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quinta-feira, agosto 21, 2014

Há 74 anos Trotsky foi assassinado por um esbirro de Estaline

Leon Trotsky (nascido Lev Davidovich Bronstein; Ianovka, 7 de novembro de 1879 - Coyoacán, 21 de agosto de 1940) foi um intelectual marxista e revolucionário bolchevique, organizador do Exército Vermelho e rival de Estaline na tomada do PCUS após a morte de Lenine.
Nos primeiros tempos da União Soviética desempenhou um importante papel político, primeiro como Comissário do Povo (Ministro) para os Negócios Estrangeiros; posteriormente como organizador e comandante do Exército Vermelho, e fundador e membro do Politburo do Partido Comunista da União Soviética.
Afastado por Estaline do controle do partido, Trótski foi expulso deste e exilado da União Soviética, refugiando-se no México, onde veio a ser assassinado por Ramón Mercader, agente da polícia política de Estaline. As suas ideias políticas, expostas numa obra escrita de grande extensão, deram origem ao trotskismo, corrente ainda hoje importante no marxismo.


 
Mesmo sendo freqüentemente torturado pela polícia mexicana, Mercader jamais revelou a sua identidade ou as suas ligações com a NKVD. Alfonso Quiroz, um psicólogo mexicano que se interessou pelo caso, concluiu, após diversas análises, que Mercader era uma pessoa superdotada, pois além de dominar vários idiomas fluentemente, tinha uma capacidade de raciocínio acima do normal. Após poucos anos de prisão, Mercader solicitou liberdade condicional, que foi negada pelo Dr. Jesús Siordia e pelo criminologista Q. Cuarón. Após cumprir  a sua pena, foi finalmente libertado do presídio Lecumberri, na Cidade do México, em maio de 1960, e mudou-se para Havana, onde Fidel Castro o acolheu.
Em 1961, Mercader mudou-se para a URSS e foi condecorado com a medalha de Herói da União Soviética, uma das mais altas comendas do país. Mercader dividiu-se entre Cuba e a União Soviética pelo resto de sua vida, reverenciado pela KGB (sucessora da NKVD). Veio a falecer em Havana, em 1978, e encontra-se sepultado sob o nome de Ramon Ivanovitch López no cemitério de Kuntsevo, em Moscou, possuindo um lugar de honra no museu da KGB na capital russa.
Na tarde do dia 20 de agosto de 1940, o agente stalinista Ramón Mercader saiu de um hotel no centro da capital mexicana e se dirigiu à residência de Trotsky, guardada por uma legião de seguranças. Mercader entrou na casa e se dirigiu ao escritório de Trotsky, onde lhe entregou um documento para ler e, enquanto isso, golpeou-o na cabeça com uma picareta de alpinista.
Segundo o relato de Mercader a seu irmão, Luis, mesmo com a perfuração de sete centímetros na cabeça, Trotsky atirou-lhe objetos e ainda lhe salvou a vida, pedindo aos seguranças que não o matassem enquanto não confessasse o nome do mandante.
Mercader jamais fez essa confissão às autoridades mexicanas. Cumpriu 20 anos de prisão no México e, em 1961 foi condecorado como "herói da URSS" pelo dirigente Nikita Kruchev. Mas o "herói" passou a ser um "peso morto" para o governo soviético e teve sua identidade modificada pelos agentes de Estaline, até mesmo nos livros de registros de Barcelona, cidade onde nasceu. A partir de 1974, tornou-se amigo íntimo de Fidel Castro, de quem ganhou uma residência em Havana, onde morreu quatro anos depois. As suas cinzas foram transportadas em um vôo especial para Moscovo. A sua lápide no cemitério de Kuznetsovo diz: "Ramón Ivanovitch López, herói da União Soviética". (Flavio Campos e Renan Garcia Miranda. A escrita da História. 1ª edição. São Paulo: Escala Educacional, 2005).

domingo, março 02, 2014

O Komintern (Terceira Internacional ou Internacional Comunista) começou há 95 anos

