O Curso de Geologia de 85/90 da Universidade de Coimbra escolheu o nome de Geopedrados quando participou na Queima das Fitas.
Ficou a designação, ficaram muitas pessoas com e sobre a capa intemporal deste nome, agora com oportunidade de partilhar as suas ideias, informações e materiais sobre Geologia, Paleontologia, Mineralogia, Vulcanologia/Sismologia, Ambiente, Energia, Biologia, Astronomia, Ensino, Fotografia, Humor, Música, Cultura, Coimbra e AAC, para fins de ensino e educação.
Jorge Tuna, de nome completo Jorge Manuel Casqueiro Lopo Tuna, nascido
em 1 de julho de 1937, aqui numa foto a abrir uma interessante
entrevista dada a Baptista-Bastos, inserta no livro Fado Falado, da
coleção Um Século de Fado, da Ediclube, saído em 1999. A foto é de José
Santos. Jorge Tuna começou a tocar guitarra em Coimbra no ano de 1952.
Licenciou-se em Medicina.
António Moreira Portugal teve como professores dois guitarristas “futricas”, barbeiros de profissão e irmãos (o Flávio e o Fernando).
Nasceu em 23 de outubro de 1931, na República Centro-Africana, e morreu em Coimbra, a 26 de junho de 1994, com 63 anos.
Com um ano de idade foi viver para Coimbra (a sua família era de
Penacova) e aí fez a escola primária, os estudos secundários e se
licenciou em Direito.
Foi no Liceu D. João III que conheceu Luiz Goes e José Afonso e que
os começou a acompanhar, em 1949, com um grupo constituído por Manuel
Mora (2º guitarra) e Manuel Costa Brás (militar de Abril e ex-ministro) e
António Serrão, à viola.
Em 1951 matriculou-se na Faculdade de Direito e ingressou na Tuna
e Orfeon Académico. Em 1952 conheceu António Brojo, que o convidou para
integrar o histórico grupo de fados e guitarradas do qual faziam parte
os cantores Luiz Goes, José Afonso, Florêncio de Carvalho, Fernando
Rolim e, um pouco mais tarde, Fernando Machado Soares.
Para além de António Brojo e de António Portugal, nas guitarras,
faziam ainda parte do grupo os violas Aurélio Reis e Mário de Castro. Em
1953 – e depois de muitos anos em que não se gravaram discos de Fado de
Coimbra – o grupo liderado por António Brojo registou uma série de 8
discos de 78 rotações por minuto.
António Portugal, durante mais de 45 anos, esteve omnipresente em tudo o que se relaciona com a “Canção de Coimbra”.
De 1949 a 1994, criou uma obra ímpar, quer pela qualidade e inovação
das suas composições e arranjos, quer pela forma como sabia ensaiar os
cantores, e com eles criar uma dinâmica de acompanhamento que o
distingue de todos os outros guitarristas do seu tempo.
António Portugal deixou, de longe, a mais ampla e completa discografia do Fado e da Guitarra de Coimbra.
Embora de forma esquemática e muito resumida, o percurso musical de António Portugal poderá ser dividido em quatro fases.
A primeira, iniciática, em que António Portugal se aplica na execução
e pesquisa da guitarra, e na sua colaboração, já referida, com os
maiores e mais importantes nomes da geração de 50.
A segunda, que inicia com a formação do grupo do “Coimbra Quintet”
(Luiz Goes, Jorge Godinho – 2º guitarra, também já falecido e Manuel
Pepe e Levy Batista), corresponde à transição para a renovação do fado e
da guitarra de Coimbra, que culminou com a gravação da “Balada de
Outono”, de José Afonso e onde, pela primeira vez ao lado de António
Portugal, surge a viola de Rui Pato.
A terceira fase – início dos anos 60 – é fundamentalmente marcada pela canção de intervenção
e pelos nomes de Adriano Correia de Oliveira e Manuel Alegre. A “Trova
do vento que passa”, de que António Portugal é autor da música em conjunto com Adriano Correia de Oliveira, é o hino e o emblema da resistência ao regime e à guerra colonial.
A quarta e última fase, é também a mais longa: é o período da maturidade e da consagração.
