O Curso de Geologia de 85/90 da Universidade de Coimbra escolheu o nome de Geopedrados quando participou na Queima das Fitas.
Ficou a designação, ficaram muitas pessoas com e sobre a capa intemporal deste nome, agora com oportunidade de partilhar as suas ideias, informações e materiais sobre Geologia, Paleontologia, Mineralogia, Vulcanologia/Sismologia, Ambiente, Energia, Biologia, Astronomia, Ensino, Fotografia, Humor, Música, Cultura, Coimbra e AAC, para fins de ensino e educação.
António Bernardino Pires dos Santos (Berna), nasceu
em 20 de agosto de 1941 em Óis da Ribeira, concelho de Águeda. Fez o
liceu em Aveiro onde deu os primeiros passos nas cantigas, não só na
Récita de Finalistas de 61/62, como também em inúmeras serenatas, tão em
voga na época. Do seu primeiro Grupo de Fados de Aveiro marcaram
presença António Andias, António Castro, Carlos Lima e Mário Cruz.
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Chegou a Coimbra em 1963 e desde logo as suas grandes capacidades de
intérprete o guindaram à ribalta da Canção Coimbrã. Foram seus
companheiros nessa época António Portugal, os irmãos Melo (Eduardo e
Ernesto), Octávio Sérgio, Nuno Guimarães, Manuel Borralho, Francisco
Martins, Hermínio Menino, Jorge Rino, Rui Pato, Durval Moreirinhas e
Jorge Moutinho. Colaborou com quase todas as secções culturais da
Associação Académica de Coimbra - Orfeão, Tuna, CITAC, Coro Misto /
Danças Regionais - e manifestações académicas - Saraus, Serenatas
Monumentais, Latadas, Festas de Repúblicas, etc.
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Gravou o seu primeiro disco em 1964 do qual faziam parte a “Samaritana”
e “Fado do 5º Ano Médico”. Alguns dos seus registos fonográficos,
nomeadamente os de contestação, não chegaram ao grande público, embora
existam alguns exemplares guardados religiosamente em coleções
particulares. Em 1969 grava o LP “Flores para Coimbra”, sem dúvida o seu
trabalho mais importante e que marcou um momento histórico de viragem.
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António Bernardino considerou-se influenciado por José Afonso, Adriano
Correia de Oliveira e pela poesia de Manuel Alegre. Gravou oficialmente
cerca de 50 temas.
- Em 1967 foi mobilizado
para a guerra colonial, em Moçambique, local onde permaneceu até 1974.
Regressado de África, passou a residir em Lisboa a partir de 1975.
Licenciado em Ciências Geográficas, exerceu o cargo de Vice-presidente
dos Serviços Sociais da Universidade de Lisboa. Continuou sempre a
cantar e a participar em espetáculos, gravações de discos e programas
de televisão e rádio. Nesta fase foi acompanhado por António Portugal,
António Brojo, João Bagão, Octávio Sérgio, Aurélio Reis, Luis Filipe,
Rui Pato, Durval Moreirinhas e tantos outros.
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António Bernardino foi, seguramente, o cantor que mais divulgou a
canção de Coimbra no estrangeiro. Dos E.U.A. à ex-URSS, da América
Central à Tailândia, da América do Sul à Malásia, da África a Macau, a
todos levou um pouco da cultura coimbrã.
- No
dia 10 de junho de 1995, foi agraciado pelo então Presidente da
Republica Dr. Mário Soares, com a Comenda da Ordem do Infante D.
Henrique, por serviços relevantes prestados à cultura.
Eu tinha umas asas brancas, Asas que um anjo me deu, Que, em me eu cansando da terra, Batia-as, voava ao céu.
- Eram brancas, brancas, brancas, Como as do anjo que mas deu: Eu inocente como elas, Por isso voava ao céu. Veio a cobiça da terra, Vinha para me tentar; Por seus montes de tesouros Minhas asas não quis dar. - Veio a ambição, coas grandezas, Vinham para mas cortar, Davam-me poder e glória; Por nenhum preço as quis dar.
Porque as minhas asas brancas, Asas que um anjo me deu, Em me eu cansando da terra, Batia-as, voava ao céu.
Mas uma noite sem lua Que eu contemplava as estrelas, E já suspenso da terra, Ia voar para elas, — Deixei descair os olhos Do céu alto e das estrelas... Vi entre a névoa da terra, Outra luz mais bela que elas.
E as minhas asas brancas, Asas que um anjo me deu, Para a terra me pesavam, Já não se erguiam ao céu.
Cegou-me essas luz funesta De enfeitiçados amores... Fatal amor, negra hora Foi aquela hora de dores!
- Tudo perdi nessa hora Que provei nos seus amores O doce fel do deleite, O acre prazer das dores.
E as minhas asas brancas, Asas que um anjo me deu, Pena a pena me caíram... Nunca mais voei ao céu.
