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quarta-feira, janeiro 11, 2023

Alberto Giacometti morreu há 57 anos


Alberto Giacometti (Borgonovo di Stampa, 10 de outubro de 1901 - Coira, 11 de janeiro de 1966) foi um artista plástico suíço que se distinguiu pelas suas esculturas e pinturas surrealistas, inicialmente, e expressionistas, posteriormente. 

 

Vida 

Filho do pintor Giovanni Giacometti (impressionista), estudou em Genebra, Roma e a partir de 1922 em França

Alberto Giacometti nasceu em 1901, em Borgonovo, e morreu em 1966, em Chur. Inicia a sua formação em Genebra, deslocando-se em 1923 para Paris, onde estuda com Antoine Bourdelle. Nessa época conheceu alguns dos principais pintores dadaístas, cubistas e surrealistas que influenciaram o seu início de carreira.

Adere ao movimento surrealista entre 1930 e 1934, período em que produziu algumas obras fundamentais para a caracterização da escultura surrealista, como L'Heure des Traces (1930), O Palácio às Quatro da Manhã (1932) e Mãos Sustentando o Vazio (1934). Esta última escultura valeu-lhe a admiração de André Breton, o autor do Manifesto Surrealista.

O escritor James Lord posou para o último retrato de Giacometti e escreveu um livro sobre o escultor que foi transformado em filme dirigido por Stanley Tucci

 

Obra

Nos trabalhos realizados depois da Segunda Guerra Mundial, onde a figura humana protagoniza as suas pesquisas plásticas, Giacometti recupera a capacidade expressiva da imagem e do objeto, acompanhando a tendência neo-figurativa que, nestes anos, marca o percurso criativo de vários artistas plásticos. Esta representação do corpo humano marca o período mais original de Giacometti.

A recorrência dos temas e das soluções plásticas adotadas resulta de um posicionamento teórico identificado com a filosofia existencialista, como o testemunha a amizade entre Giacometti e Jean-Paul Sartre. O existencialismo na obra de Giacometti traduz-se numa essencialidade e numa repetição dos meios expressivos e dos gestos formais, que imprimem à figura humana uma significação fundamental: uma linha vertical confrontando com a horizontalidade do mundo. A deformação dramática das proporções, o alongamento das formas e a manipulação da superfície e da textura acentuam a materialidade dos objetos e a capacidade expressiva e poética da obra de arte. As personagens, isoladas ou em grupos, exprimem um sentido de individualismo e de descontextualização, acentuado pela própria escala das esculturas. Destacam-se, entre as inúmeras obras executadas durante o final da década de 40 e da década seguinte, as esculturas L'Homme qui marche, representado, atualmente, na nota de cem francos suíços. Também era sua a escultura mais cara do mundo, vendida por 74.2 milhões de euros em 3 de fevereiro de 2010.

 


quinta-feira, janeiro 05, 2023

João Cutileiro morreu há dois anos...


   

João Pires Cutileiro (Lisboa, 26 de junho de 1937Lisboa, 5 de janeiro de 2021) foi um escultor português.  


Vida

De família burguesa, de raízes alentejanas, nasceu em Lisboa. Sua mãe, de nome Amália Pires, dona de casa, era de Pavia, no Alto Alentejo, e foi viver para Évora, onde se casou com José Cutileiro, um médico da Organização Mundial da Saúde aí sediado. Dos três filhos do casal, João Cutileiro era o do meio, sendo irmão de José Cutileiro. Em Lisboa, a família Cutileiro vivia na Av. Elias Garcia, numa casa afamada por ser frequentada pela chamada intelligentsia, um grupo de personalidades da época. António Pedro, um deles, trá-lo para desenhar no seu atelier, em 1946. Durante os dois anos que aí trabalhou, foi fortemente influenciado pelo Surrealismo. A família do pai era republicana e oposicionista ao regime do Estado Novo; a família da mãe era católica conservadora, além de apoiante do regime de Salazar.

Quando tinha seis anos, a família deixou a cidade de Évora e passou a viver em Lisboa. Mais tarde, o seu pai, sofrendo constrangimentos na direção do Centro de Saúde de Lisboa por motivos políticos - antes, fora afastado de um concurso para professor na Faculdade de Medicina de Lisboa, por interferência da PIDE - passa a exercer a sua profissão ao serviço da Organização Mundial da Saúde. É assim que, por força da atividade profissional do pai, Cutileiro passa parte da sua adolescência em países tão distintos como a Suíça, a Índia e o Paquistão.

