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quinta-feira, dezembro 18, 2025

O ditador genocida Estaline nasceu há 146 anos...

   
Josef Vissarionovitch Stalin
(Gori, 18 de dezembro de 1879 - Moscovo, 5 de março de 1953), nascido Iossif Vissarionovitch Djugashvili e conhecido como Estaline em língua portuguesa, foi secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética e do Comité Central a partir de 1922 até à sua morte, em 1953, sendo assim o líder da União Soviética neste período.
Sob a liderança de Estaline, a União Soviética desempenhou um papel decisivo na derrota da Alemanha nazi na Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945) e passou a atingir o estatuto de superpotência, após rápida industrialização e melhoras nas condições sociais do povo soviético, durante esse período, o país também expandiu o seu território para um tamanho semelhante ao do antigo Império Russo.
Durante o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, em 1956, o sucessor de Estaline, Nikita Khrushchov, apresentou o seu discurso secreto, oficialmente chamado "Do culto à personalidade e suas consequências", a partir do qual se iniciou um processo de "desestalinização" da União Soviética. Ainda hoje existem diversas perspetivas ao redor de Estaline e do seu governo, alguns vendo-o como um ditador e tirano e outros como um líder habilidoso.
    
Estaline cumprimentando o ministro nazi Joachim von Ribbentrop no Kremlin, 1939
  
(...)
  
A Grande Purga
Em 1928 iniciou um programa de industrialização intensiva e de coletivização da agricultura soviética (plano quinquenal), impondo uma grande reorganização social e provocando a fome - genocídio na Ucrânia (Holodomor), em 1932 - 1933. Esta fome foi imposta ao povo ucraniano pelo regime soviético, tendo causado um mínimo de 4,5 milhões de mortes na Ucrânia, além de 3 milhões de vítimas noutras regiões da U.R.S.S. Nos anos 30 consolidou a sua posição através de uma política de modernização da indústria. Como arquitecto do sistema político soviético, criou uma poderosa estrutura militar e de policiamento. Mandou prender e deportar opositores, ao mesmo tempo que cultivava o culto da personalidade como arma ideológica.
A ação persecutória de Estaline, supõe-se, estendeu-se mesmo a território estrangeiro, uma vez que o assassinato de Leon Trótski, então exilado no México é-lhe creditado. Por mais providências que Trótski tomasse para proteger-se de agentes secretos, Ramón Mercader, membro do Partido dos Comunistas da Catalunha, foi para o México e conseguiu ganhar a confiança do dissidente, para executá-lo com um golpe de picareta. No momento do assassinato, Trótski escrevia uma biografia reveladora sobre Estaline. Esta seria uma das motivações para o crime, uma vez que o dirigente soviético desejava ocultar seu passado pré-revolucionário.
Desconfiando que as reformas económicas que implantara produziam descontentamento entre a população, Estaline dedicou-se, nos anos 30, a consolidar seu poder pessoal. Tratou de expulsar toda a oposição política. Se alguém lhe parecesse indesejável desse ponto de vista, ele se encarregava de desacreditá-lo perante a opinião pública.
Em 1934, Sergei Kirov, principal líder do Partido Comunista em Leningrado - e tido como sucessor presuntivo de Estaline - foi assassinado por um anónimo, Nikolaev, de forma até agora obscura; muitos consideram até hoje que Estaline não teria sido estranho a este assassinato. Seja como for, Estaline utilizou o assassinato como pretexto imediato para uma série de repressões que passaram para a história como a "Grande Purga". No dia 1 de dezembro de 2009 foi divulgado um diário de Nikolaev segundo ao qual se supôs que Nikolaev decidiu se vingar da sua demissão feita por Kirov do Instituto de História, e que o levou a ficar desempregado.
Estes deram-se no período entre 1934 e 1938 no qual Estaline concedeu tratamento duro a todos que lutassem contra o Estado soviético, ou mesmo supostos inimigos do Estado. Entre os alvos mais destacados dessa ação, estava o Exército Vermelho: parte de seus oficiais acima da patente de major foi presa, inclusive treze dos quinze generais-de-exército. Entre estes, Mikhail Tukhachevsky foi uma de suas mais famosas vítimas. Sofreu a acusação de ser agente do serviço secreto alemão. Com base em documentos entregues por Reinhard Heydrich, chefe do Serviço de Segurança das SS, Tukhachevsky foi executado, além de deportar muitos outros para a Sibéria. Com isso foi enfraquecido o comando militar soviético; ou seja, Estaline acreditou nas informações de Heydrich, e a sua atitude acabou debilitando a estrutura militar russa, que no entanto, conseguiu resistir ao ataque das tropas da Alemanha.
O principal instrumento de perseguição foi a NKVD. De acordo com Alan Bullock, o uso de espancamentos e tortura era comum, um facto francamente admitido por Khrushchev em seu famoso discurso posterior à morte de Estaline, onde ele citou uma circular de Estaline para os secretários regionais em 1939, confirmando que isto tinha sido autorizado pelo Comité Central em 1937.
  
