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quinta-feira, agosto 19, 2021

Os comunistas ortodoxos soviéticos jogaram a sua última cartada há trinta anos...

Tanques na Praça Vermelha, em agosto de 1991
    
A tentativa de golpe na União Soviética, também conhecido como o golpe de agosto ou o Putsch de Moscovo é o nome de uma tentativa de golpe de Estado ocorrida num período de três dias, entre 19 e 21 de agosto de 1991, na União Soviética, feito por um grupo da "linha dura" no seio do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), que depuseram, brevemente, o líder estabelecido, Mikhail Gorbachev, e tentaram tomar o controle do país.
Os autores do golpe de Estado foram comunistas conservadores que acreditavam que o programa de reformas de Gorbachev estava indo longe demais e que o novo Tratado da União, que chegou a ser negociado, imediatamente dispersava o demasiado poder por parte do Governo Central para as repúblicas componentes da URSS. O golpe de Estado falhou em três dias e Gorbachev regressou ao poder. Ainda assim, os acontecimentos prejudicaram a legitimidade do PCUS, contribuindo para o colapso e desaparecimento da União Soviética.
    
(...)
   
Em 19 de agosto de 1991, um dia antes de Gorbachev e um grupo de dirigentes das Repúblicas assinarem o novo Tratado da União, um grupo chamado Comité Estatal para o Estado de Emergência tentou tomar o poder em Moscovo. Anunciou-se que Gorbachev estava doente e tinha sido afastado de seu posto como presidente. Gorbachev fora de férias para a Crimeia quando a tomada do poder foi desencadeada e lá permaneceu durante todo o seu curso. O vice-presidente da União Soviética, Gennady Yanaiev, foi nomeado presidente interino. A comissão de 8 membros, incluía o chefe do KGB, Vladimir Krioutchkov, e o Ministro das Relações Exteriores, Boris Pugo, o ministro da Defesa, Dmitri Iazov, todos os que concordaram em trabalhar sob Gorbachev.
Manifestações importantes contra líderes do golpe de Estado ocorreram em Moscovo e Leninegrado, lealdades divididas nos ministérios da Defesa e Segurança impediam as forças armadas de vir para superar a resistência que o Presidente da Rússia, Boris Yeltsin, dirigia desde a Câmara Branca, o parlamento russo. Um assalto do edifício foi preparado pelo Grupo Alfa das Forças Especiais da KGB, mas depois as tropas foram recusando-se unanimemente a obedecer. Durante uma das manifestações, Yeltsin permaneceu de pé, num tanque, para condenar a "Junta". A imagem disseminada pelo mundo foi à televisão, torna-se um dos mais importantes do golpe de Estado e reforça fortemente a posição de Ieltsin. Ocorrem confrontos nas redondezas das ruas que conduziram ao assassinato de três protestantes, Vladimir Ousov, Dmitri Komar e Ilia Krichevski, esmagados por um tanque, mas, em geral, houve poucos casos de violência. Em 21 de agosto de 1991, a grande maioria das tropas que foram enviadas para Moscovo coloca-se abertamente ao lado dos manifestantes ou são desertores. O golpe falhou e Gorbachev, que tinha estado preso na sua dacha na Crimeia, regressou a Moscovo.
     

sábado, junho 26, 2021

Salvador Allende nasceu há 113 anos

  
Salvador Allende Gossens (Valparaíso, 26 de junho de 1908 - Santiago do Chile, 11 de setembro de 1973) foi um médico e político marxista chileno. Fundador do Partido Socialista, governou seu país de 1970 a 1973, quando foi deposto por um golpe de estado liderado por seu chefe das Forças Armadas, Augusto Pinochet.
Allende foi o primeiro presidente de república e o primeiro chefe de estado socialista marxista eleito democraticamente na América Latina. Seus pilares ideológicos foram o socialismo, o marxismo e a maçonaria. Allende foi um revolucionário atípico: acreditava na via eleitoral da democracia representativa, e considerava ser possível instaurar o socialismo dentro do sistema político então vigente em seu país.
  

quinta-feira, maio 27, 2021

Há 44 anos houve uma tentativa de golpe de estado em Angola


(imagem daqui)

Fraccionismo foi o nome dado a um movimento político angolano, liderado por Nito Alves, ex-dirigente do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), no poder desde a independência do país. Este movimento articulou-se como dissidência no seio do MPLA, após a independência de Angola, em oposição ao Presidente Agostinho Neto, e lançou em Luanda uma tentativa de golpe de estado a 27 de maio de 1977.
  
