terça-feira, abril 30, 2024

Joaquim Agostinho teve a queda que lhe seria fatal há quarenta anos...

(imagem daqui)
    
Joaquim Agostinho (Torres Vedras, 7 de abril de 1943 - Lisboa, 10 de maio de 1984) foi um ciclista português. Morreu depois de dez dias em coma em consequência de uma queda sofrida numa etapa da X Volta ao Algarve.
  
Joaquim Agostinho começou a praticar ciclismo no Sporting Clube de Portugal, equipa que o descobriu ao treinar perto de Casalinhos de Alfaiata em Torres Vedras, começando a praticar já com 25 anos de idade, mas ainda conseguiu evoluir de tal forma que é usualmente referido como o melhor ciclista português de todos os tempos.
A sua carreira internacional começou em 1968, depois de ter sido observado pelo director desportivo francês Jean de Gribaldy, obtendo resultados de destaque na Volta a Espanha, vários dias de amarelo e um segundo lugar final, distando apenas 11 segundos da vitória, e na Volta a França onde terminou duas vezes no pódio (3º lugar) e venceu a mítica etapa de Alpe d'Huez.
  
A 30 de abril de 1984, quando liderava (era o Camisola Amarela...) a X Volta ao Algarve, na 5ª. etapa, a 300 metros da meta, um cão atravessou-se no seu caminho, o que o fez cair, provocando-lhe uma fratura craniana - algum tempo depois afirmou-se que as consequências deste acidente poderiam ser menores se Joaquim levasse capacete. Levantou-se, voltou a montar na bicicleta e terminou a etapa, com a ajuda de dois colegas de equipa (Sporting/Raposeira). As persistentes dores na cabeça levaram-no a ingressar no hospital de Loulé, onde o seu estado de saúde se agravou drasticamente. Foi evacuado de emergência, fazendo 300 km de ambulância (na altura não havia helicópteros para transporte de doentes em Portugal, nem serviço de Neurocirurgia no Algarve), para ser operado no hospital da CUF, em Lisboa. Após dez intervenções cirúrgicas, de ser dado clinicamente morto 48 horas depois da queda e de permanecer dez dias em coma, faleceu, a 10 de maio de 1984, às 09.37 horas. Foi enterrado na sua terra natal e nunca será esquecido, pelos que amam o ciclismo e o Sporting.
    

 
    
NOTA: caiu e passou a última meta envergando, duplamente, as camisolas que amava e pelas quais era conhecido, a do meu Sporting e a Amarela - eterno Joaquim Agostinho..!

Roland Ratzenberger morreu há trinta anos...

Design do capacete de Ratzenberger, com referência à bandeira austríaca
     
Roland Ratzenberger (Salzburgo, 4 de julho de 1960 - Ímola, Bolonha na Itália, 30 de abril de 1994) foi um piloto de Fórmula 1 austríaco.
A Curva Villeneuve, local onde Ratzenberger colidiu com seu carro no seu acidente fatal em Ímola
   
Carreira
Antes de correr pela Simtek - uma das equipas da Fórmula 1 em 1994 - o piloto austríaco havia participado em diversas categorias do automobilismo internacional, sobretudo no Japão e na Inglaterra.  A sua chance de correr na temporada de 1994 previa um contrato de cinco corridas, para que ele mostrasse um bom desempenho.
No início da temporada dizia que não iria expor o carro a acidentes, já que a equipa se encontrava com sérias restrições orçamentais. No GP do Brasil, não conseguiu classificar-se; em Aida, no Japão, obteve um bom desempenho: largou em 22º e chegou em 11º. Nos treinos livres para o GP de San Marino, Ratzenberger fazia uma tentativa de classificação quando, depois da Variante Alta e a antes da curva Rivazza, a asa dianteira do Simtek soltou-se e o piloto, sem controle do carro, chocou violentamente contra o muro, a cerca de 308 km/h.
Ratzenberger teve fraturas múltiplas no crânio e no pescoço. Logo após o acidente, uma tentativa de reanimação cardíaca foi feita na própria pista. A sua morte foi anunciada oito minutos após o piloto ter dado entrada no Hospital Maggiore de Bologna. Após o acidente, a Simtek anunciou que não se iria retirar da corrida, alegando que Roland gostaria que David Brabham, o seu companheiro de equipa, participasse da corrida. Andrea Montermini, piloto de testes da Simtek, ocupou o lugar do austríaco.
As investigações do acidente geraram grande controvérsia especialmente porque, no dia anterior (sexta), Rubens Barrichelo sofreu um acidente grave e no domingo, outro piloto morreria na mesma pista: Ayrton Senna. A discussão se concentra na determinação da hora e local da morte de Ratzenberger. Os organizadores da corrida e da FIA alegam que foi levado ainda com vida para Bolonha, enquanto que os investigadores alegam que teve morte instantânea ou, no mínimo, ainda dentro no circuito de Ímola. Segundo as leis italianas, se um desportista morrer durante um evento desportivo, o evento deve ser cancelado e todo o complexo desportivo colocado à disposição dos peritos até o final da investigação, que pode durar meses ou anos. Se isso tivesse acontecido, a morte de Senna teria sido evitada.
Por outro lado, as autoridades afirmam que tanto a FIA como a organização da prova tratou de retardar o anúncio da morte, para evitar o cancelamento do evento e o consequente prejuízo que isso iria causar. No dia seguinte, o acidente que tirou a vida de Senna seria tratado da mesma forma.
    
