Desde 1986 que não se via este náutilo
O raro Allonautilus scrobiculatus que não era visto há quase 30 anos
O Nautilus pompilius (à esquerda) é outra espécie de náutilo, e está a nadar ao lado do Allonautilus scrobiculatus
O Nautilus pompilius (à esquerda) é outra espécie de náutilo, e está a nadar ao lado do Allonautilus scrobiculatus
A 180 metros de profundidade, perto da Papuásia-Nova Guiné, em julho foram filmados náutilos da espécie Allonautilus scrobiculatus. Este “fóssil vivo”, que vem de uma linhagem com 500 milhões de anos, foi descoberto em 1984.
Uma concha encaracolada, olhos laterais e tentáculos, os náutilos são membros da classe dos cefalópodes, como os polvos, as lulas e os chocos, mas a sua anatomia remete-nos para tempos remotos. A sua linhagem surgiu há cerca de 500 milhões de anos, muito antes dos primeiros vertebrados se aventurarem pelos continentes da Terra. Os antepassados dos náutilos viram ainda os dinossauros surgirem há 230 milhões de anos e desaparecem há 65 milhões de anos. Hoje, existem apenas seis espécies destes “fósseis vivos” divididas em dois géneros. A espécie Allonautilus scrobiculatus, descoberta em 1984 perto da ilha da Papuásia-Nova Guiné, foi vista pela última vez em 1986. Agora, cientistas voltaram a filmar este raro animal marinho, soube-se agora.
“Antes deste avistamento, apenas dois humanos tinham visto o Allonautilus scrobiculatus”, diz Peter Ward, do Departamento de Biologia da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, citado num comunicado daquela universidade. “O meu colega Bruce Saunders, da Universidade de Bryan Mawr [na Pensilvânia], viu-o primeiro, e eu vi-o passadas poucas semanas.”
Estes primeiros avistamentos de que fala o biólogo Peter Ward foram feitos há mais de 30 anos, em 1984. Bruce Saunders ainda voltou a observar estes animais marinhos em 1986, e desde então nunca mais foram avistados.
Os membros da espécie Allonautilus scrobiculatus vivem em profundidade. Em 1984, ao estudar estes animais, os dois cientistas verificaram que havia diferenças anatómicas entre esta espécie e as outras quatro espécies que pertencem ao género Nautilus, nomeadamente nas guelras, nas mandíbulas, na carapaça, nos órgãos sexuais masculinos, evidenciando que os náutilos continuaram a evoluir.
“Algumas características dos náutilos – como a carapaça que lhe dá a marca de ‘fóssil vivo’ – podem não ter mudado durante muito tempo, mas outras partes mudaram”, sublinha Peter Ward, apontando também para uma particularidade distintiva das carapaças do Allonautilus scrobiculatus. “Têm na sua carapaça uma cobertura grossa, viscosa e com pêlos”, explica. “Quando vimos esta cobertura pela primeira vez, ficámos espantados.” Por causa destas diferenças, Peter Ward e Bruce Saunders sugeriram em 1997 a criação do género Allonautilus.
Luta pelo isco
Em julho último, Peter Ward voltou à pequena ilha de Ndrova, que fica a nordeste da Papuásia-Nova Guiné, e procurou aqueles cefalópodes. Para isso, a equipa instalou iscos com peixe e carne de galinha, para atrair os animais, uma vez que se alimentam de animais mortos. Os iscos foram colocados a uma profundidade entre 150 e 400 metros. Ao lado dos iscos, instalaram-se também câmaras para filmar, durante 12 horas, a movimentação ao redor.
Numa das filmagens, os cientistas viram a aproximação primeiro de um Allonautilus scrobiculatus, depois de outro náutilo, e observaram-nos a lutar pelo isco. De seguida, surgiu um peixe-lua. “Durante duas horas, o peixe-lua não parou de bater nos náutilos com a sua cauda”, descreve Peter Ward.
Os cientistas apanharam vários náutilos de espécies diferentes, num método que usava água fria para assegurar a sobrevivência dos animais, que estão acostumados a viver em uma determinada profundidade e a uma certa temperatura. Estas capturas permitiram aos cientistas medir o tamanho dos animais, além de retirarem amostras de tecido, da concha e do muco que eles deitam. Com esta informação, a equipa pôde determinar a idade e o sexo de cada animal.