Komintern (do alemão Kommunistische Internationale) é o termo com que se designa a Terceira Internacional ou Internacional Comunista (1919-1943), isto é, a organização internacional fundada por Vladimir Lenine e pelo PCUS (bolchevique), em 2 de março de 1919, para reunir os partidos comunistas de diferentes países.
Tinha como propósito, conforme seus primeiros estatutos, lutar pela superação do capitalismo, o estabelecimento da ditadura do proletariado e da República Internacional dos Sovietes, a completa abolição das classes e a realização do socialismo, como uma transição para a sociedade comunista, com a completa abolição do Estado e para isso se utilizando de todos os meios disponíveis, inclusive armados, para derrubar a burguesia internacional.
A sua fundação representou, originalmente, uma cisão da extrema esquerda da Segunda internacional como reação ao apoio que os partidos socialistas europeus deram à votação de créditos de guerra, mobilizações, etc. por parte de seus governos burgueses nacionais, quando da eclosão da Primeira Guerra Mundial, considerada pela ala esquerda do movimento socialista como uma guerra civil entre burguesias nacionais e como uma guerra de pilhagem imperialista.
A Comintern teve sete congressos mundiais, o primeiro deles em 2 de março de 1919. Enquanto Lenine viveu, os congressos eram anuais e foram realizados cinco deles, de 1919 a 1923. Após a morte de Lenine, este princípio da anualidade foi abandonado por Estaline, que desconfiava do Komintern e desejava transformá-lo num mero instrumento da política externa soviética. Assim, sob Stalin, o Komintern teria apenas dois congressos: o sexto, em 1928, e o sétimo e último, em 1935, antes de ser dissolvido, em 1943.

terça-feira, janeiro 21, 2014

Lenine morreu há 90 anos

Vladimir Ilitch Lenin ou Lenine (nascido Vladimir Ilyitch Uliánov, Simbirsk, 22 de abril de 1870 – Gorki, 21 de janeiro de 1924) foi um revolucionário e chefe de Estado russo, responsável em grande parte pela execução da Revolução Russa de 1917, líder do Partido Comunista, e primeiro presidente do Conselho dos Comissários do Povo da União Soviética. Influenciou teoricamente os partidos comunistas de todo o mundo e as suas contribuições resultaram na criação de uma corrente teórica denominada leninismo (Ética de Estado). Diversos pensadores e estudiosos escreveram sobre a sua importância para a história recente e o desenvolvimento da Rússia, entre eles o historiador Eric Hobsbawm, para quem Lenine teria sido "o personagem mais influente do século XX".

(imagem daqui)

quinta-feira, julho 18, 2013

Há 95 anos os bolcheviques assassinaram a Grã-Duquesa Isabel Feodorovna e vários membros da família Romanov

Quadro de Isabel Feodorovna pintado por Friedrich August von Kaulbach

A Grã-Duquesa Isabel Feodorovna da Rússia (Hesse-Darmstadt, 1 de novembro de 1864 - Apayevsk, 18 de julho de 1918) era esposa do Grão-Duque Sérgio Alexandrovich, quinto filho do czar Alexandre II. Era conhecida por “Ella” pela família e amigos. Era a irmã 8 anos mais velha da Czarina Alexandra Feodorovna, esposa do Czar Nicolau II. Isabel tornou-se famosa na sociedade russa pela sua beleza, charme e pela caridade entre os pobres.
Em 1992 foi canonizada pela Igreja Ortodoxa Russa como Nova Mártir.

(...)

O noivado da Princesa Isabel foi curto, uma vez que Sérgio queria que o casamento se realizasse o mais rapidamente possível e, apesar do pai dela não aceitar completamente a sua pressa, foi forçado a lidar com ela quando, em junho de 1884, chegou a São Petersburgo com Isabel e as suas duas irmãs mais novas, Irene e Alice.
A Rússia, com a sua vastidão, a sua atmosfera estranha e inexplicável, surpreendeu as duas princesas mais velhas que, à excepção da Inglaterra, tinham visto muito pouco do mundo. As enormes praças e largas ruas de São Petersburgo, o Neva, maior do que qualquer rio inglês ou alemão, as cúpulas e espirais douradas das catedrais, a grandeza do Palácio de Inverno e a graciosidade da alta sociedade eram tão únicos e inesperados que elas se sentiram desorientadas e confusas, incapazes de se acostumarem ao ambiente estranho e pouco familiar que as rodeava.
Elas sentiam-se intimidadas pelas multidões de criados e damas-de-companhia que as rodeavam sem descanso, pelos conselheiros da Corte que davam diferentes instruções e, acima de tudo, pelo irmão de Sérgio, o Czar Alexandre III. O imperador era alto, tinha ombros largos, uma voz profunda e mãos que conseguiam endireitar uma ferradura sem grande esforço. Só Alice que tinha apenas 12 anos na altura parecia não ter nenhuma apreensão. Ela não via nada de assustador, apenas “os corredores vastos e inspiradores do Palácio de Inverno com os seus quilómetros de chão dourado” e passou a maior parte do tempo a jogar às escondidas entre os pilares com Nicolau, filho mais velho de Alexandre III que era, normalmente, tímido e indiferente com estranhos, mas achava aquela menina com os seus caracóis loiros uma companhia encantadora e com quem se sentia perfeitamente relaxado.
O Grão-Duque de Hesse não tinha permitido que a sua filha mudasse de religião antes do casamento, por isso houve uma cerimónia Luterana e outra Ortodoxa. Quando finalmente ambas as cerimónias acabaram e uma Isabel pálida teve de se despedir do seu pai e das irmãs, sentiu-se que ela estava aterrorizada com a perspectiva de ser forçada a viver uma nova vida num país desconhecido, rodeada de estranhos, novas ligações e com um marido que, no fundo, mal conhecia.

