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quarta-feira, fevereiro 21, 2024

O golpe de estado comunista que acabou com a Democracia na Checoslováquia foi há 76 anos...

    
O Golpe de Estado da Checoslováquia de 1948, muitas vezes, simplesmente Golpe Checo ou Golpe de Praga (em checo: Únor 1948, em eslovaco: Február 1948, ambas significando "Fevereiro de 1948"; na historiografia comunista conhecido como "Fevereiro Vitorioso", em checo: Vítězný únor, em eslovaco: Víťazný február), foi um evento em que o Partido Comunista da Checoslováquia (KSČ), com o apoio soviético, assumiu o controle incontestável do governo da Checoslováquia, inaugurando mais de quatro décadas de ditadura sob seu comando.

 

(...)  

    

A crise começou a 21 de fevereiro de 1948, quando o Ministro do Interior escolheu oito novos Comissários em Praga, todos comunistas, o que demonstrava o controle do partido comunista sobre o governo da Checoslováquia e, em especial, sobre as forças de segurança do Estado. Isso provocou protestos, seguidos pela renúncia dos ministros democratas. Os renunciantes pensavam que assim provocariam uma crise política, levando a eleições gerais antecipadas, quando então derrotariam o Partido Comunista.
No entanto, havia uma atmosfera de tensão crescente e enormes manifestações lideradas pelos comunistas ocorrendo em todo o país, enquanto o presidente Edvard Benes procurava manter-se neutro, temendo que o fomento do KSČ causasse uma insurreição que, por fim, desse ao Exército Vermelho um pretexto para invadir o país e restaurar a ordem.
No entanto, os membros que se demitiram foram substituídos por membros do Partido Comunista, e, com o apoio de Estaline, o líder comunista da Checoslováquia, Klement Gottwald, marcou uma greve geral para 24 de fevereiro, criando assim uma série de comités de ação, apoiadas pelas milícias dos trabalhadores, que impediram qualquer resistência por parte das forças democráticas.
Enquanto isso, os ministros comunistas se mobilizavam. Para ajudá-los, o embaixador soviético, Valerian Zorin, chegou a Praga para organizar um golpe. Milícias armadas tomaram Praga; manifestações comunistas foram montadas, um manifestação estudantil anticomunista foi interrompida. Os ministérios comandados por não comunistas foram ocupados; funcionários eram demitidos, e os ministros impedidos de entrar em seus próprios gabinetes. O exército ficou confinado aos quartéis e não interferiu.
Num discurso perante 100.000 simpatizantes, o líder Gottwald ameaçou com uma greve geral, a não ser que o presidente Benes concordasse em formar um novo governo dominado pelos comunistas. O embaixador soviético ofereceu os serviços do Exército Vermelho, cujas tropas estavam preparadas  nas fronteiras do país. Mas Gottwald recusou a oferta, acreditando que a ameaça de violência, combinada com uma forte pressão política, seria o suficiente para forçar Benes a ceder. Após o golpe, Gottwald diria: "[Benes] sabe o que é a força, e isso o levará a avaliar essa [situação] de forma realista".
Em 25 de fevereiro de 1948, após duas semanas de intensa pressão da União Soviética o Presidente da República da Checoslováquia, Edvard Benes, cedeu todo o poder a Klement Gottwald e a Rudolf Slánský, aceitando a renúncia dos ministros não comunistas e nomeando um novo governo, sob a liderança de Gottwald e dominado por comunistas e social-democratas pró-Moscovo. O único ministério controlado por um não comunista era o das Relações Exteriores, que foi entregue a Jan Masaryk - encontrado morto duas semanas depois. Após o golpe, os comunistas moveram-se rapidamente para consolidar o seu poder: milhares de não simpatizantes foram demitidos, centenas foram presos e milhares de pessoas fugiram do país.
Nas eleições de 30 de maio, os eleitores foram presenteados com uma única lista - a da Frente Nacional - e que oficialmente obteve 89,2% dos votos. Na lista da Frente Nacional, os comunistas e os social-democratas (que logo se fundiram) tinham maioria absoluta. Mas praticamente todos os partidos não comunistas que haviam participado da eleição de 1946 também ficaram representados na lista da Frente Nacional e, assim, receberam alguns assentos parlamentares. No entanto, àquela altura, todos se haviam convertido em fiéis parceiros dos comunistas. A Frente Nacional foi transformada numa ampla organização patriótica dominada pelos comunistas, e a nenhum outro grupo político foi permitido existir. Consumido por estes eventos, Benes renunciou em 2 de junho e foi sucedido por Gottwald, 12 dias depois, falecendo em setembro do mesmo ano.
  

Impacto 
A Checoslováquia permaneceu como uma ditadura comunista até à Revolução de Veludo de 1989. O golpe tornou-se sinónimo da Guerra Fria. A perda da última democracia remanescente na Europa do Leste causou um choque profundo no Ocidente. Pela segunda vez em uma década, via-se a independência e a democracia da Checoslováquia serem apagadas por uma ditadura totalitária. A URSS parecia ter concluído a formação de um bloco monolítico soviético e concluído a divisão da Europa.
O impacto foi igualmente profundo, tanto na Europa Ocidental como nos Estados Unidos, e ajudou a unificar os países ocidentais contra o bloco comunista. Deu também um ar de presciência aos governos francês e italiano, que, no ano anterior, haviam forçado a saída dos partidos comunistas dos seus governos.
O golpe checo constituiu uma rutura definitiva nas relações entre as duas superpotências, com o Ocidente agora sinalizando a sua determinação de se comprometer numa de auto-defesa coletiva.
No Ocidente, o golpe de Praga teve um grande impacto porque a Checoslováquia era, geográfica, histórica e politicamente o país mais ocidental da Europa Central e Oriental.
 

sexta-feira, fevereiro 16, 2024

O Querido Líder e Comandante Supremo da democracia extremamente avançada da Coreia (do Norte) nasceu há 83 anos...