Depois do 25 de Abril, António Portugal, que ao longo dos anos tinha
sido um ativista político persistente e eficaz na luta contra o
fascismo, “trocou” temporariamente a guitarra pela política ativa, quer
na Assembleia Municipal de Coimbra (onde foi, até à sua morte, líder da
bancada do PS), quer na Assembleia da República, como deputado.
Ultrapassado o período revolucionário de 1975 – em que a onda de
contestação não poupou também as tradições coimbrãs – e com o “regresso”
de António Brojo ao gosto e ao gozo da guitarra, reconstituiu-se o
grupo dos anos 50 e foi reiniciada uma atividade de intensa
participação, quer em espetáculos em Portugal e por todo o mundo, quer
numa série de programas para a RTP, quer ainda a gravação de uma
coletânea de 6 LP, “Tempos de Coimbra – oito décadas no canto e na
guitarra”, onde se registam, para a história – desde Augusto Hilário à
atualidade – dezenas de fados e guitarradas, fruto de laboriosa e
cuidada recolha.
A sua morte interrompeu o seu último projeto, que vinha realizando
com António Brojo, sobre a guitarra de Coimbra: ambos os solistas
preparavam um duplo álbum de guitarradas, em que alternadamente se
acompanhavam um ao outro, e que já ia a caminho da finalização.
No dia 10 de junho de 1994, quando se encontrava no Oriente para
atuar com o seu grupo nas Comemorações do Dia de Portugal, o Presidente
da República, Dr. Mário Soares, atribui-lhe, em Coimbra, a Ordem da
Liberdade.
António Portugal não teve a alegria de ver, e ostentar, essa
justíssima condecoração porque, à chegada ao aeroporto de Pedras Rubras,
foi vitimado por acidente vascular cerebral, morrendo dias depois, em
Coimbra.
Como escreveu o conceituado Rui Vieira Nery, na Revista do jornal “Expresso”,
“A morte de António Portugal, encarnação modelar da guitarra
coimbrã e de toda a tradição que nela se foi condensando ao longo destes
dois últimos séculos, deixa-nos aquela espécie de vazio doloroso que é a
de uma perda simultaneamente individual e geral. Perdemos um músico
excelente que marcou decisivamente a nossa música popular urbana dos
anos 60 e 70, mas perdemos também uma trave-mestra desse universo cada
vez mais frágil e mais difuso que é o da guitarra portuguesa e,
especificamente, o da guitarra de Coimbra”.
Balada do Encantamento - Manuel Bernardino Letra e música: D. José Pais de Almeida e Silva
Dentro de ti, ó Leiria, Vive uma moira encantada, Não sabes, é minha amada E tem por nome Maria. Leiria foste um ladrão Leiria do rio Lis. Roubaste-me o coração E, vê lá tu, sou feliz!
Filho de Francisco José de Faria e Melo Ferreira Duarte, que jogou na Académica
e foi campeão de atletismo, e da sua mulher, Maria Manuela Alegre de
Melo Duarte, a sua família tem referências na política - um dos seus
ascendentes esteve nas revoltas contra D. Miguel I,
tendo sido decapitado na Praça Nova do Porto - e no desporto - o
próprio Manuel Alegre sagrou-se campeão nacional de natação e foi atleta
internacional da Associação Académica de Coimbra nessa modalidade. A sua infância e juventude encontram-se retratadas no romance Alma (1995).
À exceção dos primeiros estudos, feitos em Águeda, frequentou diversos estabelecimentos de ensino: fez o primeiro ano do liceu no Passos Manuel, em Lisboa, no segundo esteve três meses como aluno interno no Colégio Almeida Garrett, no Cartaxo, seis meses no Colégio Castilho, em São João da Madeira, e depois foi para o Porto, concluindo os estudos secundários no Liceu Central Alexandre Herculano. Aí fundou, com José Augusto Seabra, o jornal Prelúdio.
Em 1961 é chamado a cumprir serviço militar e assenta praça na Escola Prática de Infantaria, em Mafra, de onde sai, pouco depois, para a Ilha de São Miguel. Em 1962 é mobilizado para Angola, onde é preso pela PIDE, em 1963. Regressado a Portugal, é-lhe fixada residência em Coimbra. Em 1964 exila-se em Paris.
