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sexta-feira, maio 24, 2024

Ferreira de Castro nasceu há 126 anos


José Maria Ferreira de Castro (Ossela, Oliveira de Azeméis, 24 de maio de 1898 - Porto, 29 de junho de 1974) foi um escritor português.

Com o seu nome existem uma biblioteca e uma escola secundária, em Oliveira de Azeméis, e uma escola secundária e um museu, em Sintra.

 

Relevância da obra

Emigrante, homem do jornalismo, mas sobretudo ficcionista, é hoje em dia, ainda, um dos autores com maior obra traduzida em todo o mundo, podendo-se incluir a sua obra na categoria de literatura universal moderna, precursora do neorrealismo, de escrita caracteristicamente identificada com a intervenção social e ideológica.

A exemplo da sua ainda grande atualidade pode referir-se a recente adaptação ao cinema, com muito sucesso, da sua obra A Selva.

 

sexta-feira, novembro 17, 2023

Mário Dionísio morreu há trinta anos...

(imagem daqui)

   

Mário Dionísio de Assis Monteiro (Lisboa, 16 de julho de 1916 - Lisboa, 17 de novembro de 1993) foi um crítico, escritor, pintor e professor português.

Personalidade multifacetada (poeta, romancista, ensaísta, crítico, pintor...) Mário Dionísio teve uma ação cívica e cultural marcante no século XX português, com particular incidência nos domínios literário e artístico.

 

O Músico, 1948

   

Biografia

Mário Dionísio de Assis Monteiro nasceu em 16 de julho de 1916, em Lisboa.

Filho de Eurico Monteiro, comerciante, oficial miliciano da Administração Militar, e Julieta Goulart Parreira Monteiro, doméstica com o curso superior de Piano. É pai de Eduarda Dionísio.

Licenciou-se em Filologia Românica, em 1940, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Foi professor do ensino liceal e secundário e docente na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, depois da Revolução do 25 de Abril.

Mário Dionísio foi opositor do Estado Novo, tendo estado ligado ao Partido Comunista Português, do qual se afastou na década de 50.

 

A obra literária

Foi autor de uma obra literária autónoma (poesia, conto, romance); fez crítica literária e de artes plásticas; realizou conferências, interveio em debates; colaborou em diversas publicações periódicas, entre as quais Seara Nova, Vértice, Diário de Lisboa, Mundo Literário, Ge de todas as Artes e na revista Arte Opinião (1978-1982). Prefaciou obras de autores como Manuel da Fonseca, Carlos de Oliveira, José Cardoso Pires e Alves Redol

 

As artes plásticas: pintor e crítico

Teve uma forte ligação às artes plásticas. Além da atividade como pintor (desde 1941), foi um dos principais impulsionadores das Exposições Gerais de Artes Plásticas; integrou o júri da II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian; foi autor de inúmeros textos, de diversa ordem, das simples críticas até à publicação de referência que é A Paleta e o Mundo; etc.

Enquanto artista plástico usou os pseudónimos de Leandro Gil e José Alfredo Chaves. Participou em diversas exposições coletivas, nomeadamente nas Exposições Gerais de Artes Plásticas de 1947, 48, 49, 50, 51 e 53. Realizou a sua primeira exposição individual de pintura em 1989.

 

O neorrealismo

Mário Dionísio desempenhou um papel de relevo na teorização do neo-realismo português, "movimento literário que, nos anos de 1940 e 1950, à luz do materialismo histórico, valorizou a dimensão ideológica e social do texto literário, enquanto instrumento de intervenção e de consciencialização". No contexto das tentativas de reforma cultural encetada pelos intelectuais dessa corrente, através de palestras e outras ações culturais, "participou num esforço conjunto de aproximar a arte e o público, de que resultou, por exemplo, a obra A Paleta e o Mundo, constituída por uma série de lições sobre a arte moderna. Poeta e ficcionista empenhado, fiel ao «novo humanismo», atento à verdade do indivíduo, às suas dolorosas contradições, acolheu, na sua obra, o espírito de modernidade e as revoluções linguísticas e narrativas da arte contemporânea".

Mário Dionísio morreu em 17 de novembro de 1993, em Lisboa, vítima de ataque cardíaco.

