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quarta-feira, outubro 09, 2019

Há trinta anos, os alemães de leste fartaram-se...

Mais de 70 mil pessoas saíram à rua a 9 de outubro de 1989 em Leipzig
  
Foi em Leipzig que a manifestação de 70 mil pessoas no dia 9 de outubro de 1989 deixou o regime da RDA sem resposta. Ninguém imaginava que um mês depois o muro caísse. Foi há 25 anos.
 

A polícia estava na rua, com escudos, bastões, e cães. O jornal oficial do partido avisara que o exército estava de armas na mão, pronto a esmagar qualquer ameaça à ordem socialista. Os hospitais de Leipzig tinham recebido sangue extra. A imagem na cabeça das pessoas da cidade do Leste da Alemanha era uma: Tiananmen.
  
Apesar disso, mais de 70 mil pessoas saíram à rua a 9 de outubro de 1989 em Leipzig, e é essa data que o Presidente alemão, Joachim Gauck, vai assinalar esta quinta-feira nas comemorações dos 25 anos da queda do Muro de Berlim. Não o 9 de novembro, o dia em que a barreira foi finalmente derrubada, mas sim um mês antes, quando se deu a manifestação que tudo mudou, em Leipzig.
 
No dia 9 de outubro de 1989, Irmtraut Hollitzer saiu de casa para ir, como ia sempre, à oração pela paz numa das igrejas de Leipzig. Nestes círculos de relativa liberdade que eram as igrejas e nestes encontros eram há alguns anos discutidas questões decisivas para o Estado – dos problemas ambientais à proibição de viajar. Estes encontros começaram a chamar a atenção e em setembro saíram do interior das igrejas. “Imagine, na RDA era tudo sempre sossegado, não se passava nada, e de repente todas as segundas-feiras acontecia alguma coisa na Igreja de S. Nicolau”, contou Irmtraut numa conversa telefónica com o PÚBLICO. Na segunda-feira, dia 2 de outubro, o regime achou que chegava e mandou a polícia reprimir uma manifestação no exterior da igreja à bastonada.
  
Na segunda-feira seguinte, dia 9, as quatro principais igrejas da cidade estavam cheias. Irmtraut estava na Igreja de S. Tomás. “Não cabia nem mais uma pessoa. Havia gente no pátio, cá fora.” Com todas as ameaças do regime, o ambiente era muito tenso. “Falou-se sobre quão difícil estava a situação. Os nossos sentimentos, as nossas emoções, estavam todas dominadas pelo medo”, lembra.
   
As portas da igreja abriram-se e Irmtraut teve de decidir: “Ou ia para a esquerda, para casa, ou para a direita.” Viu a polícia, “pronta para atacar, com escudos, com cães”. Lembrou-se dos avisos: “O exército estava com armas na mão para reprimir a manifestação.” O Presidente da RDA, Erich Honecker, tinha elogiado as autoridades chinesas pelo modo como acabaram com o protesto de Tiananmen. “Eu tinha quatro filhos. Estava cheia de medo.” Irmtraut decidiu e acelerou o passo: “Para casa, para casa.”
   
Muitas outras pessoas foram, apesar disso, para o lado oposto, “com incrível coragem”, sublinha Irmtraut. Juntaram-se a pessoas vindas das outras igrejas, incluindo a Igreja de S. Nicolau, onde havia orações pela paz desde 1982. Tinham velas na mão. Diziam “Somos o povo” ou “não à violência”.
    
Não sabiam se iam ser atacadas, espancadas, se ia haver tiros. Não sabiam se no dia a seguir iam ter emprego. “Para mim foi espantoso como foram”, resume Irmtraut. “Se tivessem sido menos, certamente a manifestação teria sido reprimida.”
  
A polícia, que na semana anterior tinha sido violenta, não soube reagir a tanta gente. Os agentes da Stasi infiltrados que tentaram causar problemas foram isolados pelos manifestantes. Na superordenada RDA, o trânsito estava caótico, condutores deixaram carros no meio da rua para se juntar à marcha, as forças do regime não sabiam o que fazer – então acabaram por não fazer nada. “Eles estavam prontos para tudo”, comentou Christian Führer, um dos padres da Igreja de S. Nicolau que liderou as orações pela paz desde 1982 (e que morreu este ano). “Excepto para orações e velas.”
   
Irmtraut chegou a casa e ligou a televisão num canal da Alemanha Ocidental. “Passado um bocado falou-se de Leipzig e de uma manifestação pacífica. E foi como uma libertação.”
  
Na segunda-feira seguinte, tudo era diferente. “Já não tínhamos medo”, conta Irmtraut. Não foi preciso decidir se a seguir à oração ia para a casa ou para a manifestação: “Lembro-me de um sentimento in-crí-vel, estar ligada a esta massa de pessoas e podermos fazer alguma coisa, demonstrar a nossa oposição a este sistema, dizer: ‘Basta de mentiras.’”
  
Imagens de Leipzig chegaram a outras cidades e as manifestações multiplicavam-se de cidade em cidade e cresciam. A pressão sobre o regime continuava.
  
Na altura, o máximo que Irmtraut imaginou foi que o regime da RDA mudasse. Até que umas semanas mais tarde alguém gritou numa manifestação: “Fora com o muro.” E eu pensei: ‘Oh meu Deus, será que é possível?’ Para mim o muro acabar era como um sonho.”
  
E a 9 de novembro, depois de 28 anos de existência, o muro caiu.
  
Irmtraut tinha 46 anos. “A reunificação foi a maior sorte da minha vida. Vinte e cinco anos em liberdade, não é nada mau!”, diz a rir.
  
Esta quinta-feira, dezenas de milhares de pessoas vão reviver, levando velas, o percurso da manifestação. O Presidente Gauck convidou os chefes de Estado da Polónia, República Checa, Eslováquia e Hungria para a cerimónia.
  
A queda do Muro de Berlim foi tão inesperada como fruto de uma complexa teia de circunstâncias, desde em Moscovo ser Presidente Gorbatchov, ao surgimento do movimento Solidariedade na Polónia (na comemoração dos 20 anos da queda do muro, Lech Walesa, o líder do Solidariedade, deitou abaixo o primeiro dominó de uma cadeia simbolizando o Muro de Berlim), passando pela abertura das fronteiras da Hungria e Checoslováquia que levaram a uma saída em massa de alemães de leste para o oeste.
  