O golpe
Na madrugada de 27 de maio de 1977 (sexta-feira), Nito Alves, então Ministro da Administração Interna sob a presidência de Agostinho Neto, liderou um movimento popular de protesto que se dirigiu para o Palácio Presidencial, para apelar ao Presidente Neto que tomasse uma posição contra o suposto rumo de influência maoísta que o MPLA estava a seguir e para que alterasse essa tendência com o retorno à linha marxista-leninista pura.
Virinha e Nandy, dirigentes do destacamento feminino das FAPLA (Forças Armadas Populares de Libertação de Angola), dirigem o assalto à cadeia de São Paulo, onde se encontrava, em visita de inspeção, Hélder Neto, chefe da INFANAL (serviço de Informação e Análise), órgão paralelo à DISA (Direção de Informação e Segurança de Angola). Para tentar impedir o ataque, Helder Neto, liberta alguns presos e entrega-lhes armas para o ajudarem a defender a cadeia. No entanto, Sambala, um cantor popular detido por delito comum, prende-o pelos braços, quando ele abre as portas da cadeia para negociar com Virinha e Nandy, acabando, supostamente, por se suicidar.
Luís dos Passos, o atual secretário-geral do Partido Renovador Democrático, num jipe com seis militares, dirigia a tomada da Rádio Nacional de Angola, enquanto, nos musseques, Sita Vales e José Van-Dúnem incitam os operários e os populares à revolta. Segundo o ex-delegado brasileiro Cláudio Guerra relatou em seu livro Memórias de uma Guerra Suja, o atentado a bomba que precedeu a tomada da Rádio Nacional e que matou a cúpula do MPLA presente na rádio foi executado por ele e mais dois polícias brasileiros, todos integrantes da extrema-direita brasileira, que haviam sido enviados em missão secreta a Angola.
Saidy Mingas, um dos irmãos de Rui Mingas, fiel a Agostinho Neto, entra no quartel da Nona Brigada para tentar controlar as tropas, sendo preso pelos soldados e levado com Eugénio Costa e outros militares contrários à revolta para o musseque Sambizanga, onde são, posteriormente, queimados vivos.
Por volta do meio-dia, o Governo, através de Onambwe, diretor-adjunto da DISA, reage com a ajuda das tropas cubanas. Os soldados retomam a cadeia e a rádio e abrem fogo sobre os manifestantes dispersando-os, abafando-se assim o golpe. Pelas 16 horas, a cidade já está controlada, e os manifestantes procuram refúgio. No musseque do Sambizanga, são queimados, vivos, os militares aprisionados, conseguindo escapar ileso o Comandante Gato. No começo da tarde, reinava o silêncio na cidade. Na Rádio Nacional, Agostinho Neto resume os acontecimentos que, por poucas horas, abalaram Luanda: Hoje de manhã, pretendeu-se demonstrar que já não há revolução em Angola. Será assim? Eu penso que não... Alguns camaradas desnortearam-se e pensaram que a nossa opção era contra eles.
Com o poder governamental precariamente restabelecido em Luanda, foi imposto o recolher obrigatório com início ao pôr do sol e a terminar ao nascer do sol, realizado com a ajuda de barreiras de rua por toda a cidade. Cubanos, em tanques e blindados, guardavam os edifícios públicos.
Numa última tentativa de levar o golpe em frente, surge um atentado contra Agostinho Neto, levado a cabo pelo seu segurança particular e organizado por Nito Alves. Escapa ileso mas fica abalado emocionalmente e pouco tempo depois, num discurso empolgado, afirmou: "Não haverá contemplações". "Não perderemos muito tempo com julgamentos".
Logo nessa mesma noite, a DISA, começou as buscas às casas à procura dos Nitistas. No rescaldo do golpe, imensas pessoas foram submetidas a prisões arbitrárias, tortura, condenações sem julgamento ou execuções sumárias, levadas a cabo pelo Tribunal Militar Especial vulgo Comissão Revolucionária, criado para substituir os julgamentos e que ficou conhecido por Comissão das Lágrimas.
Não se sabe a data exata em que Nito Alves foi preso, mas sabe-se que foi fuzilado e que se fez desaparecer o seu corpo, afundando-o no mar amarrado a pedras. Sita Valles e José Van-Dúnem foram aprisionados a 16 de junho de 1977. Em 1978, o escritor australiano Wilfred Burchett confirmou que Nito Alves fora executado, bem como Sita Valles, José Van-Dúnem, Ministro do Comércio Interno, David Aires Machado, e dois comandantes superiores do exército do MPLA, Jacob João Caetano (popularmente conhecido como Monstro Imortal) e Ernesto Eduardo Gomes da Silva (Bakalof).
    
Consequências
As perseguições duraram cerca de dois anos. Tipicamente, após os julgamentos sumários, os ditos “traidores” eram apresentadas na TV angolana antes de serem fuzilados. Foram exibidos desta forma aproximadamente 15.000 pessoas
Foram mortos muitos dos melhores quadros angolanos, combatentes experientes, mulheres combativas, jovens militantes, intelectuais e estudantes. Em julho de 1979, Agostinho Neto, levando em consideração os actos dos dois últimos anos, decide dissolver a DISA pelos "excessos" que havia cometido.
Ironicamente, o golpe acabou por reescrever a história, levando o MPLA a fazer o que os golpistas reivindicavam. Em dezembro de 1977 no seu primeiro congresso, mudam de nome para MPLA-PT (MPLA Partido do Trabalho) adoptando oficialmente a ideologia marxista-leninista, pedida por Nito Alves.
De acordo com várias fontes, o número de militantes do MPLA, depois das depurações, baixou de 110.000 para 32.000. Estas acções de depuração do partido provocaram milhares de mortos não existindo um número oficial, oscilando segundo as fontes, entre os 15.000 e os 80.000.
   

terça-feira, fevereiro 23, 2021

O último extertor do franquismo assustou a Espanha há quarenta anos

(imagem daqui)
     
O frustrado golpe de Estado de 23 de fevereiro de 1981 na Espanha, também conhecido como 23-F, foi uma tentativa de golpe de estado perpetrada por certos militares, sendo o acontecimento mais representativo o assalto ao Congresso dos Deputados por um numeroso grupo de guardas civis, comandado pelo tenente-coronel Antonio Tejero. O assalto ocorreu durante a votação da nomeação para Presidente do Governo da Espanha, de Leopoldo Calvo-Sotelo, da UCD.
   
(...)
    
A recusa do Rei em apoiar o golpe ajudou a abortá-lo ao longo da noite. Também destacou a atitude do presidente da Generalitat de Catalunha, Jordi Pujol, que pouco antes das dez da noite transmitia ao país pelas emissoras de Rádio Nacional e Rádio Exterior uma alocução na qual apelava à tranquilidade. Até à uma da madrugada houve diligências a partir do Hotel Palace, na proximidade do Congresso, lugar eleito como centro de operações pelo general Aramburu Topete, então Diretor Geral da Guarda Civil e o general Sáenz de Santa Maria, pela sua vez Diretor Geral da Polícia Nacional. Por ali também passou o general Alfonso Armada, parte do plano golpista, que pretendia, simulando negociar com os assaltantes, propor-se como solução. O seu secreto plano de golpe, emulando o general francês De Gaulle,  fracassou perante a recusa de Tejero a que este presidisse um governo do qual também fariam parte socialistas e comunistas. Mais tarde, descobertos os seus planos, seria removido do seu posto de 2º Chefe do Estado-Maior do Exército, pela sua implicação na conspiração golpista.
    
