plena autonomia (técnico-científica, administrativa e financeira) um organismo com a missão típica de Serviços Geológicos.
Mas, qual a importância do conhecimento geológico para a sociedade e qual a necessidade de uma instituição independente e autónoma para proceder à sua aquisição, gestão e valorização?
É um dado adquirido que a sociedade facilmente esquece que o seu desenvolvimento está largamente condicionado pelo substrato rochoso sobre o qual se estabelece. Assim se compreende que em conceito tão actual como o do Desenvolvimento Sustentável a infra-estrutura geológica raramente seja tida em conta, pese embora constituir uma dimensão fundamental para o equilíbrio do nosso planeta. Na realidade, o conhecimento da infra-estrutura da Terra e a compreensão dos fenómenos que nela ocorrem, em suma, o conhecimento geológico, constituem premissa obrigatória para o verdadeiro Desenvolvimento Sustentável.
É o conhecimento geológico que permite compreender as condições que presidem à localização, natureza e quantidade de um enorme leque de recursos naturais essenciais à manutenção da qualidade de vida das populações e seu desenvolvimento económico, como é o caso dos solos, das águas subterrâneas e dos recursos minerais e energéticos. Permite compreender e contribuir para a prevenção de catástrofes associadas a uma grande diversidade de riscos naturais, como sejam os sismos, as erupções vulcânicas e deslizamentos de terrenos e ainda aqueles com repercussões na saúde pública, como as emissões radioactivas naturais de radão e o excesso ou deficiência de elementos traço em solos e águas, como o arsénio, o flúor e o iodo. É também o conhecimento geológico que permite determinar os melhores e mais seguros locais para a construção de edifícios e outras infra-estruturas civis, onde se pode extrair água de boa qualidade para consumo, onde se localizam os melhores locais para a deposição de resíduos consoante a sua natureza, onde se podem construir infra-estruturas subterrâneas como túneis, armazenamento de gás natural, etc., etc. Em suma, o conhecimento geológico é estruturante da sociedade e está na base do Ordenamento do Território.
A detenção de informação geológica é, assim, uma mais-valia de extrema importância e imprescindível às políticas públicas e programas que visam o ordenamento do território, a protecção ambiental, saúde pública e a gestão dos recursos geológicos (energéticos, minerais e hídricos). É neste contexto que a nível mundial a grande maioria dos estados considera a detenção de informação geológica relativa aos seus territórios como um factor estratégico para a sua gestão, valorização e desenvolvimento, razão pela qual detêm a missão de a adquirir, gerir e difundir através de organismos autónomos e independentes da rotatividade do poder político. Ainda recentemente, o agora reeleito Presidente do Brasil, Lula da Silva, afirmou que “o conhecimento geológico é tão importante como a construção de estradas e caminhos-de-ferro”.
O carácter estratégico que este tipo de instituição representa para o desenvolvimento das nações sobrepõe-se largamente a eventuais dificuldades económicas ou orçamentais. Veja-se o caso de estados recentemente criados após o desmantelamento da antiga URSS ou após os acontecimentos na região dos Balcãs em que, mesmo perante as dificuldades inerentes à sua criação, a implementação deste tipo de organismos foi prioritária: Geological Survey of Slovack Republic, Czech Geologial Survey, Lithuanian Geological Survey, Geological Survey of Slovenia, Ukrainian State Geological Research Institute, Geological Survey of Bosnia & Herzegovina, etc.
Em Portugal andamos ao contrário. Se fomos a quarta nação do mundo a implementar uma instituição com as características de Serviço Geológico em 1848, após a extinção do Instituto Geológico e Mineiro em Agosto de 2003, somos das poucas nações em que tal não se verifica!
O processo evolutivo em curso no Estado Português desde há uns anos, que visa o aumento da sua eficiência e competitividade, obriga, sem dúvida, à reformulação de muitas das instituições que o compõem, levando, inclusive, à eventual extinção de algumas. Não nos quer parecer, no entanto, que tal critério de extinção deva ser aplicado às instituições com identidade própria e que desempenham uma missão de carácter estratégico e eminentemente público, como aconteceu com o Instituto Geológico e Mineiro por critérios meramente administrativos e errados do ponto de vista económico e que pelos vistos se teimam em manter. A instituição IGM carrega uma história e identidade própria que importa pesar, pois é evidente: passados mais de 3 anos após a sua extinção o nome IGM ainda se mantém informalmente nos sectores público e privado de algum modo relacionados com o conhecimento geológico do território português, demonstrando a importância e vitalidade que a instituição detinha e ainda detém mesmo extinta. No entanto, numa altura em que no nosso país se faz a apologia do conhecimento científico e em que se anunciam milhões de investimento na área da ciência, o Estado Português relega para um departamento de um Laboratório de Estado a responsabilidade do conhecimento geológico do território nacional. Não é mais do que um prenúncio do descartar total de responsabilidades num futuro a curto prazo.