Kim Jong-il (Viatskoie, Khabarovsk, 16 de fevereiro de 1941, pelo registo soviético, ou 1942, pelo registo norte-coreano - 17 de dezembro de 2011) foi um ditador, que, de 1994 a 2011, exerceu as funções de Líder Supremo da República Popular Democrática da Coreia do Norte e de Presidente da Comissão de Defesa Nacional da Coreia do Norte e Secretário-Geral do Partido dos Trabalhadores da Coreia - cargos máximos em âmbito militar e político da nação coreana. Kim Jong-il herdou do pai, Kim Il-Sung, o controle da Coreia do Norte. No poder, Kim Jong-il manteve a ideologia oficial juche, de completa autossuficiência nacional, e um regime comunista de cariz estalinista.
Enfrentou sanções económicas internacionais, carestia dentre seu povo e deterioração da qualidade de vida da população, mas se manteve no poder por meio repressão e um extenso culto à personalidade

Kim Jong-il era oficialmente designado "Líder Supremo" (e também chamado de "Querido Líder", "Comandante Supremo" e "Nosso Pai"), e a referência a sua figura estava presente em quase todas as esferas da vida quotidiana norte-coreana, promovida por um ferrenho culto à personalidade que não admitia oposição. Por esse motivo, Kim Jong-il era reconhecido internacionalmente como sendo o chefe de estado mais totalitário do planeta.
Em junho de 2009, noticiou-se que o líder da Coreia do Norte nomeou seu filho mais novo, o general Kim Jong-un, para lhe suceder, o que faria da Coreia do Norte um regime comunista de controle hereditário.
A morte de Kim Jong-il foi anunciada publicamente pela imprensa estatal da Coreia do Norte em 19 de dezembro de 2011, e teria ocorrido em 17 de dezembro. Fontes oficiais atribuíram o falecimento à "fadiga" do Líder Supremo e à "dedicação de sua vida ao povo". A agência de notícias sul-coreana Yonhap, com base em informações obtidas na Coreia do Norte, divulgou que Kim Jong-Il morreu durante uma viagem por causa de ataque cardíaco. Kim Jong-Il havia sofrido uma apoplexia em 2008.
O filho mais novo do estadista, o general Kim Jong-un, com 29 anos de idade, foi designado seu sucessor. Um de seus primeiros eventos públicos foi o funeral do seu pai.
    
  
in Wikipédia

quarta-feira, fevereiro 14, 2024

Os crimes de Estaline começaram a ser finalmente denunciados há 68 anos


O XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) teve lugar entre 14 e 26 de fevereiro de 1956. Na ocasião, o secretário do Partido, Nikita Khrushchov, com o seu célebre discurso secreto, denunciou as violências, as purgas e as limitações à liberdade impostas pelo regime de Estaline, o seu predecessor.
Durante a sessão a portas fechadas, no último dia do congresso, Khrushchov criticou asperamente a política estalinista, denunciando o culto de personalidade e uma série de crimes cometidos por ele e os seus colaboradores.
O discurso chocou os delegados presentes, que depois de anos de propaganda, estavam convencidos da grandeza de Estaline. Após um longo debate, o discurso veio a tornar-se público no mês seguinte mas o relatório completo, no qual se baseou, só foi publicado em 1989

sábado, fevereiro 03, 2024

O principal carrasco de Estaline suicidou-se há 79 anos


Vasili Mikhailovich Blokhin (Gavrilovskoye, 7 de janeiro de 1895 - Moscovo, 3 de fevereiro de 1955) foi um major-general soviético que serviu como o carrasco chefe do NKVD estalinista, sob as administrações de Genrikh Yagoda, Nikolai Iejov e Lavrenty Beria. Escolhidos a dedo para o cargo por Estaline em 1926, Blokhin levou uma companhia de executores que realizaram a maioria das execuções levadas a cabo durante o regime de Estaline, a maioria durante a Grande Purga. Reconhecido por parte do governo soviético que o número de execuções oficiais da NKVD foi de 828.000 durante o período no poder de Estaline, Blokhin terá executado pessoalmente dezenas de milhares de prisioneiros, por sua própria mão, ao longo de um período de 26 anos, incluindo 7.000 prisioneiros condenados polacos, numa execução em massa prolongada, tornando-se ostensivamente o carrasco oficial mais prolífico na história do mundo. Ele recebeu tanto a ordem do Distintivo de Honra (1937) como a Ordem da Bandeira Vermelha (1941). 