Roland Ratzenberger no seu último dia em Ímola
    
    
NOTA: para que terminasse o GP de San Marino, a organização teve que esconder o acidente grave de Rubens Barrichelo, a morte na pista de Roland Ratzenberger, o acidente entre Pedro Lamy e J.J. Lehto e a morte de Ayrton Senna... Outros tempos...

Darrel Sweet, baterista dos Nazareth, morreu há vinte e cinco anos...

(imagem daqui)
   
Darrell Antony Sweet (Bournemouth, 16 May 1947 – New Albany, Indiana, 30 April 1999) was a drummer for the scottish hard rock band Nazareth. He was a co-founder of Nazareth, which was formed in 1968.
  
Nazareth
Sweet was born in Bournemouth, England. His early years were spent playing with the Burntisland pipe band. He was also one of the members of The Shadettes that became Nazareth.
As a founding member of Nazareth, he played drums from 1969 until his death in 1999. He played on Nazareth's first 20 albums.
  
Death
Sweet died of a heart attack in 1999, as the band prepared to set out on the second leg of its U.S. tour in support of their latest album, Boogaloo. The band had arrived at Indiana's New Albany Amphitheater when the 51-year-old Sweet began to feel ill. Within minutes he had gone into cardiac arrest. He was taken to Floyd Memorial Hospital in New Albany, where doctors pronounced him dead. Sweet was survived by his wife, Marion, and their son and daughter. He was replaced in the band by Pete Agnew's son, Lee Agnew.
     

 


Eu Vou Pra Maracangalha...!

Ben E. King morreu há nove anos...

   
Ben E. King, nome artístico de Benjamin Earl Nelson (Henderson, 28 de setembro de 1938Hackensack, 30 de abril de 2015) foi um cantor de soul e R&B e produtor musical norte-americano. Nasceu em Henderson, Carolina do Norte, mas mudou-se para o Harlem, em New York, com a idade de nove anos.
Ele é talvez mais conhecido como vocalista e co-compositor da música Stand by Me, do álbum Don't Play That Song, gravado em 1961 e lançado em 1962 pela gravadora Atco Records.

 


segunda-feira, abril 29, 2024

Música de ninar de e para Nana Caymmi...

 

Acalanto - Nana Caymmi e Dorival Caymmi


É tão tarde
A manhã já vem
Todos dormem
A noite também
Só eu velo por você, meu bem
Dorme, anjo
O boi pega neném

 
Lá no céu deixam de cantar
Os anjinhos foram se deitar
Mamãezinha precisa descansar
Dorme, anjo
Papai vai te ninar

   
Boi, boi, boi
Boi da cara preta
Pega esta menina
Que tem medo de careta

Fernando Pessa deixou-nos há vinte e dois anos...

(imagem daqui)

Fernando Luís de Oliveira Pessa (Vera Cruz, Aveiro, 15 de abril de 1902 - Lisboa, 29 de abril de 2002) foi o mais idoso jornalista português.
  
(...)
  
Depois da notoriedade enquanto repórter de guerra na BBC, realizou a primeira emissão em direto da RTP, em 7 de março de 1957, na Feira Popular de Lisboa. Entrou para os quadros da RTP apenas a 1 de janeiro de 1976, já com 74 anos.
A célebre expressão “E esta, hein?” marcou a sua carreira como repórter televisivo. A expressão surgiu como substituto dos palavrões que tinha vontade de dizer quando denunciava situações menos agradáveis do quotidiano do país nos seus "bilhetes postais". Neste contexto, era por vezes criticado por privilegiar nas suas sátiras os políticos cuja ideologia não partilhava, poupando em geral os que pudessem ser conotados com a esquerda.
Pelo seu trabalho como correspondente da Segunda Guerra Mundial, Fernando Pessa foi distinguido com a Ordem do Império Britânico. E, em Portugal, a 10 de junho de 1981, o Presidente da República, Ramalho Eanes, atribui-lhe o título de comendador.

Reformou-se em 1995, com 93 anos de idade. Fernando Pessa faleceu a 29 de abril de 2002, no Hospital Curry Cabral, em Lisboa, poucos dias depois de completar cem anos.

Quem somos nós para negar...

Computador quântico da Google diz que os wormholes são reais

 

 

 

O processador quântico Sycamore, desenvolvido pela Google, forneceu provas irrefutáveis de uma das previsões mais exóticas de Einstein: os wormholes.

O novo estudo investiga as interligações entre duas das ideias inovadoras de Einstein: a teoria da relatividade geral e o entrelaçamento quântico.

Em 1935, Einstein, juntamente com o seu aluno Nathan Rosen, trabalhou na conversão da relatividade geral numa teoria abrangente. A sua solução envolvia o conceito de wormholes, ou pontes de Einstein-Rosen – túneis no espaço que podiam ligar dois pontos distantes, permitindo teoricamente viagens mais rápidas do que a luz.