 

in Wikipédia

 

Para Ser Lido Mais Tarde

 

Um dia
quando já não vieres dizer-me Vem
jantar

quando já não tiveres dificuldade
em chegar ao puxador
da porta quando

já não vieres dizer-me Pai
vem ver os meus deveres

quando esta luz que trazes nos cabelos
já não escorrer nos papéis em que trabalho

para ti será o começo de tudo

Uma outra vida haverá talvez para os teus sonhos
um outro mundo acolherá talvez enfim a tua oferenda

Hás-de ter alguma impaciência enquanto falo
Ouvirás com encanto alguém que não conheço
nem talvez ainda exista neste instante

Mas para mim será já tão frio e já tão tarde

E nem mesmo uma lembrança amarga
ou doce ficará
desta hora redonda
em que ninguém repara 

 


Mário Dionísio

sexta-feira, julho 07, 2023

Mário Sacramento nasceu há 103 anos


Mário Emílio de Morais Sacramento (Ílhavo, 7 de julho de 1920 - Porto, 27 de março de 1969) foi um médico, escritor neorrealista, ensaísta e político antifascista revolucionário comunista português que se destacou como uma importante figura do movimento de oposição democrática ao regime do Estado Novo.

 

in Wikipédia

quarta-feira, maio 24, 2023

Ferreira de Castro nasceu há 125 anos


José Maria Ferreira de Castro (Ossela, Oliveira de Azeméis, 24 de maio de 1898 - Porto, 29 de junho de 1974) foi um escritor português.

Com o seu nome existem uma biblioteca e uma escola secundária, em Oliveira de Azeméis, e uma escola secundária e um museu, em Sintra. 

 

Biografia

Filho mais velho de José Eustáquio Ferreira de Castro e de Maria Rosa Soares de Castro. Aos 8 anos ficou órfão de pai, um camponês pobre e decide, aos 12 anos, emigrar com a intenção de sustentar a família. A 7 de Janeiro de 1911 embarcou no vapor "Jerôme" com destino a Belém do Pará, no Brasil. Ali viria a publicar o seu primeiro romance, Criminoso por ambição, em 1916.

Durante quatro anos viveu no seringal Paraíso, em plena floresta amazónica, junto à margem do rio Madeira. Depois de partir do seringal Paraíso, viveu em precárias condições, tendo de recorrer a trabalhos como, colar cartazes, embarcadiço em navios do Amazonas, etc.

Mais tarde, em Portugal, foi redator do jornal O Século, do jornal A Batalha, diretor do jornal O Diabo e colaborador das revistas O domingo ilustrado (1925-1927), Renovação (1925-1926) e Ilustração (iniciada em 1926). Ao serviço do jornal de Pereira da Rosa, assinou crónicas vibrantes, como o dia em que se deixou prender no Limoeiro para testemunhar a vida dos reclusos nas cadeias portuguesas ou a sua entrevista exclusiva em Dublin com Eamon de Valera, líder do Sinn Fein em 1930.

Em 1930 publica A Selva, a obra que o tornaria um escritor de dimensão internacional, inclusive candidato ao Prémio Nobel. O livro recebe críticas positivas no The New York Times e abre-lhe caminho em Hollywood e possibilita-lhe o ingresso no Pen Clube francês. Nessa altura perde tragicamente a esposa, Diana de Liz, a quem dedicou o livro.

Após o falecimento da esposa, Ferreira de Castro partiu para Inglaterra de barco, na companhia do escritor Assis Esperança. Fica doente, com septicemia, mas é tratado pelo médico e historiador de arte Reynaldo dos Santos. Em consequência do estado de luto, em dezembro de 1931 Ferreira de Castro tenta o suicídio sem sucesso. Para convalescer parte para a Madeira, onde escreve o romance Eternidade (1933), cujo tema é a obsessão pela morte.

Ferreira de Castro ordenou a transladação dos ossos da esposa Diana e erigiu-lhe um mausoléu.

Faleceu em 1974, pouco depois do 25 de abril, tendo chegado a desfilar no 1º de maio, Dia do Trabalhador. Encontra-se enterrado em Sintra, por sua expressa vontade.