(...)
    
Por volta da uma da manhã de 24 de fevereiro, o Rei falou na televisão, vestido com uniforme de capitão-general, para se colocar contra os golpistas, defender a Constituição espanhola, chamar à ordem as Forças Armadas, na sua qualidade de comandante-em-chefe, e desautorizar Milans del Bosch. A partir desse momento o golpe dá-se por fracassado. Milans del Bosch, isolado, cancelou os seus planos às cinco da manhã e foi detido, enquanto Tejero resistiu até ao meio-dia. Seria, porém, durante a manhã do dia 24 que os deputados foram finalmente libertados.
 
(imagem daqui)
      
in Wikipédia

segunda-feira, novembro 09, 2020

Napoleão chegou ao poder, com o golpe de Estado do 18 de Brumário do ano VIII, há 221 anos

O general Bonaparte no Conselho dos Quinhentos, por Bouchot
      
O Golpe de Estado de 18 de Brumário (pelo calendário revolucionário francês, a 9 de novembro de 1799 no nosso calendário gregoriano) iniciou a ditadura napoleónica na França. Os admiradores de Napoleão criaram um jornal em Paris que divulgava a imagem de um general patriota, invencível e adorado pelos seus soldados. Nacionalismo, glórias militares, ideal de igualdade: ideias que fascinavam os franceses.
Em plena crise generalizada, os promotores do golpe derrubaram o Diretório e criaram o Consulado, estabelecendo um novo governo na França, assumindo o jovem general Napoleão Bonaparte o cargo de primeiro-cônsul.
O golpe foi acolhido com entusiasmo pela burguesia, que aspirava à paz, à ordem interna e à normalização das actividades. Os conspiradores do golpe não temiam o general Bonaparte, escolhido para liderar o movimento, pois acreditavam que acabariam por reduzir a sua importância.
A burguesia e os políticos astutos do Diretório perceberam que o general Bonaparte era o homem certo para consolidar o novo regime. Propuseram-lhe que utilizasse a força do exército para assumir o governo. Assim foi feito. Numa ação eficaz, apesar de tumultuada, Napoleão fechou a Assembleia do Directório. Foi o golpe que ocorreu no dia 18 do mês de Brumário do ano IV, que no calendário gregoriano em uso na actualidade é 9 de novembro de 1799. Durante essa época, a burguesia consolidaria seu poder económco.
O Golpe do 18 de Brumário marcou o início do Consulado, quando a burguesia, como meio de terminar a revolução que já durava dez anos (de 1789 a 1799), concentrou o poder na mão de três cônsules: Napoleão Bonaparte, Roger Ducos, e Emmanuel Joseph Sieyès.
      
       

quarta-feira, agosto 19, 2020

Há 29 anos os comunistas ortodoxos soviéticos jogaram a sua última cartada

Tanques na Praça Vermelha, em agosto de 1991
    
A tentativa de golpe na União Soviética, também conhecido como o golpe de agosto ou o Putsch de Moscovo é o nome de uma tentativa de golpe de Estado ocorrida num período de três dias, entre 19 e 21 de agosto de 1991, na União Soviética, feito por um grupo da "linha dura" no seio do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), que depuseram, brevemente, o líder estabelecido, Mikhail Gorbachev, e tentaram tomar o controle do país.
Os autores do golpe de Estado foram comunistas conservadores que acreditavam que o programa de reformas de Gorbachev estava indo longe demais e que o novo Tratado da União, que chegou a ser negociado, imediatamente dispersava o demasiado poder por parte do Governo Central para as repúblicas componentes da URSS. O golpe de Estado falhou em três dias e Gorbachev regressou ao poder. Ainda assim, os acontecimentos prejudicaram a legitimidade do PCUS, contribuindo para o colapso e desaparecimento da União Soviética.
    
(...)
   
Em 19 de agosto de 1991, um dia antes de Gorbachev e um grupo de dirigentes das Repúblicas assinarem o novo Tratado da União, um grupo chamado Comité Estatal para o Estado de Emergência tentou tomar o poder em Moscovo. Anunciou-se que Gorbachev estava doente e tinha sido afastado de seu posto como presidente. Gorbachev fora de férias para a Crimeia quando a tomada do poder foi desencadeada e lá permaneceu durante todo o seu curso. O vice-presidente da União Soviética, Gennady Yanaiev, foi nomeado presidente interino. A comissão de 8 membros, incluía o chefe do KGB, Vladimir Krioutchkov, e o Ministro das Relações Exteriores, Boris Pugo, o ministro da Defesa, Dmitri Iazov, todos os que concordaram em trabalhar sob Gorbachev.
Manifestações importantes contra líderes do golpe de Estado ocorreram em Moscovo e Leninegrado, lealdades divididas nos ministérios da Defesa e Segurança impediam as forças armadas de vir para superar a resistência que o Presidente da Rússia, Boris Yeltsin, dirigia desde a Câmara Branca, o parlamento russo. Um assalto do edifício foi preparado pelo Grupo Alfa das Forças Especiais da KGB, mas depois as tropas foram recusando-se unanimemente a obedecer. Durante uma das manifestações, Yeltsin permaneceu de pé, num tanque, para condenar a "Junta". A imagem disseminada pelo mundo foi à televisão, torna-se um dos mais importantes do golpe de Estado e reforça fortemente a posição de Ieltsin. Ocorrem confrontos nas redondezas das ruas que conduziram ao assassinato de três protestantes, Vladimir Ousov, Dmitri Komar e Ilia Krichevski, esmagados por um tanque, mas, em geral, houve poucos casos de violência. Em 21 de agosto de 1991, a grande maioria das tropas que foram enviadas para Moscovo coloca-se abertamente ao lado dos manifestantes ou são desertores. O golpe falhou e Gorbachev, que tinha estado preso na sua dacha na Crimeia, regressou a Moscovo.
     

