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sábado, março 19, 2022

Mercalli morreu há 108 anos

    
Giuseppe Mercalli (Milão, 21 de maio de 1850 - Nápoles, 19 de março de 1914) foi um sacerdote, vulcanólogo e sismólogo italiano. Foi professor de mineralogia na Universidade de Catânia e de vulcanologia na Universidade de Nápoles. Em 1911 sucedeu a Raffaele Vittorio Matteucci no cargo de diretor do Observatório do Vesúvio. Os seus estudos na área da sismologia e da vulcanologia granjearam-lhe reputação internacional. Notabilizou-se pelo desenvolvimento da Escala de Mercalli para avaliação da intensidade dos sismos, uma das escalas sísmicas com maior aceitação durante quase todo o século XX, e pela publicação de um sistema de classificação das erupções vulcânicas.
   
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Biografia
Nascido em Milão no seio de uma família de meios modestos, Giuseppe Mercalli ingressou no Seminário de Milão imediatamente após os estudos elementares e ali fez os seus estudos secundários e preparatórios. Foi ordenado em 1871 sacerdote católico.
Entre 1871 e 1874 foi aluno da Escola Normal anexa ao Instituto Técnico Superior de Milão, frequentando o curso destinado à formação de professores de Ciências Naturais. Nesse curso estudou geologia com Antonio Stoppani, obtendo a laurea em Ciências Naturais no ano de 1874. Pouco depois foi nomeado professor de Ciências Naturais no Seminário de Monza e no Liceo católico de Domodossola, mas em 1888 foi obrigado a abandonar o ensino em estabelecimentos católicos depois de ter apoiado a construção de um monumento nacional em homenagem ao sacerdote e filósofo Antonio Rosmini-Serbati, o que fez dele suspeito de aderente ao ideário do liberalismo. Dedicou-se ao estudos geológicos, iniciando-se com o estudo dos glaciares alpinos da Lombardia, publicando várias notícias sobre as suas características e os depósitos associados.
Depois de ter feitos exames pedagógicos em Monza, obtendo habilitação para o ensino liceal, foi nomeado em concurso feito pelo governo italiano para um lugar em Reggio di Calabria como professor liceal. Primeiro no concurso, a escolha de Reggio di Calabria deveu-se ao desejo de Mercalli de estar presente na região da Calábria, ao tempo atingida por uma crise sísmica e onde se esperava um terramoto. Manteve ativa investigação no campo da geologia, dedicando-se progressivamente à sismologia e à vulcanologia.
Concorreu a professor de mineralogia e geologia da Universidade de Catânia, mas ficou em terceiro lugar, concorrendo então para um lugar de professor liceal em Nápoles, o que conseguiu em 1892. No período de 1892 a 1911 foi professor no Reggio Liceo Vittorio Emanuele de Nápoles, onde contou entre os seus alunos Giuseppe Moscati. Entre os colegas e colaboradores estava Achille Ratti, que posteriormente seria o papa Pio XI, que fora seu aluno no Seminário de Milão e com quem manteve uma sólida amizade. A partir do ano seguinte (1893) passou a acumular com aulas de vulcanologia na Universidade de Nápoles.
Em 1911 foi escolhido para o lugar de diretor do Observatório Vesuviano, cargo em que sucedeu a Raffaele Vittorio Matteucci e que manteve até falecer. Passa então a dedicar-se em exclusivo ao estudo da vulcanologia e projeta uma reforma do Observatório, com base num programa de investigação que previa o estudo do vulcão e das suas erupções, o registo da atividade sísmica e pré-sísmica (precursores), para além das observações e das análise dos resultados do trabalho de campo que deveria ser feito no vulcão e suas proximidades.
Giuseppe Mercalli notabilizou-se pelo desenvolvimento, em 1902 da escala de Mercalli, uma escala destinada à avaliação da intensidade sísmica, que com algumas modificações ainda se mantém em uso, mais de um século após a sua publicação. Aquela escala, apesar de não medir a magnitude dos sismos, mas apenas os seus efeitos sobre as pessoas e os edifícios, sendo por isso pouco adequado para uso em áreas pouco povoadas, mostrou-se ideal para comparar os danos produzidos pelos terramotos e para fins de engenharia sísmica e de proteção civil.
Mercalli faleceu em 1914, vítima de um incêndio que deflagrou na sua casa na Via Sapienza (Nápoles), alegadamente por ter entornado uma lâmpada de parafina que utilizava para trabalhar durante a noite. Pensa-se que teria estado a trabalhar durante a noite, algo que fazia rotineiramente, contando-se que uma vez foi encontrado a trabalhar às onze horas da manhã e sendo informada da hora terá exclamado: Seguramente que ainda não é dia!. O seu cadáver foi encontrado carbonizado, próximo da sua cama, agarrando um cobertor que utilizara para tentar apagar o fogo. Apesar disso parecer indicar um acidente, as autoridades policiais informaram, alguns dias mais tarde, que Mercalli fora provavelmente assassinado, por estrangulamento, e o seu cadáver regado com petróleo e queimado, para esconder o crime. Teria desaparecido da sua casa uma importante quantia em dinheiro.
Giuseppe Mercalli observou a erupção vulcânica das ilhas Eólias, do vulcão de Stromboli e do Vulcano, publicando descrições que continuam a ser importante material de estudo para os vulcanólogos. Para além da investigação no campo de vulcanologia, também estudou os glaciares da Lombardia.
Foi autor de mais de uma centena de publicações científicas (pelo menos 115), com destaque para a obra I vulcani attivi della Terra (Os vulcões activos da Terra), publicada em 1889, considerada um clássico da vulcanologia e que se mantém actual. Em 1903 publicou uma escala destinada à categorização das erupções vulcânicas. Realizou a primeira carta sísmica do território italiano. Estudou o comportamento dos animais antes e durante os sismos, detetando reações de nervosismo e de tremor que apelidou de síndrome cinestéstica inexplicável, depois conhecido como Síndrome de Mercalli. Também publicou informação pioneira sobre os bradissismos.
Foi membro de importantes sociedades científicas e foi cavaleiro da Ordine della Corona d'Italia por mérito científico. No Cemitério Monumental de Milão, onde está sepultado, foi-lhe erigido um busto em bronze da autoria de Michele Vedani. Em Nápoles existe em sua homenagem o Liceo Scientifico Statale "Giuseppe Mercalli".
    