(...)

A Grã-Duquesa Isabel converteu-se à Igreja Ortodoxa apenas dois anos depois do casamento, muito contra a vontade do seu pai. Quando o Grão-Duque de Hesse soube que o Czarevich Nicolau se tinha apaixonado pela sua filha mais nova, a Princesa Alice, ele recusou-se a permitir que outra filha sua abdicasse da sua fé luterana.
A Rainha Vitória também não aprovava estas mudanças de religião e não gostava particularmente da ideia de ver a sua neta favorita noiva do herdeiro ao trono russo. Ela tinha-o achado charmoso, simples e natural quando ele visitara Londres, mas ao mesmo tempo tinha ficado com a sensação de que ele tinha falta de estabilidade e não conseguia tomar decisões por si mesmo. O Imperador e a Imperatriz partilhavam a sua apreensão, mas por razões completamente diferentes, A Princesa Alice não tinha ficado muito bem vista quando visitara São Petersburgo. Alexandre III achou-a uma alemã típica e Maria Feodorovna ficou incomodada com a sua apatia. Além disso ela queria ver o seu filho casado com a filha do conde de Paris e não via como aquela pequena Princesa de Hesse com um feitio tímido e quase hostil poderia ser uma boa esposa.
Tal como o seu avô, Alexandre II, o Czarevich estava determinado a conseguir aquilo que queria. “O meu sonho é casar-me com a Alice de Hesse”, escreveu ele no seu diário no dia 21 de dezembro de 1889.
Isabel teve uma grande responsabilidade para com a relação do seu sobrinho com a sua irmã. Foi ela que incentivou o amor entre ambos e convenceu a Rainha Vitória (que queria casar Alice com o seu neto Alberto) a aceitar uma possível união entre a sua neta favorita e o Czarevich da Rússia.
Finalmente em abril de 1894, o Imperador, que já começava a ceder, deu a sua permissão para que houvesse noivado e o seu filho correu até Coburg onde se realizaria o casamento do irmão de Isabel e Alice, Ernesto, com a Princesa Vitória Melita, filha do duque de Edimburgo. Nicolau pediu Alice em casamento, mas como esposa do Czarevich e herdeiro ao trono, a Princesa sabia que teria de mudar de religião e, a princípio, não conseguiu decidir-se se aceitaria o pedido ou não. “A pobrezinha chorou muito,” escreveu Nicolau no seu diário onde descreveu a conversa que teve com ela que se prolongou até à meia-noite. No dia 8 de Abril, no entanto, chegou “um dia lindo e inesquecível” quando o jovem casal foi até ao quarto da Rainha Vitória de mão dada para lhe comunicar que tinham chegado a um acordo. “Fiquei bastante surpreendida”, escreveu a Rainha Vitória no seu diário, “Pensava que, por muito que o Nicky quisesse ir em frente com isto, a Alice não se iria decidir.”

(...)