Como resumiu em 2009 o jornalista da BBC que era o correspondente em Moscovo Brian Hanrahan (e que entretanto morreu): “Uma semana depois Honecker foi-se embora, um mês depois foi-se o Muro de Berlim, deitado abaixo pela coragem dos manifestantes de Leipzig.”
  
Para o padre Christian Führer, citado pela revista Spiegel, não há dúvidas: “Foi uma auto-libertação.” A queda do muro “foram as pessoas daqui que a fizeram”.
    
in Público - ler notícia
  
Nota - notícia já com cinco anos, mas sempre atual - e viva a Liberdade...!

quarta-feira, agosto 14, 2019

Brecht morreu há 63 anos

Eugen Berthold Friedrich Brecht (Augsburg, 10 de fevereiro de 1898 - Berlim Leste, 14 de agosto de 1956) foi um destacado dramaturgo, poeta e encenador alemão do século XX. Os seus trabalhos artísticos e teóricos influenciaram profundamente o teatro contemporâneo, tornando-o mundialmente conhecido a partir das apresentações da sua companhia, o Berliner Ensemble, realizadas em Paris durante os anos de 54 e 55.
  
 
Nunca te Amei Tanto
 
Nunca te amei tanto, ma soeur,
Como quando de ti parti naquele pôr-de-sol.
O bosque engoliu-me, o bosque azul, ma soeur,
Sobre que já pousavam as estrelas pálidas a oeste.
  
Não me ri nem um pouco, nada, ma soeur,
Eu que a brincar ia ao encontro dum destino escuro —
Enquanto os rostos já atrás de mim
Devagar empalideciam no anoitecer do bosque azul.
Tudo era belo naquele anoitecer único, ma soeur,
Nunca mais depois e nunca antes assim —
Verdade é: só me ficaram as grandes aves
Que ao anoitecer têm fome no céu escuro.
  
 
Bertold Brecht

terça-feira, agosto 13, 2019

A contrução de um muro separou as Alemanhas há 58 anos

Grafitties sobre o Muro de Berlim em 1986

O Muro de Berlim (em alemão Berliner Mauer) era uma barreira física, construída pela República Democrática Alemã (Alemanha Oriental) durante a Guerra Fria, que circundava toda a Berlim Ocidental, separando-a da Alemanha Oriental, incluindo Berlim Oriental. Este muro, além de dividir a cidade de Berlim ao meio, simbolizava a divisão do mundo em dois blocos ou partes: República Federal da Alemanha (RFA), que era fazia parte dos países capitalistas, encabeçados pelos Estados Unidos; e República Democrática Alemã (RDA), fazia parte dos países países socialistas, simpatizantes do regime soviético. Construído a partir da madrugada de 13 de agosto de 1961, dele faziam parte 66,5 km de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas electrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para ferozes cães de guarda. Este muro era patrulhado por militares da Alemanha Oriental com ordens de atirar para matar (a célebre Schießbefehl ou "Ordem 101") os que tentassem escapar, o que provocou a morte a 80 pessoas identificadas, 112 ficaram feridas e milhares aprisionadas nas diversas tentativas.
Mapa do traçado do Muro de Berlim
A distinta e muito mais longa fronteira interna alemã demarcava a fronteira entre a Alemanha Oriental e a Alemanha Ocidental. Ambas as fronteiras passaram a simbolizar a chamada "cortina de ferro" entre a Europa Ocidental e o Bloco de Leste.
Antes da construção do Muro, 3,5 milhões de alemães orientais tinham evitado as restrições de emigração do Leste e fugiram para a Alemanha Ocidental, muitos ao longo da fronteira entre Berlim Oriental e Ocidental. Durante sua existência, entre 1961 e 1989, o Muro quase parou todos os movimentos de emigração e separou a Alemanha Oriental de Berlim Ocidental por mais de um quarto de século.
Durante uma onda revolucionária que varreu o Bloco de Leste, o governo da Alemanha Oriental anunciou a 9 de novembro de 1989, após várias semanas de distúrbios civis, que todos os cidadãos da RDA poderiam visitar a Alemanha Ocidental e Berlim Ocidental. Multidões de alemães orientais subiram e atravessaram o Muro, juntando-se aos alemães ocidentais do outro lado, em uma atmosfera de celebração. Ao longo das semanas seguintes, partes do Muro foram destruídas por um público eufórico e por caçadores de souvenirs. Mais tarde, equipamentos industriais foram usados para remover quase o todo da estrutura. A queda do Muro de Berlim abriu o caminho para a reunificação alemã que foi formalmente celebrada em 3 de outubro de 1990. Muitos apontam este momento também como o fim da Guerra Fria. O governo de Berlim incentiva a visita do muro derrubado, tendo preparado a reconstrução de trechos do muro. Além da reconstrução de alguns trechos, está marcado no chão o percurso que o muro fazia quando estava erguido.
   

domingo, fevereiro 10, 2019

Berthold Brecht nasceu há 121 anos

Eugen Berthold Friedrich Brecht (Augsburg, 10 de fevereiro de 1898 - Berlim Leste, 14 de agosto de 1956) foi um destacado dramaturgo, poeta e encenador alemão do século XX. Os seus trabalhos artísticos e teóricos influenciaram profundamente o teatro contemporâneo, tornando-o mundialmente conhecido a partir das apresentações de sua companhia, o Berliner Ensemble, realizadas em Paris durante os anos de 1954 e 1955.
No final dos anos 20 Brecht torna-se marxista, vivendo o intenso período das mobilizações da República de Weimar, desenvolvendo o seu teatro épico. A sua praxis é uma síntese dos experimentos teatrais de Erwin Piscator e Vsevolod Emilevitch Meyerhold, do conceito de estranhamento do formalista russo Viktor Chklovski, do teatro chinês e do teatro experimental da Rússia soviética, entre os anos 1917-1926. O seu trabalho como artista concentrou-se na crítica artística ao desenvolvimento das relações humanas no sistema capitalista.
  