Almeida Garrett
Com base no poema do imortal Almeida Garrett, são essas mesmas asas que Coimbra (e a sua música e academia)glosou e cantou, a sua e nossa alma mater, na voz, também imortal, de outro ex-aluno da nossa Universidade, Luiz Goes:
Asas brancas - Luiz Goes
Letra e Música: Afonso de Sousa
Quando era pequenino a desventura
Trazia-me saudoso e triste o rosto,
Assim como quem sofre algum desgosto,
Assim como quem chora de amargura.
Um anjo de asas brancas muito finas,
Sabendo-me infeliz mas inocente,
Cedeu-me as suas asas pequeninas,
Para me ver voar e ser contente.
E as asas de criança, meu tesoiro,
Ao ver-me assim tão triste, iam ao céu...
Tão brandas, tão macias - penas de oiro -
Tão leves como a aragem... como eu!
Cresci. Cresceram culpas juntamente,
Já grandes são as mágoas mais pequenas!
As asas brancas vão-se... e ficam penas!
Não mais voei ao céu nem fui contente
Eu tinha umas asas brancas, Asas que um anjo me deu, Que, em me eu cansando da terra, Batia-as, voava ao céu.
- Eram brancas, brancas, brancas, Como as do anjo que mas deu: Eu inocente como elas, Por isso voava ao céu. Veio a cobiça da terra, Vinha para me tentar; Por seus montes de tesouros Minhas asas não quis dar. - Veio a ambição, coas grandezas, Vinham para mas cortar, Davam-me poder e glória; Por nenhum preço as quis dar.
Porque as minhas asas brancas, Asas que um anjo me deu, Em me eu cansando da terra, Batia-as, voava ao céu.
Mas uma noite sem lua Que eu contemplava as estrelas, E já suspenso da terra, Ia voar para elas, — Deixei descair os olhos Do céu alto e das estrelas... Vi entre a névoa da terra, Outra luz mais bela que elas.
E as minhas asas brancas, Asas que um anjo me deu, Para a terra me pesavam, Já não se erguiam ao céu.
Cegou-me essas luz funesta De enfeitiçados amores... Fatal amor, negra hora Foi aquela hora de dores!
- Tudo perdi nessa hora Que provei nos seus amores O doce fel do deleite, O acre prazer das dores.
E as minhas asas brancas, Asas que um anjo me deu, Pena a pena me caíram... Nunca mais voei ao céu.
Almeida Garrett
Com base no poema do imortal Almeida Garrett, são essas mesmas asas que Coimbra (e a sua música e academia)cantam, a sua e nossa alma mater, na voz, também imortal, de outro ex-aluno da Universidade, Luiz Goes:
Asas brancas
Letra e Música: Afonso de Sousa
Quando era pequenino a desventura
Trazia-me saudoso e triste o rosto,
Assim como quem sofre algum desgosto,
Assim como quem chora de amargura.
Um anjo de asas brancas muito finas,
Sabendo-me infeliz mas inocente,
Cedeu-me as suas asas pequeninas,
Para me ver voar e ser contente.
E as asas de criança, meu tesoiro,
Ao ver-me assim tão triste, iam ao céu...
Tão brandas, tão macias - penas de oiro -
Tão leves como a aragem... como eu!
Cresci. Cresceram culpas juntamente,
Já grandes são as mágoas mais pequenas!
As asas brancas vão-se... e ficam penas!
Não mais voei ao céu nem fui contente
As minhas asas
Eu tinha umas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Que, em me eu cansando da terra,
Batia-as, voava ao céu.
– Eram brancas, brancas, brancas,
Como as do anjo que mas deu:
Eu inocente como elas,
Por isso voava ao céu.
Veio a cobiça da terra.
Vinha para me tentar;
Por seus montes de tesouros
Minhas asas não quis dar.
– Veio a ambição, co'as grandezas,
Vinham para mas cortar
Davam-me poder e glória
Por nenhum preço as quis dar.
Porque as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Em me eu cansando da terra
Batia-as, voava ao céu.
Mas uma noite sem lua
Que eu contemplava as estrelas,
E já suspenso da terra,
Ia voar para elas,
– Deixei descair os olhos
Do céu alto e das estrelas...
Vi entre a névoa da terra,
Outra luz mais bela que elas.
E as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Para a terra me pesavam,
Já não se erguiam ao céu.
Cegou-me essa luz funesta
De enfeitiçados amores...
Fatal amor, negra hora
Foi aquela hora de dores!
– Tudo perdi nessa hora
Que provei nos seus amores
O doce fel do deleite,
O acre prazer das dores.
E as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu
Pena a pena me caíram...
Nunca mais voei ao céu.
Almeida Garrett
NOTA: sempre que ouço ou leio este belo poema lembro-me deste Fado de Coimbra, do álbum Canções do Mar e da Vida (de 1969, com letra de Afonso de Sousa e música de Afonso de Sousa) e que Luiz Goes imortalizou:
Grande impulsionador do teatro em Portugal, uma das maiores figuras do romantismo português, foi ele quem propôs a edificação do Teatro Nacional de D. Maria II e a criação do Conservatório de Arte Dramática.