Simultaneamente, Einstein, Rosen e o físico Boris Podolsky trabalharam no entrelaçamento quântico, um fenómeno em que as propriedades de dois objetos permanecem interligadas mesmo quando separados por grandes distâncias.

A ligação entre estas teorias aparentemente distintas foi surgindo ao longo dos anos, culminando na constatação de que a teoria ER (Einstein-Rosen) e o paradoxo EPR (Einstein-Podolsky-Rosen) eram funcionalmente idênticos. Este é um conceito sucintamente representado como “ER = EPR”, sublinha o Big Think.

O novo estudo, publicado na conceituada revista Nature, utilizou o processador quântico Sycamore para modelar o comportamento de um wormhole. Embora não tenham sido gerados wormholes reais, os investigadores demonstraram com sucesso o comportamento quântico, alinhando-se com as previsões teóricas.

Crucialmente, os cientistas simularam condições em que a estabilidade teórica do wormhole era governada por energia positiva e negativa. Confirmando a teoria ER, a opção de energia negativa mostrou-se estável, sugerindo a possibilidade de wormholes no mundo real.

Embora o estudo não tenha envolvido a transferência de objetos através de dimensões extra, a equivalência matemática de ER e EPR na computação quântica sugere que os buracos de minhoca podem não ser meras curiosidades teóricas.

 

in ZAP

Hoje é dia de ouvir jazz...

O Imperador Hirohito nasceu há 123 anos...

   

Hirohito, também conhecido como Imperador Showa (29 de abril de 1901 - 7 de janeiro de 1989), foi o 124º imperador do Japão, de acordo com a ordem tradicional de sucessão, reinando de 25 de dezembro de 1926 até à sua morte, em 1989. Apesar de ser muito conhecido fora do Japão pelo seu nome pessoal, Hirohito, no Japão é atualmente reconhecido pelo seu nome póstumo, Imperador Shōwa.
No seu reinado, o Japão era uma das maiores potências - a nona maior economia do mundo, atrás da Itália, o terceiro maior país naval e um dos cinco países permanentes do conselho da Liga das Nações. Ele foi o chefe de Estado sob a limitação da Constituição do Império do Japão, durante a militarização japonesa e envolvimento na Segunda Guerra Mundial. Ele foi o símbolo do novo estado.
O seu reinado foi o mais longo de todos os imperadores japoneses, e coincidiu com um período em que ocorreram grandes mudanças na sociedade japonesa. Foi sucedido por seu filho, o imperador Akihito.
 
   
Por imposição dos Aliados, que ficam no Japão até 1950, toma medidas democratizantes, entre elas a negação do caráter divino do seu cargo, que transforma o Japão numa monarquia constitucional. Economicamente destruída pela guerra, a nação transforma-se em potência industrial no período seguinte. Hirohito abandona os rituais da corte, deixa de usar o quimono, permite a publicação de fotos da família imperial e assume publicamente sofrer de cancro. Morre em Tóquio, depois de reinar durante 63 anos (e ter sido regente 5 anos), sendo sucedido pelo seu filho Akihito.
  

Porque é dia de dançar...!

Música de Dorival Caymmi para recordar o seu aniversário...

 

Suíte do Pescador - Dorival Caymmi

 

Minha jangada vai sair pro mar
Vou trabalhar, meu bem querer
Se Deus quiser quando eu voltar do mar
Um peixe bom eu vou trazer

Meus companheiros também vão voltar
E a Deus do céu vamos agradecer

Minha jangada vai sair pro mar
Vou trabalhar, meu bem querer
Se Deus quiser quando eu voltar do mar
Um peixe bom eu vou trazer

Meus companheiros também vão voltar
E a Deus do céu vamos agradecer

Adeus, adeus
Pescador não esqueça de mim
Vou rezar pra ter bom tempo, meu nêgo
Pra não ter tempo ruim
Vou fazer sua caminha macia
Perfumada de alecrim

Adeus, adeus
Pescador não esqueça de mim
Vou rezar pra ter bom tempo, meu nêgo
Pra não ter tempo ruim

Adeus, irmão adeus
Até o dia de juízo

Minha jangada vai sair pro mar
Vou trabalhar, meu bem querer
Se Deus quiser quando eu voltar do mar
Um peixe bom eu vou trazer

Meus companheiros também vão voltar
E a Deus do céu vamos agradecer

Minha jangada vai sair pro mar
Vou trabalhar, meu bem querer
Se Deus quiser quando eu voltar do mar
Um peixe bom eu vou trazer

Meus companheiros também vão voltar
E a Deus do céu vamos agradecer

Minha jangada vai sair pro mar
Vou trabalhar, meu bem querer
Se Deus quiser quando eu voltar do mar
Um peixe bom eu vou trazer

Hoje é dia de ouvir country ...

Nana Caymmi nasceu há 83 anos


Nana Caymmi (nascida Dinair Tostes Caymmi, Rio de Janeiro, 29 de abril de 1941) é uma cantora brasileira.
   