Entre 1949 e 1951, frequentou o estúdio de Jorge Barradas onde executa trabalhos de modelismo e de pintura, para além de vidrados de cerâmica. Descontente, mudou-se para o atelier de António Duarte, onde foi assistente de canteiro, voluntário, durante dois anos. Lá se deu o seu contacto com a pedra, pois tinha como trabalho ampliar os modelos do mestre canteiro, passá-los a gesso e, a esses últimos, metamorfoseá-los no mármore. Em 1951, com 14 anos, apresentou a sua primeira exposição individual em Reguengos de Monsaraz, numa loja de máquinas de costura, mostrando esculturas, pinturas, aguarelas e cerâmicas.

Completou o liceu no Colégio Valsassina e foi nesse período que apresentou a sua ideologia política, quando ingressou na organização juvenil do Movimento de Unidade Democrática (MUD). Anos mais tarde, em 1960, assumiu de novo uma posição política ao ingressar no Partido Comunista Português (PCP). Esta passagem pelo PCP como militante foi curta, pois a "célula" a que pertencia desmanchou-se e os contactos perderam-se.

A caminho de Cabul, para visitar o seu pai que lá ficaria um ano, passou por Florença, onde se encantou pela obra de Michelangelo. Confirmou então uma tendência que existia desde os seus seis anos, quando esculpiu um presépio, a tendência para a escultura. No regresso a Lisboa, inscreve-se na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (ESBAL), sendo aluno de Leopoldo de Almeida.

Não passou mais do que dois anos na ESBAL, entre 1953 e 1954, por perceber que em Portugal o único material considerado prestável era o bronze e as pesquisas, o experimentalismo e a criatividade eram travados. Saiu do país por influência de Paula Rego, que lhe deu a conhecer, em Londres, a Slade School of Art. Nessa escola, que frequentou entre 1955 e 1959 com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, desenvolveu a sua capacidade com o seu mestre escultor Reg Butler e no final recebeu três prémios: composição, figura e cabeça. 

 

Obra

Ao começar a utilizar máquinas elétricas para executar o trabalho, dedicou-se ao mármore e surgem as figuras, as paisagens, as caixas e as árvores. Nos dez anos seguintes a 1961, fez cinco exposições em Lisboa e uma no Porto.

Em 1970, regressou a Portugal e instalou-se em Lagos. É lá que executou a sua obra mais polémica, D. Sebastião, erigida nessa mesma cidade.

Essa obra confrontou o academicismo do Estado Novo e recebeu fortes críticas, tendo Cutileiro afirmado, de modo irónico, que desistia da escultura, passando a ser apenas «um fazedor de objetos destinados à burguesia intelectual do ocidente», espantando os escultores, por, segundo ele próprio, ser essa mesma a função de um escultor, a de criador de peças decorativas. Esta frase pretendeu também menosprezar as críticas de quem o achava escultor menor.

Conquistou uma menção honrosa no Prémio Soquil no ano de 1971 e, cinco anos mais tarde, as suas esculturas e mosaicos foram expostos em Wuppertal, na Alemanha, seguindo-se exposições em Évora (1979, 1980 e 1981). No ano de 1980, a sua obra voltou à Alemanha, mas a Dortmund. Nesse mesmo ano, expõe em Washington, D. C. e na Sociedade Nacional de Belas Artes. No ano seguinte, participou no Simpósio da Escultura em Pedra, na cidade de Évora, e numa exposição na Jones Gallery, em Nova Iorque. A 3 de agosto de 1983, foi agraciado com o grau de Oficial da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico.

A sua costela alentejana impulsionou-o a mudar-se para Évora no ano de 1985 e aí está exposta, na sua casa, uma grande parte do seu leque de obras.

As Meninas de Cutileiro, ironicamente assim chamadas, são provavelmente o seu tema mais famoso e valeram-lhe (e valem) a mais distinta glória e dinheiro, mas também desprezo da parte de alguns.