sábado, novembro 09, 2019

O Golpe de Estado de 18 de Brumário foi há 220 anos

O general Bonaparte no Conselho dos Quinhentos, por Bouchot
   
O Golpe de Estado de 18 de Brumário (pelo calendário revolucionário francês, a 9 de novembro de 1799 no nosso calendário gregoriano) iniciou a ditadura napoleónica na França. Os admiradores de Napoleão criaram um jornal em Paris que divulgava a imagem de um general patriota, invencível e adorado pelos seus soldados. Nacionalismo, glórias militares, ideal de igualdade: ideias que fascinavam os franceses.
Em plena crise generalizada, os promotores do golpe derrubaram o Diretório e criaram o Consulado, estabelecendo um novo governo na França, assumindo o jovem general Napoleão Bonaparte o cargo de primeiro-cônsul.
O golpe foi acolhido com entusiasmo pela burguesia, que aspirava à paz, à ordem interna e à normalização das actividades. Os conspiradores do golpe não temiam o general Bonaparte, escolhido para liderar o movimento, pois acreditavam que acabariam por reduzir a sua importância.
A burguesia e os políticos astutos do Diretório perceberam que o general Bonaparte era o homem certo para consolidar o novo regime. Propuseram-lhe que utilizasse a força do exército para assumir o governo. Assim foi feito. Numa ação eficaz, apesar de tumultuada, Napoleão fechou a Assembleia do Directório. Foi o golpe que ocorreu no dia 18 do mês de Brumário do ano IV, que no calendário gregoriano em uso na actualidade é 9 de novembro de 1799. Durante essa época, a burguesia consolidaria seu poder económco.
O Golpe do 18 de Brumário marcou o início do Consulado, quando a burguesia, como meio de terminar a revolução que já durava dez anos (de 1789 a 1799), concentrou o poder na mão de três cônsules: Napoleão Bonaparte, Roger Ducos, e Emmanuel Joseph Sieyès.
    
  
     

segunda-feira, outubro 14, 2019

Um golpe de estado pôs Brejnev no poder há 55 anos

Leonid Brejnev beija o presidente da Alemanha Oriental (RDA), Walter Ulbricht
   
Leonid Ilitch Brejnev (Kamenskoe, 19 de dezembro de 1906 - Moscovo, 10 de novembro de 1982) foi um estadista soviético que esteve à frente da liderança da União Soviética entre 1964 e 1982. Chefiou o Partido Comunista, tendo presidido ao Soviete Supremo de 1977 até à sua morte. Teve sob seu comando o maior exército do mundo na época e um imenso arsenal nuclear, no período em que a URSS chegou ao seu ápice geopolítico. Pôs em prática a Doutrina da Soberania Limitada, que buscou impedir a expansão e influência do neoliberalismo pelo mundo, razão pela qual é considerada neoestalinista, pelo seu cunho expansionista, agressivo e revolucionário.
As principais conquistas políticas de Brejnev durante a sua liderança foram a retomada das relações diplomáticas soviéticas com diversos países, as iniciativas de cooperação, junto das potências ocidentais, pela paz mundial e a criação de um bem-estar social em seu país, que entretanto potencializou a crise econômica que estremeceu a URSS. Ele também teve influente participação na expansão do socialismo a sua maior extensão, através do investimento em revoluções ao redor do globo.
Em termos políticos, a liderança de Brejnev perante a União Soviética representou o retorno do poder estalinista, tendo ele inclusive tentado uma má sucedida reabilitação do nome de seu antecessor Estaline.
Em termos culturais, deu fim às campanhas antirreligiosas iniciadas em 1958 e premiou o patriarca Pemeno I com a Ordem do Estandarte Vermelho, aumentando a liberdade religiosa na União Soviética, como forma de retomar e não degradar ainda mais a tradição cultural e religiosa da Rússia, em parte deturpada pelo ateísmo comunista.
Em 1972, foi-lhe atribuído o Prémio Lenine da Paz. Pelas suas contribuições na Grande Guerra Patriótica, o nome que a URSS dava à II Grande Guerra, recebeu a mais alta condecoração cívica que um cidadão soviético podia receber, Herói da União Soviética.
Morre de forma suspeita, em 1982, provavelmente de overdose, estimulada por sua enfermeira, associada à polícia secreta, chefiada por Iuri Andropov, o presumido sucessor de Brejnev. Menos de dez anos após a sua morte, durante o governo de Mikhail Gorbatchov, uma crise tomaria conta da URSS, levando o país ao caos e posteriormente à desintegração. Por esse motivo, os anos Brejnev são muitas vezes lembrados como anos dourados.
  
(...)
  
Até 1962, aproximadamente, o posto de Khrushchev na liderança soviética permanece sólido, mas em parte por causa da derrota na crise dos mísseis cubanos, políticas demasiado liberais e diversos comentários inoportunos, os membros do partido começam a se preocupar com o futuro do país. Para piorar, aumento das dificuldades económicas da União Soviética aumentou a pressão. Aparentemente, Brejnev era leal a Khrushchev, mas em 1963 vê-se implicado numa conspiração iniciada pelo arménio Anastas Mikoyan, cujo objetivo é depor Khrushchev. Neste ano, sucede a Frol Kozlov na liderança do Comité Central, e passa a ser, por esse posto, o sucessor oficial de Khrushchev. Em 14 de outubro de 1964, aproveitando as férias de Khrushchev, os conspiradores executam o seu golpe de estado e retiram-lhe o poder, instituindo um triunvirato, cuja versão soviética seria denominada troika. Brejnev converte-se no chefe do PCUS, Alexey Kosygin no chefe de governo, e Mikoyan no chefe de estado, sendo sucedido, quatro anos depois, por Nikolai Podgorny.
  

quarta-feira, setembro 11, 2019

Para recordar um dia complicado para muitos povos...