sábado, março 12, 2022

Alfred Lacroix, vulcanólogo e mineralogista francês, morreu há 74 anos

     
Alfred Antoine François Lacroix, né le à Mâcon (Saône-et-Loire) et mort le à Paris, est un minéralogiste, pétrographe et géologue, volcanologue français, professeur au Muséum national d'histoire naturelle et membre du Collège de France. Il fut secrétaire perpétuel de l'Académie des sciences pendant 34 ans.
Ce chercheur scientifique a marqué la minéralogie française. L'espèce minérale naturelle de fluorophosphate d'aluminium et de sodium monoclinique, de formule chimique NaAl(PO4)F a été dénommée en 1914 par František Slavik, la lacroixite en son honneur.

Biographie
Issu d'une famille de pharmaciens et de médecins, il s'intéresse dès le lycée à la minéralogie à travers les manuels de René Just Haüy, Pisani et Dufrénoy. Selon son propre témoignage, il a été dès sa prime enfance initié par son grand-père, collectionneur féru de minéraux et minéralogiste amateur, fin connaisseur des ressources minérales et géologiques du département du Rhône et du département de Saône-et-Loire, en particulier du Beaujolais natal.
À 18 ans, il est accepté comme membre de la Société de minéralogie de France. Après un stage de pharmacie (1881-1883), pendant lequel il continue à étudier la minéralogie, il entre à l'école de pharmacie de Paris. Les échantillons de minéraux qu'il offre au service d'Alfred Des Cloizeaux lui ouvrent les portes de son laboratoire. Dans le même temps, il assiste au cours de Ferdinand Fouqué, professeur de pétrographie au collège de France, et s'initie aux méthodes de microscopie utilisées en minéralogie. Il suit aussi les cours de Charles Friedel à la Sorbonne et de François Ernest Mallard à l'École des mines. Pendant l'été 1884, il effectue un voyage d'études en Écosse et, l'année suivante, en Norvège et en Suède. En 1887, il visite l'Italie du Nord, la Sardaigne et l'île d'Elbe. Les échantillons qu'il rapporte s'ajoutent aux collections du Muséum et du Collège de France. C'est à cette époque qu'il reçoit son diplôme de pharmacien de 1re classe. Mais il décide de se consacrer à la minéralogie.
Il devient docteur es sciences en 1889 après avoir travaillé deux années comme préparateur au Collège de France. Il voyage au Canada, en Italie, en Allemagne. Il succède à Des Cloizeaux au Muséum d'histoire naturelle. Son travail permet à ce département de minéralogie de devenir un centre de recherche de premier plan. Chargé du service de la carte géologie des Pyrénées, il y découvre la spécificité des minéraux des principales roches de surface en parcourant la montagne. Il décide de mieux présenter les minéraux silicates et titanates des roches éruptives, avant d'entreprendre une Minéralogie de la France volontairement la plus exhaustive, éditée à partir de 1892, avec l'aide et l'appui discret de quelques dizaines de scientifiques français, conscients du retard colossal de la science française depuis la fin des années 1840. Dans cet opus de longue haleine, le minéralogiste veut exposer la façon dont il comprend l'étude des minéraux, tout en commençant un bilan des recherches minéralogiques du sol.
Son intérêt pour la minéralogie issue du volcanisme et sa nomination à diverses commissions scientifiques d'observation volcanique, se déplaçant sur les sites pour comprendre les mécanismes et les formations minérales, le pousse à voyager. Il visite l'île volcanique de Théra dans l'archipel de Santorin et participe à une mission officielle à la Martinique après l'éruption de la montagne Pelée en 1902.
En 1904, il est élu membre de l'Académie des sciences, dont il devient le secrétaire perpétuel pour les sciences physiques en 1914, charge qu'il occupe pendant 34 ans. En 1906, il assiste à une éruption du Vésuve et en 1908 à celle de l'Etna. La Société géologique de Londres lui décerne la médaille Wollaston en 1917. Le rythme de ces voyages diminue, bien qu'il visite encore l'Italie (1924), l'Espagne (1926) et représente la France au congrès pan-pacifique de Tokyo en 1926. En 1936, il cesse d'enseigner, mais continue à faire de la recherche et soutient des explorateurs comme les spéléologues Norbert Casteret, Alfred Chappuis ou Émile Racovitza qui lui envoient des échantillons. Après la mort de sa femme en 1944, il continue de s'investir dans son laboratoire et c'est dans celui-ci qu'il meurt en 1948.
     