Busto do autor de A Selva em Manaus

   

Vida pessoal

Foi casado com Diana de Liz, escritora, defensora da emancipação feminina, que morreu em 1930 de causas desconhecidas. Voltou a casar-se com Elena Muriel, pintora espanhola refugiada no Estoril. Com ela viveu quarenta anos e teve uma filha, Elsa Beatriz.

 

Relevância da obra

Emigrante, homem do jornalismo, mas sobretudo ficcionista, é hoje em dia, ainda, um dos autores com maior obra traduzida em todo o mundo, podendo-se incluir a sua obra na categoria de literatura universal moderna, precursora do neorrealismo, de escrita caracteristicamente identificada com a intervenção social e ideológica.

A exemplo da sua ainda grande atualidade pode referir-se a recente adaptação ao cinema, com muito sucesso, da sua obra A Selva.

 

quinta-feira, novembro 17, 2022

Mário Dionísio morreu há 29 anos...

(imagem daqui)

   

Mário Dionísio de Assis Monteiro (Lisboa, 16 de julho de 1916 - Lisboa, 17 de novembro de 1993) foi um crítico, escritor, pintor e professor português.

Personalidade multifacetada (poeta, romancista, ensaísta, crítico, pintor...) Mário Dionísio teve uma ação cívica e cultural marcante no século XX português, com particular incidência nos domínios literário e artístico.

 

O Músico, 1948

   

Biografia

Mário Dionísio de Assis Monteiro nasceu em 16 de julho de 1916, em Lisboa.

Filho de Eurico Monteiro, comerciante, oficial miliciano da Administração Militar, e Julieta Goulart Parreira Monteiro, doméstica com o curso superior de Piano. É pai de Eduarda Dionísio.

Licenciou-se em Filologia Românica, em 1940, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Foi professor do ensino liceal e secundário e docente na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, depois da Revolução do 25 de Abril.

Mário Dionísio foi opositor do Estado Novo, tendo estado ligado ao Partido Comunista Português, do qual se afastou na década de 50.

 

A obra literária

Foi autor de uma obra literária autónoma (poesia, conto, romance); fez crítica literária e de artes plásticas; realizou conferências, interveio em debates; colaborou em diversas publicações periódicas, entre as quais Seara Nova, Vértice, Diário de Lisboa, Mundo Literário, Ge de todas as Artes e na revista Arte Opinião (1978-1982). Prefaciou obras de autores como Manuel da Fonseca, Carlos de Oliveira, José Cardoso Pires e Alves Redol

 

As artes plásticas: pintor e crítico

Teve uma forte ligação às artes plásticas. Além da atividade como pintor (desde 1941), foi um dos principais impulsionadores das Exposições Gerais de Artes Plásticas; integrou o júri da II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian; foi autor de inúmeros textos, de diversa ordem, das simples críticas até à publicação de referência que é A Paleta e o Mundo; etc.

Enquanto artista plástico usou os pseudónimos de Leandro Gil e José Alfredo Chaves. Participou em diversas exposições coletivas, nomeadamente nas Exposições Gerais de Artes Plásticas de 1947, 48, 49, 50, 51 e 53. Realizou a sua primeira exposição individual de pintura em 1989.

 

O neorrealismo

Mário Dionísio desempenhou um papel de relevo na teorização do neo-realismo português, "movimento literário que, nos anos de 1940 e 1950, à luz do materialismo histórico, valorizou a dimensão ideológica e social do texto literário, enquanto instrumento de intervenção e de consciencialização". No contexto das tentativas de reforma cultural encetada pelos intelectuais dessa corrente, através de palestras e outras ações culturais, "participou num esforço conjunto de aproximar a arte e o público, de que resultou, por exemplo, a obra A Paleta e o Mundo, constituída por uma série de lições sobre a arte moderna. Poeta e ficcionista empenhado, fiel ao «novo humanismo», atento à verdade do indivíduo, às suas dolorosas contradições, acolheu, na sua obra, o espírito de modernidade e as revoluções linguísticas e narrativas da arte contemporânea".

Mário Dionísio morreu em 17 de novembro de 1993, em Lisboa, vítima de ataque cardíaco.