(imagem daqui)

O Desastre Ferroviário de Moimenta-Alcafache ou Desastre Ferroviário de Alcafache foi um acidente de natureza ferroviária, ocorrido na Linha da Beira Alta, em Portugal, a 11 de setembro de 1985; este acidente foi o pior desastre ferroviário ocorrido no país.
   
(...)
   
Estima-se que, neste acidente, tenham falecido cerca de 150 pessoas, embora as circunstâncias do acidente, e a falta de controlo sobre o número de passageiros em ambos os serviços, impeçam uma contagem exacta do número de vítimas mortais. A estimativa oficial aponta para 49 mortos, dos quais apenas 14 foram identificados, continuando ainda 64 passageiros oficialmente desaparecidos.
    
 
   
Bombardeamento do Palácio de La Moneda durante o Golpe de Estado no Chile, em 11 de setembro de 1973
  
O Golpe de Estado de 11 de setembro, ocorrido no Chile em 1973, consistiu no derrube do regime democrático constitucional do Chile, e do seu presidente, Salvador Allende, tendo sido articulado conjuntamente por oficiais sediciosos da marinha e do exército chileno, com apoio militar e financeiro do governo dos Estados Unidos e da CIA, bem como de organizações terroristas chilenas, como a Patria y Libertad, de tendências nacionalistas-neofascistas, tendo sido encabeçado pelo general Augusto Pinochet, que se proclamou presidente.
  
(...)
  
Allende decide continuar no Palácio, enquanto às 09.55 chegam os primeiros tanques ao Bairro Cívico, enfrentando-se com franco-atiradores leais ao governo. A CUT apela à resistência nos bairros industriais, enquanto o Presidente decide dar uma última locução:
"Colocado em uma transição histórica, pagarei com minha vida a lealdade do povo. E os digo que tenho a certeza de que a semente que entregaremos à consciência de milhares e milhares de chilenos não poderar ser cegada definitivamente. Trabalhadores de minha Pátria! Tenho fé no Chile e em seu destino. Superarão outros homens nesse momento cinza e amargo onde a traição pretende se impor. Sigam vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor."
  
O fogo entre os tanques e os membros do GAP se inicia e, às 11h52, aviões Hawker Haunter da Força Aérea Chilena bombardeiam o Palácio de La Moneda e a residência de Allende, na Avenida Tomás Moro, em Las Condes. O golpe surpreende por sua rapidez e violência. O Palácio começa a incendiar-se, mas Allende e seus partidários negam-se a render-se. Perto das 2 horas da tarde, as portas são derrubadas e o Palácio é tomado pelo exército. Allende ordena a evacuação, mas mantém-se no Palácio. Segundo o testemunho do seu médico pessoal, Allende disparou com uma metralhadora contra o queixo, cometendo suicídio. 
  

Os restos mortais do ex-presidente do Chile Salvador Allende foram exumados a 23 de maio de 2011 para determinar a causa da morte. A exumação foi ordenada pelo juiz Mário Carroza, na sequência de um pedido feito em representação dos familiares pela senadora Isabel Allende, filha do ex-presidente chileno, para determinar com "certeza jurídica as causas da sua morte". No dia 19 de julho de 2011, a autópsia realizada nos restos mortais do ex-presidente confirmou que a sua morte fora ocasionada "por ferimento de projétil" e que a "forma corresponde a suicídio".

  
   
De cima para baixo: o World Trade Center (WTC) a arder após o ataque; uma seção do Pentágono que desabou; o voo 175 choca contra a Torre 2 do WTC; um bombeiro pedindo ajuda no Ground Zero; parte do avião do voo 93 sendo recuperada; o voo 77 ao chocar contra o Pentágono
    
Ataques ou atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 (às vezes, referido apenas como 11 de setembro) foram uma série de ataques suicidas contra os Estados Unidos coordenados pela organização fundamentalista islâmica al-Qaeda, a 11 de setembro de 2001. Na manhã daquele dia, dezanove terroristas sequestraram quatro aviões comerciais de passageiros. Os sequestradores fizeram colidir intencionalmente dois dos aviões contra as Torres Gémeas do complexo empresarial do World Trade Center, na cidade de Nova Iorque, matando todos a bordo e muitas das pessoas que trabalhavam nos edifícios. Ambos os prédios desmoronaram duas horas após os impactos, destruindo edifícios vizinhos e causando vários outros danos. O terceiro avião de passageiros colidiu contra o Pentágono, a sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, no Condado de Arlington, Virgínia, nos arredores de Washington, D.C. O quarto avião caiu num campo aberto próximo de Shanksville, na Pensilvânia, depois de alguns de seus passageiros e tripulantes terem tentado retomar o controle da aeronave aos sequestradores, que a tinham reencaminhado na direção da capital norte-americana. Não houve sobreviventes em qualquer um dos voos.
Quase três mil pessoas morreram durante os ataques, incluindo os 227 civis e os 19 sequestradores a bordo dos aviões. A esmagadora maioria das vítimas eram civis, incluindo cidadãos de mais de 70 países.

Mortes (excluindo sequestradores)
Nova Iorque World Trade Center 2.606
American 11 87
United 175 60
Arlington Pentágono 125
American 77 59
Shanksville United 93 40
Total 2.977
(...)
  