 

Blokhin foi aposentado após a morte de Estaline, embora o seu serviço irrepreensível foi publicamente reconhecida por Lavrenty Beria, no momento da sua partida. Depois da queda do poder de Beria (em junho de 1953), Blokhin foi finalmente destituído do seus posto, nas campanhas de desestalinização de Nikita Khrushchev. Ele teria se tornado alcoólico, enlouqueceu, e morreu em fevereiro de 1955, com a causa oficial da morte colocada como "suicídio". Entretanto, dado o seu papel-chave no terror estalinista, a hipótese de queima de arquivo não é de se excluir.

in Wikipédia

sábado, janeiro 13, 2024

Estaline descobriu um complot para o matar há setenta e um anos

    
O complot dos médicos judeus foi, segundo a versão oficial do Estado Soviético, uma conspiração dos médicos judeus, sob ordens da inteligência norte-americana, que teriam como objetivo assassinar os principais quadros do Partido Comunista da União Soviética, inclusive o próprio Estaline.
"Prendam os Médicos Assassinos" - alardeava a manchete do Pravda, a 13 de janeiro de 1953. "Os médicos do Kremlim, judeus na sua maioria, assassinaram os maiores líderes soviéticos, e tramaram contra outros, talvez até contra o próprio Estaline".
Depois da morte de Estaline, em março de 1953, os líderes da União Soviética assumiram que o caso foi fabricado, com o objetivo de prender e executar líderes comunistas que se opunham a Estaline. Em abril do mesmo ano, o mesmo Pravda dizia que "os médicos tinham sido presos sem nenhuma base legal" e acrescentava que os "investigadores super zelosos haviam-se esquecido de que estavam ao serviço do povo e que a sua missão era salvaguardar a lei soviética".
Todos os médicos acusados foram inocentados (com exceção de dois, que morreram na prisão...) e reconduzidos aos seus antigos cargos.
   

quinta-feira, dezembro 28, 2023

O livro Arquipélago de Gulag foi publicado há cinquenta anos...

  
Arquipélago de Gulag é provavelmente a mais forte e a certamente a mais influente obra sobre como funcionavam os gulags (campos de concentração e de trabalho forçado na antiga União Soviética) nos tempos de Estaline
  
  
Escrito por Alexander Soljenítsin, o livro de cerca de 600 páginas e é uma narrativa sobre factos que foram presenciados pelo autor, prisioneiro durante onze anos, em Kolima, num dos campos do arquipélago, e por duzentas e trinta e sete pessoas, que confiaram as suas cartas e relatos ao autor.
  
  
Escrito entre 1958 a 1967, a obra foi publicada no ocidente (em Paris) no ano de 1973 (a 28 de dezembro) e circulou clandestinamente na União Soviética, numa versão minúscula, escondida, até à sua publicação oficial, no ano de 1989.
"GULag" é um acrónimo em russo para o termo: "Direção Principal (ou Administração) dos Campos de Trabalho Corretivo" ("Glavnoye Upravleniye Ispravitelno-trudovykh Lagerey"), um nome burocrático para este sistema de campos de concentração.
O título original em russo do livro era "Arkhipelag GULag". A palavra arquipélago relaciona-se ao sistema de campos de trabalho forçado espalhados por toda a União Soviética como uma vasta corrente de ilhas, conhecidas apenas por quem fosse destinado a visitá-las.
     

segunda-feira, dezembro 18, 2023

Estaline nasceu há 144 anos

   
Josef Vissarionovitch Stalin
(Gori, 18 de dezembro de 1879 - Moscovo, 5 de março de 1953), nascido Iossif Vissarionovitch Djugashvili e conhecido como Estaline em língua portuguesa, foi secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética e do Comité Central a partir de 1922 até à sua morte, em 1953, sendo assim o líder da União Soviética neste período.
Sob a liderança de Estaline, a União Soviética desempenhou um papel decisivo na derrota da Alemanha nazi na Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945) e passou a atingir o estatuto de superpotência, após rápida industrialização e melhoras nas condições sociais do povo soviético, durante esse período, o país também expandiu o seu território para um tamanho semelhante ao do antigo Império Russo.
Durante o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, em 1956, o sucessor de Estaline, Nikita Khrushchov, apresentou o seu discurso secreto, oficialmente chamado "Do culto à personalidade e suas consequências", a partir do qual se iniciou um processo de "desestalinização" da União Soviética. Ainda hoje existem diversas perspetivas ao redor de Estaline e do seu governo, alguns vendo-o como um ditador e tirano e outros como um líder habilidoso.
    
Estaline cumprimentando o ministro nazi Joachim von Ribbentrop no Kremlin, 1939
  
(...)
  