 

in Wikipédia

 

Para Ser Lido Mais Tarde

 

Um dia
quando já não vieres dizer-me Vem
jantar

quando já não tiveres dificuldade
em chegar ao puxador
da porta quando

já não vieres dizer-me Pai
vem ver os meus deveres

quando esta luz que trazes nos cabelos
já não escorrer nos papéis em que trabalho

para ti será o começo de tudo

Uma outra vida haverá talvez para os teus sonhos
um outro mundo acolherá talvez enfim a tua oferenda

Hás-de ter alguma impaciência enquanto falo
Ouvirás com encanto alguém que não conheço
nem talvez ainda exista neste instante

Mas para mim será já tão frio e já tão tarde

E nem mesmo uma lembrança amarga
ou doce ficará
desta hora redonda
em que ninguém repara 

 


Mário Dionísio

terça-feira, maio 24, 2022

Ferreira de Castro nasceu há 124 anos



José Maria Ferreira de Castro (Ossela, Oliveira de Azeméis, 24 de maio de 1898 - Porto, 29 de junho de 1974) foi um escritor português.

Com o seu nome existem uma biblioteca e uma escola secundária, em Oliveira de Azeméis, e uma escola secundária e um museu, em Sintra. 

 

Biografia

Filho mais velho de José Eustáquio Ferreira de Castro e de Maria Rosa Soares de Castro. Aos 8 anos ficou órfão de pai, um camponês pobre e decide, aos 12 anos, emigrar com a intenção de sustentar a família. A 7 de Janeiro de 1911 embarcou no vapor "Jerôme" com destino a Belém do Pará, no Brasil. Ali viria a publicar o seu primeiro romance, Criminoso por ambição, em 1916.

Durante quatro anos viveu no seringal Paraíso, em plena floresta amazónica, junto à margem do rio Madeira. Depois de partir do seringal Paraíso, viveu em precárias condições, tendo de recorrer a trabalhos como, colar cartazes, embarcadiço em navios do Amazonas, etc.

Mais tarde, em Portugal, foi redator do jornal O Século, do jornal A Batalha, diretor do jornal O Diabo e colaborador das revistas O domingo ilustrado (1925-1927), Renovação (1925-1926) e Ilustração (iniciada em 1926). Ao serviço do jornal de Pereira da Rosa, assinou crónicas vibrantes, como o dia em que se deixou prender no Limoeiro para testemunhar a vida dos reclusos nas cadeias portuguesas ou a sua entrevista exclusiva em Dublin com Eamon de Valera, líder do Sinn Fein em 1930.

Em 1930 publica A Selva, a obra que o tornaria um escritor de dimensão internacional, inclusive candidato ao Prémio Nobel. O livro recebe críticas positivas no The New York Times e abre-lhe caminho em Hollywood e possibilita-lhe o ingresso no Pen Clube francês. Nessa altura perde tragicamente a esposa, Diana de Liz, a quem dedicou o livro.

Após o falecimento da esposa, Ferreira de Castro partiu para Inglaterra de barco, na companhia do escritor Assis Esperança. Fica doente, com septicemia, mas é tratado pelo médico e historiador de arte Reynaldo dos Santos. Em consequência do estado de luto, em dezembro de 1931 Ferreira de Castro tenta o suicídio sem sucesso. Para convalescer parte para a Madeira, onde escreve o romance Eternidade (1933), cujo tema é a obsessão pela morte.

Ferreira de Castro ordenou a transladação dos ossos da esposa Diana e erigiu-lhe um mausoléu.

Faleceu em 1974, pouco depois do 25 de abril, tendo chegado a desfilar no 1º de maio, Dia do Trabalhador. Encontra-se enterrado em Sintra, por sua expressa vontade.

Busto do autor de A Selva em Manaus

   

Vida pessoal

Foi casado com Diana de Liz, escritora, defensora da emancipação feminina, que morreu em 1930 de causas desconhecidas. Voltou a casar-se com Elena Muriel, pintora espanhola refugiada no Estoril. Com ela viveu 40 anos e teve uma filha, Elsa Beatriz.