 
Sempre gostou da música, também por ser filha do músico Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, o seu dom e talento para as artes musicais já vinham nos seus genes. Em 1960 começou a entrar no ramo artístico. Nesse mesmo ano registou a primeira atuação em estúdio, participando da faixa Acalanto (Dorival Caymmi), no LP do pai, que compôs a canção em sua homenagem, quando a cantora era ainda criança. Ela e Dorival reproduziram a música no LP.
Lançou, também, o primeiro disco solo, um 78 RPM, contendo as músicas Adeus (Dorival Caymmi) e Nossos beijos (Hianto de Almeida e Macedo Norte). No dia 26 de abril desse mesmo ano, assinou contrato com a TV Tupi, apresentando-se no programa Sucessos Musicais, produzido por Fernando Confalonieri. Em seguida, passou a apresentar, acompanhada pelo irmão Dori, o programa A Canção de Nana, produzido por Eduardo Sidney.
   

 


Bernardino Machado morreu há oitenta anos...


Bernardino Luís Machado Guimarães (Rio de Janeiro, 28 de março de 1851Santo Ildefonso, Porto, 29 de abril de 1944) foi o terceiro e o oitavo presidente eleito da República Portuguesa. Foi presidente da República Portuguesa por duas vezes: primeiro, de 6 de agosto de 1915 até 5 de dezembro de 1917, quando Sidónio Pais, à frente de uma junta militar, dissolve o Congresso e o destitui, obrigando-o a abandonar o país; mais tarde, em 1925, volta à presidência da República para, um ano depois, voltar a ser destituído pela revolução militar de 28 de maio de 1926, que instituirá a Ditadura Militar e abrirá caminho à instauração do Estado Novo

 

Bernardino Machado, aquando do seu doutoramento

 

Bernardino Luís Machado Guimarães nasceu no Rio de Janeiro, no Império do Brasil, no dia 28 de Março de 1851, tratando-se do único Presidente da República Portuguesa que nasceu fora do território nacional. Filho de pai português, António Luís Machado Guimarães (a quem viria a ser concedido, por decreto régio, o título de 1.º Barão de Joane em 1870), e de mãe brasileira, Praxedes de Sousa Ribeiro Guimarães (falecida em Vila do Conde, Vila do Conde, em 1901), segunda mulher de seu pai. Tinha ainda um irmão que originou o nome de um de seus filhos, Narciso Luís Machado, que veio a viver sua vida no Rio e se tornou comendador no Brasil (se casando com a irmã de sua esposa) e um meio-irmão, António Machado Guimarães, nascido do primeiro matrimónio de seu pai com Joana Teresa Guimarães.

Recebeu no baptismo o nome próprio do avô materno, Bernardino de Sousa Guimarães, capitalista estabelecido em terras brasileiras.

Vive os seus primeiros anos no Brasil, iniciando os estudos no Liceu de Laranjeiras em 1859. Em 1860, ainda Bernardino Machado não tinha completado 9 anos, a família regressa a Portugal, fixando-se primeiro em Joane e depois em Vila Nova de Famalicão. Os seus estudos passam então pelo Colégio Podestá, concluindo a instrução primária no Liceu Nacional do Porto em 1862. Ao atingir a maioridade, em 1872, Bernardino Machado opta pela nacionalidade portuguesa.

Com apenas 15 anos, em 1866, ingressa na Universidade de Coimbra, onde viria a concluir em 1873 o bacharelato em Matemática e em Filosofia (que iniciara, entretanto, em 1867). Em 1875 licencia-se em Filosofia com a tese "Theoria Mechanica da Reflexão e da Refracção da Luz: segundo Fresnel", e no ano seguinte termina o doutoramento na mesma área de estudo, defendendo a tese "Deducção das Leis dos Pequenos Movimentos Periodicos Proprios da Força Elastica".

Casou-se no Porto, Cedofeita, a 19 de janeiro de 1882 com Elzira Dantas Gonçalves Pereira (Rio de Janeiro, 15 de dezembro de 1865 – 21 de abril de 1942), também nascida no Brasil, fundadora da Cruzada das Mulheres Portuguesas e Grã-Cruz da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo a 12 de junho de 1919, filha do conselheiro Miguel Dantas Gonçalves Pereira e de sua mulher Bernardina Maria da Silva, de quem teve 19 filhos e filhas. Dentre os seus descendentes, viriam a destacar-se o escritor e autarca Aquilino Ribeiro Machado (1930-2012), primeiro presidente da Câmara Municipal de Lisboa democraticamente eleito após o 25 de abril; o investigador, professor e médico Júlio Machado Vaz (1949-presente).

Em virtude da sua notável progressão académica, e após apresentar a dissertação intitulada "Theoria Mathematica das Interferencias", Bernardino Machado é, em Fevereiro de 1877, nomeado lente substituto da Faculdade de Filosofia da Universidade de Coimbra, encarregado da cadeira de Agricultura. Dois anos depois é nomeado professor catedrático. Em 1880, leciona Geologia; em 1881 fica encarregue da cadeira de Agricultura, passando em 1883 a reger a 1.ª e a 2.ª cadeira de Física. Em 1886, fica responsável pela cadeira de Antropologia - cadeira criada por sua iniciativa no ano anterior, marcando um dos pontos altos da sua atividade docente.