A Grande Purga
Em 1928 iniciou um programa de industrialização intensiva e de coletivização da agricultura soviética (plano quinquenal), impondo uma grande reorganização social e provocando a fome - genocídio na Ucrânia (Holodomor), em 1932 - 1933. Esta fome foi imposta ao povo ucraniano pelo regime soviético, tendo causado um mínimo de 4,5 milhões de mortes na Ucrânia, além de 3 milhões de vítimas noutras regiões da U.R.S.S. Nos anos 30 consolidou a sua posição através de uma política de modernização da indústria. Como arquitecto do sistema político soviético, criou uma poderosa estrutura militar e de policiamento. Mandou prender e deportar opositores, ao mesmo tempo que cultivava o culto da personalidade como arma ideológica.
A ação persecutória de Estaline, supõe-se, estendeu-se mesmo a território estrangeiro, uma vez que o assassinato de Leon Trótski, então exilado no México é-lhe creditado. Por mais providências que Trótski tomasse para proteger-se de agentes secretos, Ramón Mercader, membro do Partido dos Comunistas da Catalunha, foi para o México e conseguiu ganhar a confiança do dissidente, para executá-lo com um golpe de picareta. No momento do assassinato, Trótski escrevia uma biografia reveladora sobre Estaline. Esta seria uma das motivações para o crime, uma vez que o dirigente soviético desejava ocultar seu passado pré-revolucionário.
Desconfiando que as reformas económicas que implantara produziam descontentamento entre a população, Estaline dedicou-se, nos anos 30, a consolidar seu poder pessoal. Tratou de expulsar toda a oposição política. Se alguém lhe parecesse indesejável desse ponto de vista, ele se encarregava de desacreditá-lo perante a opinião pública.
Em 1934, Sergei Kirov, principal líder do Partido Comunista em Leningrado - e tido como sucessor presuntivo de Estaline - foi assassinado por um anónimo, Nikolaev, de forma até agora obscura; muitos consideram até hoje que Estaline não teria sido estranho a este assassinato. Seja como for, Estaline utilizou o assassinato como pretexto imediato para uma série de repressões que passaram para a história como a "Grande Purga". No dia 1 de dezembro de 2009 foi divulgado um diário de Nikolaev segundo ao qual se supôs que Nikolaev decidiu se vingar da sua demissão feita por Kirov do Instituto de História, e que o levou a ficar desempregado.
Estes deram-se no período entre 1934 e 1938 no qual Estaline concedeu tratamento duro a todos que lutassem contra o Estado soviético, ou mesmo supostos inimigos do Estado. Entre os alvos mais destacados dessa ação, estava o Exército Vermelho: parte de seus oficiais acima da patente de major foi presa, inclusive treze dos quinze generais-de-exército. Entre estes, Mikhail Tukhachevsky foi uma de suas mais famosas vítimas. Sofreu a acusação de ser agente do serviço secreto alemão. Com base em documentos entregues por Reinhard Heydrich, chefe do Serviço de Segurança das SS, Tukhachevsky foi executado, além de deportar muitos outros para a Sibéria. Com isso foi enfraquecido o comando militar soviético; ou seja, Estaline acreditou nas informações de Heydrich, e a sua atitude acabou debilitando a estrutura militar russa, que no entanto, conseguiu resistir ao ataque das tropas da Alemanha.
O principal instrumento de perseguição foi a NKVD. De acordo com Alan Bullock, o uso de espancamentos e tortura era comum, um facto francamente admitido por Khrushchev em seu famoso discurso posterior à morte de Estaline, onde ele citou uma circular de Estaline para os secretários regionais em 1939, confirmando que isto tinha sido autorizado pelo Comité Central em 1937.
  
Depurações
A condenação dos contra-revolucionários nos julgamentos de 1937-38 depois das depurações no Partido, exército e no aparelho estatal, tem raízes na história inicial do movimento revolucionário da Rússia.
Milhões de pessoas participaram no quê acreditavam ser uma batalha contra o czar e a burguesia. Ao ver que a vitória seria inevitável, muitas pessoas entraram para o partido. Entretanto nem todos haviam se tornado bolcheviques porque concordavam com o socialismo. A luta de classes era tal que muitas vezes não havia tempo nem possibilidades para pôr à prova os novos militantes. Até mesmo militantes de outros partidos inimigos dos bolcheviques foram aceites depois triunfo da revolução. Para uma parcela desses novos militantes foram dados cargos importantes no Partido, Estado e Forças Armadas, tudo dependendo da sua capacidade individual para conduzir a luta de classes.
Eram tempos muito difíceis para o jovem Estado soviético e a grande falta de comunistas, ou simplesmente de pessoas que soubessem ler, o Partido era obrigado a não fazer grandes exigências no que diz respeito à qualidade dos novos militantes. De todos estes problemas formou-se com o tempo uma contradição que dividiu o Partido em dois campos - de um lado os que queriam reduzir o socialismo para atuação de fortalecimento da URSS, ou seja, socialismo em um só país, por outro lado, aqueles que defendiam a ideia de que o socialismo deveria ser espalhado por todo o mundo e que a URSS não deveria se limitar a si própria. A origem destas últimas ideias vinha de Trótski, que foi caçado por Estaline após assumir o poder da URSS.
Trótski foi com o tempo obtendo apoio de alguns dos bolcheviques mais conhecidos. Esta oposição unida contra os ideais defendidas pelos marxistas-estalinistas, eram uma das alternativas na votação partidária sobre a política a seguir pelo Partido, realizada em 27 de dezembro de 1927. Antes desta votação foi realizada uma grande discussão durante vários anos e não houve dúvida quanto ao resultado. Dos 725.000 votos, a oposição só obteve 6.000 - ou seja, menos de 1% dos militantes do Partido apoiaram a oposição trotskista.
  
