quinta-feira, julho 31, 2008
Geologia no Verão com espeleólogos - fotos
Geologia no Verão com espeleólogos
Foi, como as anteriores actividades da SPE na Geologia no Verão a que fui, excelente. Os locais visitados eram, do ponto de vista geológico, ambiental e espeleológico, uma agradável surpresa. Pudemos ver, na base oeste da Serra dos Candeeiros, junto à localidade de Pedreiras (Porto de Mós), vestígios de uma arriba fóssil (associada a uma falha e com conservação de areias de praia nessa falha). Neste local havia, junto à Casa do Caçador, um arenito coberto por uma brecha calcária e que foi explorado (dando origem a uma pseudo-gruta) para a obtenção de areia a construção civil. Depois fomos em direcção à Ataíja onde vimos dolinas e toponímia associada às depressões cársicas. De seguida fomos para o Vale Canhão do Mogo, onde vimos, na Chiqueda, exsurgências, fauna e flora associadas à água existente na ribeira, um limígrafo, a exploração de água para Alcobaça, o Poço Suão (um algar que é uma exsurgência temporária) e a Gruta da Ervideira (uma lapa na zona do canhão mais bonita...).
Pelo convívio, pelo almoço partilhado, pela troca de conhecimentos e, sobretudo, pela excelente cavidade cársica visitada (os espeleotemas eram lindíssimos e bastante bem conservados) foi uma actividade relativamente fácil e que recomendamos vivamente (eu para o ano, se houver, volto a fazê-la e levar muita da minha malta...).
No próximo post irei colocar uma selecção de fotografias do evento, que o Blog Geopedrados recomenda vivamente (e este ano ainda vai haver mais vezes esta actividade).
Publicidade enganosa - Magalhães
Primeiro foram as notícias que davam conta de uma nova fábrica da Intel em Portugal. Um sucesso, garantia-se, que já tinha 4 milhões de encomendas ainda antes de ser instalada a primeira pedra. Um investimento que iria criar 1000 postos de trabalho qualificados, na zona de Matosinhos, graças à diligência do Governo. A apresentação foi ontem. Com pompa e circunstância a imprensa andou dois dias a anunciar o “primeiro portátil português”. O Magalhães é um computador inspirado no navegador, diziam ontem as televisões em coro. Para dar credibilidade à coisa, o mais famoso relações públicas nacional e o presidente da Intel subiram ontem ao palco do Pavilhão Atlântico para a "apresentação mundial" deste computador de baixo custo.
Um único problema. Não só o computador não tem nada de novo como a única coisa portuguesa é a localização da fábrica e o capital investido. A "novidade mundial" ontem apresentada, já tinha sido anunciada a 3 de Abril - no Intel Developer Forum, em Shangai - e foi analisada pela imprensa internacional vai agora fazer quatro meses. O tempo que tem a segunda geração do Classmate PC da Intel, que é o verdadeiro nome do Magalhães. De resto, o primeiro computador mundial para as crianças dos 6 aos 11 anos, características que foram etiquetadas pela imprensa lusa por ser resistente ao choque e ter um teclado resistente à agua, já está à venda na Índia e Inglaterra. No primeiro país com o nome de MiLeap X, no segundo como o JumpPC. O “nosso” Magalhães é isso mesmo, uma versão produzida em Portugal sob licença da Intel, uma história bem distinta da habilmente "vendida" pelo governo para criar mais um caso de sucesso do Portugal tecnológico.
Fábrica da Intel nem vê-la e os tão falados 1000 novos postos de trabalho ainda menos, tudo se ficando por uma extensão da actual capacidade de produção da fábrica da JP Sá Couto. Serão 80 novos empregos, 250 se conseguirem exportar para os Palops. Os tais 4 milhões, que já estavam assegurados, lembram-se? Só que as 4 milhões encomendas não passam de wishfull tinking do nosso primeiro. E muito pouco credível. Em todos os países onde o computador está à venda é produzido através de licenças com empresas locais. Como explicou o presidente da Intel, a empresa continua à procura de parceiros locais para ganhar quota de mercado com o Classmate PC, não o Magalhães.
A guerra de Intel é outra, como se pode perceber no relato que um dos mais reputados sites tecnológicos - a Arstechnica, do grupo editorial da New Yorker - faz da apresentação da Intel e do governo português: espetar o derradeiro prego no caixão do One Laptop for Child, o projecto de Nicholas Negroponte e do MIT para destinar um computador a cada criança dos países do terceiro mundo. É essa a importância estratégica para a Intel. O resto é fogo de vista para português ver.