No ano de 1988, realizou exposições em Almancil, Macau e Lisboa e, no ano seguinte, fez novas exposições em Almancil e na capital de Portugal. Em 1990, elabora uma exposição que se apresentou como a retrospetiva da sua arte, em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian. Daí resultou a amargura de só ver mostrada parte da sua obra e que não iria conseguir reunir todos os seus trabalhos de uma só vez.

Nos anos de 1992 e 1993, realizou mais exposições em Bruxelas, no Luxemburgo, em Évora, em Guimarães, em Lagos, Almancil e em Lisboa. Fez nos anos seguintes mais exposições.

 

Morte

Cutileiro morreu no dia 5 de janeiro de 2021, num hospital de Lisboa.

 

Estátua de Cutileiro representando D. Sancho I, em frente ao Castelo de Torres Novas

   

João Cutileiro, Estátua de El Rei Dom Sebastião

 

domingo, dezembro 25, 2022

Miró morreu há 39 anos

    

Mural cerâmico no Wilhelm-Hack-Museum de Ludwigshafen (1971)
   

segunda-feira, dezembro 19, 2022

A morte saiu à rua - o Pintor morreu...!

 

A Morte Saiu À Rua - Zeca Afonso

A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome para qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue de um peito aberto sai
 
O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o Pintor morreu
 
Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale
À lei assassina, à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou
 
Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada há covas feitas no chão
E em todas florirão rosas de uma nação

 

 

 

José Dias Coelho foi assassinado há sessenta e um anos...



José Dias Coelho (Pinhel, 19 de junho de 1923 - Lisboa, 19 de dezembro de 1961) foi um artista plástico e militante e dirigente do Partido Comunista Português.

Biografia
Natural de Pinhel, próximo da Guarda, foi o quinto de nove irmãos e irmãs.
Foi aluno da Escola de Belas Artes de Lisboa onde entrou em 1942. Frequentou primeiro o curso de Arquitetura, que abandonou, para frequentar o de Escultura.
Ainda muito jovem aderiu à Frente Académica Antifascista e, mais tarde (em 1946), ao MUD Juvenil. Participante em várias lutas estudantis em 1947, aderiu de seguida ao Partido Comunista Português e, em 1949, foi detido pela PIDE depois de participar na campanha presidencial de Norton de Matos. Em 1952, foi expulso da Escola Superior de Belas Artes e impedido de ingressar em qualquer faculdade do país; seria também demitido do lugar de professor do Ensino Técnico.
José Dias Coelho vai trabalhar, em 1952, como desenhador com os arquitetos Keil do Amaral, Hernâni Gandra e Alberto José Pessoa num atelier na Rua Fernão Álvares do Oriente, no Bairro de São Miguel em Lisboa.
Em 1955 entra para a clandestinidade, ao mesmo tempo que exercia funções no PCP, com o objetivo de criar uma oficina de falsificação de documentos para dar cobertura às atividades dos militantes clandestinos. Exercia esta atividade na altura do seu assassinato pela PIDE, em 19 de dezembro de 1961, na Rua da Creche, que hoje tem o seu nome, junto ao Largo do Calvário, em Lisboa.
O assassinato levou o cantor Zeca Afonso a escrever e dedicar-lhe a música A Morte Saiu à Rua. O mesmo fez o grupo Trovante com a música Flor da Vida. Da vida pessoal de José Dias Coelho há ainda a salientar a sua relação com Margarida Tengarinha, também artista plástica. O casal teve três filhas.
Ao optar pela clandestinidade em 1955, põe de parte a sua carreira artística como escultor, que nesse mesmo ano vê os primeiros sinais de reconhecimento público, com duas esculturas para a Escola Primária de Campolide (seões feminina e masculina) e uma grande escultura para a Escola Primária de Vale Escuro, em Lisboa, e dois baixos relevos, um para o Café Central das Caldas da Rainha, e outro para a fábrica Secil.
Já estava na clandestinidade quando, em junho de 1956, se realizou a 10.ª e última das Exposições Gerais de Artes Plásticas; José Dias Coelho foi um dos organizadores dessas exposições, desde a primeira edição em 1946, e é um dos artistas que expõe a partir da segunda. Por não poder participar abertamente na 10ª edição devido ao facto de estar na clandestinidade, um grupo de amigos expõe a escultura da cabeça da irmã Maria Emília, que já havia sido exposta, para garantir que o seu nome consta do catálogo.
Com uma intensa atividade social e intelectual a par da política, travou e manteve amizade com várias figuras destacadas da sociedade portuguesa de então, tais como os arquitetos Keil do Amaral e João Abel Manta, com Fernando Namora, Carlos de Oliveira, José Gomes Ferreira, Eugénio de Andrade, José Cardoso Pires, Abel Manta, Rogério Ribeiro, João Hogan, bem como aqueles que viriam dentro em breve a liderar os movimentos de independência em África, na altura estudantes em Lisboa: Agostinho Neto, Vasco Cabral, Marcelino dos Santos, Amílcar Cabral e Orlando Costa.
Em março de 1975, quase um ano depois do 25 de Abril, foi finalmente organizada uma exposição em sua homenagem, na Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa.