domingo, fevereiro 20, 2022

Um novo vulcão surgiu, ex nihilo, no México, há 79 anos

    
O Paricutín é um vulcão muito recente situado no estado de Michoacán, no México, (19°29'35.70"N, 102°15'3.93"O), entre as povoações de San Juan Parangaricutiro (El nuevo) e Angahuan. Está incluído em algumas listas das sete maravilhas naturais do mundo. A cidade mais próxima deste vulcão é Uruapan.
A maior parte do desenvolvimento deste vulcão ocorreu durante o seu primeiro ano de existência (1943), enquanto se encontrava na sua fase piroclástica explosiva. Durante diversas semanas desse ano, um grande número de ruídos estranhos foram ouvidos pelos habitantes em torno da pequena aldeia de Paricutín, apesar das condições meteorológicas serem normais.
   
O vulcão Paricutín no início da sua atividade
    
O primeiro ano do vulcão
A atividade sísmica intensificou-se a 20 de fevereiro de 1943, quando o fazendeiro local Dioniso Pulido testemunhou a abertura de uma fissura vulcânica no meio do seu campo de milho. De acordo com alguns testemunhos, os aldeões tentaram fechar as fissuras enchendo-as com as rochas e o solo, antes que pequenas explosões e tremores violentos começassem a agitar a área. Os residentes das aldeias próximas fugiram e 24 horas após o aparecimento da fissura inicial, o vulcão já tinha construído um cone com 50 metros de altura. No espaço de uma semana esta altura tinha já duplicado.
No mês de março seguinte, a atividade do vulcão intensificou-se, ejetando a cinza no ar em colunas de vários quilómetros de altura e começando a avançar sobre as povoações de Paricutín e de San Juan (conhecida também como San Juan Parangaricutiro). Em 12 de junho, um grande fluxo de lava tinha começado a atingir Paricutín, que foi evacuada no dia seguinte. San Juan seria evacuada meses mais tarde, e por agosto desse ano, ambas as localidades tinham sido abandonadas, soterradas, em grande parte, por lava e cinza.
   
Vestígios da velha povoação de San Juan Parangaricutiro na atualidade
     
Diminuição de atividade
Muito do crescimento do vulcão ocorreu durante o primeiro ano, quando se encontrava ainda na fase piroclástica explosiva. No fim desta fase, após aproximadamente um ano, o vulcão tinha crescido até aos 336 metros de altura. Nos oito anos seguintes o vulcão continuaria em erupção, embora este período fosse dominado por erupções relativamente ligeiras de lava, que chamuscariam os 25 quilómetros quadrados em torno. A atividade do vulcão declinaria lentamente durante este período até os últimos seis meses da erupção, durante a qual a atividade violenta e explosiva foi frequente. Em 1952, a erupção terminou, e o Paricutín parou de crescer, alcançando uma altura final de 424 metros acima do terreno em que "nasceu" (elevação de 3170 metros acima do nível do mar, uma vez que se situa num plateau vulcânico elevado). Como a maioria dos cones de cinza, o Paricutín é um vulcão monogenético, o que significa que nunca voltará a ocorrer uma erupção.
O Paricutín é um dos dois vulcões que se sabe terem sido formados na história recente. O outro, cujo aparecimento ocorreu aproximadamente 183 anos antes, é conhecido como El Jorullo. O Paricutín e o El Jorullo são as formações vulcânicas mais recentes do campo vulcânico de Michoacán - Guanajuato, que é pontilhado com muitos cones de cinza, fluxos de lava, pequenos vulcões, abóbadas de lava e maars.
O vulcanismo é um aspecto comum na paisagem mexicana. O Paricutín é meramente o mais novo dos mais de 1.400 respiradouros vulcânicos que existem na cadeia vulcânica Trans-Mexicana, que se estende pela região que inclui Michoacán e Guanajuato. Este vulcão é original pelo facto de que a sua formação foi testemunhada desde o início. Surpreendentemente, nenhuma morte foi causada pela erupção, embora três pessoas tenham morrido em consequência de relâmpagos associados à erupção.
      

quarta-feira, fevereiro 16, 2022

O geógrafo Orlando Ribeiro nasceu há 111 anos

Orlando Ribeiro (à esquerda) no Pico do Fogo, na ilha do Fogo, Cabo Verde, durante a erupção de 1951

   
Orlando Ribeiro (Lisboa, 16 de fevereiro de 1911 - Lisboa, 17 de novembro de 1997) foi um geógrafo e historiador português.
   
