Alfred Charles Kinsey (Hoboken, 23 de junho de 1894 - Bloomington, 25 de agosto de 1956) foi um entomologista e zoólogo norte-americano. Em 1947,
na Universidade de Indiana, fundou o Instituto de Pesquisa sobre Sexo,
hoje chamado de Instituto Kinsey para Pesquisa sobre Sexo, Género e
Reprodução. As suas pesquisas sobre a sexualidade humana influenciaram
profundamente os valores sociais e culturais dos Estados Unidos, principalmente na década de 1960, com o início da chamada "revolução sexual".
Ainda hoje as suas obras são consideradas fundamentais para o
entendimento da diversidade sexual humana. A sua história foi retratada num
filme de 2004 intitulado Kinsey - Vamos falar de sexo.
(...)
Após completar o seu doutoramento, Kinsey ingressou como professor assistente no departamento de zoologia da Universidade Bloomington de Indiana, em 1920.
Era chamado pelos alunos de Prok, um diminutivo de Professor Kinsey.
Lá, conheceu Clara Bracken McMillen, a quem passou a chamar
carinhosamente de Mac. Kinsey se casou com Clara em 1921,
com quem teve quatro filhos. Na Universidade de Indiana, continuou seus
estudos de entomologia por mais 16 anos. Para isso, coletou mais de um
milhão de exemplares de vespas, posteriormente doadas ao Museu Nacional
de História Natural, em Nova York. Seu principal interesse era a história evolutiva daquela espécie.
Pai da Sexologia
Kinsey iniciou seus estudos sobre práticas sexuais humanas após uma
discussão com o colega Robert Krog, na Universidade de Indiana. Após ter
concluído, em seus estudos de entomologia, que nenhuma vespa era igual à
outra, e que as práticas de acasalamento das vespas eram extremamente
variadas, Kinsey percebeu que, apesar da falta de estudos sobre a sexualidade humana, essa característica de diversidade sexual era comum entre os animais e, dentre estes, os humanos. Kinsey queria que a educação sexual
fosse abordada em uma disciplina exclusiva, algo inexistente na época.
Ao fazer isto, Kinsey conseguiu criar a disciplina académica de sexologia, ciência da qual é considerado o criador. Após muita persistência, em 1935 Kinsey conseguiu recursos financeiros junto à Fundação Rockefeller
e pôde, então, iniciar sua pesquisa sobre a sexualidade humana. Para
isso, Kinsey montou e treinou uma equipe que entrevistaria, nos anos
seguintes, milhares de pessoas em todo o território dos Estados Unidos.
Os relatórios Kinsey
A publicação do primeiro volume do famoso relatório sobre a sexualidade masculina (Sexual Behavior in the Human Male), em 1948,
deu origem a uma enorme polémica nos Estados Unidos. O livro foi um dos
mais vendidos naquele ano. Rapidamente, Kinsey se transformou numa
celebridade, considerado até hoje como uma das personalidades mais
polémicas do século XX. Foi capa dos principais jornais e revistas do país. O segundo volume, abordando a sexualidade das mulheres (Sexual Behavior in the Human Female) foi publicado em 1953.
A controvérsia que daí resultou foi inevitável, pois certos dados
chocavam a estrutura clássica da família americana no final da década de 1940 e início da década de 1950. A América acabava de descobrir que, segundo os estudos de Kinsey, 92% dos seus homens e 62% das suas mulheres se masturbava. E que 37% dos homens e 13% das mulheres já tinham tido uma relação homossexual que lhes tinha proporcionado um orgasmo. Neste caso, os factos foram noticiados pela imprensa sensacionalista como uma verdadeira bomba.
Os seus relatórios foram vistos por muitos como o início da revolução sexual da década de 1960. Apesar de ainda hoje encontrarmos dados resultantes do Relatório Kinsey,
há que ter em conta que esses mesmos dados têm cerca de 50 anos e que,
certamente, muitas das práticas e percentuais da época podem certamente
ter se modificado.
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