Um total de 411 trabalhadores de emergência que responderam aos chamados de socorro morreram quando tentavam resgatar as pessoas e apagar os incêndios. O Corpo de Bombeiros da Cidade de Nova York (FDNY) perdeu 341 bombeiros e dois paramédicos. O Departamento de Polícia da Cidade de Nova Iorque (NYPD) perdeu 23 funcionários. O Departamento de Polícia da Autoridade Portuária perdeu 37 oficiais, e 8 EMTs adicionais e paramédicos de unidades privadas de serviços de emergência foram mortos.
    

sexta-feira, março 29, 2019

O Rei Gustavo IV Adolfo, da Suécia e Finlândia, abdicou há 210 anos

Gustav IV Adolf or Gustav IV Adolph (1 November 1778 – 7 February 1837) was King of Sweden from 1792 until his abdication in 1809. He was the son of Gustav III of Sweden and his queen consort Sophia Magdalena, eldest daughter of Frederick V of Denmark and his first wife Louise of Great Britain. He was the last Swedish ruler of Finland, the occupation of which by Russian Czar Alexander I in 1808-09 was the immediate cause of his violent downfall. After an army revolt, the king was seized by officers and forced to relinquish the throne on behalf of his family on March 29; the same date as his father's death (due to gunshot wound, in 1792). The Instrument of Government subsequently written was adapted on June 6, the current National Holiday of Sweden, and was in effect until replaced 1974. The crown (now with strictly limited powers) passed to his childless uncle, Charles XIII, whose want of heirs set into motion an intense quest for a successor who was found the following year in the person of Jean-Baptiste Bernadotte, who assumed the throne in 1818, commencing the present House of Bernadotte.
Gustavia in Swedish Pomerania was named after Gustav, but was lost in the Napoleonic Wars.
(...)
Gustav IV 's arrest
Coup d'état and abdication
Gustav Adolf's inept and erratic leadership in diplomacy and war precipitated his deposition through a conspiracy of army officers.
On 7 March 1809, lieutenant-colonel Georg Adlersparre, commander of a part of the so-called western army stationed in Värmland, triggered the revolution by raising the flag of rebellion in Karlstad and starting to march upon Stockholm. To prevent the King from joining loyal troops in Scania, on 13 March 1809 seven of the conspirators led by Carl Johan Adlercreutz broke into the royal apartments in the palace, seized the king, and imprisoned him and his family in Gripsholm castle; the king's uncle, Duke Charles (Karl), was thereupon persuaded to accept the leadership of a provisional government, which was proclaimed the same day; and a diet, hastily summoned, solemnly approved of the revolution.
On 29 March Gustav IV Adolf, to save the crown for his son, voluntarily abdicated; but on 10 May the Riksdag of the Estates, dominated by the army, declared that not merely Gustav but his whole family had forfeited the throne, perhaps an excuse to exclude his family from succession based on the rumours of his illegitimacy. A more likely cause, however, is that the revolutionaries feared that Gustav's son, if he inherited the throne, would avenge his father's deposition when he came of age. On 5 June, Duke Charles (Gustav's uncle) was proclaimed king under the name of Charles XIII, after accepting a new liberal constitution, which was ratified by the diet the next day. In December, Gustav and his family were transported to Germany. In 1812, he divorced his wife.
In exile Gustav used several titles, Count Gottorp, Duke of Holstein-Eutin, and finally settled at St. Gallen in Switzerland where he lived in a small hotel in great loneliness and indigence, under the name of Colonel Gustafsson. It was there that he suffered a stroke and died. At the suggestion of King Oscar II of Sweden his body was finally brought to Sweden and interred in the Riddarholmskyrkan.
Coat of Arms of King Gustav IV Adolf of Sweden and Finland
   

sábado, fevereiro 23, 2019

Há 38 anos o último extertor do franquismo assustou a Espanha

(imagem daqui)
   
O frustrado golpe de Estado de 23 de fevereiro de 1981 na Espanha, também conhecido como 23-F, foi uma tentativa de golpe de estado perpetrada por certos militares, sendo o acontecimento mais representativo o assalto ao Congresso dos Deputados por um numeroso grupo de guardas civis, comandado pelo tenente-coronel Antonio Tejero. O assalto ocorreu durante a votação da nomeação para Presidente do Governo da Espanha, de Leopoldo Calvo-Sotelo, da UCD.
  
(...)
   
A recusa do Rei em apoiar o golpe ajudou a abortá-lo ao longo da noite. Também destacou a atitude do presidente da Generalitat de Catalunha, Jordi Pujol, que pouco antes das dez da noite transmitia ao país pelas emissoras de Rádio Nacional e Rádio Exterior uma alocução na qual apelava à tranquilidade. Até à uma da madrugada houve diligências a partir do Hotel Palace, na proximidade do Congresso, lugar eleito como centro de operações pelo general Aramburu Topete, então Diretor Geral da Guarda Civil e o general Sáenz de Santa Maria, pela sua vez Diretor Geral da Polícia Nacional. Por ali também passou o general Alfonso Armada, parte do plano golpista, que pretendia, simulando negociar com os assaltantes, propor-se como solução. O seu secreto plano de golpe, emulando o general francês De Gaulle,  fracassou perante a recusa de Tejero a que este presidisse um governo do qual também fariam parte socialistas e comunistas. Mais tarde, descobertos os seus planos, seria removido do seu posto de 2º Chefe do Estado-Maior do Exército, pela sua implicação na conspiração golpista.
   
(...)
   
Por volta da uma da manhã de 24 de fevereiro, o Rei falou na televisão, vestido com uniforme de capitão-general, para se colocar contra os golpistas, defender a Constituição espanhola, chamar à ordem as Forças Armadas, na sua qualidade de comandante-em-chefe, e desautorizar Milans del Bosch. A partir desse momento o golpe dá-se por fracassado. Milans del Bosch, isolado, cancelou os seus planos às cinco da manhã e foi detido, enquanto Tejero resistiu até ao meio-dia. Seria, porém, durante a manhã do dia 24 que os deputados foram finalmente libertados.
(imagem daqui)
   
in Wikipédia

domingo, setembro 16, 2018

Víctor Jara foi assassinado há 45 anos...