No final do século tem uma intensa atividade enquanto pedagogo. Em 1890, preside à Academia de Estudos Livres; em 1892 e 1897 preside aos congressos do Magistério Primário (organizado pelo professorado primário e realizado em Lisboa), e representa igualmente Portugal nas comemorações do tricentenário de Cristóvão Colombo e nas Jornadas do Congresso Pedagógico Hispano-Luso-Americano, ambos realizados na cidade de Madrid. No ano letivo 1891-1892 dirige o Instituto Industrial e Comercial de Lisboa; em 1892, é nomeado vogal do Conselho Superior de Instrução Pública. Em 1894, tornou-se presidente do Instituto de Coimbra, ao qual tinha sido admitido como sócio em 1873.

Publica ainda por esta altura uma larga bibliografia versando a pedagogia, como "A Introdução à Pedagogia" (1892), "O Ensino" (1898), "O Ensino Primário e Secundário" (1899) e "O Ensino Profissional" (1899).

Bernardino Machado é iniciado na política bastante novo, pela mão do líder do Partido Regenerador, Fontes Pereira de Melo. É pelos regeneradores que é pela primeira vez eleito deputado, pelo círculo eleitoral de Lamego, nas eleições suplementares de 1882. Na legislatura seguinte (1884-1887) é reeleito, desta vez pelo círculo de Coimbra.

Em 1890 é eleito Par do Reino pelos estabelecimentos científicos, lugar que ocupa até 1893. Em abril de 1894 é reeleito Par do Reino, cargo que ocupa até à abolição dos pares eletivos, em setembro do ano seguinte. Como parlamentar, dedica uma especial atenção ao ensino.

Em fevereiro de 1893 integra o primeiro ministério de Hintze Ribeiro, como ministro das Obras Públicas, Comércio e Indústria, apresentando a sua demissão em Dezembro desse mesmo ano.

Teve um importante percurso como dirigente da Maçonaria (na Loja Perseverança do Grande Oriente Lusitano, com o nome simbólico de "Littré"). De 1892 a 1895 foi o 7.º Presidente do Conselho da Ordem do Grande Oriente Lusitano, de 1895 a 1899 foi o 18.º Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho afecto ao Grande Oriente Lusitano e 7.º Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano Unido e de 1929 até à sua morte em 1944 foi o 23.º Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho afecto ao Grande Oriente Lusitano.

Em 1903, cada vez mais descrente dos valores monárquicos, adere ao Partido Republicano Português. Em 31 de outubro de 1903 faz a sua profissão de fé republicana numa conferência proferida no Ateneu Comercial de Lisboa, marcando assim a sua adesão formal ao partido. A partir de então, muito contribui para a remodelação e organização do partido enquanto força política; toma parte nas vigorosas campanhas de propaganda dos ideais republicanos, intervindo ativamente em numerosos comícios. Em 1904, 1905 e 1906 é candidato a deputado nas listas republicanas, sempre pelo círculo eleitoral de Lisboa, todavia, não chega a ser eleito.

Em 1906 é eleito membro do Diretório do Partido e seu Presidente (cargo que ocupa até 1909).

Em 1907, rebenta a Greve Académica de 1907, num movimento generalizado de contestação à ditadura de João Franco. Bernardino Machado solidariza-se com os estudantes grevistas, acabando mesmo por pedir a sua exoneração do cargo de lente da Universidade, como forma de protesto contra os meios de repressão exercidos sobre os estudantes durante a greve académica.


Nas eleições legislativas de agosto de 1910, é um dos cinco deputados eleitos por Lisboa Oriental, juntamente com António José de Almeida, Afonso Costa, Alfredo de Magalhães, e Miguel Bombarda.

A 5 de outubro de 1910, tem conhecimento em Alenquer da Implantação da Republica, onde voltaria um ano depois para dar inicio à tradição do jantar do 5 de outubro em Alenquer. 

Com o advento da República, Bernardino Machado foi o escolhido para a pasta dos Negócios Estrangeiros no Governo Provisório da República Portuguesa, cargo que desempenhou até à tomada de posse do primeiro governo constitucional republicano em 1911. Assume ainda, interinamente, entre abril e junho de 1911, a pasta da Justiça, em virtude de doença de Afonso Costa, titular da pasta.

Em 28 de maio de 1911, foi eleito à Assembleia Nacional Constituinte, com vista à lavra da Constituição Política da República Portuguesa. Após os trabalhos da Constituição, torna-se um candidato à Presidência da República nas primeiras eleições presidenciais, apoiado por Afonso Costa e pela fação mais radical do Partido, na qual perde para o moderado Manuel de Arriaga.

A 20 de janeiro de 1912 é nomeado ministro de Portugal no Rio de Janeiro, tomando posse em Julho desse ano. A legação diplomática é promovida a embaixada em Novembro de 1913, sendo Bernardino Machado o primeiro embaixador português naquele país.