 Ceifeira, gesso patinado
   

terça-feira, dezembro 13, 2022

O Donatello original morreu há 556 anos

Estátua de Donatello - Galleria degli Uffizi, Florença
  
Donato di Niccoló di Betto Bardi, chamado Donatello (Florença, circa 1386 - Florença, 13 de dezembro de 1466) foi um escultor renascentista italiano. Trabalhou em Florença, Prato, Siena e Pádua, recorrendo a várias técnicas para a confeção de esculturas em baixo-relevo (tuttotondo, stiacciato) com o uso de materiais diversos (mármore, bronze, madeira).

   

Estátua equestre de Erasmo da Narni, vulgo Gattamelata - Pádua

   

quinta-feira, dezembro 08, 2022

Camille Claudel nasceu há 158 anos

  
Camille Claudel, nome artístico de Camille Athanaïse Cécile Cerveaux Prosper (Aisne, 8 de dezembro de 1864 - Paris, 19 de outubro de 1943) foi uma escultora francesa
 
Auguste Rodin, Retrato de Camille Claudel com um boné, 1886
   
Biografia
Camille era filha de Louis Prosper, um hipotecário, e Louise Athanaïse Cécile Cerveaux. Camille passou toda sua infância em Villeneuve-sur-Fère, morando em um presbitério que o seu avô materno, doutor Athanaïse Cerveaux, havia adquirido. Foi a primeira filha do casal, sendo quatro anos mais velha que Paul Claudel. Ela impõe ao seu irmão, assim como à sua irmã mais nova Louise, a sua forte personalidade. Ela comandava os dois desde pequena. Segundo Paul, o seu irmão, ela declarou desde cedo o seu desejo de ser escultora. Camille também tinha certas premonições e previu também que o seu irmão se tornaria escritor e a sua irmã Louise seria música.
O seu pai, maravilhado com o seu estupendo e precoce talento que, ainda na infância, produziu esculturas de ossos e esqueletos com impressionante verosimilhança, oferta-lhe todos os meios de desenvolver as suas potencialidades, colocando-a em escolas e cursos de primeira linha. A sua mãe, por outro lado, não vê com bons olhos, colocando-se sempre contra todo aquele empreendimento, reagindo muitas vezes violentamente no sentido de reprovar a filha que traz incómodos e custos excessivos para a manutenção do seu "capricho". O sonho de Camille é ser uma escultora de sucesso e vê essa vontade ameaçada pela mãe, que acha que ocorrem muitos gastos com a educação da menina.
Em 1881, já com 17 anos, sai de casa para ir em busca do seu grande sonho. Parte para Paris e ingressa na Academia Colarossi, uma escola que forma artistas escultores. Ela teve por mestre primeiramente Alfred Boucher e depois Auguste Rodin. É desta época que datam suas primeiras obras que nos são conhecidas: A Velha Helena (La Vieille Hélène - coleção particular) ou Paul aos treze anos (Paul à treize ans - Châteauroux).
O tempo passa, e o seu professor Rodin, impressionado pela solidez e tamanha beleza de seu trabalho, admite-a como aprendiz de seu ateliê, na rua da Universidade, em 1885 e é nesse momento que ela colaborará na execução das Portas do Inferno (Les Portes de l'Enfer) e do monumento Os Burgueses de Calais (Les Bourgeois de Calais).
Tendo deixado a sua família pelo amor a escultura, ela trabalha vários anos a serviço do seu mestre, por quem está secretamente apaixonada, e ela mantém-se à custa da sua própria criação, pois ela ganha salário como aprendiz. Por vezes, a obra de um e de outro são tão próximas que não se sabe qual obra de seu professor ou da aluna. Às vezes se confunde em quem inspirou um ou copiou o outro, pois Camille faz tão bem seu trabalho que parece que há anos ela trabalha com arte. As suas esculturas e as de Rodin são muito idênticas, facto que aproxima os dois.