Nessa emissora difunde conteúdos contra o regime anti-democrático português. Entretanto os seus dois primeiros livros, Praça da Canção (1965) e O Canto e as Armas (1967),
são apreendidos pela censura, mas cópias manuscritas ou
dactilografadas circulam de mão em mão, clandestinamente. Poemas seus,
cantados, entre outros, por Zeca Afonso e Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire e Luis Cília tornam-se emblemas da luta clandestina.
Uma década depois de ter partido para Argel regressa a Portugal, onde chega a 2 de maio de 1974. Entra nos quadros da Radiodifusão Portuguesa, como diretor dos Serviços Recreativos e Culturais, e é um dos fundadores (com Piteira Santos, Nuno Bragança e outros) dos Centros Populares 25 de Abril, uma organização que pretendia um papel cívico, complementar ao dos partidos.
No total foi deputado 34 anos. Reforma-se após deixar o parlamento.
Aufere uma reforma de 3219,95€ (para a qual contaram os descontos
efetuados como deputado), uma subvenção vitalícia superior a dois mil
euros mensais. A sua reforma foi motivo de diversos boatos nos meios de
comunicação social, que foram levados a Tribunal, culminando no
pagamento a Manuel Alegre de uma indemnização no valor de quarenta mil
euros, como compensação por danos morais em virtude de notícia,
publicada em junho de 2006, no jornal diário Correio da Manhã,
e que lhe imputava o recebimento de uma reforma superior a três mil
euros por escassos meses de trabalho na RDP, esquecendo os mais de 30
anos em que Manuel Alegre descontou para a Caixa Geral de Aposentações
enquanto deputado na Assembleia da República. Manuel Alegre ganhou os
recursos em sede de tribunal de primeira instância, de novo na relação
de Lisboa, e de novo em sede de Supremo Tribunal de Justiça. Acumula
ainda uma subvenção vitalícia superior a dois mil euros mensais,
aplicada a todos os titulares de cargos públicos com desempenhos
superiores a 12 anos.
Casou duas vezes, primeiro com Isabel de Sousa Pires, de quem não teve
filhos, e depois com Mafalda Maria de Campos Durão Ferreira (Lisboa, 13
de dezembro de 1947), de quem tem dois filhos e uma filha.
LIBERDADE Sobre esta página escrevo teu nome que no peito trago escrito laranja verde limão amargo e doce o teu nome. Sobre esta página escrevo o teu nome de muitos nomes feito água e fogo lenha vento primavera pátria exílio. Teu nome onde exilado habito e canto mais do que nome: navio onde já fui marinheiro naufragado no teu nome. Sobre esta página escrevo o teu nome: tempestade. E mais do que nome: sangue. Amor e morte. Navio. Esta chama ateada no meu peito por quem morro por quem vivo este nome rosa e cardo por quem livre sou cativo. Sobre esta página escrevo o teu nome: liberdade. in A Praça da Canção - Manuel Alegre (3ª Edição -1974)
Artur Paredes (Coimbra, 10 de maio de 1899 - Lisboa, 20 de dezembro de 1980) foi um compositor e intérprete de guitarra portuguesa.
É por muitos considerado o criador de uma sonoridade própria para a
guitarra de Coimbra, distinguindo-a assim da guitarra de Lisboa. Ele
nasceu numa família de músicos, o seu pai era o também guitarrista Gonçalo Paredes, que também era compositor. O seu filho foi Carlos Paredes, nascido em 1925, que também se tornou guitarrista. Artur Paredes revolucionou a afinação e o estilo de acompanhamento para o Fado de Coimbra, acrescentando o seu nome aos músicos mais progressistas e inovadores.
Filho de Joaquim Gomes de Oliveira e de sua mulher, Laura Correia, Adriano foi um intérprete do fado de Coimbra e cantor de intervenção. A sua família era marcadamente católica,
crescendo num ambiente que descreveu como «marcadamente rural, entre
videiras, cães domésticos e belas alamedas arborizadas com vista para o
rio». Depois de frequentar o Liceu Alexandre Herculano, no Porto, matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, em 1959. Viveu na Real República Ras-Teparta, foi solista no Orfeon Académico, membro do Grupo Universitário de Danças e Cantares, ator no CITAC, guitarrista no Conjunto Ligeiro da Tuna Académica e jogador de voleibol na Briosa. Na década de 60 adere ao Partido Comunista Português, envolvendo-se nas greves académicas de 62, contra o salazarismo. Nesse ano foi candidato à Associação Académica de Coimbra, numa lista apoiada pelo MUD.