Quando regressa a Portugal, em fevereiro de 1914, vive-se no país uma crise ministerial com a demissão de Afonso Costa do cargo de chefe do governo. Bernardino Machado é chamado a constituir um ministério extrapartidário, por forma a apaziguar os exaltados ânimos políticos, prevendo no seu programa uma proposta de tréguas a monárquicos, sindicalistas e católicos, a quem prometia uma revisão da lei da separação. Em junho desse ano, Bernardino Machado pede a exoneração do executivo a que preside, mas é novamente chamado a formar governo: o 7.º governo republicano é novamente "extrapartidário", com todos os ministros, à exceção do presidente, independentes.

A Primeira Guerra Mundial rebenta em julho de 1914, encontrando Bernardino Machado na chefia do governo, em mãos com a difícil tarefa de definir a posição de Portugal no conflito. Em 23 de novembro de 1914, lê no Congresso a declaração do governo sobre a intervenção militar portuguesa na guerra: dar-se-á se e quando o Reino Unido necessitar.

Bernardino Machado não consegue gerar uma posição maioritária quanto ao assunto, que lhe merece severas críticas por parte dos diferentes quadrantes políticos. Se, por um lado, o Partido Republicano, a maçonaria e o rei exilado D. Manuel II são pró-Aliados, os católicos integralistas e os guerrilheiros de Paiva Couceiro são pró-germânicos, e os socialistas, anarquistas, e sindicalistas apoiam o campo pacifista. Há ainda muitos democráticos e evolucionistas, que entendem que Portugal deve forçar uma intervenção, mesmo sem o expresso pedido dos ingleses.

Uma questão menor, todavia, leva à exoneração do governo em 5 de dezembro, e Bernardino Machado regressa ao seu lugar no Senado. Em 1915, o general Pimenta de Castro forma um governo ditatorial apoiado por fações militares conservadoras. Bernardino Machado toma uma posição frontal contra o governo de Pimenta de Castro, participando no Parlamento do Tojal - quando os deputados e senadores foram impedidos de entrar no Palácio de São Bento pelas forças militares de Pimenta de Castro que cercavam o edifício, e reuniram no Palácio da Mitra, em Loures, para declarar a nulidade dos atos do Governo de Pimenta de Castro e do Presidente da República, Manuel de Arriaga, e apelar à desobediência.

A 14 de maio de 1915 dá-se uma revolta democrática que põe fim à ditadura de Pimenta de Castro. A vitória do Partido Democrático nas eleições legislativas que se seguiram, garante a Bernardino Machado a vitória nas eleições presidenciais que se deram na sequência da cessação do mandato de Teófilo Braga.

Bernardino Machado é eleito pelo Congresso da República a 6 de agosto de 1915. Todavia, a sua eleição não é pacífica, dividindo-se as preferências entre ele e o também democrático António Xavier Correia Barreto. Bernardino Machado é eleito à terceira volta, com os votos de 134 congressistas, contra 18 para Correia Barreto.

Bernardino Machado tomou posse a 5 de outubro de 1915, no 5.º aniversário da Implantação da República, numa sessão conjunta das duas câmaras do Congresso da República (Câmara dos Deputados e Câmara dos Senadores), presidida por Correia Barreto. O Presidente eleito leu e assinou a fórmula expressa na Constituição: "Afirmo solenemente, pela minha honra, manter e cumprir com lealdade e fidelidade a Constituição da República, observar as leis, promover o bem geral da Nação, sustentar e defender a integridade e a independência da Pátria Portuguesa", e, em seguida, discursou.

Menos de dois meses após tomar posse, Bernardino Machado chama Afonso Costa a constituir um governo inteiramente democrático.

No início de 1916, em plena Primeira Guerra Mundial, o Reino Unido solicita a Portugal o apresamento dos navios mercantes alemães surtos em águas portuguesas. Perfeitamente ciente do risco que uma medida desse género acarretaria, o governo português procede à tomada das embarcações a 23 de Fevereiro: forças da Marinha Portuguesa entram nos navios alemães no porto de Lisboa, ocupam-nos, arreiam a bandeira alemã e hasteiam a bandeira de Portugal com honras militares.[8] A resposta vem como esperada: a 9 de Março, o embaixador alemão em Lisboa, Friedrich Rosen, entrega a declaração de guerra ao ministro dos Negócios Estrangeiros luso,[8] e, a breve trecho, a Áustria-Hungria corta relações diplomáticas com Portugal.[2]

Portugal entrava agora, formalmente, na Primeira Guerra Mundial. Por iniciativa do Presidente Bernardino Machado, e devido à nova conjuntura, é constituído um novo governo de unidade republicana que ficou conhecido como o "Ministério da União Sagrada", presidido pelo evolucionista António José de Almeida: embora apenas o Partido Democrático e o Partido Republicano Evolucionista estivessem representados no executivo, o Partido Unionista e o Partido Socialista concedem-lhe o seu apoio. Este ministério tem em mãos a difícil tarefa de organizar uma força expedicionária para combater não só na Frente Ocidental mas também nas frentes em Angola e Moçambique. Todavia, o exército português não está em condições de sofrer o confronto com os modernos exércitos europeus. Simultânea e internamente, católicos e monárquicos conspiram contra a República.