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Ribeiro dedicou toda a sua vida ao ensino e investigação em Geografia, e é a justo título considerado como o renovador desta ciência em Portugal. Foi também o geógrafo português do século XX com mais projecção ao nível internacional. A sua vasta obra inclui não só científicos na Geografia, mas revela também uma diversidade de interesses intelectuais invulgares. Orlando Ribeiro licenciou-se em Geografia e História em 1932, e veio a doutorar-se em 1935 pela Universidade de Lisboa com a tese A Arrábida, esboço geográfico. Entre 1937 e 1940 (durante a guerra) viveu em Paris, e trabalhou na Sorbonne, com Marc Bloch, Emmanuel de Martonne e A. Demangeon. Em 1940, foi nomeado professor da Universidade de Coimbra, mas rapidamente se instalou em Lisboa. Em 1943, já em Lisboa, fundou o Centro de Estudos Geográficos.
Da sua intensa atividade científico-académica destaca-se Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico. Em 1966, o Centro de Estudos Geográficos começou a publicar a revista Finisterra, que foi e continua a ser a principal publicação da Geografia portuguesa, com projeção internacional.
O interesse intelectual de Ribeiro pela História, Antropologia e Etnografia foi desenvolvido essencialmente enquanto discípulo de David de Melo Lopes e de Leite de Vasconcelos. Ribeiro lançou-se também na Geologia com Carlos Teixeira. Trabalhou ainda com Juvenal Esteves, Barahona Fernandes e Celestino da Costa.
Recebeu o grau de Grande Oficial da Ordem de Santiago da Espada, em 1987.
 

terça-feira, setembro 21, 2021

domingo, setembro 19, 2021

Erupção nas Canárias...!

    Vulcão em La Palma nas Canárias entra em erupção. Autoridades começam a retirar pessoas

   

Depois de dias de sismos, começou a erupção na pequena ilha das Canárias chamada La Palma. Embora as hipóteses de este provocar um tsunami vulcânico sejam baixas, há que estar preparado...

 

terça-feira, agosto 24, 2021

A cidade romana de Pompeia foi destruida pelo Vesúvio há 1942 anos


Pompeia foi outrora uma antiga cidade do Império Romano situada a 22 quilómetros da cidade de Nápoles, na Itália, no território do actual município de Pompeia. A antiga cidade foi destruída durante uma grande erupção do vulcão Vesúvio em 24 de agosto do ano 79 d.C.
   
   
A antiga cidade foi destruída durante uma grande erupção do vulcão Vesúvio no ano 79, que provocou uma intensa chuva de cinzas que sepultou completamente a cidade. Ela manteve-se oculta durante cerca de dezasseis séculos, até ser reencontrada, por acaso, em 1748. Cinzas e lama protegeram as construções e objetos dos efeitos do tempo, moldando também os corpos das vítimas, o que fez com que fossem encontradas do modo exato como foram atingidas pela erupção. Desde então, as escavações proporcionaram um sítio arqueológico extraordinário, que possibilita uma visão detalhada na vida de uma cidade dos tempos da Roma Antiga.
Classificada como Património Mundial pela UNESCO, juntamente com Herculano e Torre Annunziata, Pompeia é uma das atrações turísticas mais populares da Itália, com aproximadamente 2.500.000 visitantes por ano.
  
   
A erupção do Vesúvio em 79 foi uma das mais conhecidas e catastróficas erupções vulcânicas de todos os tempos. Nas cercanias as ciadades romanas de Pompeia, Herculano, Estábia e Oplontis foram afetadas, com Pompeia e Herculano sendo completamente destruídas. O Vesúvio espalhou uma nuvem mortal de rochas, cinzas e gases que chegou a uma altura de mais de 30 quilómetros, cuspindo lava e pedra-pomes a uma proporção de 1.5 milhão de toneladas por segundo e libertando no total uma energia térmica centenas de milhares de vezes maior do que a do bombardeamento de Hiroshima.
Estima-se que 16.000 cidadãos de Pompeia e Herculano morreram devido ao fluxo piroclástico hidrotermal de temperaturas superiores a 700 °C. Desde 1860, quando escavações sistemáticas passaram a ser realizadas em Pompeia, os arqueólogos descobriram nos limites da cidade as cascas petrificadas dos corpos decompostos de 1.044 vítimas.

quinta-feira, junho 03, 2021

Hoje é dia de recordar os perigos dos vulcões...

 


Os Kraft, vulcanólogos alsacianos, morreram na erupção do vulcão Unzen há trinta anos...