O tempo passa e Camille e Rodin se envolvem, e têm um caso ardente de amor. Porém Camille Claudel enfrenta muito rapidamente duas grandes dificuldades: de um lado, Rodin não consegue decidir-se em deixar Rose Beuret, a sua namorada desde os primeiros anos difíceis, e de outro lado, alguns afirmam que as suas obras seriam executadas pelo seu próprio mestre, ou seja, acusam Camille de ter copiado todos os trabalhos de seu professor em vez dela mesma fazer. Muito triste e depressiva pelas acusações e por Rodin ainda ter outra mulher, Camille tentará distanciar-se de Rodin e a fazer as suas obras de arte sozinha. Percebe-se muito claramente essa tentativa de autonomia na sua obra (1880-94), tanto na escolha dos temas como no tratamento: A Valsa (La Valse, Museu Rodin) ou A Pequena Castelã (La Petite Châtelaine, Museu Rodin). Esse distanciamento segue até ao rompimento definitivo, em 1898. A rutura é marcada e contada pela famosa obra de título preciso: A Idade Madura (L’Age Mûr – Museu d'Orsay).
Ferida e desorientada, ainda mais por descobrir que o seu o romance com Rodin não passou de uma aventura para ele e que ele preferiu a namorada, Camille Claudel passa a nutrir por Rodin um estranho amor-ódio que a levará à paranoia e a loucura. Ela instala-se então no número 19 do hotel Quai Bourbon e continua a sua busca artística em grande solidão, pois ama loucamente Rodin, mas ao mesmo tempo odeia-o por tê-la abandonado. Ela entregou-se a esse homem de corpo e alma e em troca só teve ingratidão e abandono. Apesar do apoio de críticos como Octave Mirbeau, Mathias Morhardt, Louis Vauxcelles e do fundidor Eugène Blot, seus amigos, ela não consegue superar a dor da saudade. Eugène Blot organiza duas grandes exposições, esperando o reconhecimento e assim um benefício sentimental e financeiro para Camille Claudel, pois ele quer ajudar a amiga em dificuldade. As suas exposições têm grande sucesso de crítica, mas Camille já está doente demais para se reconfortar com os elogios. Ela passa a ficar estranha e obsessiva, querendo a morte de Rodin. Ela passa a se lembrar de seu passado, a mãe a impedi-la de ser uma artista e as lembranças más da infância passam a sufocá-la cada vez mais.
Depois de 1905, os períodos paranoicos de Camille multiplicam-se e acentuam-se. Ela crê nos seus delírios. Entre seus sonhos doentes, ela acredita que Rodin roubará as suas obras de arte para moldá-las e expô-las como suas, ou seja, ela acha que Rodin roubará as esculturas e falará que foi ele quem as fez. Ela passa a achar que o inspetor do Ministério das Belas-Artes está em conluio com Rodin, e que desconhecidos querem entrar em sua casa para lhe furtar suas obras de arte. Nessa fase ela passa a falar sozinha e já adquiriu a esquizofrenia. Também chora muito, e passa a ter ideias de suicídio. Camille cria histórias imaginárias que ela passa a achar que são puramente verdade. Nessa terrível época que suas crises de loucura aumentam, vive um grande abatimento físico e psicológico, não se alimentando mais e desconfiando de todas as pessoas, achando que todos a matarão. Ela isola-se e como mora sozinha no hotel, ninguém sabe da sua condição, pois ela rompe a amizade com os amigos e passa a querer ficar e viver sozinha em seu quarto. Ela mantém-se vendendo as poucas obras que ainda lhe restam.
O seu pai, o seu porto-seguro, a única pessoa que a mais entendeu na sua vida, morre em 3 de março de 1913, o que piora por completo a sua depressão e a faz sair da realidade mais ainda. Ela entra numa crise violenta, quebrando tudo e gritando, e, em 10 de março, é internada no manicómio de Ville-Evrard. A eclosão da Primeira Guerra Mundial levou-a a ser transferida para Villeneuve-lès-Avignon onde morre, após trinta anos de internamento e desespero, passando todo esse tempo amarrada e sedada. Morreu em 19 de outubro de 1943, com 79 anos incompletos.
    