Deportações
Antes, durante e depois da Segunda Guerra, Estaline conduziu uma série de deportações em grande escala que acabaram por alterar o mapa étnico da União Soviética. Estima-se que entre 1941 e 1949 cerca de 3,3 milhões de pessoas foram deportadas para a Sibéria ou para repúblicas asiáticas. Separatismo, resistência/oposição ao governo soviético e colaboração com a invasão alemã eram alguns dos motivos oficiais para as deportações.
Durante o governo de Estaline os seguintes grupos étnicos foram completamente ou parcialmente deportados: ucranianos, polacos, coreanos, alemães, checos, lituanos, arménios, búlgaros, gregos, finlandeses, judeus entre outros. Os deportados eram transportados em condições espantosas, frequentemente em camiões de gado, milhares de deportados morriam no caminho. Aqueles que sobreviviam eram mandados a Campos de Trabalho Forçado.
Em fevereiro de 1956, no XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, Nikita Khrushchov condenou as deportações promovidas por Estaline, no seu relatório secreto. Nesse momento começa a chamada desestalinização, que, de chofre, engloba todos os partidos comunistas do mundo. Na verdade, esta desestalinização foi a afirmação de que Estaline cometeu excessos graças ao culto à personalidade que fora promovido ao longo de sua carreira política. Para vários autores anticomunistas, teria sido somente neste sentido que teria havido desestalinização, porquanto o movimento comunista na URSS deu prosseguimento à prática estalinista sem a figura de Estaline. De fato, a desestalinização não alterou em nada o caráter unipartidário do estado soviético e o poder incontestado exercido pelo Partido e pelos seus órgãos de repressão, mas significou também o fim da repressão policial em massa (a internação maciça de presos políticos em campos de concentração sendo abandonada, muito embora os campos continuassem como parte do sistema penal, principalmente para presos comuns), a suspensão de grande parte das sentenças estalinistas e o retorno e reintegração à vida quotidiana de grande massa de presos políticos e deportados. A repressão política, muito embora tenha continuado, não atingiu jamais, durante o restante da história soviética, os níveis de violência do estalinismo, principalmente porque foi abandonada a prática das purgas internas em massa no Partido.
As deportações acabaram por influenciar o surgimento de movimentos separatistas nos estados bálticos, no Tartaristão e na Chechénia, até os dias de hoje.
   
Número de vítimas
Após a extinção do regime comunista na União Soviética, historiadores passaram a estimar que, excluindo os que morreram por fome, entre 4-10 milhões de pessoas morreram sob o regime de Estaline. O escritor russo Vadim Erlikman, por exemplo, faz as seguintes estimativas:
Quantidade de pessoas Razão da morte
1,5 milhão Execução
5 milhões Gulags
1,7 milhão Deportados¹
1 milhão Países ocupados²
¹ Erlikman estima um total de 7,5 milhões de deportados
² Diz respeito aos mortos civis durante a ocupação russa

Este total estimado de 9 milhões, para alguns pesquisadores, deve ainda ser somado a 6-8 milhões dos mortos na fome soviética de 1932-1933, episódios também conhecidos como Holodomor. Existe controvérsia entre historiadores a respeito desta fome ter sido ou não provocada deliberadamente por Stalin para suprimir opositores de seu regime. Muitos argumentam que a fome ocorreu por questões circunstanciais não desejadas por Estaline ou que foi uma consequência acidental de uma tentativa de forçar a coletivização naquelas áreas afetadas pela fome. Todavia, também existem argumentos no sentido contrário, de que a fome foi sim provocada por Estaline. Para a última corrente, uma prova de que a fome foi provocada seria o facto de que a exportação de cereais da União Soviética para a Alemanha Nazi aumentou consideravelmente no ano de 1933, o que provaria que havia alimento disponível. Esta versão da história é retratada pelo documentário The Soviet Story.
Sendo assim, se o número de vítimas da fome for incluído, chega-se a um número mínimo de 10 milhões de mortes (mínimo de 4 milhões de mortos por fome e mínimo de 6 milhões de mortos pelas demais causas expostas). No entanto, Steven Rosefielde tem como mais provável o número de 20 milhões de mortos, Simon Sebag Montefiores sugere número um pouco acima de 20 milhões, no que é acompanhado por Dmitri Volkogonov (autor de Estaline: Triunfo e Tragédia), Alexander Nikolaevich Yakovlev, Stéphane Courtois e Norman Naimark. O pesquisador Robert Conquest recentemente reviu a sua estimativa original de 30 milhões de vítimas para cerca de 20 milhões, afirmando ainda ser muitíssimo pouco provável qualquer número abaixo de 15 milhões de vidas ceifadas pelo regime de Estaline.

 


   

sexta-feira, novembro 10, 2023

Poema para recordar Cunhal...

(imagem daqui)

 
Os presídios - III
 

Mas,
português da rua,
entre nós,
que ninguém nos escuta,
sabes
onde
está Álvaro Cunhal?
Sabes a ausência,
ou alguém o sabe,
do valente
Militão?
Moça portuguesa,
passas como que bailando
pelas ruas
rosadas de Lisboa,
mas,
sabes onde caiu Bento Gonçalves,
o português mais puro,
honra de teu mar e de tua areia?
Sabes
que existe uma ilha,
a Ilha do Sal
e que nela o Tarrafal
verte sombra?
Sim, tu sabes, moça,
rapaz, sim, tu bem o sabes.
Em silêncio
a palavra
anda com lentidão mas percorre
não só Portugal mas toda Terra.
Sim, sabemos,
em remotos países,
que há trinta anos
uma lápide
espessa como túmulo ou como túnica,
de clerical morcego,
afoga Portugal, teu triste canto,
salpica tua doçura,
com gotas de martírio
e mantém as suas cúpulas de sombra.


in
Las uvas y el viento (1954) - Pablo Neruda

Álvaro Cunhal nasceu há cento e dez anos...

    
Álvaro Barreirinhas Cunhal (Coimbra, 10 de novembro de 1913 - Lisboa, 13 de junho de 2005) foi um político e escritor português, conhecido por ser um resistente ao Estado Novo, e ter dedicado a vida ao ideal comunista e ao seu partido, o Partido Comunista Português.