Sobre a Violência
  
A corrente impetuosa é chamada de violenta
Mas o leito do rio que a contem
Ninguém o chama de violento.
  
A tempestade que faz dobrar as bétulas
É tida como violenta
E a tempestade que faz dobrar
Os dorsos dos operários na rua?
 
 
Bertolt Brecht

sexta-feira, janeiro 04, 2019

Till Lindemann, vocalista dos Rammstein, faz hoje 56 anos

Till Lindemann (Leipzig, 4 de janeiro de 1963) é o vocalista da banda alemã Rammstein. Ex-campeão da Europa de natação da antiga Alemanha Oriental (RDA) enquanto jovem, teve que abandonar o desporto devido a um rompimento muscular abdominal (cuja cicatriz pode ser vista no vídeo Live aus Berlin).
Após vários incidentes menos graves, como o ocorrido na Treptow Arena, em Berlim, a 27 de setembro de 1996, em que um objeto em chamas voou na direção da plateia, felizmente sem causar acidentes, Till dedicou-se ao estudo de técnicas de pirotecnia e formou-se como pirotécnico profissional, característica que marca os concertos do Rammstein.
As suas características mais marcantes são o timbre grave e os seus "R"s enrolados. Lindemann tem 1,92 metros de altura. O seu cabelo natural é castanho e os olhos, verdes-azulados.
Antes de ingressar nos Rammstein, Till trabalhou fazendo cestos quando morou em Schwerin e foi baterista da banda First Arsch.
Em 1986 começou a tocar bateria numa banda chamada First Arsch, também conhecida como "First Art": o jogo de palavras talvez servisse para enganar as autoridades comunistas e era uma banda punk com sede em Schwerin. Fizeram um álbum intitulado Saddle up. Till também tocou numa banda chamada Feeling B. Uma música chamada "Leid von der unruhevollen Jugend" ("Música da juventude incansável") encontra-se no álbum Hea Hoa Hoa Hoa Hea Hoa Hea (1990). Mais tarde, nos anos 90, Lindemann começou a escrever letras, possivelmente baseadas em poemas anteriores que começara a escrever.
Till é o vocalista do grupo, embora tenha sido baterista na sua banda anterior. Tem uma poderosa presença em palco. Um dos seus movimentos mais conhecidos é o de bater com o punho na sua perna ao ritmo dos riffs, da mesma maneira como fazem os ferreiros - ele também faz isso quando sente dor no joelho. Till tem um problema na rótula, que, às vezes, sai do lugar e só volta com um impacto na perna. Como Till disse numa entrevista, que pode ser vista no DVD Vídeos 1995-2012, no making-of de um dos vídeos, ele disse: "Eu tenho um problema no joelho e, quando piso mal o chão, a minha rótula sai do lugar. Quando era mais jovem, logo que eu sentia isso, batia no joelho, como faço nos shows, e esta voltava ao lugar e melhorava."
Till obteve licença para trabalhar no palco com fogos de artifício, depois de estudar para ter o certificado de pirotecnia. Depois de um acidente na Treptow Arena, em Berlim, a 27 de setembro de 1996, em que símbolo da banda - em chamas - caiu do palco sobre o público, a banda passou a manter uma equipe especializada de pirotécnicos, com os quais Lindemann aprendeu.
Cada membro da banda é instruído para trabalhar com os adereços pirotécnicos que usa em palco.
Na banda é o que melhor fala inglês, apesar de ter um sotaque muito forte.
  
  

quarta-feira, outubro 03, 2018

A reunificação da Alemanha ocorreu há 28 anos

A reunificação da Alemanha (Deutsche Wiedervereinigung, em alemão) ocorreu em 3 de outubro de 1990, quando o território da antiga República Democrática Alemã (RDA ou Alemanha Oriental) foi incorporado na República Federal da Alemanha (RFA ou Alemanha Ocidental).
Após as primeiras eleições livres na RDA, em 18 de março de 1990, as negociações entre as duas Alemanhas culminaram no Tratado de Unificação (Einigungsvertrag, celebrado em 31 de agosto de 1990), enquanto que os entendimentos entre a RDA e a RFA e as quatro potências de ocupação (Estados Unidos, França, Reino Unido e União Soviética) resultaram no chamado "Tratado Dois Mais Quatro" (celebrado em 12 de setembro de 1990), que outorgava independência plena ao Estado alemão reunificado.
A Alemanha reunificada continuaria a integrar a Comunidade Europeia (posteriormente, União Europeia) e a NATO.
O termo "reunificação" é utilizado para designar este processo, que é distinto da unificação da Alemanha, em 1871.
A reintegração das duas Alemanhas teve um alto custo económico, que gerou inflação e recessão. Um dos problemas sociais provocados pela reunificação foi a necessidade de estender a toda a população o nível de vida e poder de compra alcançado pelos habitantes do lado ocidental.
A União Democrata Cristã (CDU), de Helmut Kohl, venceu com folga as primeiras eleições na nova Alemanha, em dezembro de 1990, mas o governo enfrentou graves problemas, como o aumento da dívida pública, o alto índice de desemprego e a atuação de grupos neonazis e de extrema direita, cujos ataques visavam sobretudo o grande contingente de imigrantes do país.