  

Camille Claudel, Sakountala, escultura em mármore, 1905, Museu Rodin, Paris

quinta-feira, dezembro 01, 2022

Falconet nasceu há 406 anos

    
Étienne-Maurice Falconet (Paris, 1 de dezembro de 1716 - 4 de janeiro de 1791) é contado entre os principais escultores rococós da França.
Falconet nasceu numa família pobre e primeiro foi aprendiz de carpinteiro, mas algumas de suas figuras de barro, com que ocupava as suas horas de lazer, atraíram a atenção do escultor Jean-Baptiste Lemoyne, que fez dele seu pupilo. Uma de suas primeiras esculturas de sucesso foi a de Milo de Crotona, que garantiu seu ingresso na Academia de Belas Artes de Paris, em 1754.
Ele chamou a atenção do público nos Salões de 1755 e 1757 com os seus mármores L'Amour menaçant e Le Nymphe descendente au bain, que agora estão no Museu do Louvre. Em 1757 Falconet foi nomeado diretor do ateliê de escultura da Manufacture royale de porcelaine de Sèvres, onde ele trouxe nova vida ao fabrico de pequenas esculturas em porcelana que tinham sido uma especialidade na manufatura antecessora de Sèvres, em Vincennes.
A influência do pintor François Boucher e do teatro e ballet são igualmente nítidas em suas formas doces, elegantes e eróticas. Logo no início, Falconet criou um conjunto de mesa em biscuit branco, de meninos ilustrando as artes, destinado a complementar os grandes serviços de jantar. A moda de pequenas esculturas para mesa de jantar se espalhou para a maior parte das manufaturas de porcelana da Europa.
Ele permaneceu nesse posto em Sèvres até que foi convidado para a Rússia por Catarina, a Grande, em setembro de 1766. Em São Petersburgo executou uma estátua colossal de Pedro, o Grande, em bronze, conhecida como o Cavaleiro de Bronze, juntamente com a sua aluna e enteada de Anne-Marie Collot. Em 1788 voltou a Paris e se tornou diretor da Academia. Muitas das obras religiosas de Falconet, encomendadas por igrejas, foram destruídas na Revolução Francesa. Os seus trabalhos profanos tiveram melhor sorte.
Ele encontrou tempo para estudar grego e latim, e também escreveu várias brochuras sobre a arte. Denis Diderot confiou-lhe o capítulo sobre "Escultura" na Encyclopédie, publicado separadamente por Falconet em 1768 como Réflexions sur la sculpture. Três anos depois ele publicou Observations sur la statue de Marc-Aurèle, que pode ser interpretado como o programa artístico para a sua estátua de Pedro, o Grande. Os escritos reunidos sobre arte de Falconet, Oeuvres littéraires, veio à luz em seis volumes que foram publicados pela primeira vez em Lausanne, em 1781-1782.

L'Amour menaçant, Museu do Louvre
   

O Museu de Orsay faz hoje 36 anos

Museu de Orsay, fachada sobre o Sena
   
O Museu de Orsay (musée d'Orsay em francês) é um museu na cidade de Paris, na França. Situa-se na margem esquerda do rio Sena, no VII Bairro de Paris. As coleções do museu apresentam principalmente pinturas e esculturas da arte ocidental do período compreendido entre 1848 e 1914. Entre outras, estão aí presentes obras de Van Gogh, Degas, Maurice Denis e Odilon Redon. Existem também exposições temporárias que ocorrem paralelamente à exposição permanente.
  
Relógio do átrio principal do museu

História
O edifício, que atualmente alberga o museu, era originalmente uma estação ferroviária, Gare de Orsay, construída para o Chemin de Fer de Paris à Orléans (em português, Caminho de ferro de Paris a Orleães), no local onde se erguera até 1871 um antigo palácio administrativo, o Palais d'Orsay. Foi inaugurado em 1898, a tempo da Exposição Universal de 1900. O projeto foi do arquiteto Victour Laloux.
Em 1939, deixou de ser o terminal da linha que ligava Paris a Orleães devido ao comprimento reduzido do cais, passando a ser apenas uma estação da rede suburbana de caminhos de ferro; e mais tarde, durante a Segunda Guerra Mundial serviu de centro de correios. A estação foi fechada a 1 de janeiro de 1973.
Em 1977, o Governo francês decidiu transformar o espaço num museu. Foi inaugurado pelo presidente de então, François Mitterrand, a 1 de dezembro de 1986. Os arquitetos Renaud Bardon, Pierre Colboc e Jean-Paul Philippon foram os responsáveis pela adaptação da estação.