Depurações
A condenação dos contra-revolucionários nos julgamentos de 1937-38 depois das depurações no Partido, exército e no aparelho estatal, tem raízes na história inicial do movimento revolucionário da Rússia.
Milhões de pessoas participaram no quê acreditavam ser uma batalha contra o czar e a burguesia. Ao ver que a vitória seria inevitável, muitas pessoas entraram para o partido. Entretanto nem todos haviam se tornado bolcheviques porque concordavam com o socialismo. A luta de classes era tal que muitas vezes não havia tempo nem possibilidades para pôr à prova os novos militantes. Até mesmo militantes de outros partidos inimigos dos bolcheviques foram aceites depois triunfo da revolução. Para uma parcela desses novos militantes foram dados cargos importantes no Partido, Estado e Forças Armadas, tudo dependendo da sua capacidade individual para conduzir a luta de classes.
Eram tempos muito difíceis para o jovem Estado soviético e a grande falta de comunistas, ou simplesmente de pessoas que soubessem ler, o Partido era obrigado a não fazer grandes exigências no que diz respeito à qualidade dos novos militantes. De todos estes problemas formou-se com o tempo uma contradição que dividiu o Partido em dois campos - de um lado os que queriam reduzir o socialismo para atuação de fortalecimento da URSS, ou seja, socialismo em um só país, por outro lado, aqueles que defendiam a ideia de que o socialismo deveria ser espalhado por todo o mundo e que a URSS não deveria se limitar a si própria. A origem destas últimas ideias vinha de Trótski, que foi caçado por Estaline após assumir o poder da URSS.
Trótski foi com o tempo obtendo apoio de alguns dos bolcheviques mais conhecidos. Esta oposição unida contra os ideais defendidas pelos marxistas-estalinistas, eram uma das alternativas na votação partidária sobre a política a seguir pelo Partido, realizada em 27 de dezembro de 1927. Antes desta votação foi realizada uma grande discussão durante vários anos e não houve dúvida quanto ao resultado. Dos 725.000 votos, a oposição só obteve 6.000 - ou seja, menos de 1% dos militantes do Partido apoiaram a oposição trotskista.
  
Deportações
Antes, durante e depois da Segunda Guerra, Estaline conduziu uma série de deportações em grande escala que acabaram por alterar o mapa étnico da União Soviética. Estima-se que entre 1941 e 1949 cerca de 3,3 milhões de pessoas foram deportadas para a Sibéria ou para repúblicas asiáticas. Separatismo, resistência/oposição ao governo soviético e colaboração com a invasão alemã eram alguns dos motivos oficiais para as deportações.
Durante o governo de Estaline os seguintes grupos étnicos foram completamente ou parcialmente deportados: ucranianos, polacos, coreanos, alemães, checos, lituanos, arménios, búlgaros, gregos, finlandeses, judeus entre outros. Os deportados eram transportados em condições espantosas, frequentemente em camiões de gado, milhares de deportados morriam no caminho. Aqueles que sobreviviam eram mandados para Campos de Trabalho Forçado.
Em fevereiro de 1956, no XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, Nikita Khrushchov condenou as deportações promovidas por Estaline, no seu relatório secreto. Nesse momento começa a chamada desestalinização, que, de chofre, engloba todos os partidos comunistas do mundo. Na verdade, esta desestalinização foi a afirmação de que Estaline cometeu excessos graças ao culto à personalidade que fora promovido ao longo de sua carreira política. Para vários autores anticomunistas, teria sido somente neste sentido que teria havido desestalinização, porquanto o movimento comunista na URSS deu prosseguimento à prática estalinista sem a figura de Estaline. De fato, a desestalinização não alterou em nada o caráter unipartidário do estado soviético e o poder incontestado exercido pelo Partido e pelos seus órgãos de repressão, mas significou também o fim da repressão policial em massa (a internação maciça de presos políticos em campos de concentração sendo abandonada, muito embora os campos continuassem como parte do sistema penal, principalmente para presos comuns), a suspensão de grande parte das sentenças estalinistas e o retorno e reintegração à vida quotidiana de grande massa de presos políticos e deportados. A repressão política, muito embora tenha continuado, não atingiu jamais, durante o restante da história soviética, os níveis de violência do estalinismo, principalmente porque foi abandonada a prática das purgas internas em massa no Partido.
As deportações acabaram por influenciar o surgimento de movimentos separatistas nos estados bálticos, no Tartaristão e na Chechénia, até os dias de hoje.
   
Número de vítimas
Após a extinção do regime comunista na União Soviética, historiadores passaram a estimar que, excluindo os que morreram por fome, entre 4-10 milhões de pessoas morreram sob o regime de Estaline. O escritor russo Vadim Erlikman, por exemplo, faz as seguintes estimativas:
 
Quantidade de pessoas Razão da morte
1,5 milhão Execução
5 milhões Gulags
1,7 milhão Deportados¹
1 milhão Países ocupados²
¹ Erlikman estima um total de 7,5 milhões de deportados
² Diz respeito aos mortos civis durante a ocupação russa
  
Este total estimado de 9 milhões, para alguns pesquisadores, deve ainda ser somado a 6-8 milhões dos mortos na fome soviética de 1932-1933, episódios também conhecidos como Holodomor. Existe controvérsia entre historiadores a respeito desta fome ter sido ou não provocada deliberadamente por Stalin para suprimir opositores de seu regime. Muitos argumentam que a fome ocorreu por questões circunstanciais não desejadas por Estaline ou que foi uma consequência acidental de uma tentativa de forçar a coletivização naquelas áreas afetadas pela fome. Todavia, também existem argumentos no sentido contrário, de que a fome foi sim provocada por Estaline. Para a última corrente, uma prova de que a fome foi provocada seria o facto de que a exportação de cereais da União Soviética para a Alemanha Nazi aumentou consideravelmente no ano de 1933, o que provaria que havia alimento disponível. Esta versão da história é retratada pelo documentário The Soviet Story.
Sendo assim, se o número de vítimas da fome for incluído, chega-se a um número mínimo de 10 milhões de mortes (mínimo de 4 milhões de mortos por fome e mínimo de 6 milhões de mortos pelas demais causas expostas). No entanto, Steven Rosefielde tem como mais provável o número de 20 milhões de mortos, Simon Sebag Montefiores sugere número um pouco acima de 20 milhões, no que é acompanhado por Dmitri Volkogonov (autor de Estaline: Triunfo e Tragédia), Alexander Nikolaevich Yakovlev, Stéphane Courtois e Norman Naimark. O pesquisador Robert Conquest recentemente reviu a sua estimativa original de 30 milhões de vítimas para cerca de 20 milhões, afirmando ainda ser muitíssimo pouco provável qualquer número abaixo de 15 milhões de vidas ceifadas pelo regime de Estaline.

 


   

segunda-feira, dezembro 15, 2025

Rafael Alberti nasceu há 123 anos

  
Rafael Alberti Merello (El Puerto de Santa María, Cádiz, 16 de diciembre de 1902 - ibídem, 28 de octubre de 1999) fue un escritor español, especialmente reconocido como poeta, miembro de la generación del 27. Está considerado uno de los mayores literatos de la llamada Edad de Plata de la literatura española. Cuenta en su haber con numerosos premios y reconocimientos.
Miembro activo del Partido Comunista de España, se exilió tras la Guerra Civil. Vuelto a España tras la instauración de la monarquía, fue nombrado Hijo Predilecto de Andalucía en 1983 y Doctor Honoris Causa por la Universidad de Cádiz en 1985.
Publicó sus memorias bajo el título de La arboleda perdida.
  
  
  
A FEDERICO GARCÍA LORCA
  
   
Sal tú, bebiendo campos y ciudades,
en largo ciervo de agua convertido,
hacia el mar de las albas claridades,
del martín-pescador mecido nido;

que yo saldré a esperarte, amortecido,
hecho junco, a las altas soledades,
herido por el aire y requerido
por tu voz, sola entre las tempestades.

Deja que escriba, débil junco frío,
mi nombre en esas aguas corredoras,
que el viento llama, solitario, río.

Disuelto ya en tu nieve el nombre mío,
vuélvete a tus montañas trepadoras,
ciervo de espuma, rey del monterío.

 

Rafael Alberti

terça-feira, dezembro 09, 2025

segunda-feira, dezembro 08, 2025

La Pasionaria nasceu há cento e trinta anos...!

   
Isidora Dolores Ibárruri Gómez, conhecida como La Pasionaria (Gallarta, 9 de dezembro de 1895Madrid, 12 de novembro de 1989) foi uma política e líder revolucionária comunista espanhola de origem basca.
Ibárruri casou-se aos 21 anos de idade com Julián Ruiz, com a oposição de seus pais, que desaprovavam as ideias socialistas do futuro genro e, no mesmo ano, nasce a sua primeira filha, Esther, que morre muito pequena. No mesmo ano começa a sua militância comunista. Em 1918 escreve o seu primeiro artigo assinando sob o pseudónimo de La Pasionaria, que a acompanharia a vida toda.
Em 15 de abril de 1920 filia-se no Partido Comunista Espanhol e, pouco após, no seu sucessor, o Partido Comunista de Espanha, no qual ficaria toda a sua vida, e ao qual presidiria a partir de 1960.
Em 1920 nasce o seu filho Rubén, e em 1923 dá a luz a trigémeas, das quais apenas uma sobrevive, Amaya. Alguns anos depois separa-se do seu marido, um marido e pai ausente, pela sua militância no Partido Comunista, do qual era um dos principais dirigentes.
Celebrizou-se durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), ao instigar os republicanos contra as tropas do general Franco com as frases: «¡Para vivir de rodillas, es mejor morir de pié!» e «¡No pasarán!» ("Para viver de joelhos, é melhor morrer de pé!" e "Não passarão!").

Após a vitória de Franco em 1939, exilou-se na URSS, tendo regressado a Espanha em 1977, após a morte do Generalíssimo e restauração da democracia. Foi eleita deputada do Congresso dos Deputados, a câmara baixa das Cortes, e permanece líder honorária do Partido Comunista de Espanha até à sua morte, em 1989, curiosamente no ano em que caiu o Muro de Berlim.
  

domingo, dezembro 07, 2025

Ary dos Santos nasceu há 88 anos...

(imagem daqui)

 

José Carlos Pereira Ary dos Santos (Lisboa, 7 de dezembro de 1937 - Lisboa, 18 de janeiro de 1984) foi um poeta e declamador português.

Ficou na história da música portuguesa por ter escrito poemas de 4 canções participantes no Festival Eurovisão da Canção: Desfolhada Portuguesa (1969), com interpretação de Simone de Oliveira, Menina do Alto da Serra (1971), interpretada por Tonicha, Tourada (1973), interpretada por Fernando Tordo e Portugal no Coração (1977), interpretada pelo grupo Os Amigos.
  

 

Desenho de José Dias Coelho - daqui

 

RETRATO DE CATARINA EUFÉMIA
 
Da medonha saudade da medusa
que medeia entre nós e o passado
dessa palavra polvo da recusa
de um povo desgraçado.
 
Da palavra saudade a mais bonita
a mais prenha de pranto a mais novelo
da língua portuguesa fiz a fita encarnada
que ponho no cabelo.
 
Trança de trigo roxo
Catarina morrendo alpendurada
do alto de uma foice.
Soror Saudade Viva assassinada
pelas balas do sol
na culatra da noite.
 
Meu amor. Minha espiga. Meu herói
Meu homem. Meu rapaz. Minha mulher
de corpo inteiro como ninguém foi
de pedra e alma como ninguém quer.
 
 

Ary dos Santos 

sábado, dezembro 06, 2025

Urbano Tavares Rodrigues nasceu há 102 anos...


Urbano Augusto Tavares Rodrigues (Lisboa, 6 de dezembro de 1923 - Lisboa, 9 de agosto de 2013) foi um escritor e jornalista português.
Urbano Tavares Rodrigues nasceu na cidade de Lisboa, em 6 de dezembro de 1923, filho do escritor Urbano da Palma Rodrigues, de uma família de grandes proprietários agrícolas. Passou a infância e a adolescência na região do Alentejo, tendo frequentado a escola primária em Moura. Estudou depois no Liceu de Camões, em Lisboa, com o seu irmão Miguel Urbano Rodrigues. Tirou a licenciatura em filologia românica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Embora tivesse sido educado num ambiente católico tradicional, abandonou a religião durante a sua adolescência, por motivos morais.

Exerceu como professor, primeiro no Liceu de Camões e a partir de 1957 na Faculdade de Letras, a convite de Vitorino Nemésio, onde ensinou Literatura Francesa e Portuguesa. No ano seguinte apoiou a candidatura de Humberto Delgado a presidente da república, tendo sido por esse motivo interdito de trabalhar como professor em estabelecimentos de ensino do estado. Esteve preso em Caxias, tendo-se depois exilado em França. Na cidade de Paris, esteve com algumas das figuras intelectuais mais marcantes dos anos 50, como Albert Camus, que o influenciaram no Existencialismo francês. Foi leitor de português nas Universidades de Montpellier, Aix-en-Provence e Sorbonne, em Paris, entre 1949 e 1955.

No regresso a Portugal, ensinou no Colégio Moderno e no Liceu Francês. Começou igualmente a trabalhar em publicidade e no jornalismo, tendo escrito para os periódicos Artes e Letras, Jornal do Comércio, O Século e Diário de Lisboa, onde fez crítica teatral, Bulletin des Études Portugaises, Colóquio-Letras, Jornal de Letras, Vértice e Nouvel Observateur. Ocupou igualmente a posição de director na revista Europa, e escreveu crónicas de viagens de várias partes do mundo para o jornal Diário de Lisboa, que foram compiladas nos volumes Santiago de Compostela (1949), Jornadas no Oriente (1956) e Jornadas na Europa (1958).

Urbano Tavares Rodrigues foi um defensor dos ideais democráticos, tendo sido em grande parte influenciado pelo seu pai, de índole republicana, que apoiou a candidatura de Manuel Teixeira Gomes à presidência da República. Lutou contra o governo ditatorial, tendo enfrentado a polícia de choque duas vezes, uma delas em meados da década de 60, contra a deportação de um amigo, tendo ficado com um dos braços fraturado. Foi atacado pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado desde a sua juventude, tendo chegado a ser preso em 1963 e 1968. Era amigo de Mário Soares, ligação que esmoreceu com a integração de Urbano Tavares Rodrigues no Partido Comunista Português. Com efeito, fez parte da direção intelectual do partido, embora tenha-se recusado a utilizar as suas obras como um instrumento de propaganda, e tenha fortemente criticado, em diversas ocasiões, a linha estalinista. Autoclassificou-se como um comunista heterodoxo, ideais que se refletiram no seu estilo literário. Devido às suas diferenças culturais em relação à linha comunista, chegou a ter problemas dentro do partido, embora tenha permanecido como militante. Segundo o próprio, foi devido aos seus ideais políticos que nunca chegou a receber o Prémio Camões.

Urbano Tavares Rodrigues destacou-se igualmente como crítico literário e como escritor, tendo publicado principalmente obras de romance, prosa poética, conto, poesia e ensaios. O seu primeiro livro foi a coletânea de novelas e contos A Porta dos Limites, em 1952, que foi bem recebido pela crítica.  Apesar dos problemas que enfrentou durante a ditadura, ainda escreveu cerca de vinte obras de ficção durante esse período, tendo a última sido Estrada de Morrer, em 1972.

Continuou a escrever após a restauração da democracia em 1974, tendo publicado cerca de um livro por ano até ao seu falecimento, totalizando mais de quarenta obras. Ainda em 1974 publicou a obra Dissolução. O seu último livro antes de falecer foi A Imensa Boca dessa Angústia e Outras Histórias, tendo a editora D. Quixote editado postumamente a sua obra Nenhuma Vida, e em 2007 iniciou a publicação das suas obras completas. Também apoiou as carreiras de vários escritores, tendo escrito prefácios ou feito apresentações públicas de diversas obras. Um dos seus poemas foi musicado pelo cantor Adriano Correia de Oliveira.

Após a revolução de 25 de Abril de 1974, que restaurou a democracia em Portugal, Urbano Tavares Rodrigues retomou a sua carreira docente na Faculdade de Letras, onde se doutorou em 1984 com a tese Manuel Teixeira Gomes: O Discurso do Desejo. Jubilou-se, em 1993, com a posição de professor catedrático.

Esteve muito ligado ao Algarve, tendo retratado a região em várias obras, nomeadamente Nunca diremos quem sois e Os Cadernos Secretos do Prior do Crato. Também participou em diversas iniciativas no Algarve, incluindo uma entrevista filmada com o diretor do Museu do Traje de São Brás de Alportel sobre o professor Estanco Louro.

Nos seus últimos anos de vida, sofreu de uma insuficiência cardíaca, que o deixou cada vez mais enfraquecido, embora continuasse a sua carreira literária. Em 6 de agosto de 2013, foi internado no Hospital dos Capuchos, em Lisboa, onde faleceu, três dias depois, aos 89 anos de idade. O corpo foi colocado em câmara ardente na sede da Sociedade Portuguesa de Autores, em Lisboa, tendo depois seguido para o Cemitério do Alto de São João

Foi casado com Maria Judite de Carvalho (1921 - 1998). Era pai de Isabel Fraga e António Urbano.

 

terça-feira, dezembro 02, 2025

O Senado norte-americano censurou McCarthy há setenta e um anos...

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/f/fa/Joseph_McCarthy.jpg/640px-Joseph_McCarthy.jpg

  

Joseph Raymond McCarthy (Grand Chute, Wisconsin, 14 de novembro de 1908Bethesda, Maryland, 2 de maio de 1957) foi um político norte-americano, membro inicialmente do Partido Democrata, e, mais tarde, do Partido Republicano. McCarthy foi senador do Estado de Wisconsin entre 1947 e 1957.
Nascido e criado numa quinta em Wisconsin, McCarthy graduou-se em Direito em 1935 e em 1939 foi eleito o mais jovem juiz da história do estado. Aos 33 anos, McCarthy inscreveu-se como voluntário no Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos e serviu durante a II Guerra Mundial. Em 1946 foi eleito para o Senado dos Estados Unidos e, depois de três anos sem grande destaque, em fevereiro de 1950, McCarthy subitamente destacou-se no cenário nacional ao afirmar num discurso que tinha uma lista dos "membros do Partido Comunista e dos membros de uma rede de espionagem" empregados dentro do Departamento de Estado norte-americano. Devido as tensões da Guerra Fria que alimentaram temores de subversão comunista generalizada, a declaração de McCarthy transformaram-no na figura pública mais visível. Passou a ser conhecido pelas suas declarações de que havia um grande número de comunistas, espiões soviéticos e simpatizantes dentro do governo federal norte-americano.
Nos anos subsequentes ao seu discurso de 1950, McCarthy fez acusações adicionais de infiltração comunista no Departamento de Estado, no governo do presidente Harry S. Truman, na Voz da América, e no Exército dos Estados Unidos. Ele também usou várias acusações de comunismo, simpatizantes comunistas, deslealdade ou homossexualidade para atacar um número de políticos e outras pessoas dentro e fora do governo.
Em 1954 após as audiências altamente divulgadas de McCarthy contra o Exército dos Estados Unidos, e, principalmente, após a morte do senador Lester Hunt do Wyoming, por suicídio, no mesmo ano, o apoio e a popularidade de McCarthy desapareceram. As suas táticas e a incapacidade para fundamentar as suas alegações levaram-no a ser censurado pelo Senado dos Estados Unidos. Em 2 de dezembro de 1954, numa votação de 67 a 22, o Senado votou pela censura do senador McCarthy, fazendo dele um dos poucos senadores a ser disciplinado desta forma.
Além da sua cruzada anti-comunista, McCarthy fez várias tentativas de intimidar e expulsar de cargos públicos, pessoas a quem ele acusou, ou ameaçou acusar publicamente, de homossexualidade. O ex-senador dos EUA Alan K. Simpson escreveu:
O chamado "Medo Vermelho" tem sido o foco principal da maioria dos historiadores daquele período de tempo que um elemento menos conhecido e que prejudicou muito mais pessoas, "caça às bruxas" que McCarthy e outros conduziram contra os homossexuais".
Esta "caça às bruxas" dos homossexuais, travada por McCarthy e outros, tem sido referido por alguns como o "Susto Lavanda".
McCarthy morreu aos 48 anos no Hospital Naval de Bethesda, a 2 de maio de 1957. A causa oficial da morte foi hepatite aguda, no entanto acredita-se que o mal foi causado, ou pelo menos exacerbado, pelo alcoolismo.
O termo "macartismo", criado em 1950, em referência às práticas de McCarthy, logo foi aplicado a atividades anticomunistas semelhantes. Atualmente, o termo é usado de forma mais geral, em referência às acusações demagógicas, imprudentes, e infundadas, assim como ataques públicos sobre o caráter ou patriotismo dos adversários políticos.
   

sexta-feira, novembro 28, 2025

Engels nasceu há 205 anos...

 

Friedrich Engels (Barmen, 28 de novembro de 1820 - Londres, 5 de agosto de 1895) foi um empresário industrial e teórico revolucionário prussiano, nascido na atual Alemanha, que, juntamente com Karl Marx, fundou o chamado socialismo científico ou marxismo.

Foi coautor de diversas obras com Marx, sendo que a mais conhecida é o Manifesto Comunista. Também ajudou a publicar, após a morte de Marx, os dois últimos volumes de O Capital, principal obra do seu amigo e colaborador. Engels também organizou as notas de Marx em Teorias sobre a Mais-Valia, que depois publicou como o "quarto volume" de O Capital.

Grande companheiro de Karl Marx, escreveu livros de profunda análise social. Entre dezembro de 1847 e janeiro de 1848, em conjunto com Marx, escreve o Manifesto do Partido Comunista, onde faz uma breve apresentação de uma nova conceção de história, afirmando que:

Engels morreu em Londres, em 5 de agosto de 1895, aos 74 anos de idade e, após a cremação, as suas cinzas foram atiradas ao mar, em Beachy Head, Eastbourne

 

in Wikipédia

  

quinta-feira, novembro 27, 2025

Alexander Dubcek nasceu há 104 anos


Alexander Dubček (Uhrovec, Checoslováquia, atualmente Eslováquia, 27 de novembro de 1921Praga, 7 de novembro de 1992) foi um chefe de estado da antiga Checoslováquia, tornou-se líder do Partido Comunista da Checoslováquia em 1968 e iniciou as reformas da chamada "Primavera de Praga".

O seu pai foi um operário que emigrou para a União Soviética e a sua educação foi na URSS. A família retornou à Eslováquia em 1938. No ano seguinte, Dubček ingressou no Partido Comunista Checoslovaco (PCCh). Durante a Segunda Guerra Mundial, tomou parte na resistência contra a ocupação nazi e demonstrou a sua capacidade de organização ao protagonizar o levantamento nacionalista eslovaco contra as tropas alemãs, no inverno de 1944 a 1945. Ficou ferido em repetidas ocasiões.
Em 1949 foi nomeado secretário de distrito do Partido em Trencin e em 1951 foi eleito membro do Comité Central do PCCh e deputado da Assembleia Nacional, o que motivou a sua ida para Bratislava, onde estudou Direito na Universidade de Komenski.
Entre 1955 e 1958, Dubček assistiu à Escola Superior do Partido em Moscovo. Dois anos depois já era membro do Presidium do PCCh. Em maio de 1963, Dubček substituiu K. Bacílek como primeiro secretário do Partido na Eslováquia e, em janeiro de 1968, substituiu o estalinista Novotni, como primeiro secretário do CC.
Dirigiu a tentativa de democratização socialista em seu país. O seu propósito, destinado a democratizar o Estado e as estruturas internas do Partido, e abrir a nação às potencias ocidentais, foi referendado por grande parte da população checoslovaca. A tentativa (o socialismo com rosto humano) seria abortado sangrentamente pelas tropas soviéticas do Pacto de Varsóvia, em agosto de 1968. Dubček e outros cinco membros do Presidium foram sequestrados pela polícia soviética de ocupação e levados para Moscovo, onde "os fizeram entrar na razão". Quando voltou a Praga foi vítima de ostracismo, considerado como um cadáver político.
Até 1969 foi presidente da Assembleia Federal checoslovaca. Nesse mesmo ano, foi expulso do Partido. Nomeado embaixador na Turquia, não tardou em ser destituído: de novo em Praga, trabalhou como burocrata duma exploração florestal. Não houve notícias suas até 1974, quando saiu uma carta aberta, assinada por ele e dirigida à Assembleia Federal, na qual ratificava os postulados democráticos de 1968, criticava as posições do Partido e denunciava os abusos de poder do primeiro secretário Husak. Era considerado um "checoslovaquista", contrário à partição a Checoslováquia entre a República Checa e a Eslováquia e defensor da opção federativa.
Em 26 de novembro de 1989 Dubček foi aclamado na Praça de Letna, em Praga, por milhares de compatriotas. Inspirador das mudanças democráticas, foi feito presidente do Parlamento checo.
Faleceu, em consequência dos ferimentos sofridos num acidente de automóvel, ocorrido no dia 1 de setembro de 1992, perto de Humpolec. Foi sepultado em Bratislava, na  Eslováquia.

segunda-feira, novembro 24, 2025

Diego Rivera morreu há 68 anos...

     
Diego Rivera, de nome completo Diego María de la Concepción Juan Nepomuceno Estanislao de la Rivera y Barrientos Acosta y Rodríguez (Guanajuato, 8 de dezembro de 1886 - San Ángel, Cidade do México, 24 de novembro de 1957), foi um dos maiores pintores mexicanos, de origem judaica, casado por quatro vezes, incluindo um tumultuoso casamento com Frida Kahlo.
  
Biografia
Desde criança sempre quis ser pintor e todos percebiam ter talento para isso. Ao ficar adulto, após estudar pintura na adolescência, participou da Academia de San Pedro Alvez, na Cidade do México, partindo para a Europa, beneficiado por uma bolsa de estudos, onde ficou de 1907 até 1921. Esta experiência enriqueceu-o muito em termos artísticos, pois teve contacto com vários pintores da época, como Pablo Picasso, Salvador Dalí, Juan Miró e o arquiteto catalão Antoni Gaudí, que influenciaram a sua obra. Nesta época começou a trabalhar num ateliê em Madrid, Espanha.
Acreditava que somente o mural poderia redimir artisticamente um povo que esquecera a grandeza de sua civilização pré-colombiana durante séculos de opressão estrangeira e de espoliação por parte das oligarquias nacionais, culturalmente voltadas para a metrópole espanhola. Assim como os outros muralistas, considerava a pintura de cavalete burguesa, pois na maior parte dos casos as telas ficavam confinadas em coleções particulares. Dentro deste conceito, realizou gigantescos murais que contavam a historia política e social do México, mostrando a vida e o trabalho do povo mexicano, seus heróis, a terra, as lutas contra as injustiças, as inspirações e aspirações.
Em 1930 Rivera foi para os Estados Unidos, onde permaneceu por 4 anos, pintando vários murais, inclusive no Rockfeller Center, em Nova York.
Rivera era ateu e enfrentou grandes problemas por isso, sendo alvo de muitos preconceitos. O seu mural "Sonho de uma tarde dominical na Alameda Central" retratava Ignacio Ramírez segurando um cartaz que dizia: "Deus não existe". Este trabalho causou indignação, mas Rivera recusou-se a retirar a inscrição. A pintura não foi exposta durante nove anos. Depois de Rivera concordar em retirar a inscrição, ele declarou: "Para afirmar 'Deus não existe', eu não tenho que me esconder atrás de Don Ignacio Ramírez; eu sou ateu e considero as religiões uma forma de neurose coletiva".
  
 
Vida pessoal
Foi casado quatro vezes. A sua primeira esposa foi a pintora russa Angellina Belwoff. Com ela, Diego teve um menino. Após anos de casados Diego entra em depressão, ao ficar viúvo. Casou em seguida com Guadalupe Marín, de quem teve duas filhas. Além da terceira esposa, a famosa Frida Kahlo, casou, depois da morte desta, com Emma Hurtado.
Conhecido por ter sido muito mulherengo, teve diversas amantes. Em 1929 casou-se pela terceira vez com a pintora mexicana Frida Kahlo, com quem teve uma relação muito conturbada, por causa de mútuas infidelidades. Frida era bissexual e ele aceitava a esposa tivesse relacionamentos com outras mulheres, mas não aceitava com outros homens, mas a esposa não lhe obedecia, tendo o traído com diversos homens, inclusive com um dos seus melhores amigos. Diego também a traía com muitas amantes, que viviam infernizando o casal, já que as amantes queriam se tornar esposas. O casamento era cheio de disputas e confusões, também pelo facto de Rivera querer filhos e Frida ter sofrido muitos abortos, filhos dele, e não conseguir engravidar mais.
Envolveu-se com a sua cunhada, Cristina, e tornou-se amante dela. Ficaram muitos anos juntos e tiveram seis filhos. Frida apanhou-os em flagrante na cama, tendo um ataque histérico e cortando os próprios cabelos. Como vingança, a esposa passou a atormentá-lo, passando a persegui-lo e a odiar a irmã, pelo que acabaram por se separar. Rivera, muito abalado com tudo, abandonou os filhos e Cristina, que foi embora. Rivera acabou pedindo para Frida voltar, mas não tendo sucesso na reconquista. Essa traição com a própria irmã da esposa piorou as disputas dos dois, já que passaram a ser inimigos mesmo não estando mais juntos. Rivera continuou com a sua vida de antes, muitas bebidas e amantes, inclusive saía com prostitutas, mas sempre pensando em Frida. Após algum tempo separados, Frida e Rivera reconciliaram-se, mas cada um morando na sua respetiva casa. Rivera voltou a traí-la, e Frida não aguentava mais, e voltou a tentar o suicídio por diversas vezes, e as amantes de Rivera passaram a ameaçar Frida de morte.
Em 1954 ficou viúvo pela segunda vez. Frida tivera diversas doenças ao longo de sua vida, até que veio a falecer de pneumonia (não se descartando a possibilidade de ter causando a sua própria morte através de uma overdose de remédios ou de que alguma amante de Rivera a tenha envenenado).
Depois da morte de Frida Kahlo, em junho de 1954, casou-se em 1955 com Emma Hurtado e viajou com ela para a União Soviética, para ser operado. Faleceu a 24 de novembro de 1957, em San Ángel, Cidade do México, na sua casa estúdio, atualmente conhecida como Museu Casa Estúdio Diego Rivera e Frida Kahlo e os seus restos mortais foram colocados na Rotunda das Pessoas Ilustres, contrariando a sua última vontade.
 

Detalhe do Homem, Controlador do Universo, afresco no Palacio de Bellas Artes mostrando Trotsky, Engels e Marx  
    
Mural de Rivera mostrando a vida dos aztecas no mercado de Tlatelolco - Palácio Nacional da Cidade do México
 
 

Mural de exploração do México pelos conquistadores espanhóis, Palacio Nacional, Cidade do México (1929–1945)

 

in Wikipédia

sexta-feira, novembro 14, 2025

O famigerado senador Joseph McCarthy nasceu há 117 anos

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Joseph Raymond McCarthy (Grand Chute, Wisconsin, 14 de novembro de 1908  - Bethesda, Maryland, 2 de maio de 1957) foi um político norte-americano, membro inicialmente do Partido Democrata, e mais tarde do Partido Republicano. McCarthy foi senador do Estado de Wisconsin entre 1947 e 1957.

Aos 14 anos deixou a escola para ir trabalhar numa quinta e, depois, para dirigir uma mercearia. Regressou à escola com vinte anos e foi estudar Direito na Universidade Marquette. Tornou-se advogado no Wisconsin, até 1939, ano em que foi eleito juiz. McCarthy concorreu a este lugar ligado ao Partido Republicano, depois de ter sido rejeitado pelo Partido Democrata. Durante a Segunda Guerra Mundial foi mobilizado para a tropa e serviu na Marinha dos Estados Unidos na Campanha do Pacífico, tendo chegado a capitão.
Em 1946 foi eleito para o Senado norte-americano após ter concorrido numa lista do Partido Republicano. No seu primeiro dia de trabalho propôs que, para acabar com uma greve de mineiros, estes fossem mobilizados para o exército. Se continuassem a recusar trabalhar deveriam ir a tribunal marcial.
Durante os seus dez anos no Senado dos Estados Unidos, McCarthy e a sua equipa tornaram-se célebres e infames pelas investigações agressivas contra o governo federal dos EUA e pela campanha contra todos que eles suspeitassem ser ou simpatizar com os comunistas.
Este período compreendido entre 1950 e 1956, conhecido como o "terror vermelho" (Red Scare), também ficou conhecido como Macartismo ou ainda "Caça às Bruxas", numa alusão aos simulacros de processos que sofreram as mulheres acusadas de bruxaria durante a Idade Média e parte da Idade Moderna. Eram comuns as delações, provocadas pelo clima de histeria causado por McCarthy e os seus esbirros.
Assim, durante esse período, todos aqueles que fossem meramente suspeitos de simpatia com o comunismo, tornaram-se objeto de investigações e invasão de privacidade. Pessoas dos media, do cinema, do governo e do exército foram acusadas de espionagem a soldo da URSS. Muitas pessoas tiveram as suas vidas destruídas pelos macartistas, inclusive algumas tendo sido levadas ao suicídio.
O termo "macartismo" é desde então sinónimo de atividades governamentais antidemocráticas, visando a reduzir significativamente a expressão de opiniões políticas ou sociais julgadas desfavoráveis, limitando para isso os direitos civis sob pretexto de "segurança nacional".
O primeiro repórter que teve coragem para confrontar e desmascarar McCarthy foi Edward R. Murrow. Após a sua série de reportagens sobre o senador, na rede CBS, a decadência de McCarthy não tardou a impor-se. McCarthy não chegou a ser expulso do Senado, mas sofreu uma moção de censura pública, e acabou desprestigiado, como um pária na política norte-americana, uma vez que as suas ações se tornaram uma mancha na história da democracia daquele país. O embate entre Morrow e McCarthy foi representado no cinema no filme Boa Noite, e Boa Sorte, dirigido por George Clooney.
McCarthy morreu em 2 de maio de 1957, aos 48 anos, depois de ter sido internado no National Naval Medical Center para tratar uma hepatite aguda. O seu corpo encontra-se sepultado em Saint Marys Cemetery, Appleton City, Condado de Outagamie, Wisconsin nos Estados Unidos.
        

sábado, novembro 08, 2025

Molotov, o camarada do Cocktail, do Holodomor e do infame Pacto, morreu há 38 anos

 
Viatcheslav Mikhailovitch Molotov, nascido Viatcheslav Mikhailovitch Scriábin (Sovietsk, 9 de março de 1890 - Moscovo, 8 de novembro de 1986), foi um diplomata e político da União Soviética com destaque entre os anos 20 e 50 do século XX.
Nascido na pequena aldeia de Kukarka (atual Sovietsk, no Óblast de Kirov), Molotov era filho de um pequeno comerciante judeu, e foi educado numa escola secundária em Kazan, onde se juntou à fação bolchevique do Partido Operário Social-Democrata Russo, em 1906. Adotou o pseudónimo de Molotov (do russo molot, "martelo"). Foi preso em 1909 e passou dois anos no exílio na Sibéria. Em 1911 inscreveu-se na Universidade Politécnica de São Petersburgo, e tornou-se um dos editores do Pravda, o jornal bolchevique clandestino do qual Estaline também era editor. Em 1913 Molotov foi preso novamente, e deportado para Irkutsk, de onde escapou em 1915 e regressou à capital. Em 1920 ingressou no Comité Central do PCUS, foi dirigente da Internacional Socialista no período 1928-1934.
Na qualidade de membro do Politburo, foi responsável pela campanha de requisições das colheitas na Ucrânia, causando a fome-genocídio de 1932-1933, o Holodomor
 
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Sendo um dos principais colaboradores de Estaline, foi Ministro de Relações Exteriores da URSS no período 1939-1949 e 1953-1956. Em 1957, foi afastado da direção do Partido por Nikita Khrushchov, em virtude da sua oposição à "desestalinização" e nomeado embaixador na Mongólia, cargo que exerceu entre 1957 e 1960 tendo logo após sido indicado para chefiar a representação da URSS na Organização Internacional de Energia Atómica, sediada em Viena, tendo permanecido neste cargo até 1962, até ser excluído do Partido Comunista. Foi readmitido no Partido em 1984.
O seu nome tornou-se célebre pela popularidade do Cocktail Molotov, arma química artesanal incendiária muito utilizada em guerrilhas e manifestações urbanas, batizada humoristicamente com o seu nome.
Mas a sua mais relevante participação na história mundial foi a assinatura do Tratado Molotov-Ribbentrop, o pacto de não-agressão firmado entre a União Soviética e a Alemanha nazi em 1939. O tratado perdurou até o dia 22 de junho de 1941, quando Adolf Hitler quebrou o pacto, ordenando a invasão do território soviético na chamada Operação Barbarossa
     
 
     
 
   
  
Soldado finlandês com um Cocktail Molotov durante a Guerra de Inverno

 

O Cocktail Molotov é uma arma química incendiária geralmente utilizada em protestos e guerrilhas urbanas.
  
O nome deriva do diplomata soviético Vyacheslav Mikhailovich Molotov. Esse nome foi atribuído, por ironia, pelos finlandeses durante a invasão da Finlândia pela União Soviética, na Guerra de Inverno em 1939. O então comissário de Relações Exteriores afirmou, em programas de rádio, que os soviéticos não estavam a atirar bombas sobre os finlandeses, e sim a fornecer-lhes alimentos. Esses últimos passaram a chamar às suas bombas de cesto de pães de Molotov, e a denominar as suas bombas artesanais de "Cocktails Molotov".