Katia et Maurice Krafft sur le Kīlauea en 1990
      
Maurice Krafft, né le à Mulhouse et mort accidentellement le au Mont Unzen, Japon, est un volcanologue français. Avec Katia Conrad, son épouse, il a beaucoup œuvré pour la démocratisation de la connaissance des volcans.
Enfant, il est témoin en 1951 d'une éruption au Stromboli lors d'un voyage en famille, ce qui est à l'origine de sa vocation. À 14 ans, il est membre de la Société géologique de France. Après des études à Besançon et à l'Université de Strasbourg, il obtient une maîtrise de géologie. Il rencontre lors d'un voyage d'étude sur l'Etna en 1966 Haroun Tazieff qui l'intègre dans son équipe mais les deux hommes aux caractères forts se séparent. En 1968, il crée avec Roland Haas l'Équipe Vulcain, puis le Centre de volcanologie de Cernay.
Il rencontre Katia Conrad à la faculté de Besançon qui devient sa compagne de vie et de travail.
Durant 25 ans, ils parcourent ensemble le monde, lui privilégiant la caméra, elle l'appareil photo; ils sont surnommés volcano devils (diables des volcans) par les volcanologues américains et se rendent auprès de tous les volcans en éruption (au maximum 8 par an, 175 sur toute leur carrière). Ils donnent de très nombreuses conférences en France et à l'étranger, notamment avec Connaissance du Monde. Maurice Kraft réalise de nombreux films dont Vivre Sous la Menace des Volcans réalisé à la demande de l’IAVCEI et diffusé avec l'aide de l’UNESCO en sept langues à la suite de l’éruption du Nevado del Ruiz en 1985. Cette vidéo a sensibilisé les gouvernements sur les sept grands risques volcaniques et les mesures d'évacuation à entreprendre en cas d'alerte.
Maurice et Katia Krafft meurent, emportés par une coulée pyroclastique sur les flancs du mont Unzen au Japon, qui tue également Harry Glicken, spécialiste américain des nuées ardentes ainsi que 41 autres personnes. Leurs corps ne furent jamais retrouvés. Une stèle est visible au pied du mont Unzen, où sont également inscrits en alphabets japonais et latin les noms des autres victimes.
   


Katia Krafft, née Catherine Joséphine Conrad le à Soultz-Haut-Rhin (Alsace), morte accidentellement le au Mont Unzen, Japon, était une volcanologue française.
Elle fait des études de physique et de géochimie à l'Université de Strasbourg. En 1962, elle obtient le prix de la Fondation de la Vocation, pour ses travaux de volcanologie.
Elle épouse Maurice Krafft en 1970.
Elle meurt aux côtés de son mari, tous deux emportés par une nuée ardente sur les flancs du mont Unzen au Japon le , ainsi que Harry Glicken, spécialiste américain des nuées ardentes. Cette éruption fait également 41 autres victimes.



Livros

Maurice Krafft
  • Guide des volcans d’Europe: généralités, France, Islande, Italie, Grèce, Allemagne..., Neuchâtel: Delachaux et Niestlé, 1974, 412 pp.
  • Questions à un vulcanologue: Maurice Krafft répond, Paris: Hachette-Jeunesse, 1981, 231 pp.
  • Les Volcans et leurs secrets, Paris: Nathan, 1984, 63 pp.
  • Le Monde merveilleux des volcans, Paris: Hachette-Jeunesse, 1981, 58 pp.
  • Les Feux de la Terre, Histoire de volcans, Paris: Découvertes Gallimard, 208 pp.
Maurice e Katia Krafft
  • À l’assaut des volcans, Islande, Indonésie, Paris: Presses de la Cité, 1975, 112 pp.
  • Preface by Eugène Ionesco, Les Volcans, Paris: Draeger-Vilo, 1975, 174 pp.
  • La Fournaise, volcan actif de l’île de la Réunion, Saint-Denis: Éditions Roland Benard, 1977, 121 pp.
  • Volcans, le réveil de la Terre, Paris: Hachette-Réalités, 1979, 158 pp.
  • Dans l’antre du Diable: volcans d’Afrique, Canaries et Réunion, Paris: Presses de la Cité, 1981, 124 pp.
  • Volcans et tremblements de terre, Paris: Les Deux Coqs d’Or, 1982, 78 pp.
  • Volcans et dérives des continents, Paris: Hachette, 1984, 157 pp.
  • Les plus beaux volcans, d’Alaska en Antarctique et Hawaï, Paris: Solar, 1985, 88 pp.
  • Volcans et éruptions, Paris: Hachette-Jeunesse, 1985, 90 pp.
  • Les Volcans du monde, Vevey-Lausanne: Éditions Mondo, 1986, 152 pp.
  • Objectif volcans, Paris: Nathan Image, 1986, 154 pp.
  • Führer zu den Virunga Vulkanen, Stuttgart: F. Enke, 1990, 187 pp.
Maurice Krafft e Roland Benard
  • Au cœur de la Fournaise, Orléans: Éditions Nourault-Bénard, 1986, 220 pp.
Maurice Krafft, Katia Krafft e François-Dominique de Larouzière
  • Guide des volcans d'Europe et des Canaries, Neuchâtel: Delachaux et Niestlé, 1991, 455 pp.
   

O geólogo Harry Glicken, especialista em nuvens ardentes, morreu com uma há trinta anos...