Devido aos seus ideais comunistas e à sua assumida e militante oposição ao Estado Novo, esteve preso em 1937, 1940 e 1949-1960, num total de 13 anos, 8 dos quais em completo isolamento sem nunca, incrivelmente, ter perdido a noção do tempo. Mesmo sob violenta tortura, nunca falou. Na prisão, como forma de passar o tempo, dedicou-se à pintura e à escrita. Uma das suas produções mais notáveis aquando da sua prisão, foi a tradução e ilustração da obra Rei Lear, de William Shakespeare. A 3 de janeiro de 1960, Cunhal, juntamente com outros camaradas, todos quadros destacados do PCP, protagonizaram a célebre "fuga de Peniche", possível graças a um planeamento muito rigoroso e a uma grande coordenação entre o exterior e o interior da prisão.
Em 1962 é enviado pelo PCP para o estrangeiro, primeiro para Moscovo, depois para Paris.
Ocupou o cargo de secretário-geral do Partido Comunista Português, sucedendo a Bento Gonçalves, entre 1961 e 1992, tendo sido substituído por Carlos Carvalhas.
Em 1968 Álvaro Cunhal presidiu à Conferência dos Partidos Comunistas da Europa Ocidental, o que é revelador da influência que já nessa altura detinha no movimento comunista internacional. Neste encontro, mostrou-se um dos mais firmes apoiantes da invasão da então Checoslováquia pelos tanques do Pacto de Varsóvia, ocorrida nesse mesmo ano.

Regressou a Portugal cinco dias depois do 25 de Abril de 1974. Nesse mesmo dia, passeou de braço dado com Mário Soares, por Lisboa, como forma de ambos comemorarem o início da Democracia em Portugal, pois mesmo que divergissem ideologicamente, apoiavam um Portugal livre e democrático.
Foi ministro sem pasta no I, II, III e IV governos provisórios e também deputado à Assembleia da República entre 1975 e 1992.
Em 1982, tornou-se membro do Conselho de Estado, abandonando estas funções dez anos depois, quando saiu da liderança do PCP.
Além das suas funções na direcção partidária, foi romancista e pintor, escrevendo sob o pseudónimo de Manuel Tiago, o que só revelou em 1995.
Nos últimos anos da sua vida sofreu de glaucoma, acabando por cegar.
Faleceu em 13 de junho de 2005, em Lisboa, e no seu funeral, a 15 de junho, participaram mais de 250.000 pessoas, segundo o PCP. Por sua vontade, o corpo foi cremado.
Da sua relação com Isaura Maria Moreira, teve uma filha, Ana Maria Moreira Cunhal, nascida a 25 de dezembro de 1960.
Álvaro Cunhal ficou na memória como um comunista que nunca abdicou do seu ideal.

quarta-feira, agosto 23, 2023

Hoje é o dia de recordar as vítimas do Estalinismo e Nazismo...

      
O Dia Europeu da Memória das Vítimas do Estalinismo e Nazismo, também conhecido como "Dia da Fita Preta" é celebrado no dia 23 de agosto nalguns países. Foi instituído em 2008 e 2009 pelo Parlamento Europeu mediante a Declaração de Praga sobre Consciência Europeia e Comunismo como um "Dia Europeu da Memória das vítimas de todos regimes autoritários e totalitários, a ser comemorado com dignidade e imparcialidade".
A data foi escolhida porque coincide com o dia em que o Pacto Ribbentrop-Molotov foi assinado, em que a União Soviética e a Alemanha nazi concordaram em como dividir a Europa Oriental.
Este dia de lembrança originou-se dos protestos pelas vítimas do comunismo e a sua ocupação na Europa, na década de 80, iniciado por refugiados canadianos de países ocupados pela União Soviética, o que depois levou à Cadeia Báltica, durante as revoluções de 1989, que anunciavam o colapso da União Soviética.
 
   

Hoje é o Dia Europeu de Recordação das Vítimas do Estalinismo e Nazismo...

   
Black Ribbon Day, officially known in the European Union as the European Day of Remembrance for Victims of Stalinism and Nazism, is an international day of remembrance for victims of totalitarian regimes, specifically Stalinist, communist, Nazi and fascist regimes. It is observed on 23 August and symbolizes the rejection of "extremism, intolerance and oppression". It is one of the official remembrance days of the European Union. Under the name Black Ribbon Day it is also an official remembrance day of Canada and the United States, among other countries.
The remembrance day has its origins in protests in western countries against the Soviet Union that gained prominence in the years leading up to the Revolutions of 1989 and that inspired the Baltic Way, a major demonstration against the Soviet occupation of the Baltic states in 1989. It was proposed as an official European remembrance day by Václav Havel, Joachim Gauck and a group of freedom fighters and former political prisoners from Central and Eastern Europe during a conference organised by the Czech Government, and was formally designated by the European Parliament in 2008/2009 as "a Europe-wide Day of Remembrance for the victims of all totalitarian and authoritarian regimes, to be commemorated with dignity and impartiality"; it has been observed annually by the bodies of the European Union since 2009. The European Parliament's 2009 resolution on European conscience and totalitarianism, co-sponsored by the European People's Party, the Alliance of Liberals and Democrats for Europe, The Greens–European Free Alliance, and the Union for Europe of the Nations, called for its implementation in all of Europe. The establishment of 23 August as an international remembrance day for victims of totalitarianism was also supported by the 2009 Vilnius Declaration of the OSCE Parliamentary Assembly.
23 August was chosen to coincide with the date of the signing of the Molotov–Ribbentrop Pact, a 1939 non-aggression pact between the USSR and Nazi Germany which contained a protocol dividing Romania, Poland, Lithuania, Latvia, Estonia, and Finland into designated German and Soviet spheres of influence. The treaty was described by the European Parliament's president Jerzy Buzek in 2010 as "the collusion of the two worst forms of totalitarianism in the history of humanity."
The purpose of the Day of Remembrance is to preserve the memory of the victims of mass deportations and exterminations, while promoting democratic values with the aim to reinforce peace and stability in Europe.
   