Víctor Lidio Jara Martínez (San Ignacio, 28 de setembro de 1932 - Santiago, 16 de setembro de 1973) foi um professor, diretor de teatro, poeta, cantor, compositor, músico e ativista político chileno.
Nascido numa família de camponeses, Jara se tornou um reconhecido diretor de teatro, dedicando-se ao desenvolvimento da arte no país, dirigindo uma vasta gama de obras locais, assim como clássicos da cena mundial. Simultaneamente, desenvolveu uma carreira no campo da música, desempenhando um papel central entre os artistas neo-folclóricos que estabeleceram o movimento da Nueva Canción Chilena, que gerou uma revolução na música popular de seu país durante o governo de Salvador Allende. Também era professor, tendo lecionado Jornalismo na Universidade do Chile.
Logo após o golpe militar de 11 de setembro de 1973, Jara foi preso, torturado e fuzilado. O seu corpo foi abandonado na rua de um bairro de lata de Santiago.
  
Biografia
Víctor Jara nasceu na localidade de Lonquén, perto da cidade de Santiago. Era filho dos camponeses pobres Manuel Jara e Amanda Martínez. Manuel era um trabalhador braçal analfabeto e queria que seus filhos trabalhassem o quanto antes, em vez de irem para a escola. Assim sendo, aos seis anos de idade, Víctor já estava a trabalhar no campo. Manuel era incapaz de extrair o sustento para a sua grande família - além de Víctor tinha outros quatro filhos: María, Georgina, Eduardo e Roberto - como camponês no imóvel da família Ruiz-Tagle, tão pouco foi capaz de encontrar um trabalho estável. Acabou virando um alcóolico violento. O seu relacionamento com Amanda deteriorou-se, e Manuel abandonou a família quando Víctor ainda era criança. Amanda criou Víctor e os seus irmãos sozinha, insistindo que todos eles deveriam ir para a escola. Ao contrário de Manuel, Amanda - uma mestiza com raízes mapuche, orginária do sul do país - não era analfabeta. Uma autodidata, tocava violão e piano, tendo sido cantora de canções folclóricas em casamentos e funerais de sua cidade natal.
Em consequência dum grave acidente no lar sofrido pela irmã de Víctor, María, a família vai morar para a capital do país, Santiago, à procura de melhores condições económicas. Víctor, juntamente com o irmão Lalo, ingressa no Liceu Ruíz-Table, onde ambos se destacam pelos seus bons resultados académicos, até acabarem nele os estudos primários.
O duro trabalho da mãe conseguiu algum progresso económico para a família, mas obrigou-a a dedicar pouco tempo aos filhos. A viola de Amanda serviu a Víctor para a sua aproximação da música, com ajuda do seu amigo Omar Pulgar.
A mudança para o bairro de Chicago Chico dá ao jovem Víctor a possibilidade de ter relacionamento com outros jovens da mesma origem e condição, agrupando-se na altura em torno do Partido Democrata Cristão. Cantam, escutam música clássica, saem de excursão, jogam futebol e formam um coro. Os estudos religiosos fazem parte da formação dele nesse tempo.
Durante os estudos secundários no chamado "instituto comercial", parece ter existido em Víctor o sonho secreto de chegar a ser padre. Em 1950, a mãe morre repentinamente.

Mudaram-se para Población Nogales, onde voltou a encontrar Julio e Humberto Morgado, colega da escola primária. A família Morgado proporcionou a Víctor comida e cama. Víctor deixou os estudos para trabalhar numa fábrica de móveis e ajudava Pedro Morgado, pai dos seus colegas, no trabalho de transportador.
Por conselho do padre Rodríguez, ingressa no seminário e na Congregação dos Redentoristas, em San Bernardo. Víctor, mais tarde, assim lembraria esse momento:
"Para mim foi uma decisão muito importante entrar para o seminário. Quando o penso agora, da perspectiva mais dura, acho que fiz aquilo por razões íntimas e emocionais, pela solidão e o desespero de um mundo que até esse momento tinha sido sólido e perdurável, simbolizado por um lar e o amor da minha mãe. Eu já estava envolvido com a Igreja, e naquela altura procurei refúgio nela. Então pensava que esse refúgio iria guiar-me até outros valores e ajudar-me a encontrar um amor diferente e mais profundo, que porventura compensasse a ausência do amor humano. Julgava que talvez achasse esse amor na religião, dedicando-me ao sacerdócio."
Dois anos mais tarde, em 1952, abandonaria o seminário, ao dar pela sua falta de vocação, mas lembraria positivamente o canto gregoriano e a parte da interpretação litúrgica. A saída do seminário coincide com a ida para a tropa.

Música e teatro
Aos 21 anos, entra no coro da Universidade do Chile, participando na montagem de Carmina Burana e começando assim o seu trabalho de pesquisa e compilação folclórica. Três anos mais tarde, faz parte da companhia de teatro "Compañía de Mimos de Noisvander", e começa a estudar actuação e direcção na Escola Teatro da Universidade do Chile.
Em 1957, faz parte do grupo de cantos e danças folclóricas Cuncumén, onde conhece Violeta Parra, que o encoraja a continuar na profissão.
Com 27 anos, em 1959 dirige a sua primeira obra de teatro Parecido a la Felicidad de Alejandro Sieveking, encenando-a por vários países latino-americanos. Como solista do grupo folclórico, grava o seu primeiro disco, "Dos Villancicos". No ano a seguir, participa como assistente de direcção na montagem de La Viuda de Apablaza de Germán Luco Cruchaga, cujo director era Pedro de la Barra, e dirige a obra La Mandrágora, de Machiavello.
Em 1961, como director artístico do grupo Cuncumén viaja pela Holanda, França, União Soviética, Checoslováquia, Polónia, Roménia e Bulgária.
Em 1961, compõe a sua primeira canção, Paloma Quiero Contarte, continuando o seu trabalho como assistente de direcção na montagem de La Madre de los Conejos de Alejandro Sieveking. No ano seguinte, 1962, dirige para Ituch a obra Animas de Día Claro também de Sieveking.
Grava com o grupo Cuncumén o LP Folclore Chileno, onde inclui duas canções próprias, Paloma Quiero Contarte e La Canción del Minero. Começa a trabalhar como director na Academia de Folclore da Casa da Cultura de Ñuñoa, função que desempenharia até 1968. Nessa altura, e até 1970, faz parte da equipa estável de directores do Instituto de Teatro da Universidade do Chile, Ituch e entre 1964 e 1967 é professor de actuação na universidade.
O trabalho de direcção teatral ocupa o seu tempo, realizando, quer como assistente de direcção, quer como director, várias montagens, entre elas uma para a TV da Universidade, além de uma tourné pela Argentina, Uruguai e Paraguai com a obra Animas de Día Claro de Alejandro Sieveking. Em 1963, passa a ser assistente de direcção de Atahualpa del Cioppo na montagem de El Círculo de Tiza de Bertolt Brecht, para o Ituch.
Continua a compor música e, em 1965, dirige a obra La Remolienda de Alejandro Sieveking, bem como a montagem de La Maña de Ann Jellicoe, para o Ictus, recebendo por elas o prémio Laurel de Oro como melhor realizador, e o prémio da Crítica do Círculo de Jornalistas à melhor direcção por La Maña.

