O avião, de matrícula F-GZCP, partiu do
Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro-Galeão a 31 de maio de 2009, às 19h29min locais (22h29
UTC), e deveria chegar ao
Aeroporto de Paris-Charles de Gaulle
10h34min depois. O último contato humano com a tripulação foram
mensagens de rotina enviadas aos controladores de terra brasileiros 3
horas e 06 minutos após o início do voo, quando o avião se aproximava
do limite de vigilância dos radares
brasileiros, cruzando o Oceano Atlântico
en route, seguindo para a costa
senegalesa,
na África Ocidental, onde voltaria a ser coberto por radares. Quarenta
minutos mais tarde, uma série de mensagens automáticas emitidas pelo
ACARS (
Aircraft Communications Addressing and Reporting System ou
Sistema Dirigido de Comunicação e Informação da Aeronave) foram enviadas pelo avião, indicando problemas elétricos e de perda da
pressurização da cabine da aeronave, sem que houvesse outras indicações de problemas.
Por não se confirmar a esperada aparição da aeronave nos radares
senegaleses e não ter sido possível o contato com o controle de tráfego
aéreo de ambos os lados do Oceano Atlântico, teve início uma busca pelo
avião. Posteriormente, o Ministro dos Transportes da França, Jean-Louis Borloo,
admitiu que "a situação era alarmante" e que a aeronave poderia ser
dada como desaparecida já que, pelo tempo decorrido, teria esgotado suas
reservas de combustível.
Em
2 de junho
foram reportadas observações aéreas e marítimas de destroços no oceano,
perto da última localização conhecida do aparelho. À medida que as
buscas continuaram, a França enviou o navio de pesquisa
Pourquoi Pas?,
equipado com dois mini-submarinos capazes de realizar buscas a uma
profundidade de 4.700 m. O Brasil enviou cinco navios para o local, de
entre os quais um navio-tanque para prolongar as buscas na área. O
porta voz da
marinha brasileira afirmou que a existência de destroços poderia ser um indício de haver sobreviventes.
Na tarde de
2 de junho o
ministro da defesa do Brasil,
Nelson Jobim,
confirmou a queda do avião no Oceano Atlântico, na área onde foram
avistados os destroços. Na noite do mesmo dia, o presidente brasileiro
em exercício,
José Alencar, tendo em vista a localização do acidente em alto-mar, decretou
luto nacional por três dias, em memória às vítimas da tragédia. A
3 de junho o Estado Maior do Exército francês confirmou que os destroços encontrados pertenciam ao Airbus desaparecido.
Em 3 de abril de 2011, a agência do governo francês para investigações de acidentes aeronáuticos (
BEA)
anunciou que, após novas buscas no oceano, localizou e que iria
recolher diversos destroços. Também foi anunciado que corpos foram
vistos entre os destroços.
A investigação inicial do acidente foi prejudicada tanto pela falta de
testemunhas e rastreamento de radares, como pela falta das
caixas pretas, localizadas dois anos após o acidente, em maio de 2011.
Plano do voo AF 447, que se dirigia para nordeste - a linha vermelha
mostra a rota real. O tracejado indica a rota planeada a partir da
última posição captada pelo radar (tempo em UTC)
Incidente
O último contacto verbal foi à 01.33 horas
UTC de
1 de junho, segunda-feira, ao aproximar-se do
waypoint INTOL (
1° 21′ S 32° 49′ W), a 565 km da cidade de
Natal. A tripulação informou que esperava entrar em 50 minutos no espaço aéreo controlado pelo
Senegal, no
waypoint TASIL (
4° 0′ N 29° 59′ W), e que o avião voava normalmente a uma altitude de 10.670 m (35.000 pés) e a uma velocidade de 840 km/h.
O avião deixou a área de cobertura do Centro de Controle Aéreo (ACC)
Atlântico à 01.48 horas UTC. O desaparecimento se deu após a saída da
zona de cobertura pelo radar brasileiro e alguns minutos antes da
entrada no espaço aéreo senegalês, sob controle do ACC Dakar, o que
deveria ter ocorrido às 02.20 horas GMT. O último contato com o avião
foi quatro horas após a partida, às 02.14 horas UTC, a cerca de 100 km
do
waypoint TASIL e a cerca de 1.228 km de Natal, quando cerca de dez mensagens automáticas
ACARS indicaram falhas em vários sistemas elétricos e um possível problema de
pressurização. A troca de mensagens automática durou cerca de quatro minutos. Na altura o avião atravessava uma área com
formações meteorológicas pesadas.
