David Livingstone nasceu em
Blantyre, a
sul de
Glasgow, em 19 de março de
1813.
Aos 10 anos começou a trabalhar na fábrica local de algodão, tendo aulas
na escola à noite. Em 1834, perante os apelos da Igreja Presbiteriana,
que queria mandar missionários para a China, decidiu preparar-se para
assumir essa função. Em 1836, ele começou a estudar grego, medicina e
teologia em Glasgow, na Escócia e decidiu tornar-se um missionário
médico. Em 1841, ele foi colocado à beira do deserto do
Kalahari, na
África Austral. Em 1845, ele se casou com
Mary Moffat, filha de um colega missionário.
Livingstone sentiu-se fascinado pela missão de chegar a novos
povos no interior da
África
e apresentá-los ao cristianismo, bem como libertá-los de escravidão.
Foi isso que inspirou suas explorações. Em 1849 e 1851, ele viajou por
todo o
deserto do Kalahari, na segunda visita ao
rio Zambeze.
Em 1842, ele começou uma expedição de quatro anos para encontrar uma
rota a partir do Alto Zambeze à costa. Esta enorme expedição contribuiu
para o preenchimento das lacunas do conhecimento ocidental sobre a
África central e do sul. Em 1855, Livingstone descobriu uma espetacular
catarata, a qual ele chamou de
Victoria Falls (em português:
Cataratas Vitória). Ele ainda chegou à foz do
Rio Zambeze sobre o
Oceano Índico, em maio de 1856, tornando-se o primeiro europeu a atravessar a largura da África meridional.
David Livingstone não foi o primeiro, mas com certeza o maior explorador da
África.
Quando embarcou pela primeira vez para o continente negro, em 1841,
pretendia atuar principalmente como missionário. Constatou logo que as
missões em território pouco povoado não seriam promissoras, se não
viajasse muito e visitasse os "selvagens" – como os negros eram chamados
pelos colonizadores. Ao todo, ele percorreu 48 mil quilómetros em
terras africanas. Numa aventura de mais de 15 anos, atravessou duas
vezes o deserto do
Kalahari, navegou o
rio Zambeze de
Angola até
Moçambique, procurou as fontes do
rio Nilo, descobriu as
cataratas Vitória e foi o primeiro europeu a atravessar o
lago Tanganica. Cruzou o
Uganda, a
Tanzânia e o
Quénia. Andava a pé, em carros de boi e em canoas. Nas aldeias, tratava dos doentes, conquistando assim a amizade dos nativos.
Combateu, desde o início, o tráfico de escravos que, embora proibido
no império britânico desde 1833, ainda era praticado pelos portugueses e
árabes. O objetivo de Livingstone era levar o livre comércio, o
cristianismo e a civilização para o interior do continente africano. No
entanto, mesmo apesar de ser contra a escravidão, David Livingstone se
valia da "ajuda" dos nativos até mesmo para carregá-lo nos braços
durante as suas viagens.
Descobertas
Durante a sua atividade missionária, ele ouvira falar de regiões frutíferas além do deserto de
Kalahari.
Em 1849, partiu com a família e um amigo em direção ao norte. Enfrentou
o calor inclemente e a escassez de água do deserto, até descobrir o
lago Ngami – seu primeiro êxito de descobridor. De 1852 a 1856, viajou pelo
rio Zambeze, cruzando quase todo continente africano, de leste a oeste.
De volta à
Inglaterra, Livingstone publicou, em 1857, o livro "
Viagens missionárias e pesquisas na África do Sul", um
bestseller. Famoso, passou a trabalhar para o governo britânico. A serviço da
Royal Geographical Society, partiu em 1865 à procura da nascente do
rio Nilo. Foi atacado impiedosamente pela
malária, a
sua velha "companheira" de viagens. Além disso, ele se encontrava numa região
completamente desconhecida e hostil. Muitas tribos o viam como
traficante de escravos. A sua esposa morreu de
malária em 1862, um amargo golpe, e, em 1864, ele foi convocado pelo governo a retornar trazendo os resultados de suas viagens.
Em sua penúltima expedição, partiu de
Zanzibar, na costa oriental da África, e queria chegar ao
lago Niassa.
Abandonado pelos guias africanos, que fugiram com a comida e os
remédios, e enfraquecido pela malária, o explorador chegou à aldeia de
Ujiji, na margem
tanzaniana do
lago Tanganica. Na
Europa,
nesta altura, ele já era dado como desaparecido. Supunha-se que
estivesse mortalmente enfermo nas selvas africanas ou tivesse sido
assassinado. Só nos
Estados Unidos ainda se acreditava encontrá-lo vivo. Esta expedição durou de 1866 até a morte de Livingstone, em 1873.
Em março de 1871, o editor
James Gordon Bennett encarregou o jornalista
Henry Morton Stanley, correspondente em
Madrid do jornal
New York Herald, de procurar Livingstone, de quem não se tinha nenhuma notícia há vários
meses, e contar sua história. Com o auxílio de 200 carregadores, o
repórter finalmente encontrou o explorador, aos 58 anos de idade,
esqueleticamente magro, em
Ujiji, nas margens do
Lago Tanganica, na atual região
tanzaniana de
Kigoma. Este encontro se deu entre a segunda
quinzena do mês de
outubro e a primeira quinzena do mês de
novembro de
1871,
sendo que não há uma data exata, já que o diário de Livingstone sugere
que o encontro aconteceu entre os dias 24 e 28 de outubro de
1871, enquanto que o diário de Stanley afirma que o encontro ocorreu no dia
10 de novembro de
1871. No momento em que os dois se encontraram,
Henry Morton Stanley
proferiu a famosa e sarcástica frase: "Dr. Livingstone, presumo?",
tendo Livingstone respondido: "Sim, e eu sinto-me grato por eu estar
aqui para recebê-lo."
Depois de recuperar as suas forças com os alimentos e remédios levados pelo jornalista, Livingstone acompanhou
Stanley em viagens ao extremo norte do
lago Tanganica. Quando se preparava para retornar aos
EUA, Stanley insistiu para que o explorador voltasse à
Inglaterra, porém o fanático pesquisador resistiu. Passou os seus últimos dias de vida errante na região do
lago Bangweulu, na atual
Zâmbia.
Morte
David Livingstone morreu orando. Os seus auxiliares de confiança
Chuma,
Suza Mniasere e
Vchopere, enterraram o seu coração e as suas
vísceras debaixo de uma árvore, onde em
1902 foi erguido o atual
Memorial Livingstone. Depois disso, eles lavaram o corpo de Livingstone com sal e aguardente e o puseram a secar ao sol.
Envolto numa manta de lã e dentro de uma caixa de casca de árvore, o corpo de Livingstone foi levado pelos seus auxiliares até
Bagamoyo, de onde o corpo foi levado de navio até o
Reino Unido.
Livingstone foi o primeiro a descrever a geografia, a estrutura social,
os animais e as plantas do continente africano. Contudo, seu trabalho
como missionário teve menor êxito do que o de descobridor. Hoje, os
restos mortais do explorador (exceto o coração e as vísceras) se
encontram enterrados na
Abadia de Westminster, em
Londres.