   
Harry Glicken (March 7, 1958 – June 3, 1991) was an American volcanologist. He researched Mount St. Helens in the United States before and after its famous 1980 eruption, and blamed himself for the death of fellow volcanologist David A. Johnston, who had switched shifts with Glicken so that the latter could attend an interview. In 1991, while conducting avalanche research on Mount Unzen in Japan, Glicken and fellow volcanologists Katia and Maurice Krafft were killed by a pyroclastic flow. His remains were found four days later, and were cremated in accordance with his parents' request. Glicken and Johnston remain the only American volcanologists known to have died in volcanic eruptions.
Despite a long-term interest in working for the United States Geological Survey, Glicken never received a permanent post there because employees found him eccentric. Conducting independent research from sponsorships granted by the National Science Foundation and other organizations, Glicken accrued expertise in the field of volcanic debris avalanches. He also wrote several major publications on the topic, including his doctoral dissertation based on his research at St. Helens titled "Rockslide-debris Avalanche of May 18, 1980, Mount St. Helens Volcano, Washington" that initiated widespread interest in the phenomenon. Since being published posthumously by Glicken's colleagues in 1996, the report has been acknowledged by many other publications on debris avalanches. Following his death, Glicken was praised by associates for his love of volcanoes and commitment to his field.
   

sexta-feira, maio 21, 2021

Mercalli nasceu há 171 anos

    
Giuseppe Mercalli (Milão, 21 de maio de 1850 - Nápoles, 19 de março de 1914) foi um sacerdote, vulcanólogo e sismólogo italiano.
Foi professor de mineralogia na Universidade de Catânia e de vulcanologia na Universidade de Nápoles. Em 1911 sucedeu a Raffaele Vittorio Matteucci no cargo de director do Observatório do Vesúvio. Os seus estudos na área da sismologia e da vulcanologia granjearam-lhe reputação internacional. Notabilizou-se pelo desenvolvimento da Escala de Mercalli, para avaliação da intensidade dos sismos, uma das escalas sísmicas com maior aceitação durante quase todo o século XX, e pela publicação de um sistema de classificação das erupções vulcânicas.
  
Biografia
Nascido em Milão no seio de uma família de meios modestos, Giuseppe Mercalli ingressou no Seminário de Milão imediatamente após os estudos elementares e ali fez os seus estudos secundários e preparatórios. Foi ordenado em 1871 sacerdote católico.
Entre 1871 e 1874 foi aluno da Escola Normal anexa ao Instituto Técnico Superior de Milão, frequentando o curso destinado à formação de professores de Ciências Naturais. Nesse curso estudou geologia com Antonio Stoppani, obtendo a laurea em Ciências Naturais no ano de 1874. Pouco depois foi nomeado professor de Ciências Naturais no Seminário de Monza e no Liceo católico de Domodossola, mas em 1888 foi obrigado a abandonar o ensino em estabelecimentos católicos depois de ter apoiado a construção de um monumento nacional em homenagem ao sacerdote e filósofo Antonio Rosmini-Serbati, o que fez dele suspeito de aderente ao ideário do liberalismo. Dedicou-se ao estudos geológicos, iniciando-se com o estudo dos glaciares alpinos da Lombardia, publicando várias notícias sobre as suas características e os depósitos associados.
Depois de ter feitos exames pedagógicos em Monza, obtendo habilitação para o ensino liceal, foi nomeado em concurso feito pelo governo italiano para um lugar em Reggio di Calabria como professor liceal. Primeiro no concurso, a escolha de Reggio di Calabria deveu-se ao desejo de Mercalli de estar presente na região da Calábria, ao tempo atingida por uma crise sísmica e onde se esperava um terramoto. Manteve activa investigação no campo da geologia, dedicando-se progressivamente à sismologia e à vulcanologia.
Concorreu a professor de mineralogia e geologia da Universidade de Catânia, mas ficou em terceiro lugar, concorrendo então para um lugar de professor liceal em Nápoles, o que conseguiu em 1892. No período de 1892 a 1911 foi professor no Reggio Liceo Vittorio Emanuele de Nápoles, onde contou entre os seus alunos Giuseppe Moscati. Entre os colegas e colaboradores estava Achille Ratti, que posteriormente seria o papa Pio XI, que fora seu aluno no Seminário de Milão e com quem manteve uma sólida amizade. A partir do ano seguinte (1893) passou a acumular com aulas de vulcanologia na Universidade de Nápoles.
Em 1911 foi escolhido para o lugar de director do Observatório Vesuviano, cargo em que sucedeu a Raffaele Vittorio Matteucci e que manteve até falecer. Passa então a dedicar-se em exclusivo ao estudo da vulcanologia e projecta uma reforma do Observatório, com base num programa de investigação que previa o estudo do vulcão e das suas erupções, o registo da actividade sísmica e pré-sísmica (precursores), para além das observações e das análise dos resultados do trabalho de campo que deveria ser feito no vulcão e suas proximidades.
Giuseppe Mercalli notabilizou-se pelo desenvolvimento, em 1902 da escala de Mercalli, uma escala destinada à avaliação da intensidade sísmica, que, com algumas modificações, ainda se mantém em uso, mais de um século após a sua publicação. Aquela escala, apesar de não medir a magnitude dos sismos, mas apenas os seus efeitos sobre as pessoas, terrenos e edifícios, sendo por isso pouco adequado para uso em áreas pouco povoadas, mostrou-se ideal para comparar os danos produzidos pelos terramotos e para fins de engenharia sísmica e de proteção civil.
Mercalli faleceu em 1914, vítima de um incêndio que deflagrou na sua casa na Via Sapienza (Nápoles), alegadamente por ter entornado uma lâmpada de parafina que utilizava para trabalhar durante a noite. Pensa-se que teria estado a trabalhar durante a noite, algo que fazia rotineiramente, contando-se que uma vez foi encontrado a trabalhar às onze horas da manhã e sendo informada da hora terá exclamado: Seguramente que ainda não é dia!. O seu cadáver foi encontrado carbonizado, próximo da sua cama, agarrando um cobertor que utilizara para tentar apagar o fogo. Apesar disso parecer indicar um acidente, as autoridades policiais informaram, alguns dias mais tarde, que Mercalli fora provavelmente assassinado, por estrangulamento, e o seu cadáver regado com petróleo e queimado, para esconder o crime. Teria desaparecido da casa uma importante quantia em dinheiro.
Giuseppe Mercalli observou a erupção vulcânica das ilhas Eólias, do vulcão de Stromboli e do Vulcano, publicando descrições que continuam a ser importante material de estudo para os vulcanólogos. Para além da investigação no campo de vulcanologia, também estudou os glaciares da Lombardia.
Foi autor de mais de uma centena de publicações científicas (pelo menos 115), com destaque para a obra I vulcani attivi della Terra (Os vulcões activos da Terra), publicada em 1889, considerada um clássico da vulcanologia e que se mantém actual. Em 1903 publicou uma escala destinada à categorização das erupções vulcânicas. Realizou a primeira carta sísmica do território italiano. Estudou o comportamento dos animais antes e durante os sismos, detectando reacções de nervosismo e de tremor que apelidou de síndrome cinestéstica inexplicável, depois conhecido como Síndrome de Mercalli. Também publicou informação pioneira sobre os bradissismos.
Foi membro de importantes sociedades científicas e foi cavaleiro da Ordine della Corona d'Italia por mérito científico. No Cemitério Monumental de Milão, onde está sepultado, foi-lhe erigido um busto em bronze da autoria de Michele Vedani. Em Nápoles existe em sua homenagem o Liceo Scientifico Statale "Giuseppe Mercalli".
    

