Denomina-se queda de Constantinopla a conquista da capital bizantina pelo Império Otomano sob o comando do sultão Maomé II, na terça-feira, 29 de maio de 1453. Isto marcou não apenas a destruição final do Império Romano do Oriente, e a morte de Constantino XI Paleólogo, o último imperador romano, mas também a estratégica conquista crucial para o domínio otomano sobre o Mediterrâneo oriental e os Bálcãs.
A cidade de Constantinopla permaneceu capital do Império Otomano até a
dissolução do império em 1922, e foi oficialmente renomeada Istambul pela República da Turquia em 1930.
A queda de Constantinopla para os turcos otomanos foi um evento histórico que segundo alguns historiadores marcou o fim da Idade Média na Europa, e também decretou o fim dos últimos vestígios do outrora poderoso Império Romano agora dividido e chamado de Império Bizantino.
Constantinopla (em latim: Constantinopolis; em grego: Κωνσταντινούπολη) é o antigo nome da cidade de Istambul, na atual Turquia. O nome original era Bizâncio (do grego Bυζαντιον, transliterado em Bizâncio). O nome da cidade era uma referência ao imperador romano Constantino, que tornou a cidade capital do Império Romano a 11 de maio de 330.
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A queda de Constantinopla
Busca de apoio no ocidente
O cisma entre Igrejas Romana e Ortodoxa manteve Constantinopla distante das nações ocidentais, e mesmo durante os cercos de turcos muçulmanos, não conseguira mais do que indiferença de Roma e seus aliados.
Em uma última tentativa de aproximação, tendo em vista a constante ameaça turca, o imperador João VIII Paleólogo promoveu um concílio em Ferrara, na Itália,
onde as diferenças entre as duas igrejas foram rapidamente resolvidas.
Entretanto, a aproximação provocou tumultos entre a população bizantina,
dividida entre os que rejeitavam a igreja romana e os que apoiavam a
manobra política de João VIII.
Constantino XI e Maomé II
João VIII morrera em 1448, e seu filho Constantino XI Paleólogo assumiu o trono no ano seguinte. Era uma figura popular, tendo lutado na resistência bizantina no Peloponeso
frente ao exército otomano, mas seguia a linha de seu pai na
conciliação das igrejas oriental e ocidental, o que causava desconfiança
não só entre o clero bizantino como também no sultão Murad II, que via
esta aliança como uma ameaça de intervenção das potências ocidentais na
resistência à sua expansão na Europa.
Em 1451, Murad II morreu, sendo sucedido por seu jovem filho Maomé II.
Inicialmente, Maomé prometera não violar o território bizantino. Isto
aumentou a confiança de Constantino que, no mesmo ano se sentiu seguro o
suficiente para exigir o pagamento de uma anuidade para a manutenção de
um obscuro príncipe otomano, mantido como refém, em Constantinopla.
Furioso mais pelo ultraje do que pela ameaça a seu parente em si, Maomé
II ordenou os preparativos para um cerco total à capital bizantina.
O pavor dos cristãos
O
pavor agia como uma epidemia, corroendo os nervos dos patrícios, dos
nobres, da corte e do povo em geral. A situação piorou ainda mais quando
o sultão mandara expor 76 soldados cristãos empalados por seus
carrascos na frente das muralhas para que os habitantes de
Constantinopla soubessem o destino que os aguardava.
Dias mais depressivos eles tiveram antes, no momento em que a grande bombarda
turca (chamada de Grã Bombarda) um monstro de bronze e de oito metros
de comprimento e de sete toneladas, que os sitiantes trouxeram de longe,
arrastado por 60 bois e auxiliado por um contingente de 200 homens (ele
era dividido ao meio para melhor facilitação do transporte), começara a
despejar balas de 550 quilos contra as portas e as muralhas da cidade.
Parecia um raio atirado dos céus para vir arrasar com as expectativas de
salvação dos cristãos. Pela frente os turcos invasores tinham uma linha
de 22 km de muralhas e 96 torres bem fortificadas ainda por vencer, mas
para os cristãos era pior, pois somente viam a sombra da foice da
morte.
Os dois lados se prepararam para a guerra. Os bizantinos, agora com a
simpatia das nações católicas, enviaram mensageiros às nações
ocidentais implorando por reforços, e conseguindo promessas. Três navios
genoveses contratados pelo papa estavam a caminho com armas e provisões. O Papa ainda havia enviado o cardeal Isidro, com trezentos arqueiros napolitanos para sua guarda pessoal. Os venezianos
enviaram em meados de 1453 um reforço de 800 soldados e 15 navios com
suprimentos, enquanto os cidadãos venezianos residentes em
Constantinopla aceitaram participar das defesas da cidade. A capital
bizantina ainda recebeu reforços dos cidadãos de Pera (atual Beyoğlu) e genoveses renegados, entre os quais Giovanni Giustiniani Longo, que se encarregaria das defesas da muralha leste, e 700 soldados. Tonéis de fogo grego, armas de fogo, e todos os homens e jovens capazes de empunhar uma espada e um arco
foram reunidos. Entretanto, as forças bizantinas provavelmente não
chegavam a 7 mil soldados e 26 navios de guerra ancorados no Corno de Ouro.
Os otomanos, por sua vez, iniciaram o cerco construindo rapidamente uma fortaleza 10 km ao norte de Constantinopla. Maomé II
sabia que os cercos anteriores haviam fracassado porque a cidade
recebia suprimentos pelo mar, então bloqueou as duas entradas
do mar de Mármara, com uma fortaleza armada com três canhões no ponto mais estreito do Bósforo, e pelo menos 125 navios ocupando Dardanelos, o mar de Mármara e o oeste do Bósforo.
Maomé ainda reuniu um exército estimado em 100 mil soldados, 80 mil
dos quais soldados turcos profissionais - os demais recrutas capturados
em campanhas anteriores, mercenários, aventureiros e renegados cristãos,
que seriam usados para os ataques diretos. Cerca de 5.000 desses soldados eram janízaros, a elite do exército otomano. No início de 1452, um engenheiro de artilharia húngaro chamado Urbano ofereceu os seus serviços ao Sultão. Maomé fê-lo responsável pela instalação dos canhões nas suas fortalezas.
Início do ataque
O cerco começou oficialmente a 6 de abril de 1453, quando o grande canhão disparou o primeiro tiro em direção ao vale do rio Lico, que penetrava em Constantinopla por uma depressão sob a muralha que possibilitava o posicionamento da bombarda
numa parte mais alta. A muralha, até então imbatível naquele ponto,
não havia sido construída para suportar ataques de canhões, e em menos
de uma semana começou a ceder. Todos os dias, ao anoitecer, os
bizantinos se esgueiravam para fora da cidade para reparar os danos
causados pelo canhão com sacos e barris de areia, pedras estilhaçadas da
própria muralha e paliçadas de madeira. Os otomanos evitaram o ataque
pela costa, pois as muralhas eram reforçadas por torres com canhões e
artilheiros que poderiam destruir toda a frota em pouco tempo. Por isso,
o ataque inicial se restringiu a apenas uma frente, o que possibilitou
tempo e mão de obra suficientes aos bizantinos para suportarem o
assédio.
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