sexta-feira, junho 23, 2023

Anna Akhmatova nasceu há 134 anos

Retrato de Anna Akhmatova, por Kuzma Petrov-Vodkin, em 1922
  
Anna Akhmatova (Odessa, 23 de junho de 1889 - Leningrado, 5 de março de 1966) é o pseudónimo de Anna Andreevna Gorenko, uma das mais importantes poetas acmeístas russas.
Começou a escrever poesia aos onze anos de idade, mas o pai, um engenheiro naval, temia que Anna viesse a desonrar o nome da família, convencido de estar a adivinhar hábitos decadentes associados à vida artística. Assim, assinou os seus primeiros trabalhos com o primeiro nome da sua bisavó, Tatar.
Apesar do seu pai ter abandonado a família, quando Anna contava apenas dezasseis anos, conseguiu prosseguir os seus estudos. Portanto, não só estudou no liceu feminino de Tsarskoe Selo e no célebre Instituto Smolnyi de São Petersburgo, como também no Liceu Fundukleevskaia de Kiev e numa Faculdade de Direito, em 1907.
A obra de Akhmatova compõem-se tanto de pequenos poemas líricos como de grandes poemas, como o Requiem, um grande poema acerca do terror estalinista. Os temas recorrentes são o passar do tempo, as recordações, o destino da mulher criadora e as dificuldades em viver em escrever à sombra do estalinismo.
Os seus pais separaram-se em 1905. Ela casou-se com o poeta Nikolaï Goumilev em 1910 e o filho deles, nascido em 1912, foi o historiador Lev Goumilev.
Akhmatova teve uma longa amizade com a poeta Marina Tsvetaeva, sua compatriota. Estas duas amigas trocaram uma correspondência poética.
Nikolaï Goumilev foi executado em 1921, por causa de atividades consideradas anti-soviéticas; Akhmatova foi forçada ao silêncio, não podendo a sua poesia ser publicada de 1925 a 1952 (excetuando-se o período de 1940 a 1946). Excluída da vida pública, vivendo de uma irrisória pensão e forçada a ir fazendo traduções de obras de escritores como Victor Hugo e Rabindranath Tagore, Akhmatova começou, após a morte de Estaline, em 1953, a ser reabilitada, tendo-lhe sido autorizada uma viagem a Itália, para receber o prémio literário Taormina, e a Oxford, para receber um título honorário, em 1965.
Na generalidade, a sua obra é caracterizada pela aparente simplicidade e naturalidade e pela precisão e clareza da sua escrita.
    

 

Sombra

Que sabe
certa mulher
Sobre a hora a morte?
O.Mandelstam
Sempre mais
elegante, mais rosada, mais alta que todas,
Para que vens ao de cima do fundo dos anos tombados
E a memória rapace diante de mim faz tremular
O teu perfil transparente por trás dos vidros do coche?
Como se discutia nessa altura - tu, anjo ou pássaro!
Uma pequena palha te chamou o poeta.
Para todos por igual através das negras pestanas
Dos olhos em abismo fluía a terna luz.
Oh sombra! Perdoa-me mas o tempo claro,
Flaubert, a insónia e os lilases tardios
De ti - bela de 1913 -
E do teu dia indiferente e sem nuvens
Me fizeram lembrar... Mas tais recordações
A mim não me ficam bem. Oh sombra!

   
   
Anna Akhmatova

segunda-feira, junho 12, 2023

Estaline mandou executar o marechal Mikhail Tukhachevsky há 86 anos


Mikhail Nikolayevich Tukhachevsky (Alexandrovskoye, 16 de fevereiro de 1893 - Moscovo, 12 de junho de 1937) foi um comandante militar soviético e chefe do Exército Vermelho. Foi um dos vários comandantes do Exército Vermelho acusado de colaborar com os nazis durante o Grande Purga, sendo condenado e executado nos Processos de Moscovo.
 
Conhecido por Misha, foi um brilhante estudante e falava 4 idiomas, tendo em 1911 ingressado no Corpo de Cadetes de Catarina II, de Moscovo. Em 1914 participou da Primeira Guerra Mundial com o Regimento da Guarda Semenovsky. Em 1915 foi ferido e feito prisioneiro, permanecendo em campo de concentração, onde empreendeu numerosas tentativas de fuga. Curiosamente, neste mesmo campo, esteve preso Charles de Gaulle.
Envolvido em pleno processo revolucionário, ingressou no Partido Comunista em 1918, pouco depois de ser convocado por Trotski para o exército. Neste mesmo ano sofreu uma tragédia familiar, pois a sua esposa se suicidou para salvá-lo, pois ela havia sido apanhada em flagrante a roubar comida para a família. Casou-se novamente pouco depois, casamento esse que acabou por fracassar devido à sua dedicação à carreira. Teve uma ascensão meteórica, tendo, durante a Guerra Civil, atraído a atenção de Lenine pela extraordinária capacidade de comandar as suas unidades, sendo promovido a Comandante em Chefe da Frente Sul com apenas 26 anos. Três meses depois era comandante supremo na frente do Cáucaso.
Em 1924 começou a tarefa de reorganizar o Exército Vermelho, contrariando a cúpula dominante que contava com o apoio de Estaline. Em 1928 era Chefe do Estado-Maior Geral, porém foi sendo afastado progressivamente, pois as suas ideias chocavam frontalmente com as de Estaline. A suas origens e sua vasta cultura atuavam contra ele nesse conturbado momento de terror. Durante os anos seguintes vários de seus mentores e colegas foram sendo executados ou faleceram de forma estranha. Assim, nos últimos anos, vivia em constante terror, pois tinha a certeza de que os seus dias estavam contados. Em 1935 foi nomeado Marechal da União Soviética, mas isto seria apenas o início de seu declínio. Fez uma série de viagens pela Europa e recebeu inúmeras transferências forçadas neste período. Em 26 de maio de 1937, foi preso, julgado e executado pouco tempo depois.