Coleções
As coleções do museu provêm essencialmente de três locais: do Museu do Louvre, as obras de artistas nascidos a partir de 1820, ou que tenham emergido no mundo da arte com a Segunda República; do museu do Jeu de Paume, as obras impressionistas desde 1947; e do museu de arte moderna de Paris, as obras mais recentes. Estas coleções abrangem várias vertentes das artes plásticas tais como a pintura, a escultura, a fotografia entre outras.

Pintores

Escultores
 

Paul Gauguin - Arearea

   
 
van Gogh - Noite Estrelada Sobre o Rio Ródano
    
Henri Rousseau - A Encantadora de Serpentes
   

segunda-feira, novembro 28, 2022

Bernini morreu há 342 anos

Auto-retrato

   

Gian Lorenzo Bernini ou simplesmente Bernini (Nápoles, 7 de dezembro de 1598 – Roma, 28 de novembro de 1680) foi um eminente artista do barroco italiano, trabalhando principalmente na cidade de Roma. Distinguiu-se como escultor e arquiteto, ainda que tivesse sido pintor, desenhista, cenógrafo e criador de espetáculos de pirotecnia. Como arquiteto e escultor é autor de obras de arte presentes até aos dias atuais em Roma e no Vaticano, como a Praça de São Pedro, a Capela Chigi, O Êxtase de Santa Teresa, Habacuc e o Anjo e inúmeras fontes espalhadas por Roma.

   

Colunata da Praça de São Pedro, em Roma

        

    
   

 

terça-feira, novembro 22, 2022

Diogo de Macedo nasceu há 133 anos

 

Diogo Cândido de Macedo (Vila Nova de Gaia, 22 de novembro de 1889 - Lisboa 19 de fevereiro de 1959) foi um escultor, museólogo e escritor português.

Destaca-se como um dos mais importantes escultores da primeira geração de artistas modernistas portugueses. Para além da criação artística, a sua ação cultural "teve um impacto particularmente decisivo no país, como um dos autores mais prolíferos sobre arte moderna e contemporânea, e enquanto comissário e museólogo, assumindo em 1944 a direção do Museu Nacional de Arte Contemporânea até ao final da vida".
   
Torso de Mulher
(ou Baigneuse), 1923
 
    

sexta-feira, novembro 18, 2022

O Aleijadinho morreu há 208 anos...

   
António Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho, (Ouro Preto, circa 29 de agosto de 1730 ou, mais provavelmente, 1738 - Ouro Preto, 18 de novembro de 1814) foi um importante escultor, entalhador e arquiteto do Brasil colonial.
Pouco se sabe com certeza sobre sua biografia, que permanece até hoje envolta em cerrado véu de lenda e controvérsia, tornando muito árduo o trabalho de pesquisa sobre ele e ao mesmo tempo transformando-o em uma espécie de herói nacional. A principal fonte documental sobre o Aleijadinho é uma nota biográfica escrita cerca de quarenta anos depois da sua morte. A sua trajetória é reconstituída principalmente através das obras que deixou, embora mesmo neste âmbito a sua contribuição seja controversa, já que a atribuição da autoria da maior parte das mais de quatrocentas criações, que hoje existem associadas ao seu nome, foi feita sem qualquer comprovação documental, baseando-se apenas em critérios de semelhança estilística com peças documentadas.
Toda a sua obra, entre talha, projetos arquitetónicos, relevos e estatuária, foi realizada em Minas Gerais, especialmente nas cidades de Ouro Preto, Sabará, São João del-Rei e Congonhas. Os principais monumentos que contém suas obras são a Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto e o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos. Com um estilo relacionado com o Barroco e Rococó, é considerado pela crítica brasileira quase consensualmente como o maior expoente da arte colonial no Brasil e, ultrapassando as fronteiras brasileiras, para alguns estudiosos estrangeiros é o maior nome do barroco americano, merecendo um lugar destacado na história da arte do ocidente.
 