O reduzido espaço de manobra deixado pelos democráticos levam a que os evolucionistas abandonem o governo, sem que, no entanto, retirem o seu apoio parlamentar ao executivo. Caído o ministério, Bernardino Machado chama Afonso Costa a reassumir o poder num novo governo. Costa, todavia, perde o apoio de todos os sectores da vida nacional: do movimento operário e sindical, que é contra a política de guerra e não se conforma com as medidas repressivas exercidas pelo governo à chamada "Revolta da Batata", movimento reivindicativo sem precedentes contra a carestia de vida; do patronato, que cada vez mais receia as alterações da ordem pública que o governo não consegue suster completamente; da Igreja e dos católicos, que temem o bolchevismo e que encontram uma nova força com as aparições de Fátima entre maio e outubro desse ano.

Em Outubro, Bernardino Machado desloca-se à frente das operações militares portuguesas em França, tratando-se esta da primeira deslocação de um Presidente da República Portuguesa ao estrangeiro. O Presidente aproveita esta ocasião para se encontrar com líderes políticos estrangeiros: Afonso XIII de Espanha, o presidente francês Raymond Poincaré, Jorge V do Reino Unido, e Alberto I da Bélgica.

O crescente clima de agitação social precipitou uma insurreição militar em dezembro de 1917 protagonizada por Sidónio Pais, principal líder da contestação ao governo. Bernardino Machado tenta negociar com a Junta Revolucionária, aceitando a demissão do governo e procurando formar um executivo liderado por Brito Camacho, mas as tentativas são infrutíferas. A 9 de dezembro o Presidente Bernardino Machado é convidado a renunciar ao seu mandato, mas recusa. No dia seguinte é preso, e no dia que se seguiu, é destituído do cargo, por decreto da Junta Revolucionária, decretando a mesma que Bernardino Machado deverá seguir para o exílio até ao dia em que, caso não tivesse sido destituído, terminaria o seu mandato (5 de outubro de 1919).

Bernardino Machado parte para o exílio em França, via Madrid, no dia 15 de dezembro de 1917. Chega a Paris no mês que se segue, e fixa residência na capital francesa até abril de 1918, quando se muda para Hendaye, na Aquitânia. Em novembro de 1918 segue para Cambo-les-Bains, e em dezembro regressa novamente para Paris. Durante todo o exílio, Bernardino Machado escreve várias publicações e manifestos contra o consulado sidonista, concede entrevistas e profere conferências públicas, encontrando-se ainda com políticos e altas individualidades francesas e inglesas. Sofre um rude golpe quando, em maio de 1918, os governos francês e inglês reconhecem oficialmente o regime sidonista.

Contudo, a 14 de dezembro de 1918, Sidónio Pais é assassinado a tiro na Estação do Rossio, em Lisboa, por um militante republicano. Inicialmente, Bernardino Machado espera que o chamem de volta a Portugal para completar o que restava do seu mandato presidencial interrompido, mas torna-se aparente que poucos o querem de volta, tendo o Congresso eleito João do Canto e Castro dois dias depois do atentado. Em fevereiro de 1919, após declarar renunciar a quaisquer pretensões sobre o cargo de Presidente da República, é autorizado a regressar ao país.

Regressa do exílio em Agosto desse ano, e cedo volta à atividade política, sendo eleito para o Senado por Lisboa nas legislativas de outubro de 1919. Retoma ainda a atividade académica ao ser reintegrado como professor na Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra, mas é efémero o seu regresso, aposentando-se pouco depois.

A 25 de fevereiro de 1921, o Presidente da República António José de Almeida convida-o a formar governo, constituindo este um executivo composto por diferentes forças políticas que entra em funções a 2 de março. O governo não é, no entanto longevo: sob o pretexto de Machado ter preparado um golpe de Estado para depor António José de Almeida, a Guarda Nacional Republicana protagoniza movimentações que levam à queda do ministério menos de três meses depois de tomar posse. O Congresso é dissolvido e são marcadas novas eleições, para as quais Bernardino Machado decide não concorrer.

Candidata-se novamente, nas eleições de 1923, à Presidência da República. Todavia, as divergências políticas do tempo do golpe de Sidónio Pais e as decisões então tomadas por Bernardino Machado fazem com que o Partido Democrático não lhe dê o seu apoio, preferindo apoiar Manuel Teixeira Gomes. Bernardino Machado aceita então o apoio da direita republicana, o Partido Republicano Nacionalista, mas a sua candidatura é derrotada.

Em novembro de 1925, nas últimas eleições legislativas da Primeira República, é eleito Senador pela Conjunção Republicano-Socialista.

Num contexto de enorme perturbação política e social, em que é constantemente atacado pelos nacionalistas e profundamente desgostoso com o rumo da política, o Presidente Manuel Teixeira Gomes renuncia à Presidência República, alegando razões de saúde. Bernardino Machado candidata-se novamente à Presidência da República naquelas que viriam a ser as últimas eleições presidenciais da Primeira República

 

Retrato oficial do Presidente Bernardino Machado (1935), por Martinho da Fonseca. Museu da Presidência da República

 

Bernardino Machado, agora com 74 anos de idade, consegue ser eleito ao fim do segundo escrutínio pelo Congresso, onde o Partido Democrático tem maioria absoluta dos assentos, derrotando o candidato do Partido Liberal, Duarte Leite por uma larga margem. O Presidente eleito entrou em seguida na sala das sessões, "acompanhado do cerimonial do estilo", leu e assinou a fórmula constitucional do compromisso de honra, e proferiu um discurso aos congressistas reunidos.