Data de 1963 o seu primeiro EP, Fados de Coimbra. Acompanhado por António Portugal e Rui Pato, o álbum continha a interpretação de Trova do vento que passa, poema de Manuel Alegre, que se tornaria uma espécie de hino da resistência dos estudantes à ditadura. Em 1967 gravou o álbumAdriano Correia de Oliveira, que, entre outras canções, tinha Canção com lágrimas.
Em 1966 casa-se com Maria Matilde de Lemos de Figueiredo Leite, filha do médico António Manuel Vieira de Figueiredo Leite (Coimbra, Taveiro, 11 de outubro de 1917 - Coimbra, 22 de março de 2000) e de sua mulher Maria Margarida de Seixas Nogueira de Lemos (Salsete,
São Tomé, 13 de junho de 1923), depois casada com Carlos Acosta. O
casal, que mais tarde se separaria, veio a ter dois filhos: Isabel,
nascida em 1967, e José Manuel, nascido em 1971. Chamado a cumprir o Serviço Militar, em 1967, ficaria apenas a uma disciplina de se formar em Direito.
Lança Cantaremos, em 1970, e Gente d' aqui e de agora, em 1971, este último com o primeiro arranjo, como maestro, de José Calvário, e composição de José Niza. Em 1973 lança Fados de Coimbra, em disco, e funda a Editora Edicta, com Carlos Vargas, para se tornar produtor na Orfeu, em 1974. Participa na fundação da Cooperativa Cantabril, logo após a Revolução dos Cravos e lança, em 1975, Que nunca mais, onde se inclui o tema Tejo que levas as águas. A revista inglesa Music Week elege-o Artista do Ano. Em 1980 lança o seu último álbum, Cantigas Portuguesas, ingressando no ano seguinte na Cooperativa Era Nova, em rutura com a Cantabril.
Vítima de uma hemorragia esofágica, morreu na quinta da família, em Avintes, nos braços da sua mãe.
A 24 de setembro de 1983 foi feito Comendador da Ordem da Liberdade e a 24 de abril de 1994 foi feito Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, em ambos os casos a título póstumo.
"Augusto Hilário da Costa Alves nasceu em Viseu em 1864. No entanto, ao consultarmos a sua Certidão de Edade
no Arquivo da Universidade de Coimbra, reparamos que na transcrição do
seu registo de Baptismo, afinal, foi exposto na roda desta cidade
[Viseu] pelas cinco horas da manhã e que em vez de se chamar Augusto
Hilário refere a quem dei o nome de Lázaro Augusto.
Fica então a questão do porquê de Augusto Hilário. A resposta vem num documento anexo à Certidão de Edade referindo que no seu crisma solicitou para daí em diante se chamar Augusto Hilário (em 1877).
Quanto ao seu percurso escolar segundo João Inês Vaz e Júlio Cruz terá
principiado no Liceu de Viseu pois frequentou o Liceu de Viseu com o
intuito de fazer os estudos preparatórios para admissão à Faculdade de
Filosofia. Certo é que, em 1889, vem para Coimbra fazer os preparatórios
de Medicina. Dos Anuários da Universidade de Coimbra conclui-se que
esteve matriculado em Filosofia entre os anos letivos de 1889/1890 e
1891/1892 como aluno obrigado, sendo de destacar também que no ano
letivo de 1890/1891 frequentou a cadeira o Curso Livre de Língua Grega.
Nos anos letivos de 1892/1893 a 1895/1896 esteve matriculado em
Medicina, tendo repetido o primeiro ano, tendo falecido quase a terminar
o Curso.
Viveu na Rua Infante D. Augusto n.º 60, no Largo do Observatório n º 5, e
na Travessa de S. Pedro n.º 14. No entanto, segundo os autores já
citados, quando veio para Coimbra também se inscreveu na Marinha para
receber subsídio do Estado Português.