sábado, junho 30, 2018

O político que mandou fazer o Muro de Berlim nasceu há 125 anos

Walter Ulbricht (Leipzig, 30 de junho de 1893Berlim Oriental, 1 de agosto de 1973) foi um político alemão, membro do Partido Comunista da Alemanha (KPD) e depois secretário-geral do Partido Socialista Unificado (SED), que resultou da fusão, forçada pelos soviéticos, do Partido Social-Democrata da Alemanha (SDP) com o Partido Comunista da Alemanha (KDP), na República Democrática Alemã. Ocupou o cargo de Presidente do Conselho de Estado da República Democrática Alemã entre 12 de setembro de 1960 e 1 de agosto de 1973. Foi o responsável por mandar fazer o Muro de Berlim, embora dois meses antes tivesse negado tal intenção. Apoiou a intervenção soviética na Checoslováquia, durante a Primavera de Praga, mandando inclusive tropas da RDA para pôr fim ao levantamento democrático na Checoslováquia.
Grafitties sobre o Muro de Berlim em 1986

sábado, fevereiro 10, 2018

Brecht nasceu há 120 anos

Eugen Berthold Friedrich Brecht (Augsburg, 10 de fevereiro de 1898 - Berlim Leste, 14 de agosto de 1956) foi um destacado dramaturgo, poeta e encenador alemão do século XX. Seus trabalhos artísticos e teóricos influenciaram profundamente o teatro contemporâneo, tornando-o mundialmente conhecido a partir das apresentações de sua companhia, o Berliner Ensemble, realizadas em Paris durante os anos de 1954 e 1955.
No final dos anos 20 Brecht torna-se marxista, vivendo o intenso período das mobilizações da República de Weimar, desenvolvendo o seu teatro épico. A sua praxis é uma síntese dos experimentos teatrais de Erwin Piscator e Vsevolod Emilevitch Meyerhold, do conceito de estranhamento do formalista russo Viktor Chklovski, do teatro chinês e do teatro experimental da Rússia soviética, entre os anos 1917-1926. O seu trabalho como artista concentrou-se na crítica artística ao desenvolvimento das relações humanas no sistema capitalista.
 
Brecht
 
Em verdade, ele viveu em tempo de trevas.
Os tempos ganharam em luz.
Os tempos ganharam em trevas.
Quando a luz diz: Eu sou as trevas,
Disse a verdade.
Quando as trevas dizem: Eu sou
A luz, não mentem.

 
Heiner Müller (tradução João Barrento)

quinta-feira, janeiro 04, 2018

Till Lindemann, o vocalista dos Rammstein, faz hoje 55 anos!

Till V. Lindemann (Leipzig, 4 de janeiro de 1963) é o vocalista da banda alemã Rammstein. Ex-campeão da Europa de natação pela Alemanha Orientai (RDA) quando jovem, teve que abandonar o desporto devido a um rompimento muscular abdominal (cuja cicatriz pode ser vista no vídeo Live aus Berlin).
Após vários incidentes menos graves como o ocorrido na Treptow Arena, em Berlim, em 27 de setembro de 1996, e uma bengala em chamas que voou em direção à plateia, felizmente sem causar acidentes, Till dedicou-se ao estudo de técnicas de pirotecnia e formou-se como pirotécnico profissional, característica que marca os concertos dos Rammstein.
As suas características mais marcantes são o timbre grave e os seus "R"s enrolados. Mede cerca de 1,90 metro. O seu cabelo natural é castanho e os olhos, verdes.
Antes do ser dos Rammstein, Till trabalhou fazendo cestos, quando morou em Schwerin, e foi baterista da banda First Arsch.
Em 1986 começou a tocar bateria numa banda chamada First Arsch, também conhecida como "First Art": o jogo de palavras talvez servisse para enganar as autoridades. Era uma banda punk sediada em Schwerin. Fizeram um álbum intitulado Saddle up. Till também tocou numa banda chamada Feeling B. Uma música chamada "Leid von der unruhevollen Jugend" ("Música da juventude incansável") encontra-se no álbum Hea Hoa Hoa Hoa Hea Hoa Hea (1990). Mais tarde, nos anos 90, Lindemann começou a escrever letras.
Till é o vocalista do grupo, embora tenha sido baterista na sua banda anterior. Um dos seus movimentos no palco é o de bater com o punho na sua perna ao ritmo dos riffs, da mesma maneira como fazem os ferreiros - também faz isso quando sente dor no joelho. Till tem um problema na patela, que às vezes sai do lugar e só volta com um impacto na perna. Como Till disse numa entrevista que pode ser vista no DVD Vídeos 1995-2012, no making-of de um dos vídeos: "Eu tenho um problema no joelho e, quando piso mal, a minha patela sai do lugar. Quando era mais jovem, quando sentia isso, batia no joelho, como faço nos shows, e a patela voltava ao lugar e melhorava."
Em dezembro de 2014, Till Lindemann anunciou, juntamente com Peter Tägtgren das bandas Pain e Hypocrisy, o seu novo projeto a solo, que tem o nome de "Lindemann". Em janeiro de 2015, a banda assinou contrato com a Warner Music, e não com a Universal Music, dos Rammstein. O primeiro álbum do projeto saiu em junho de 2015: Skills in Pills.
 
in Wikipédia
  

quinta-feira, novembro 09, 2017

O Muro de Berlim caiu (finalmente) há 28 anos

O Muro de Berlim (em alemão Berliner Mauer) foi uma barreira física construída pela República Democrática Alemã (Alemanha Oriental - socialista) durante a Guerra Fria, que circundava toda a Berlim Ocidental (capitalista), separando-a da Alemanha Oriental (socialista), incluindo Berlim Oriental. Este muro, além de dividir a cidade de Berlim ao meio, simbolizava a divisão do mundo em dois blocos ou partes: República Federal da Alemanha (RFA), que era constituído pelos países capitalistas encabeçados pelos Estados Unidos; e a República Democrática Alemã (RDA), constituído pelos países socialistas sob jugo do regime soviético. Construído a partir da madrugada de 13 de agosto de 1961, dele faziam parte 66,5 km de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas electrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para ferozes cães de guarda. Este muro era patrulhado por militares da Alemanha Oriental Socialista com ordens de atirar para matar (a célebre Schießbefehl ou "Ordem 101") os que tentassem escapar, o que provocou, segundo dados do regime socialista, a morte de 80 pessoas, 112 feridos e milhares aprisionados nas diversas tentativas de fuga para o ocidente capitalista, além de separar, até sua queda, dezenas de milhares de famílias berlinenses que ficaram divididas e sem contato algum. Os números de mortos, feridos e presos é controverso pois os dados oficiais do fechado regime socialista são contestados por diversos órgãos internacionais de Direitos Humanos.
A distinta e muito mais longa fronteira interna alemã demarcava a fronteira entre a Alemanha Oriental e a Alemanha Ocidental. Ambas as fronteiras passaram a simbolizar a chamada "cortina de ferro" entre a Europa Ocidental e o Bloco de Leste.
Antes da construção do Muro, 3,5 milhões de alemães orientais tinham evitado as restrições de emigração do Leste socialista e fugiram para a Alemanha Ocidental, muitos ao longo da fronteira entre Berlim Oriental e Ocidental. Durante a sua existência, entre 1961 e 1989, o Muro quase parou todos os movimentos de emigração e separou a Alemanha Oriental de Berlim Ocidental por mais de um quarto de século.
Durante uma onda revolucionária de libertação ao comando de Moscovo que varreu o Bloco de Leste, o governo da Alemanha Oriental anunciou em 9 de novembro de 1989, após várias semanas de distúrbios civis, que todos os cidadãos da RDA poderiam visitar a Alemanha Ocidental capitalista e Berlim Ocidental. Multidões de alemães orientais subiram e atravessaram o Muro, juntando-se aos alemães ocidentais do outro lado, numa atmosfera de celebração. Ao longo das semanas seguintes, partes do Muro foram destruídas por um público eufórico e por caçadores de souvenirs. Mais tarde, equipamentos industriais foram usados para remover quase o todo da estrutura. A queda do Muro de Berlim abriu o caminho para a reunificação alemã, que foi formalmente celebrada em 3 de outubro de 1990. Muitos apontam este momento também como o fim da Guerra Fria. O governo de Berlim incentiva a visita do muro derrubado, tendo preparado a reconstrução de trechos do muro. Além da reconstrução de alguns trechos, está marcado no chão o percurso que o muro fazia quando estava erguido.