PS: Não tenho nada contra a iniciativa em si, parecendo-me meritório um projecto para garantir um contacto precoce de milhares de alunos com a informática. Mas isso não quer dizer que aceite gato por lebre. Não seria nada mau sinal se a imprensa nacional, que andou a vender uma história ficcionada, também cumprisse o seu papel.
ADENDA: O computador é interessante (embora eu ache que o dinheiro poderia ser mais bem aproveitado...). Se não tiver obrigatoriedade de Internet (a farsa do programa e-escola teve direito a Internet do século passado a preços do nosso século) acho que o meu filho comprar um para brincar com os avós aos computadores... Quanto às especificações técnicas, pode vê-las AQUI.
Geotermia - Energia para um futuro sustentável
A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e a empresa GeoVita, do Grupo Patris Capital, assinaram recentemente um acordo de transferência de conhecimento que visa a prospecção e pesquisa de recursos geotérmicos do tipo EGS em Portugal; este acordo tem por base estudos da responsabilidade de investigadores do Departamento de Ciências da Terra (DCT).
Música para Geopedrados
Norah Jones - Sunrise
Sunrise
Looks like morning in your eyes
But the clock's held 9:15 for hours
Sunrise
Sunrise
Couldn't tempt us if it tried
Cuz the afternoon's already come and gone
And I said
Hooo, hooo, hooo
To you
Surprise
Surprise
Couldn't find it in your eyes
But I'm sure it's written all over my face
Surprise
Surprise
Never something I could hide
When I see we made it through another day
Then I say
Hooo, hooo, hooo
To you
And now the night
Will throw its cover down, ooo, on me again
Ooh, and if I'm right
It's the only way to bring me back
Hooo, hooo, hooo
To you
Hooo, yeah, hooo, hooo
To you
Eclipse solar de amanhã na Internet
Amanhã há um eclipse total do Sol, não visível em Portugal (mas na próxima Lua Cheia temos um eclipse parcial da Lua...). A seguinte figura, retirada do site da NASA sobre eclipses, mostra os locais onde este é visível.
Fim de semana de 5 e 6 de Julho - fotos
Geomonumentos açoreanos na National Geographic
Reconhecidamente, a revista National Geographic, inclusive a sua versão portuguesa, não necessita de publicidade, mas mais uma vez chegou-me às mãos uma publicação para divulgação, precisamente a última edição desta revista, Julho de 2008, por apresentar um trabalho especial sobre a geologia do Açores.
Trata-se de um suplemento desdobrável intitulado "Geomonumentos dos Açores, descodificar e proteger a paisagem", onde são apresentadas e explicadas, de uma forma simples, várias estruturas geológicas que se podem encontrar nas várias ilhas deste arquipélago.
Apresentando ainda publicamente, julgo que em primeira mão, a nova rede de áreas protegidas dos Açores, que neste momento já se encontra em aprovação no Parlamento da Região Autónoma dos Açores.
quarta-feira, julho 30, 2008
Mina de Sal Gema de Loulé - visita no âmbito de exposição
Este ano fintaram-me - eu marquei as férias no Algarve na 2ª quinzena de Agosto e eles marcaram as actividades da Geologia no Verão na 1ª quinzena (uma desilusão...). Mas, como quem porfia sempre alcança, um e-mail ao amigo Alex (engenheiro geólogo Alexandre Andrade) veio-nos com uma resposta com uma proposta de outra actividade, com ida à Mina (o meu objectivo...) e com fins culturais. É claro que já me inscrevi (eu e mais 14... até porque assim o meu João pode ir... ) e que eu recomendo vivamente. A actividade é esta:
JOÃO MARIA GUSMÃO E PEDRO PAIVA
Mina Campina de Cima, Loulé
Comissário: Nuno Faria
Produção: Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto
A intervenção de João Maria Gusmão e Pedro Paiva nas Mina de Sal-gema, em Loulé, no âmbito exposição Articulações, constitui-se como mais um tomo do projecto Abissologia inaugurado com a exposição recentemente realizada na Cordoaria Nacional, em Lisboa.