Um dos primeiros atos de Bernardino Machado no seu segundo mandato, uma semana após tomar posse, foi indigitar o governo do democrático António Maria da Silva.

No entanto, o descontentamento económico, social e político face ao regime político instalara-se e generalizara-se na sociedade portuguesa. Esse sentimento era agudizado pelo reconhecimento que, um pouco por toda a Europa, as forças pró-ordem pública cresciam, exemplo forte o do êxito da ditadura de Miguel Primo de Rivera em Espanha. As oposições juntam-se e as tentativas de golpe militar sucedem-se: logo em fevereiro de 1926 há um golpe no quartel da Escola Prática de Artilharia em Vendas Novas, agora encabeçada pelos antigos ministros Martins Júnior e Lacerda de Almeida com a ajuda de sargentos e civis. O clima era tal que os intelectuais da Seara Nova já alertavam para o perigo de vir a ser instaurado em Portugal um regime de tipo fascista.

Conforme vaticinado, inicia-se a 28 de maio de 1926 uma sublevação militar em Braga, liderada por Manuel Gomes da Costa, organizando-se uma coluna que marcha sobre Lisboa. Na capital, José Mendes Cabeçadas secunda-o de imediato.

O Presidente Bernardino Machado acha possível isolar a conspiração e responde com ações intimidatórias, mas as adesões de militares e civis dão-se um pouco por todo o país. Mendes Cabeçadas reclama junto de Bernardino Machado a demissão do Governo, e o Presidente vê-se obrigado a dar posse a um executivo presidido pelo oficial, que assume a gestão de todas as pastas ministeriais, a 30 de maio. Mendes Cabeçadas, através da secretaria do Ministério da Guerra, dá a ordem para se encerrar o Congresso da República. Cada vez mais isolado e sem meios de resistência, Bernardino Machado resigna no dia, entregando a chefia do Estado a Mendes Cabeçadas na esperança de manter o golpe dentro dos limites constitucionais.

Após o abandono do cargo de Presidente da República, Bernardino Machado continua a viver na sua casa na Cruz Quebrada. No entanto, após estreitar relações com os opositores que conspiravam contra o regime ditatorial instalado, logo é novamente expulso do território nacional, em fevereiro de 1927.

Após passar por Vigo, segue para França (em Julho, Cambo-les-Bains; em abril de 1928, para Paris; em abril de 1929, para Bayonne; em julho do mesmo ano para Ustaritz; em outubro novamente para Bayonne, e em janeiro de 1932 para Biarritz). Após a Proclamação da República em Espanha, fixa-se na localidade raiana de A Guarda, na Galiza, mas cedo a ditadura portuguesa faz pressão junto do governo de Lerroux para que os chefes oposicionistas exilados fiquem longe da fronteira: Bernardino Machado é então forçado a estabelecer residência provisória na Corunha, transferindo-se em novembro de 1935 para Madrid. O rebentar da Guerra Civil Espanhola obriga-o a sair de Madrid e, instado por familiares e amigos, fixa-se novamente em Paris, França.

Durante os seus anos no exílio, Bernardino Machado interessa-se ativamente pela situação política portuguesa, contactando com Afonso Costa e outros para realizar uma força de oposição. Recebe em sua casa várias reuniões com outros exilados políticos e, repetidamente, dirige-se aos chefes de Estado e à Sociedade das Nações para que não se veja oficialmente reconhecida o Estado Novo. Publica, ainda vários manifestos contra o regime, dentre os quais A Pastoral Financeira do Patriarca (1928), O Crime Financeiro da Ditadura (1929), O Estado Novo Ditatorial (1931), Os Perigos da Ditadura (1933), O Estado Novo e o Grande Empréstimo Externo (1935) e Os Perigos Coloniais (1935).

Bernardino Machado encontra-se ainda em Paris durante a Segunda Guerra Mundial, e só sai do país quando os exércitos alemães invadem a França. Convicto de que Portugal seria chamado a intervir no conflito europeu, Bernardino Machado regressa a Portugal a 28 de junho de 1940, acompanhado de um grupo de exilados políticos, sendo-lhe fixada residência pelo governo de Salazar a norte do rio Douro, longe da capital. Passa a viver no Palacete de Mantelães, em Paredes de Coura e, mais tarde, nos arredores do Porto.

Em 1942 enviúva de Elzira Dantas Machado, que morre no Hospital da Ordem Terceira de S. Francisco, no Porto. Em 1944, é internado na Casa de saúde Dr. Alberto Gonçalves, na freguesia de Santo Ildefonso, no Porto, com uma pneumonia aguda. Aí morre no dia 29 de Abril, aos 93 anos de idade. O seu funeral tem lugar em Vila Nova de Famalicão, com uma grande manifestação popular de sentimento, apesar da repressão policial que tentou minimizar o significado do acontecimento.