 

Relevância da obra

Emigrante, homem do jornalismo, mas sobretudo ficcionista, é hoje em dia, ainda, um dos autores com maior obra traduzida em todo o mundo, podendo-se incluir a sua obra na categoria de literatura universal moderna, precursora do neorrealismo, de escrita caracteristicamente identificada com a intervenção social e ideológica.

A exemplo da sua ainda grande atualidade pode referir-se a recente adaptação ao cinema, com muito sucesso, da sua obra A Selva.

 

in Wikipédia

quarta-feira, novembro 17, 2021

Mário Dionísio morreu há 28 anos

(imagem daqui)

 

Mário Dionísio de Assis Monteiro (Lisboa, 16 de julho de 1916 - Lisboa, 17 de novembro de 1993) foi um crítico, escritor, pintor e professor português.

Personalidade multifacetada – poeta, romancista, ensaísta, crítico, pintor –, Mário Dionísio teve uma ação cívica e cultural marcante no século XX português, com particular incidência nos domínios literário e artístico.

 

O Músico, 1948

 

Biografia

Mário Dionísio de Assis Monteiro nasceu em 16 de julho de 1916, em Lisboa.

Filho de Eurico Monteiro, comerciante, oficial miliciano da Administração Militar, e Julieta Goulart Parreira Monteiro, doméstica com o curso superior de Piano. É pai de Eduarda Dionísio.

Licenciou-se em Filologia Românica, em 1940, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Foi professor do ensino liceal e secundário e docente na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, depois da Revolução do 25 de Abril.

Mário Dionísio foi opositor do Estado Novo, tendo estado ligado ao Partido Comunista Português, do qual se afastou na década de 50.

 

A obra literária

Foi autor de uma obra literária autónoma (poesia, conto, romance); fez crítica literária e de artes plásticas; realizou conferências, interveio em debates; colaborou em diversas publicações periódicas, entre as quais Seara Nova, Vértice, Diário de Lisboa, Mundo Literário, Ge de todas as Artes e na revista Arte Opinião [6] (1978-1982). Prefaciou obras de autores como Manuel da Fonseca, Carlos de Oliveira, José Cardoso Pires e Alves Redol

 

As artes plásticas: pintor e crítico

Teve uma forte ligação às artes plásticas. Além da actividade como pintor (desde 1941), foi um dos principais impulsionadores das Exposições Gerais de Artes Plásticas; integrou o júri da II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian; foi autor de inúmeros textos, de diversa ordem, das simples críticas até à publicação de referência que é A Paleta e o Mundo; etc.

Enquanto artista plástico usou os pseudónimos de Leandro Gil e José Alfredo Chaves. Participou em diversas exposições colectivas, nomeadamente nas Exposições Gerais de Artes Plásticas de 1947, 48, 49, 50, 51 e 53. Realizou a sua primeira exposição individual de pintura em 1989.

 

O neorrealismo

Mário Dionísio desempenhou um papel de relevo na teorização do neo-realismo português, "movimento literário que, nos anos de 1940 e 1950, à luz do materialismo histórico, valorizou a dimensão ideológica e social do texto literário, enquanto instrumento de intervenção e de consciencialização". No contexto das tentativas de reforma cultural encetada pelos intelectuais dessa corrente, através de palestras e outras ações culturais, "participou num esforço conjunto de aproximar a arte e o público, de que resultou, por exemplo, a obra A Paleta e o Mundo, constituída por uma série de lições sobre a arte moderna. Poeta e ficcionista empenhado, fiel ao «novo humanismo», atento à verdade do indivíduo, às suas dolorosas contradições, acolheu, na sua obra, o espírito de modernidade e as revoluções linguísticas e narrativas da arte contemporânea".

Mário Dionísio morreu em 17 de novembro de 1993, em Lisboa, vítima de ataque cardíaco.