Não se encontraram Allonautilus scrobiculatus noutros locais. Para Peter Ward, esta espécie está isolada junto daquela ilha. Como só podem viver entre determinadas profundidades e a uma certa temperatura, é difícil estes animais movimentarem-se pelo mar. “Este pode ser o animal mais raro do mundo. Precisamos de saber se o Allonautilus existe em mais algum lugar, e não o saberemos se não o procurarmos noutros sítios.” A pesca e a procura das conchas dos náutilos já devastaram algumas populações de outra espécie e são uma ameaça potencial para este fóssil vivo, acrescenta o comunicado.
Uma concha encaracolada, olhos laterais e tentáculos, os náutilos são membros da classe dos cefalópodes, como os polvos, as lulas e os chocos, mas a sua anatomia remete-nos para tempos remotos. A sua linhagem surgiu há cerca de 500 milhões de anos, muito antes dos primeiros vertebrados se aventurarem pelos continentes da Terra. Os antepassados dos náutilos viram ainda os dinossauros surgirem há 230 milhões de anos e desaparecem há 65 milhões de anos. Hoje, existem apenas seis espécies destes “fósseis vivos” divididas em dois géneros. A espécie Allonautilus scrobiculatus, descoberta em 1984 perto da ilha da Papuásia-Nova Guiné, foi vista pela última vez em 1986. Agora, cientistas voltaram a filmar este raro animal marinho, soube-se agora.
“Antes deste avistamento, apenas dois humanos tinham visto o Allonautilus scrobiculatus”, diz Peter Ward, do Departamento de Biologia da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, citado num comunicado daquela universidade. “O meu colega Bruce Saunders, da Universidade de Bryan Mawr [na Pensilvânia], viu-o primeiro, e eu vi-o passadas poucas semanas.”
Estes primeiros avistamentos de que fala o biólogo Peter Ward foram feitos há mais de 30 anos, em 1984. Bruce Saunders ainda voltou a observar estes animais marinhos em 1986, e desde então nunca mais foram avistados.
Os membros da espécie Allonautilus scrobiculatus vivem em profundidade. Em 1984, ao estudar estes animais, os dois cientistas verificaram que havia diferenças anatómicas entre esta espécie e as outras quatro espécies que pertencem ao género Nautilus, nomeadamente nas guelras, nas mandíbulas, na carapaça, nos órgãos sexuais masculinos, evidenciando que os náutilos continuaram a evoluir.
“Algumas características dos náutilos – como a carapaça que lhe dá a marca de ‘fóssil vivo’ – podem não ter mudado durante muito tempo, mas outras partes mudaram”, sublinha Peter Ward, apontando também para uma particularidade distintiva das carapaças do Allonautilus scrobiculatus. “Têm na sua carapaça uma cobertura grossa, viscosa e com pêlos”, explica. “Quando vimos esta cobertura pela primeira vez, ficámos espantados.” Por causa destas diferenças, Peter Ward e Bruce Saunders sugeriram em 1997 a criação do género Allonautilus.
Luta pelo isco
Em julho último, Peter Ward voltou à pequena ilha de Ndrova, que fica a nordeste da Papuásia-Nova Guiné, e procurou aqueles cefalópodes. Para isso, a equipa instalou iscos com peixe e carne de galinha, para atrair os animais, uma vez que se alimentam de animais mortos. Os iscos foram colocados a uma profundidade entre 150 e 400 metros. Ao lado dos iscos, instalaram-se também câmaras para filmar, durante 12 horas, a movimentação ao redor.
Numa das filmagens, os cientistas viram a aproximação primeiro de um Allonautilus scrobiculatus, depois de outro náutilo, e observaram-nos a lutar pelo isco. De seguida, surgiu um peixe-lua. “Durante duas horas, o peixe-lua não parou de bater nos náutilos com a sua cauda”, descreve Peter Ward.
Os cientistas apanharam vários náutilos de espécies diferentes, num método que usava água fria para assegurar a sobrevivência dos animais, que estão acostumados a viver em uma determinada profundidade e a uma certa temperatura. Estas capturas permitiram aos cientistas medir o tamanho dos animais, além de retirarem amostras de tecido, da concha e do muco que eles deitam. Com esta informação, a equipa pôde determinar a idade e o sexo de cada animal.
Não se encontraram Allonautilus scrobiculatus noutros locais. Para Peter Ward, esta espécie está isolada junto daquela ilha. Como só podem viver entre determinadas profundidades e a uma certa temperatura, é difícil estes animais movimentarem-se pelo mar. “Este pode ser o animal mais raro do mundo. Precisamos de saber se o Allonautilus existe em mais algum lugar, e não o saberemos se não o procurarmos noutros sítios.” A pesca e a procura das conchas dos náutilos já devastaram algumas populações de outra espécie e são uma ameaça potencial para este fóssil vivo, acrescenta o comunicado.