Cantor de intervenção
Exerce com director artístico para o grupo Quilapayún entre os anos 1966 e 1969 e até 1970 é solista em La Peña de los Parra. Continua a cantar e a dirigir obras de teatro e em 1966 grava o seu primeiro LP, Víctor Jara, editado por Arena.
Com a firma EMI-Odeón grava no ano seguinte os LP's Víctor Jara e Canciones Folclóricas de América, com Quilapayún.
Continua o trabalho como director teatral e monta novamente La Remolienda, sendo premiado pela Crítica graças à direcção de "Entretenimiento a Mr. Sloane" e consegue o Disco de Prata da discográfica EMI-Odeón.
Em 1969 monta a obra Antígonas de Sófocles para a Companhia da Escola de Teatro da Universidade Católica. Com a canção Plegaria a un labrador ganha o primeiro prémio do Primeiro Festival da Nova Canção Chilena e viaja a Helsínquia para participar num Comício Mundial de Jovens pelo Vietname, gravando ainda nessa altura Pongo en Tus Manos Abiertas.
Em 1970, participa em Berlim na Conversação Internacional de Teatro e em Buenos Aires no Primeiro Congresso de Teatro Latino-Americano. Envolve-se na campanha eleitoral da Unidade Popular e edita o disco Canto Libre.
Nomeado embaixador cultural do Governo da Unidade Popular, em 1971 põe música, junto a Celso Garrido Lecca, ao ballet Los Siete Estados de Patricio Bunster para o Ballet Nacional do Chile. Junto a Violeta Parra e Inti-Illimani, entra no Departamento de Comunicações da Universidade Técnica do Estado. Com a casa Dicap, edita o disco El Derecho de Vivir en Paz, com que leva o prémio Laurel de Oro à melhor composição do ano.
Trabalha como compositor de música para continuidade na Televisão Nacional do Chile desde 1972 até 1973; investiga e compila testemunhos em Hermida de la Victoria, a partir dos quais gravaria La Población. Viaja até à URSS e a Cuba e dirige a Homenagem a Pablo Neruda pela obtenção do Prémio Nobel.
Os camponeses de Ranquil convidam-no à realização de uma obra musical sobre o lugar, e dentro seu compromisso social participa nos trabalhos voluntários para impedir a paralisação do país, que as forças reaccionárias querem conseguir mediante a greve de camionistas.
Esse mesmo compromisso leva-o em 1973 a realizar diferentes actos, participando na campanha eleitoral para as eleições e ao parlamento em prol dos candidatos da Unidade Popular. Respondendo ao apelo de Pablo Neruda, participa como director e cantor num ciclo de programas da TV contra a guerra e contra o fascismo. Trabalha ainda em vários discos que não poderá gravar e realiza a gravação de Canto por Travesura.

Golpe de estado e morte
O golpe de estado do general Augusto Pinochet contra o presidente Salvador Allende, em 11 de setembro de 1973, surpreende Jara na universidade. É detido com outros alunos e professores, conduzido ao Estádio Chile (não confundir com Estádio Nacional de Chile), convertido em campo de concentração, e mantido lá durante vários dias. Há alguma controvérsia quanto às torturas que teria sofrido durante os dias de cárcere, antes de seu assassinato a tiros, no dia 16 de setembro do mesmo ano. Havia um boato de que teria tido as suas mãos cortadas como parte do "castigo" dos militares a seu trabalho de consciencialização social dos setores mais desfavorecidos do povo chileno. Porém, na exumação do corpo de Jara, realizada em Junho de 2009, foi confirmado que na verdade teve as suas mãos esmagadas por coronhadas dos soldados.
Jara era membro do Partido Comunista do Chile e, antes de ser preso e assassinado, integrava o Comité Central das Juventudes Comunistas do Chile. Nos dias de cativeiro prévios à sua execução, Jarra escreveu um poema que pôde ser conservado.
Dois discos, gravados por Víctor Jara pouco antes de morrer, não foram editados.

Somente em 1990 o Estado chileno, por meio da Comissão da Verdade e da Reconciliação, reconheceu que Víctor Jara havia sido assassinado a tiros, no dia 16 de setembro de 1973,  no Estádio Chile e, depois, lançaram o seu corpo num matagal perto da Estrada Sul, na parte posterior de um cemitério, juntamente com os corpos de outras três vítimas. Depois desses acontecimentos, o cadáver de Jara foi levado para a câmara mortuária, onde foi identificado pela esposa, a bailarina britânica Joan Turner. Víctor Jara tinha, no seu corpo, 44 marcas de bala e numerosos ossos fraturados, de acordo com o relatório da autópsia, feita após encontrarem o seu cadáver. Os seus restos mortais foram enterrados no Cemitério Geral de Santiago do Chile.
Em setembro de 2003, trinta anos após o assassinato de Jara, o Estádio Chile foi rebatizado como Estádio Víctor Jara, como uma forma de homenagem ao cantor e a sua família.