 

in Wikipédia

 Para Ser Lido Mais Tarde

 

Um dia
quando já não vieres dizer-me Vem
jantar

quando já não tiveres dificuldade
em chegar ao puxador
da porta quando

já não vieres dizer-me Pai
vem ver os meus deveres

quando esta luz que trazes nos cabelos
já não escorrer nos papéis em que trabalho

para ti será o começo de tudo

Uma outra vida haverá talvez para os teus sonhos
um outro mundo acolherá talvez enfim a tua oferenda

Hás-de ter alguma impaciência enquanto falo
Ouvirás com encanto alguém que não conheço
nem talvez ainda exista neste instante

Mas para mim será já tão frio e já tão tarde

E nem mesmo uma lembrança amarga
ou doce ficará
desta hora redonda
em que ninguém repara 

 


Mário Dionísio

terça-feira, junho 29, 2021

Ferreira de Castro morreu há 47 anos


José Maria Ferreira de Castro (Ossela, Oliveira de Azeméis, 24 de maio de 1898 - Porto, 29 de junho de 1974) foi um escritor português.

Com o seu nome existem uma biblioteca e uma escola secundária, em Oliveira de Azeméis, e uma escola secundária e um museu, em Sintra. 

 

Biografia

Filho mais velho de José Eustáquio Ferreira de Castro e de Maria Rosa Soares de Castro. Aos 8 anos ficou órfão de pai, um camponês pobre e decide, aos 12 anos, emigrar com a intenção de sustentar a família. A 7 de Janeiro de 1911 embarcou no vapor "Jerôme" com destino a Belém do Pará, no Brasil. Ali viria a publicar o seu primeiro romance, Criminoso por ambição, em 1916.

Durante quatro anos viveu no seringal Paraíso, em plena floresta amazónica, junto à margem do rio Madeira. Depois de partir do seringal Paraíso, viveu em precárias condições, tendo de recorrer a trabalhos como, colar cartazes, embarcadiço em navios do Amazonas, etc.

Mais tarde, em Portugal, foi redator do jornal O Século, do jornal A Batalha, diretor do jornal O Diabo e colaborador das revistas O domingo ilustrado (1925-1927), Renovação (1925-1926) e Ilustração (iniciada em 1926). Ao serviço do jornal de Pereira da Rosa, assinou crónicas vibrantes, como o dia em que se deixou prender no Limoeiro para testemunhar a vida dos reclusos nas cadeias portuguesas ou a sua entrevista exclusiva em Dublin com Eamon de Valera, líder do Sinn Fein em 1930.

Em 1930 publica A Selva, a obra que o tornaria um escritor de dimensão internacional, inclusive candidato ao Prémio Nobel. O livro recebe críticas positivas no The New York Times e abre-lhe caminho em Hollywood e possibilita-lhe o ingresso no Pen Clube francês. Nessa altura perde tragicamente a esposa, Diana de Liz, a quem dedicou o livro.

Após o falecimento da esposa, Ferreira de Castro partiu para Inglaterra de barco, na companhia do escritor Assis Esperança. Fica doente, com septicemia, mas é tratado pelo médico e historiador de arte Reynaldo dos Santos. Em consequência do estado de luto, em dezembro de 1931 Ferreira de Castro tenta o suicídio sem sucesso. Para convalescer parte para a Madeira, onde escreve o romance Eternidade (1933), cujo tema é a obsessão pela morte.

Ferreira de Castro ordenou a transladação dos ossos da esposa Diana e erigiu-lhe um mausoléu.

Faleceu em 1974, pouco depois do 25 de abril, tendo chegado a desfilar no 1º de maio, Dia do Trabalhador. Encontra-se enterrado em Sintra, por sua expressa vontade.

Busto do autor de A Selva em Manaus

   

Vida pessoal

Foi casado com Diana de Liz, escritora, defensora da emancipação feminina, que morreu em 1930 de causas desconhecidas. Voltou a casar-se com Elena Muriel, pintora espanhola refugiada no Estoril. Com ela viveu 40 anos e teve uma filha, Elsa Beatriz.

 

Relevância da obra

Emigrante, homem do jornalismo, mas sobretudo ficcionista, é hoje em dia, ainda, um dos autores com maior obra traduzida em todo o mundo, podendo-se incluir a sua obra na categoria de literatura universal moderna, precursora do neorrealismo, de escrita caracteristicamente identificada com a intervenção social e ideológica.

A exemplo da sua ainda grande atualidade pode referir-se a recente adaptação ao cinema, com muito sucesso, da sua obra A Selva.

 

in Wikipédia