Memorial em homenagem as vítimas do muro em Berlim (1982)

quarta-feira, agosto 16, 2017

Peter Fechter, o mais famoso alemão assassinado ao tentar atravessar o Muro de Berlim, morreu há 55 anos

Peter Fechter (Berlim, 14 de janeiro de 1944 - Berlim, 17 de agosto de 1962) era um pedreiro da Alemanha Oriental que, aos dezoito anos, se tornou uma das primeiras e provavelmente a mais famosa vítima do Muro de Berlim. Ao tentar atravessar a fronteira entre as duas Alemanhas, na rua Zimmer, foi alvejado pelas costas e morreu de hemorragia, sem que os guardas de fronteira da parte ocidental pudessem socorrê-lo.
  
Morte
Em 1962, cerca de um ano após a construção do muro, Fechter tentou fugir da Alemanha Oriental juntamente com o seu amigo Helmut Kulbeik. O plano era esconder-se numa oficina de carpintaria próxima do muro em Zimmerstrasse, aguardar uma brecha na movimentação dos soldados da fronteira e saltar de uma janela para o "corredor da morte" (a zona desmilitarizada que ficava entre o muro erguido na parte Oriental e o erguido na parte Ocidental, que por sua vez corriam paralelos entre si para aumentar a segurança contra invasões e fugas), correr através dele e depois escalar uma parede de dois metros, coberta de arame farpado, para enfim cair em Kreuzberg, Berlim Ocidental, perto de Checkpoint Charlie.
Quando ambos chegavam até à segunda parede os guardas avistaram-nos e dispararam imediatamente contra os dois. Kulbeik conseguiu pular para o outro lado, mas Fechter acabou baleado na pelvis enquanto escalava e diante de centenas de testemunhas. Após ser alvejado, perdeu as forças e caiu de volta ao corredor da morte, controlado pelo lado oriental, diante de um grande número de espectadores ocidentais, incluindo jornalistas. Apesar de seus gritos, ele não recebeu assistência médica do lado do Oriente e não pôde ser atendido pelas equipes médicas do lado ocidental, que não podiam aceder ao corredor. Fechter agonizou até à morte cerca de uma hora, sem nenhum tipo de assistência. As pessoas do lado oeste que pararam para ver a cena imediatamente começaram a gritar contra os guardas da fronteira, fazendo coro chamando-os de assassinos.
A falta de assistência médica no caso pode ter sido reflexo do medo mútuo. De acordo com um relatório da revista Time, um segundo-tenente dos Estados Unidos que acompanhou a cena teria recebido ordens específicas do comandante dos EUA em Berlim Ocidental para se manter firme e não invadir a área oriental. De qualquer maneira, de acordo com um relatório do patologista forense Otto Prokop, "Fechter não tinha nenhuma chance de sobrevivência. O tiro no quadril direito havia causado ferimentos internos graves." O comandante do pelotão do lado oriental, por sua vez, declarou que ficou com medo de intervir, pois três dias antes o guarda de fronteira Rudi Arnstadt havia sido baleado por um policial federal no lado ocidental e ele temia que qualquer ação que tomasse em relação ao corpo de Fechter resultasse numa reação ocidental. No entanto, uma hora após a morte de Peter Fechter,  o seu corpo foi recolhido pelo lado oriental.

Ele queria liberdade...

sábado, junho 24, 2017

Richard Kruspe, o guitarrista dos Rammstein, faz hoje 50 anos!

Richard Z. Kruspe (Wittenburg, 24 de junho de 1967) é um guitarrista alemão, atual guitarrista da banda Rammstein. Mede 1,80 m, o seu cabelo é castanho, os olhos azuis, tem sobrancelhas não unidas e muito baixas.
Em 10 de outubro de 1989, antes da queda do Muro de Berlim, ele estava a ir para o metro e quando estava perto ficou no meio de uma manifestação política; foi atingido na cabeça e preso apenas por estar ali, e ficou na prisão seis dias. Uma vez fora da prisão, decidiu deixar a Alemanha de Leste. Naqueles dias, não se podia sair da RDA para a RFA, por isso ele entrou na RFA através da Checoslováquia. Quando o muro caiu, ele voltou para a parte oriental da Alemanha.
Richard tem duas irmãs mais velhas. Os seus pais são divorciados e a  sua mãe voltou a casar, tendo Richard convivido com o padrasto. Quando era mais jovem foi lutador de Luta Greco-Romana e chegou a ser campeão da RDA. O seu verdadeiro nome é Zven, nome de batismo, mas mudou-o para Richard. É divorciado do primeiro casamento, tendo casado novamente com a atriz Caron Bernstein, a 29 de outubro de 1999 e adotado o último nome de sua mulher, "Bernstein". Em 2004, Caron e Richard separam-se e ele retirou o nome "Bernstein". Tem uma filha, Khira Li Lindemann, fruto da relação de Richard com a ex-mulher de Till Valcorte Lindemann, nascida a 28 de fevereiro de 1991 e um filho chamado Merlin Besson, de um outro relacionamento, nascido no dia 10 de dezembro de 1992. A sua filha aparece no concerto Live Aus Berlin.
Trabalhou como caixa e empregado de cozinha antes de ser um dos fundadores da banda Rammstein, ao lado de Christoph Schneider, tocando guitarra. O seu primeiro grupo chamava Orgasm Death Gimmick. Gosta de bandas como os AC/DC e Black Sabbath. Fala inglês, língua que aprendeu ao ler revistas. A letra da música "Engel" foi escrita por si. Tem um projeto paralelo, chamado Emigrate, com um disco lançado.
 