É claro que durante o seu tempo de estudante cantou e tocou guitarra,
tendo feito parte da Tuna Académica da Universidade de Coimbra (no tempo
em que o Doutor Egas Moniz, futuro Prémio Nobel da Medicina, era o
Presidente da Tuna). Participou também na célebre homenagem a João de
Deus, durante a qual, segundo João Inês Vaz e Júlio Cruz, após a
atuação, terá atirado a guitarra para a assistência e, claro está,
nunca mais a viu. Para obviar a falta da guitarra, valeu-lhe o Ateneu
Comercial de Lisboa que lhe ofereceu a derradeira guitarra em 1895 (a guitarra do Hilário que hoje conhecemos).
Depois de ter atuado em diversos locais do país, acabou por falecer em
Viseu no dia 3 de abril de 1896. Segundo a cópia da Certidão de Óbito na
obra dos autores referenciados, morreu pelas nove horas da noite e sem
sacramentos. Além disso, foi sepultado no cemitério público desta cidade
[Viseu]."
Faz hoje, dia 25 de março de 2013, 74 anos que PEDRO
OLIVEIRA MARQUES DE MAGALHÃES RAMALHO nasceu, em Lisboa, no ano de 1939.
Faleceu, na mesma cidade, a 20 de janeiro de 2011.
Pedro Ramalho, era filho do engenheiro António Sobral Mendes de
Magalhães Ramalho e da Sra. D. Maria Luísa Oliveira Marques, sendo um de seis
irmãos. Três rapazes, Miguel, Pedro e Paulo e três raparigas, Maria do Rosário,
Maria de Jesus e Maria Margarida. Feita a Instrução Primária, o Pedro frequenta
o Liceu Camões, onde faz o curso secundário. Candidata-se ao Instituto Superior
Técnico, em Lisboa, passa no exame de admissão ao curso de engenharia mecânica,
está no primeiro ano em 1957, e conclui a licenciatura em 1964. Gostava de cantar
e tocar viola. Pertenceu ao Orfeão Académico de Lisboa, que tinha um Grupo de
Fados e Serenatas de Coimbra, onde o Pedro veio a ser um dos cantores.
Rapidamente passa a ser o cantor de serviço e de eleição, juntamente com
Almeida e Silva, e o Durão (do Sardoal), que também cantava bem. Nas guitarras
está o Eduardo Craveiro, filho de Coimbra, que era um seguidor de Artur
Paredes, depois o Durão, o Luís Penedo, e alguns outros. Nas violas, o Seixas,
o Henrique Azevedo (futuro cunhado), e muitos outros. Faziam serenatas pela
cidade, à moda de Coimbra, e as jovens deliciavam-se. Para completar o Teotónio
Xavier, amigo do Carlos Paredes, aparecia e imitava animais, sobretudo galos de
capoeira, pondo os animais a cantar, acordando toda a vizinhança, a altas horas
da noite, recebendo em troca alguns "mimos" que não devem ficar
escritos.
No “escritório”, a cave da casa paterna na Avenida
Defensores de Chaves, em Lisboa, juntava-se a rapaziada para conversar, tocar e
cantar. Ali faziam-se os ensaios. De Fado de Coimbra, e de tudo o que cheirasse
a canto e a música. O Grupo “Os Feiticeiros”, virados para o fado de Lisboa,
também lá ensaiavam. O Durão estava em todas, e ainda tinha tempo para dizer
poesia, e animar a malta. A rapaziada amiga, de Coimbra, quando vinha a Lisboa,
por lá passava. Se não conheciam a casa, ficavam a conhecer. O estúdio, “os
comes”, a confraternização tinha fama, e chegava às margens do Mondego. Também
lá iam o Carlos Paredes, o Fernando Alvim, e muitos outros. A família Magalhães
Ramalho, oriunda dos lados de Lamego, tinha profundas ligações a Coimbra.
Por volta de 1961, Carlos Paredes achou que o Pedro
Ramalho, devia cantar canções populares das Beiras. Nesse ano, Paredes tinha um
compromisso de ir à televisão num programa de Fados de Coimbra. O cantor vinha
da Lusa Atenas. Estava na tropa, e como estamos na crise académica de 1961, as
autoridades da altura decretam que a rapaziada fica de prevenção no quartéis.