quarta-feira, abril 14, 2021

Um vulcão islandês com nome impronunciável gerou o caos na aviação mundial há onze anos


As erupções ocorridas em 2010 no glaciar Eyjafjallajökull foram uma série de grandes eventos vulcânicos que ocorreram em Eyjafjallajökull, na Islândia. A atividade sísmica, que se iniciou no final de 2009, deu lugar a uma erupção vulcânica que começou a 20 de março de 2010, colocando seu Índice de Explosividade Vulcânica em 1. Uma fase da erupção, a 14 de abril de 2010, causou uma paralisação generalizada do transporte aéreo europeu, afetando milhares de voos e causando uma espécie de efeito dominó em todo o mundo.

Em outubro de 2010 as erupções cessaram, segundo declarações de Ármann Höskuldsson, cientista do Instituto de Ciências Terrestres da Islândia, embora a área ainda esteja geotermicamente ativa e ainda haja uma possibilidade de uma nova erupção no futuro.
 
As cinzas vulcânicas trazidas pelos ventos são um grande perigo para os aviões. Por esse motivo, a segunda fase da erupção causou um grande distúrbio no tráfego aéreo europeu e mundial. Enquanto algumas cinzas foram para áreas desabitadas na Islândia, a maioria foi levada por ventos do oeste, indo parar à Europa. Os gases e cinzas reduzem a visibilidade e quando entram nas turbinas podem paralisar os motores do avião. Por esse motivo, seguindo as regras da IFR, Finlândia, Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Holanda Hungria, Irlanda, Letónia, Luxemburgo, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Roménia, Suíça e os territórios de Aland e Ilhas Faroé tiveram o tráfego aéreo fechado. A Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA) estimou que a indústria aérea mundial perdeu 148 milhões de euros por dia durante a interrupção.


Mapa composto da nuvem de cinza vulcânica abrangendo nos dias de 14 a 25 de abril de 2010

sexta-feira, março 19, 2021

Mercalli foi assassinado há 107 anos

    
Giuseppe Mercalli (Milão, 21 de maio de 1850 - Nápoles, 19 de março de 1914) foi um sacerdote, vulcanólogo e sismólogo italiano. Foi professor de mineralogia na Universidade de Catânia e de vulcanologia na Universidade de Nápoles. Em 1911 sucedeu a Raffaele Vittorio Matteucci no cargo de director do Observatório do Vesúvio. Os seus estudos na área da sismologia e da vulcanologia granjearam-lhe reputação internacional. Notabilizou-se pelo desenvolvimento da Escala de Mercalli para avaliação da intensidade dos sismos, uma das escalas sísmicas com maior aceitação durante quase todo o século XX, e pela publicação de um sistema de classificação das erupções vulcânicas.
  