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sábado, agosto 13, 2016

Há 55 anos começou a ser construído o mais famoso muro de sempre

Grafitties sobre o Muro de Berlim em 1986

O Muro de Berlim (em alemão Berliner Mauer) era uma barreira física, construída pela República Democrática Alemã (Alemanha Oriental) durante a Guerra Fria, que circundava toda a Berlim Ocidental, separando-a da Alemanha Oriental, incluindo Berlim Oriental. Este muro, além de dividir a cidade de Berlim ao meio, simbolizava a divisão do mundo em dois blocos ou partes: República Federal da Alemanha (RFA), que era fazia parte dos países capitalistas, encabeçados pelos Estados Unidos; e República Democrática Alemã (RDA), fazia parte dos países países socialistas, simpatizantes do regime soviético. Construído na madrugada de 13 de agosto de 1961, dele faziam parte 66,5 km de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas electrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para ferozes cães de guarda. Este muro era patrulhado por militares da Alemanha Oriental com ordens de atirar a matar (a célebre Schießbefehl ou "Ordem 101") os que tentassem escapar, o que provocou a morte a 80 pessoas identificadas, 112 ficaram feridas e milhares aprisionadas em diversas tentativas.
Mapa do traçado do Muro de Berlim
A distinta e muito mais longa fronteira interna alemã demarcava a fronteira entre a Alemanha Oriental e a Alemanha Ocidental. Ambas as fronteiras passaram a simbolizar a chamada "cortina de ferro" entre a Europa Ocidental e o Bloco de Leste.
Antes da construção do Muro, 3,5 milhões de alemães orientais tinham evitado as restrições de emigração do Leste e fugiram para a Alemanha Ocidental, muitos ao longo da fronteira entre Berlim Oriental e Ocidental. Durante sua existência, entre 1961 e 1989, o Muro quase parou todos os movimentos de emigração e separou a Alemanha Oriental de Berlim Ocidental por mais de um quarto de século.
Durante uma onda revolucionária que varreu o Bloco de Leste, o governo da Alemanha Oriental anunciou a 9 de novembro de 1989, após várias semanas de distúrbios civis, que todos os cidadãos da RDA poderiam visitar a Alemanha Ocidental e Berlim Ocidental. Multidões de alemães orientais subiram e atravessaram o Muro, juntando-se aos alemães ocidentais do outro lado, em uma atmosfera de celebração. Ao longo das semanas seguintes, partes do Muro foram destruídas por um público eufórico e por caçadores de souvenirs. Mais tarde, equipamentos industriais foram usados para remover quase o todo da estrutura. A queda do Muro de Berlim abriu o caminho para a reunificação alemã que foi formalmente celebrada em 3 de outubro de 1990. Muitos apontam este momento também como o fim da Guerra Fria. O governo de Berlim incentiva a visita do muro derrubado, tendo preparado a reconstrução de trechos do muro. Além da reconstrução de alguns trechos, está marcado no chão o percurso que o muro fazia quando estava erguido.

segunda-feira, novembro 09, 2015

O Muro de Berlim começou a cair há 26 anos...!

 Alemães em pé em cima do muro, em 1989

O Muro de Berlim começou a ser derrubado na noite de 9 de novembro de 1989, depois de 28 anos de existência. O evento é conhecido como a queda do muro. Antes da sua queda, houve grandes manifestações em que, entre outras coisas, era pedida liberdade para viajar. Além disto, houve um enorme fluxo de refugiados ao Ocidente, pelas embaixadas da RFA, principalmente em Praga e Varsóvia, e pela fronteira recém-aberta entre a Hungria e a Áustria, perto do lago de Neusiedl.
O impulso decisivo para a queda do muro foi um mal-entendido entre o governo da RDA. Na tarde do dia 9 de Novembro houve uma conferência de imprensa, transmitida ao vivo na televisão alemã-oriental. Günter Schabowski, membro do Politburo do SED, anunciou uma decisão do conselho dos ministros de abolir imediatamente e completamente as restrições de viagens ao Oeste. Esta decisão deveria ser publicada só no dia seguinte, para anteriormente informar todas as agências governamentais.
Pouco depois deste anúncio houve notícias sobre a abertura do Muro na rádio e televisão ocidental. Milhares de pessoas marcharam aos postos fronteiriços e pediram a abertura da fronteira. Nesta altura, nem as unidades militares, nem as unidades de controle de passaportes haviam sido instruídas. Por causa da força da multidão, e porque os guardas da fronteira não sabiam o que fazer, a fronteira abriu-se no posto de Bornholmer Strasse, às 23.00 horas, e mais tarde em outras partes do centro de Berlim, e na fronteira ocidental. Muitas pessoas viram a abertura da fronteira na televisão e pouco depois marcharam à fronteira. Como muitas pessoas já dormiam quando a fronteira se abriu, na manhã do dia 10 de novembro havia grandes multidões de pessoas querendo passar pela fronteira.
Os cidadãos da RDA foram recebidos com grande euforia em Berlim Ocidental. Muitas discotecas perto do Muro espontaneamente serviram cerveja gratuita, houve uma grande celebração na Rua Kurfürstendamm, e pessoas que nunca se tinham visto antes cumprimentavam-se. Cidadãos de Berlim Ocidental subiram o muro e passaram para as Portas de Brandenburgo, que até então não eram acessíveis aos ocidentais. O Bundestag interrompeu as discussões sobre o orçamento, e os deputados espontaneamente cantaram o hino nacional da Alemanha.