Após um julgamento secreto, conhecido como Processo da Organização Militar Trotskista Anti-soviética, Tukhachevsky e mais oito outros comandantes militares foram condenados em 12 de junho de 1937 e imediatamente executados. Tukhachevsky foi morto pelo capitão da NKVD Vasili Blokhin.
Não foi comunicado a família de que o Marechal Tukhachevsky havia sido preso e executado, a sua filha soube da morte na escola quando os colegas começaram a questioná-la como filha de um traidor "fascista". Profundamente traumatizada, ela foi para casa e enforcou-se. A viúva de Tukachevsky foi presa pelo NKVD dias após o suicídio da filha, mais tarde ela ela seria deportada para os Montes Urais. Na verdade Tukhachevskaya Svetlana, a sua única filha que não se suicidou, foi enviada para um orfanato especial para os filhos dos inimigos do povo. Ela foi presa em 1944 e condenada por um órgão extrajudicial do Conselho Especial do NKVD a cinco anos de Gulag. Ela morreu em 1982. Há um documentário de 2008 da televisão russa intitulado "Kremlin Children", sobre a vida de Tukhachevskaya Svetlana.
Era um grande teórico da utilização de blindados juntamente com o apoio da infantaria.
Em 15 de fevereiro de 1963, aconteceu uma modesta cerimónia na Academia Militar Frunze, em memória do Marechal Tukhachevsky, que pretendeu de certa forma reabilitar um dos mais magníficos oficiais expurgados por Estaline, durante os dramáticos anos que precederam a Segunda Guerra Mundial.


NOTA:  Estaline conseguiu um feito quase impossível - destruir quase completamente a chefia do Exército Vermelho, antes da invasão da Alemanha nazi. Tivesse Hitler esperado mais uns meses e, se calhar, a paranoia de Estaline teria feito o que o exército nazi não conseguiu fazer...

 

quinta-feira, junho 08, 2023

O livro Nineteen Eighty-Four foi publicado há 74 anos

   
Nineteen Eighty-Four (em português: Mil Novecentos e Oitenta e Quatro ou 1984) é um romance distópico, um clássico do autor inglês Eric Arthur Blair, mais conhecido pelo pseudónimo de George Orwell. Terminado de escrever no ano de 1948 e publicado a 8 de junho de 1949, o passa-se na "Pista Número Um" (anteriormente conhecida como Grã-Bretanha), uma província do superestado da Oceania, num mundo de guerra perpétua, vigilância governamental omnipresente e manipulação pública e histórica. Os habitantes deste superestado são orquestrados por um regime político totalitário eufemisticamente chamado de "Socialismo Inglês", encurtado para "Ingsoc" na novilíngua, a linguagem inventada pelo governo. O superestado está sob o controle da elite privilegiada do Partido Interno, um partido e um governo que persegue o individualismo e a liberdade de expressão como "crime de pensamento", que é aplicado pela "Polícia do Pensamento". A tirania é ostensivamente supervisionada pelo Grande Irmão, o líder do Partido que goza de um intenso culto de personalidade, mas que talvez nem sequer exista. O Partido "busca o poder por seu próprio bem. Não está interessado no bem dos outros, está interessado unicamente no poder". O protagonista da novela, Winston Smith, é membro do Partido Externo, que trabalha para o Ministério da Verdade, que é responsável pela propaganda e pelo revisionismo histórico. O seu trabalho é reescrever artigos de jornais do passado, de modo que o registo histórico sempre apoie a ideologia do partido. Grande parte do Ministério também destrói ativamente todos os documentos que não foram editados ou revistos; desta forma, não existe nenhuma prova de que o governo esteja a mentir. Smith é um trabalhador diligente e habilidoso, mas odeia secretamente o Partido e sonha com a rebelião contra o Grande Irmão. A heroína da novela, Julia, é baseada na segunda esposa de Orwell, Sonia Orwell.
Como ficção política literária e ficção científica distópica, Nineteen Eighty-Four é um romance clássico em conteúdo, trama e estilo. Muitos dos seus termos e conceitos, como Grande Irmão, duplipensar, crime de pensamento, novilíngua, sala 101, teletela e 2 + 2 = 5, entraram em uso comum desde a sua publicação em 1949. A obra popularizou o adjetivo orwelliano, que descreve o engano oficial, a vigilância secreta e a manipulação da história registada por um estado totalitário ou autoritário. Em 2005, o romance foi escolhido pela revista Time como uma das 100 melhores romances da língua inglesa de 1923 a 2005. Foi premiado com um lugar em ambas as listas da Modern Library de 100 melhores romances. Em 2003, o livro foi listado no número 8 na pesquisa da "The Big Read" da BBC.