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Biografia
Nascido em Milão no seio de uma família de meios modestos, Giuseppe Mercalli ingressou no Seminário de Milão imediatamente após os estudos elementares e ali fez os seus estudos secundários e preparatórios. Foi ordenado em 1871 sacerdote católico.
Entre 1871 e 1874 foi aluno da Escola Normal anexa ao Instituto Técnico Superior de Milão, frequentando o curso destinado à formação de professores de Ciências Naturais. Nesse curso estudou geologia com Antonio Stoppani, obtendo a laurea em Ciências Naturais no ano de 1874. Pouco depois foi nomeado professor de Ciências Naturais no Seminário de Monza e no Liceo católico de Domodossola, mas em 1888 foi obrigado a abandonar o ensino em estabelecimentos católicos depois de ter apoiado a construção de um monumento nacional em homenagem ao sacerdote e filósofo Antonio Rosmini-Serbati, o que fez dele suspeito de aderente ao ideário do liberalismo. Dedicou-se ao estudos geológicos, iniciando-se com o estudo dos glaciares alpinos da Lombardia, publicando várias notícias sobre as suas características e os depósitos associados.
Depois de ter feitos exames pedagógicos em Monza, obtendo habilitação para o ensino liceal, foi nomeado em concurso feito pelo governo italiano para um lugar em Reggio di Calabria como professor liceal. Primeiro no concurso, a escolha de Reggio di Calabria deveu-se ao desejo de Mercalli de estar presente na região da Calábria, ao tempo atingida por uma crise sísmica e onde se esperava um terramoto. Manteve activa investigação no campo da geologia, dedicando-se progressivamente à sismologia e à vulcanologia.
Concorreu a professor de mineralogia e geologia da Universidade de Catânia, mas ficou em terceiro lugar, concorrendo então para um lugar de professor liceal em Nápoles, o que conseguiu em 1892. No período de 1892 a 1911 foi professor no Reggio Liceo Vittorio Emanuele de Nápoles, onde contou entre os seus alunos Giuseppe Moscati. Entre os colegas e colaboradores estava Achille Ratti, que posteriormente seria o papa Pio XI, que fora seu aluno no Seminário de Milão e com quem manteve uma sólida amizade. A partir do ano seguinte (1893) passou a acumular com aulas de vulcanologia na Universidade de Nápoles.
Em 1911 foi escolhido para o lugar de director do Observatório Vesuviano, cargo em que sucedeu a Raffaele Vittorio Matteucci e que manteve até falecer. Passa então a dedicar-se em exclusivo ao estudo da vulcanologia e projecta uma reforma do Observatório, com base num programa de investigação que previa o estudo do vulcão e das suas erupções, o registo da actividade sísmica e pré-sísmica (precursores), para além das observações e das análise dos resultados do trabalho de campo que deveria ser feito no vulcão e suas proximidades.
Giuseppe Mercalli notabilizou-se pelo desenvolvimento, em 1902 da escala de Mercalli, uma escala destinada à avaliação da intensidade sísmica, que com algumas modificações ainda se mantém em uso, mais de um século após a sua publicação. Aquela escala, apesar de não medir a magnitude dos sismos, mas apenas os seus efeitos sobre as pessoas e os edifícios, sendo por isso pouco adequado para uso em áreas pouco povoadas, mostrou-se ideal para comparar os danos produzidos pelos terramotos e para fins de engenharia sísmica e de proteção civil.
Mercalli faleceu em 1914, vítima de um incêndio que deflagrou na sua casa na Via Sapienza (Nápoles), alegadamente por ter entornado uma lâmpada de parafina que utilizava para trabalhar durante a noite. Pensa-se que teria estado a trabalhar durante a noite, algo que fazia rotineiramente, contando-se que uma vez foi encontrado a trabalhar às onze horas da manhã e sendo informada da hora terá exclamado: Seguramente que ainda não é dia!. O seu cadáver foi encontrado carbonizado, próximo da sua cama, agarrando um cobertor que utilizara para tentar apagar o fogo. Apesar disso parecer indicar um acidente, as autoridades policiais informaram, alguns dias mais tarde, que Mercalli fora provavelmente assassinado, por estrangulamento, e o seu cadáver regado com petróleo e queimado, para esconder o crime. Teria desaparecido da casa uma importante quantia em dinheiro.
Giuseppe Mercalli observou a erupção vulcânica das ilhas Eólias, do vulcão de Stromboli e do Vulcano, publicando descrições que continuam a ser importante material de estudo para os vulcanólogos. Para além da investigação no campo de vulcanologia, também estudou os glaciares da Lombardia.
Foi autor de mais de uma centena de publicações científicas (pelo menos 115), com destaque para a obra I vulcani attivi della Terra (Os vulcões activos da Terra), publicada em 1889, considerada um clássico da vulcanologia e que se mantém actual. Em 1903 publicou uma escala destinada à categorização das erupções vulcânicas. Realizou a primeira carta sísmica do território italiano. Estudou o comportamento dos animais antes e durante os sismos, detectando reacções de nervosismo e de tremor que apelidou de síndrome cinestéstica inexplicável, depois conhecido como Síndrome de Mercalli. Também publicou informação pioneira sobre os bradissismos.
Foi membro de importantes sociedades científicas e foi cavaleiro da Ordine della Corona d'Italia por mérito científico. No Cemitério Monumental de Milão, onde está sepultado, foi-lhe erigido um busto em bronze da autoria de Michele Vedani. Em Nápoles existe em sua homenagem o Liceo Scientifico Statale "Giuseppe Mercalli".