Quando isto ocorreu, a localização provável do avião era a cerca de 100 km do
waypoint
TASIL, assumindo que o voo decorria conforme planeado. Fontes da Air
France anunciaram que as mensagens de falhas nos sistemas começaram a
chegar às 2h10min UTC, indicando que o piloto automático tinha sido
desativado. Entre as 02.11horas UTC e as 02.13 horas UTC chegaram várias
mensagens referentes a falhas na
Air Data Inertial Reference Unit (ADIRU) (fornecendo informação de posição e navegação) e no
Integrated Standby Instrument System (ISIS) (um sistema secundário que fornece altitude, velocidade,
Mach, altitude e velocidade vertical), e às 02.13 horas UTC foram indicadas falhas no
Flight Control Primary Computer (PRIM 1) e no
Spoiler Elevator Control
(SEC 1), e às 02.14 horas UTC chegou a última mensagem, um aviso sobre
a velocidade vertical de cabine, o que significa que o ar externo
penetrou na aeronave, o que pode indicar despressurização ou mesmo que,
a essa altura, o A330 já estivesse em queda na localização
.
O voo deveria chegar a Paris às 11.10 horas
CEST, 09.10 horas UTC.
A 2 de junho foi confirmada pelo ministro da defesa brasileiro
Nelson Jobim a queda do aparelho, numa área próxima ao
arquipélago de São Pedro e São Paulo, cerca de 270 km a sul/sudeste da última localização conhecida da aeronave.
Buscas iniciais
Os
controladores de tráfego aéreo brasileiros contactaram o controle de tráfego aéreo em
Dakar
às 02.20 UTC, quando repararam que a aeronave não tinha feito o
contato obrigatório, via rádio, para assinalar a sua entrada no espaço
aéreo
senegalês, acima da
Zona de Convergência Intertropical. A
Força Aérea Brasileira deu início a uma operação de busca e resgate a partir do
arquipélago brasileiro de
Fernando de Noronha, destacando cinco aviões para buscas num trecho delimitado pelo litoral das cidades do
Recife,
Natal
e o arquipélago de Fernando de Noronha. Aviões de reconhecimento
franceses foram também destacados para o local, incluindo um de
Dakar. A base de apoio às buscas funciona na
Base Aérea de Natal em Natal e no
Aeroporto de Fernando de Noronha com as buscas coordenadas a partir do
Cindacta 3 na cidade do Recife. O assessor de imprensa da Aeronáutica, coronel Henry Munhoz, disse à TV brasileira que o radar de
Cabo Verde não havia captado o sinal do avião sobre o Oceano Atlântico. A
Marinha Brasileira deslocou também três embarcações, sendo o
navio-patrulha Grajaú, a
fragata Constituição e a
corveta Caboclo para auxílio nas buscas. No fim da manhã, o voo AF447 foi retirado da lista de voos do site dos Aeroportos de Paris.
O diretor executivo da Air France, Pierre-Henri Gourgeon, disse numa
conferência de imprensa: "Estamos provavelmente em presença de uma
catástrofe aérea." Um porta voz da Air France especulou a aeronave
poderia ter sido atingida por um
raio, embora esta seja uma rara causa de acidentes com aeronaves. Dois jatos da companhia aérea
Lufthansa passaram por essa área, antes e depois do desaparecimento, o que coloca dúvidas acerca de um raio ter sido a causa.
O ministro do ambiente francês
Jean-Louis Borloo declarou que "nesta altura já terá ultrapassado o limite das suas reservas de
querosene"
e "Temos de vislumbrar agora o mais trágico dos cenários". Fontes do
aeroporto Paris-Charles-De-Gaulle citadas pela revista francesa
L'Express afirmaram que "não há esperança de que haja sobreviventes."
O governo do
Senegal comunicou na tarde de 1 de junho que teria localizado destroços que flutuavam nas suas
águas territoriais,
mas não confirmou se pertenciam ao avião desaparecido. A Aeronáutica
informou que após o escurecer será realizada uma busca eletrónica com
vista a tentar captar a emissão de sinal do equipamento de emergência da
aeronave (ELS).
No início da noite de segunda-feira, o vice-chefe do Centro de
Comunicação da Aeronáutica brasileira, Jorge Amaral, confirmou que um
piloto de um voo comercial da empresa
TAM Linhas Aéreas
reportou ter visto "pontos laranjas" no meio do Oceano Atlântico,
cerca de 30 minutos após o Airbus da Air France ter emitido um informe
de avaria elétrica, às 02.14 UTC de domingo. No entanto, uma busca
efetuada por um navio francês na área assinalada pelo piloto não
encontrou nada.
Em 5 de julho de 2012, o BEA (
Bureau de Investigações e Análises), órgão do governo francês responsável pelas investigações, apresentou seu relatório final.
Nele, o órgão aponta que a tragédia foi causada por uma combinação de
erros de avaliação dos pilotos, com problemas técnicos ocorridos por
congelamento nos sensores de velocidade (
Sondas Pitot).
Segundo o relatório as sondas Pitot, obstruídas por cristais de gelo,
não conseguiram informar a velocidade correta da aeronave, o que causou a
desconexão do
piloto automático e em seguida diversos erros de avaliação dos pilotos.