O desafio é, a um tempo, simples e complexo: trata-se de tornar materialmente concretas algumas das questões que consubstanciam o projecto Abissologia. Para tal, propomos uma descida ao interior da terra, a trezentos metros de profundidade, lá onde o tempo se mede em unidades que em muito transcendem a vida de cada um daqueles que visita ou trabalha naquele lugar.
Este enorme espaço em negativo, de cujas paredes escuras brotam alvas estalactites de sal e onde podemos avaliar o movimento milenar da terra, dá a ver, indiscernivelmente, a quem fizer a experiência desta exposição, a superação do tempo físico remetendo-nos, enquanto seres, para um horizonte de irredutível materialidade de onde foi expurgada qualquer sombra de transcendência.
Nas galerias em quadrícula pombalina da Mina, poderemos visitar em apresentação inédita o Museu Abissológico, um conjunto de objectos recolhidos e produzidos no âmbito da investigação do projecto Abissologia, para além de filmes em 16 mm e de instalações especificamente concebidas para o espaço.
João Maria Gusmão e Pedro Paiva, que trabalham em dupla desde 2001, têm vindo a construir um sólido e idiossincrático projecto autoral que tem merecido ampla atenção crítica, quer a nível nacional quer internacional.
Visitas guiadas: Sábados às 11h00
Marcação obrigatória.
Mina Campina de Cima (exposição no interior da mina)
Rua Quinta de Betunes, Parque Mineiro, Loulé
Terça a Sexta-feira das 15.00 às 21.00 horas (última entrada)
Sábado das 09.00 às 13.00 horas (última entrada)
Marcação e uso de calçado fechado obrigatório. Grupos de 24 pessoas a cada 45 minutos. Maiores de 6 anos.
Não existe acesso para pessoas com mobilidade reduzida.
Entrada 3 € / 1,50 € para menores de 25 e maiores de 60 anos.
5 € bilhete conjunto para o Convento de Santo António, Mina Campina de Cima, Quinta da Fonte da Pipa e Lagar das Portas do Céu.
Informações e marcações: 963 819 200
ADENDA: Algumas fotos do local, para se roerem de inveja, da Geologia no Verão do ano passado:
Geologia no Verão: materiais de apoio e agradecimentos
1. Cartaz de Divulgação nas Escolas de Leiria
Foi enviado a todas as Escolas e Colégios do Concelho de Leiria pela Directora do nosso Centro de Formação de Leiria (ia dizer saudoso, pois o Ministério da Educação vai extingui-lo, mas não há-de ser nada...).
2. Diploma para os participantes
Foi feito por mim e melhorado pelo Doutor Jorge Dinis - será enviado por e-mail aos participantes interessados (a ser pedido através de mensagem para fernando.oliveira.martins-at-gmail.com).
3. Sites para consulta
Sugere-se a visita aos seguintes sites ou o download dos seguintes documentos:
- Corbário
- ADM - notícia
- CERAM - Sistema de Informação de Matérias Primas Minerais com Utilização na Indústria Cerâmica (ex-INETI)
- Olhos de Água do MCE
- Lenda dos Olhos de Água da Caranguejeira
- Menino do Lapedo
- Notícia do Jornal de Leiria sobre a actividade (pdf)
- Texto no Notícias das Colmeias
- Fotos do texto no Notícias das Colmeias
- Mapas das zonas visitadas no Googlemaps
4. Agradecimentos
Agradece-se às seguintes pessoas e instituições:
- Doutor Jorge Dinis (pela realização e organização da actividade)
- Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra (pela realização e organização da actividade)
- Centro de Formação de Leiria (pela divulgação da actividade)
- Escolas e Colégios de Leiria (pela divulgação da actividade)
- Junta de Freguesia de Espite (pela simpatia e permissão de consultar documentação)
- Corbário (pela autorização de visita e abertura das instalações)
- Adelino Duarte da Mota - ADM (pela autorização de visita e abertura das instalações)
- Funcionários da Corbário e ADM (em geral, mas em particular ao amigo geólogo Mário)
- CisterBus (pelo excelente autocarro com ar condicionado que nos alugou e pelo simpático motorista)
- Participantes (por nos terem ouvido com atenção e participado com entusiasmo)
terça-feira, julho 29, 2008
Geologia no Verão: outras fotos e balanço final
E agora as últimas fotos (clicar para aumentar...), de autoria do Doutor Jorge Dinis: