Simão Pedro perguntou: “Senhor, para onde vais?” Jesus respondeu-lhe:
“Para onde eu vou, não podes seguir-me agora; mais tarde me seguirás”.
Pedro disse: “Senhor, por que não posso seguir-te agora? Eu darei minha vida por ti!”
Jesus respondeu: “Darás tua vida por mim? Em verdade, em verdade, te
digo: não cantará o galo antes que me tenhas negado três vezes.
Jo 13, 36-38
Simão Pedro e um outro discípulo seguiam Jesus. Este discípulo era
conhecido do sumo sacerdote. Ele entrou com Jesus no pátio do sumo
sacerdote.
Pedro ficou do lado de fora, perto da porta. O outro discípulo, que era
conhecido do sumo sacerdote, saiu, conversou com a criada que atendia a
porta e levou Pedro para dentro.
A criada disse a Pedro: “Não pertences tu também aos discípulos desse homem?” Ele respondeu: “Não”.
Os servos e os guardas tinham feito um fogo, porque fazia frio; estavam se aquecendo, e Pedro estava com eles para se aquecer.
O sumo sacerdote interrogou Jesus a respeito dos seus discípulos e do seus ensinamentos.
Jesus respondeu: “Eu falei abertamente ao mundo. Eu sempre ensinei nas
sinagogas e no templo, onde os judeus se reúnem. Nada falei às
escondidas.
Por que me interrogas? Pergunta aos que ouviram o que eu falei; eles sabem o que eu disse”.
Quando assim falou, um dos guardas que ali estavam deu uma bofetada em
Jesus, dizendo: “É assim que respondes ao sumo sacerdote?”
Jesus replicou-lhe: “Se falei mal, mostra em que falei mal; e se falei certo, por que me bates?”
Anás, então, mandou-o, amarrado, a Caifás.
Simão Pedro continuava lá, aquecendo-se. Disseram-lhe: “Não és tu, também, um dos discípulos dele?” Pedro negou: “Não”.
Então um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro
tinha cortado a orelha, disse: “Será que não te vi no jardim com ele?”
Pedro negou de novo, e na mesma hora o galo cantou.
Jo 18, 15-27
E, no mesmo instante, estando ele ainda a falar, cantou um galo.
Voltando-se, o Senhor fixou os olhos em Pedro; e Pedro recordou-se da
palavra do Senhor, quando lhe disse: «Hoje, antes de o galo cantar, irás
negar-me três vezes.» E, vindo para fora, chorou amargamente.
Lc 22, 60-61
Romper do dia
Não é em vão
Que o romper de cada novo dia
Se inaugura p'lo canto do galo
Denunciando já de antigos tempos
Uma traição.
in Poemas (2007) - Bertold Brecht (tradução de Paulo Quintela)