sábado, outubro 03, 2015

A reunificação da Alemanha foi concluída há 25 anos

A reunificação da Alemanha (Deutsche Wiedervereinigung, em alemão) ocorreu a 3 de outubro de 1990, quando o território da antiga República Democrática Alemã (RDA ou Alemanha Oriental) foi incorporado na República Federal da Alemanha (RFA ou Alemanha Ocidental).
Após as primeiras eleições livres na RDA, a 18 de março de 1990, as negociações entre as duas Alemanhas culminaram no Tratado de Unificação (Einigungsvertrag, celebrado a 31 de agosto de 1990), enquanto que os entendimentos entre a RDA e a RFA e as quatro potências de ocupação (Estados Unidos, França, Reino Unido e União Soviética) resultaram no chamado "Tratado Dois Mais Quatro" (celebrado em 12 de setembro de 1990), que outorgava independência plena ao Estado alemão reunificado.
A Alemanha reunificada continuaria a integrar a Comunidade Europeia (que posteriormente, passaria a ser a União Europeia) e a NATO.
O termo "reunificação" é utilizado para designar este processo, que é distinto e diferente da unificação da Alemanha, em 1871.
A reintegração das duas Alemanhas teve um alto custo económico, que gerou inflação e recessão. Um dos problemas sociais provocados pela reunificação foi a necessidade de estender a toda a população o nível de vida e poder de compra alcançado pelos habitantes do lado ocidental.
A União Democrata Cristã (CDU), de Helmut Kohl, venceu facilmente as primeiras eleições na nova Alemanha, em dezembro de 1990, mas o governo enfrentou graves problemas, como o aumento da dívida pública, o alto índice de desemprego e a atuação de grupos neonazis, cujos ataques visavam sobretudo o grande contingente de imigrantes do país.

quinta-feira, agosto 13, 2015

Começaram a construir o Muro de Berlim há 54 anos...

Grafitis sobre o Muro de Berlim em 1986

O Muro de Berlim (em alemão Berliner Mauer) era uma barreira física construída pela República Democrática Alemã (Alemanha Oriental - socialista) durante a Guerra Fria, que circundava toda a Berlim Ocidental (capitalista), separando-a da Alemanha Oriental (socialista), incluindo Berlim Oriental. Este muro, além de dividir a cidade de Berlim ao meio, simbolizava a divisão do mundo em dois blocos ou partes: República Federal da Alemanha (RFA), que era constituído pelos países capitalistas encabeçados pelos Estados Unidos; e a República Democrática Alemã (RDA), constituído pelos países socialistas sob jugo do regime soviético. Construído na madrugada de 13 de agosto de 1961, dele faziam parte 66,5 km de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas electrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para ferozes cães de guarda. Este muro era patrulhado por militares da Alemanha Oriental Socialista com ordens de atirar a matar (a célebre Schießbefehl ou "Ordem 101") os que tentassem escapar, o que provocou, segundo dados do regime socialista, a morte de 80 pessoas, 112 feridos e milhares aprisionados nas diversas tentativas de fuga para o ocidente capitalista, além de separar, até sua queda, dezenas de milhares de famílias berlinenses que ficaram divididas e sem contacto algum. Os números de mortos, feridos e presos é controverso pois os dados oficiais do fechado regime socialista são contestados por diversos órgãos internacionais de Direitos Humanos.

Memorial em homenagem as vítimas do muro em Berlim (foto de 1982)
 

domingo, novembro 09, 2014

O Muro de Berlim caiu há 25 anos - viva a Liberdade!


Filme com o Google Doodle de 09.11.2014 - 25º aniversário da queda do Muro de Berlim

NOTA: o jornal oficial do PCP, o "Avante!", tem, na sua edição de 6 de novembro, um texto que não sei bem qualificar (Humorístico? Pedagógico? Educacional? Surrealista?!?) e que vale a pena ler:

25 anos depois
A chamada «queda do muro de Berlim»

quinta-feira, outubro 09, 2014

Há 25 anos, os alemães de leste fartaram-se...

O dia em que o Muro de Berlim começou a cair

Mais de 70 mil pessoas saíram à rua a 9 de outubro de 1989 em Leipzig

Foi em Leipzig que a manifestação de 70 mil pessoas no dia 9 de outubro de 1989 deixou o regime da RDA sem resposta. Ninguém imaginava que um mês depois o muro caísse. Foi há 25 anos.

A polícia estava na rua, com escudos, bastões, e cães. O jornal oficial do partido avisara que o exército estava de armas na mão, pronto a esmagar qualquer ameaça à ordem socialista. Os hospitais de Leipzig tinham recebido sangue extra. A imagem na cabeça das pessoas da cidade do Leste da Alemanha era uma: Tiananmen.
Apesar disso, mais de 70 mil pessoas saíram à rua a 9 de outubro de 1989 em Leipzig, e é essa data que o Presidente alemão, Joachim Gauck, vai assinalar esta quinta-feira nas comemorações dos 25 anos da queda do Muro de Berlim. Não 9 de Novembro, o dia em que a barreira foi finalmente derrubada, mas sim um mês antes, quando se deu a manifestação que tudo mudou, em Leipzig.

No dia 9 de outubro de 1989, Irmtraut Hollitzer saiu de casa para ir, como ia sempre, à oração pela paz numa das igrejas de Leipzig. Nestes círculos de relativa liberdade que eram as igrejas e nestes encontros eram há alguns anos discutidas questões decisivas para o Estado – dos problemas ambientais à proibição de viajar. Estes encontros começaram a chamar a atenção e em Setembro saíram do interior das igrejas. “Imagine, na RDA era tudo sempre sossegado, não se passava nada, e de repente todas as segundas-feiras acontecia alguma coisa na Igreja de S. Nicolau”, contou Irmtraut numa conversa telefónica com o PÚBLICO. Na segunda-feira, dia 2 de outubro, o regime achou que chegava e mandou a polícia reprimir uma manifestação no exterior da igreja à bastonada.
Na segunda-feira seguinte, dia 9, as quatro principais igrejas da cidade estavam cheias. Irmtraut estava na Igreja de S. Tomás. “Não cabia nem mais uma pessoa. Havia gente no pátio, cá fora.” Com todas as ameaças do regime, o ambiente era muito tenso. “Falou-se sobre quão difícil estava a situação. Os nossos sentimentos, as nossas emoções, estavam todas dominadas pelo medo”, lembra.
As portas da igreja abriram-se e Irmtraut teve de decidir: “Ou ia para a esquerda, para casa, ou para a direita.” Viu a polícia, “pronta para atacar, com escudos, com cães”. Lembrou-se dos avisos: “O exército estava com armas na mão para reprimir a manifestação.” O Presidente da RDA, Erich Honecker, tinha elogiado as autoridades chinesas pelo modo como acabaram com o protesto de Tiananmen. “Eu tinha quatro filhos. Estava cheia de medo.” Irmtraut decidiu e acelerou o passo: “Para casa, para casa.”
Muitas outras pessoas foram, apesar disso, para o lado oposto, “com incrível coragem”, sublinha Irmtraut. Juntaram-se a pessoas vindas das outras igrejas, incluindo a Igreja de S. Nicolau, onde havia orações pela paz desde 1982. Tinham velas na mão. Diziam “Somos o povo” ou “não à violência”.
Não sabiam se iam ser atacadas, espancadas, se ia haver tiros. Não sabiam se no dia a seguir iam ter emprego. “Para mim foi espantoso como foram”, resume Irmtraut. “Se tivessem sido menos, certamente a manifestação teria sido reprimida.”
A polícia, que na semana anterior tinha sido violenta, não soube reagir a tanta gente. Os agentes da Stasi infiltrados que tentaram causar problemas foram isolados pelos manifestantes. Na superordenada RDA, o trânsito estava caótico, condutores deixaram carros no meio da rua para se juntar à marcha, as forças do regime não sabiam o que fazer – então acabaram por não fazer nada. “Eles estavam prontos para tudo”, comentou Christian Führer, um dos padres da Igreja de S. Nicolau que liderou as orações pela paz desde 1982 (e que morreu este ano). “Excepto para orações e velas.”
Irmtraut chegou a casa e ligou a televisão num canal da Alemanha Ocidental. “Passado um bocado falou-se de Leipzig e de uma manifestação pacífica. E foi como uma libertação.”
Na segunda-feira seguinte, tudo era diferente. “Já não tínhamos medo”, conta Irmtraut. Não foi preciso decidir se a seguir à oração ia para a casa ou para a manifestação: “Lembro-me de um sentimento in-crí-vel, estar ligada a esta massa de pessoas e podermos fazer alguma coisa, demonstrar a nossa oposição a este sistema, dizer: ‘Basta de mentiras.’”
Imagens de Leipzig chegaram a outras cidades e as manifestações multiplicavam-se de cidade em cidade e cresciam. A pressão sobre o regime continuava.
Na altura, o máximo que Irmtraut imaginou foi que o regime da RDA mudasse. Até que umas semanas mais tarde alguém gritou numa manifestação: “Fora com o muro.” E eu pensei: ‘Oh meu Deus, será que é possível?’ Para mim o muro acabar era como um sonho.”
E a 9 de novembro, depois de 28 anos de existência, o muro caiu.
Irmtraut tinha 46 anos. “A reunificação foi a maior sorte da minha vida. Vinte e cinco anos em liberdade, não é nada mau!”, diz a rir.
Esta quinta-feira, dezenas de milhares de pessoas vão reviver, levando velas, o percurso da manifestação. O Presidente Gauck convidou os chefes de Estado da Polónia, República Checa, Eslováquia e Hungria para a cerimónia.
A queda do Muro de Berlim foi tão inesperada como fruto de uma complexa teia de circunstâncias, desde em Moscovo ser Presidente Gorbatchov, ao surgimento do movimento Solidariedade na Polónia (na comemoração dos 20 anos da queda do muro, Lech Walesa, o líder do Solidariedade, deitou abaixo o primeiro dominó de uma cadeia simbolizando o Muro de Berlim), passando pela abertura das fronteiras da Hungria e Checoslováquia que levaram a uma saída em massa de alemães do Leste para o oeste.
Como resumiu em 2009 o jornalista da BBC que era o correspondente em Moscovo Brian Hanrahan (e que entretanto morreu): “Uma semana depois Honecker foi-se embora, um mês depois foi-se o Muro de Berlim, deitado abaixo pela coragem dos manifestantes de Leipzig.”
Para o padre Christian Führer, citado pela revista Spiegel, não há dúvidas: “Foi uma auto-libertação.” A queda do muro “foram as pessoas daqui que a fizeram”.

in Público - ler notícia

quinta-feira, agosto 14, 2014

Bertolt Brecht morreu há 58 anos

Eugen Berthold Friedrich Brecht (Augsburg, 10 de fevereiro de 1898 - Berlim Leste, 14 de agosto de 1956) foi um destacado dramaturgo, poeta e encenador alemão do século XX. Os seus trabalhos artísticos e teóricos influenciaram profundamente o teatro contemporâneo, tornando-o mundialmente conhecido a partir das apresentações da sua companhia, o Berliner Ensemble, realizadas em Paris durante os anos de 54 e 55.



Nunca te Amei Tanto

Nunca te amei tanto, ma soeur,
Como quando de ti parti naquele pôr-de-sol.
O bosque engoliu-me, o bosque azul, ma soeur,
Sobre que já pousavam as estrelas pálidas a oeste.

Não me ri nem um pouco, nada, ma soeur,
Eu que a brincar ia ao encontro dum destino escuro —
Enquanto os rostos já atrás de mim
Devagar empalideciam no anoitecer do bosque azul.
Tudo era belo naquele anoitecer único, ma soeur,
Nunca mais depois e nunca antes assim —
Verdade é: só me ficaram as grandes aves
Que ao anoitecer têm fome no céu escuro.


Bertold Brecht