Não vem o amigo de Coimbra, mas Carlos Paredes, não se atrapalha. Vai o Pedro
Ramalho, que era ainda estudante do Técnico, e não era dado a grandes
exposições. Por fim, lá convence o Pedro a ir, e com Paredes e Fernando Alvim a
acompanhar, faz um sucesso. Tudo correu bem como era de esperar. Carlos Paredes
não disse nada, mas estava tão nervoso, que parece que deu uma fífia, que a
malta não notou. Mal acaba o programa liga ao Teotónio Xavier a perguntar-lhe
se tinha visto o programa. O Teotónio diz-lhe que sim.
Ele pergunta: - E não viste que enganei no Si menor?
O Xavier diz-lhe: - Ó homem, ninguém deu por isso!
Era assim aquela rapaziada. Carlos Paredes tinha mais
14 anos que o Pedro Ramalho, mais 9 que o Alvim, mais 8 que o Xavier, mas havia
uma sã camaradagem, que só o ano de 1974, veio criar um certo afastamento.
Situações compreensíveis, mas que não vieram a afetar o que cada um pensava
dos outros.
O Pedro Ramalho, forma-se no IST, e casa com a Maria
João em Outubro de 1964. Tem o seu primeiro emprego na Cometna. De 1965 a 1969,
está na vida militar. Nascem as filhas, a Catarina, a Mónica e a Susana. A
Maria João acompanha a prole, enquanto o Pedro lá vai seguindo a sua vida
profissional, que não possibilitava, nem grandes ensaios, nem atuações. Por
volta dos finais dos anos 70, do século passado, e por influência do Carlos
Couceiro (1933 – 2010), colega amigo, recomeça a cantar. Conhece o Dr. Carlos
Figueiredo (1923 -1999) e fazem uma serenata no castelo de S. Jorge. Nas
guitarras vai o Carlos Couceiro (1930 – 2010), o Francisco Vasconcelos, e o
Frias Gonçalves. Nas violas, para além de Carlos Figueiredo, contavam com o
Ferreira Alves (1933 – 1999), um verdadeiro mestre, prematuramente
desaparecido. Estavam todos “pendurados” na guitarra do Frias Gonçalves e na
viola do Ferreira Alves. Carlos Figueiredo, era um intérprete não muito
expressivo, mas um professor de alto gabarito. Sabia ensinar no canto, na
música, e tinha um grau de exigência muito elevado. Era um compositor com
canções muito bonitas, que estão bem cantadas e tocadas, no LP “Saudades da Rua
Larga – Fados de Coimbra”, editado em 1982, pela Rádio Triunfo Lda. O Pedro
Ramalho foi o único cantor, e este fonograma, foi o único que gravou. Neste
disco de 33 1/3 rpm, SPA, RT 10012, foi acompanhado nas guitarras, por Silva
Ramos, Fernando Xavier, Teotónio Xavier e Amado Gomes. Nas violas, por Ferreira
Alves e Carlos Figueiredo. Formavam por essa altura o Grupo de Fados
Guitarradas de Coimbra “Rua Larga”. Na contracapa do disco recolhem-se palavras
de simpatia e apoio, de Carlos Paredes, Lacerda e Megre (Pai) e de Carlos Couceiro,
este último, muito ausente do país, resultado da sua vida profissional. Carlos
Figueiredo, num parágrafo refere que o disco é uma homenagem à “Década de
Oiro”, dos anos 20, do Fado de Coimbra.
Quanto às composições cantadas e instrumentais, temos
(expressos como vêm na contracapa do disco):
Andam pela terra os poetas Andam p'la terra os poetas, Dizem que são de ficar Dizem que são de ficar São como filhos das ervas. Andam p'la terra os poetas, Vivem da luz do luar Crescem ao som das estrelas Vivem da luz do luar. Crescem ao som das estrelas Vivem da luz do luar. . Andam p'la terra os poetas, Numa canção de embalar Numa canção de embalar Moram na brisa das velas. Andam p'la terra os poetas, Nas ondas altas do mar Andam p'la terra os poetas Nas ondas altas do mar. Andam p'la terra os poetas Nas ondas altas do mar.
Voz: Luiz Goes Compositores: Letra, Carlos Carranca; Música, João Moura