Cristo no Horto das Oliveiras, na Via Sacra de Congonhas
 
   
Cena do carregamento da cruz, na Via Sacra de Congonhas
  
Cristo flagelado, Santuário de Congonhas
   
  

quinta-feira, novembro 17, 2022

Auguste Rodin morreu há 105 anos...

     
François-Auguste-René Rodin (Paris, 12 de novembro de 1840 - Meudon, 17 de novembro de 1917), mais conhecido como Auguste Rodin, foi um escultor francês. Apesar de ser geralmente considerado o progenitor da escultura moderna, não se propôs rebelar-se contra o passado. Foi educado tradicionalmente, teve o artesanato como abordagem ao seu trabalho e desejava o reconhecimento académico, embora nunca tenha sido aceite na principal escola de arte de Paris.
Esculturalmente, Rodin possuía uma capacidade única de modelar argila. Muitas das suas esculturas mais notáveis ​​foram duramente criticadas durante a sua vida. Elas entraram em confronto com a tradição da escultura da figura predominante, onde as obras eram decorativas, estereotipadas, ou altamente temáticas. O seu trabalho mais original partiu de temas tradicionais da mitologia e da alegoria, modelando o corpo humano com realismo, e celebrando o caráter individual e fisicalidade. Rodin era sensível à controvérsias em torno de seu trabalho, mas recusou a mudar o seu estilo. Sucessivas obras trouxeram aumentos de encomendas do governo e da comunidade artística.
Do inesperado realismo da sua primeira grande figura – inspirada pela sua viagem à Itália, em 1875 – para os memoriais não convencionais cujas encomendas mais tarde ele procurou, a sua reputação cresceu, de tal forma que se tornou o escultor francês proeminente de seu tempo. Em 1900, ele era um artista de renome mundial. Clientes particulares ricos procuraram os seus trabalhos após a sua mostra na Exposição Universal, e ele fez companhia a uma variedade de intelectuais e artistas de alto nível. Ele casou com a sua companheira ao longo da vida, Rose Beuret, no último ano de vida de ambos. As suas esculturas sofreram um declínio de popularidade após a sua morte, em 1917, mas, após algumas décadas, o seu legado solidificou. Rodin continua a ser um dos poucos escultores conhecidos fora da comunidade das artes visuais.
 
A idade do bronze, 1875/76
  
Auguste Rodin, Porta do Inferno
 
O Beijo (detalhe), Paris

Machado de Castro morreu há dois séculos...

     
Joaquim Machado de Castro (Coimbra, 19 de junho de 1731 - Lisboa, 17 de novembro de 1822) foi um dos maiores e mais nomeados escultores portugueses. Machado de Castro foi um dos escultores de maior influência na Europa do século XVIII e princípio do século XIX.
Para além da escultura, descrevia extensamente o seu trabalho, do qual se destaca, a extensa análise sobre a estátua de José I que se situa na Praça do Comércio em Lisboa, intitulada: Descripção analytica da execução da estátua equestre, Lisboa 1810.
A (Descripção) consiste no relato pormenorizado, feito ao estilo e à execução técnica, levada a cabo no que é considerado o seu melhor trabalho, a estátua equestre do Rei D. José I de Portugal datada de 1775, como parte da obra de reconstrução da cidade de Lisboa, seguindo os planos de Marquês de Pombal, logo após o Terramoto de 1755. As partes da construção estão detalhadas e ilustradas, incluindo variados planos e componentes utilizados para a sua execução.
Na introdução da sua obra Machado de Castro comenta outras estátuas equestres situadas em diversas praças europeias.
    
Estátua equestre do Rei D. José I na Praça do Comércio, Lisboa
    
Estátua de Neptuno - Lisboa

      
       
O Museu Nacional de Machado de Castro é um dos mais importantes museus de belas artes e arqueologia de Portugal, tanto pela quantidade como pela qualidade das suas coleções. Encontra-se instalado no antigo Paço Episcopal de Coimbra, classificado como Monumento Nacional em 1910. Está localizado na freguesia da Coimbra, na cidade e concelho de Coimbra, distrito de Coimbra, em Portugal.