No dia 4 de fevereiro de 1905 quando Isabel estava a caminho dos seus quartos privados no palácio onde vivia com o marido e os sobrinhos, ouviu uma explosão que partiu todos os vidros da sua casa. Depois de muitos anos ela sabia que aquilo que temia (e o seu marido esperava) tinha acontecido. Durante muitos anos Sérgio tinha-a proibido de andar na mesma carruagem dele e justificava-o dizendo que sabia do ódio que os habitantes de Moscovo sentiam por ele.
Sem esperar por alguém para perguntar o que tinha acontecido ou sequer vestir um casaco, Isabel desceu as escadas a correr até chegar ao dia frio de Inverno e seguiu um rasto de fumo e cheiro a pólvora que a levaram até à carruagem despedaçada do seu marido da qual apenas restavam os corpos mutilados dos cavalos. Quando chegou os guardas apressavam-se a cobrir o que restava do corpo do marido com os seus casacos.
Começaram a cair-lhe lágrimas e ela ajoelhou-se junto da mancha de sangue na neve, com a multidão a começar a reunir-se à sua volta, olhando horrorizada o macabro espectáculo enquanto a polícia e os soldados procuravam o assassino por entre as pessoas que se encontravam perto do palácio. Algumas horas antes ele tinha saído de casa com uma expressão preocupada, mas a assegurar-lhe que não havia nada com que se preocupar. Embora não tivessem um casamento perfeito, ele era o seu marido que sempre a tinha ajudado a adaptar-se à vida na Rússia e a tratava bem. Ele estava consciente do perigo que corria, mas mesmo assim nunca abandonou as suas responsabilidades e deu o seu melhor no cargo que ocupava. Contudo a sua austeridade quase fanática e a sua crueldade vingativa em certas ocasiões tinham feito com que ganhasse muitos inimigos. Ele era um anti-revolucionário e um autocrata quase tirano, mas ela estava casada com ele há vinte anos e era das únicas que conhecia toda a sua personalidade.
Nessa tarde, apesar da sua dor pessoal, Isabel visitou o cocheiro da carruagem do marido, que estava gravemente ferido. Ele olhou-a nos olhos e perguntou, “Como está o seu marido?” Muito gentilmente a cara dela recompôs-se e respondeu, “Foi ele que me enviou para o ver” e ficou sentada na cama dele até o cocheiro morrer. Ela implorou a Nicolau para que não matasse o assassino, mas a sua petição foi recusada e ela foi visitar o homem à prisão. Ele tratou-a com desprezo e mantinha-se teimosamente cínico. Não se mostrou arrependido pelo que tinha feito e orgulhava-se da sua acção dizendo que tinha destruído um homem que era um inimigo do povo.
A partir desse dia, Isabel nunca mais comeu carne nem peixe. Quando chegou a casa dividiu as jóias que o seu marido lhe tinha oferecido em três e deu algumas aos seus sobrinhos Maria e Dmitri Pavlovich, devolveu as jóias da coroa e vendeu o resto. O dinheiro que ganhou das jóias foi para a caridade e para o Convento de Maria e Marta em Moscovo que passou a visitar com muita frequência, sempre de luto.

(...)
Isabel como freira

A alta sociedade de São Petersburgo nunca mais a voltou a ver. Só muito raramente Isabel visitava a irmã e a família em Czarskoe Selo e, em 1910, decidiu juntar-se definitivamente à Irmandade de Marta e Maria, doando todas as roupas e pedaços de joalharia que ainda lhe restavam. Não ficou nada, nem sequer com a aliança de casamento. “Este véu,” disse o Bispo Triphonius quando ela entrou no Convento, “vai-te esconder do mundo, e o mundo vai estar escondido de ti, mas vai ser uma testemunha dos teus bons trabalhos que irão brilhar perante Deus e glorificar o Senhor.” A sua nova vida era passada nos quartos pequenos do Convento, apenas mobilados com cadeiras brancas. Ela dormia numa cama de madeira sem colchão e com uma almofada dura. Queria sempre as tarefas mais difíceis, chegando a cuidar de 15 doentes na ala hospitalar sozinha e raramente dormia mais de três horas. Quando um paciente morria, ela passava a noite inteira junto dele (de acordo com a fé Ortodoxa) a rezar intermitentemente sobre o corpo morto.
Quando ela se tornou freira, a sua sobrinha Maria Pavlovna casou-se e o sobrinho Dmitri passou a viver com o Czar e a sua família.
Apesar de tudo, ela nunca se tornou rígida, severa ou deprimida e até manteve algum do seu divertimento que a tinha tornado encantadora quando jovem. Uma vez quando a sua irmã, a Princesa Vitória, estava no convento de visita com a sua segunda filha, a Princesa Luísa, a porta do quarto delas abriu-se de manhã cedo e uma pequena cabeça espreitou a rir-se e a dizer “Olá”. Abismada, Vitória pensou tratar-se de um rapaz mal-educado que tinha conseguido entrar no convento e estava a invadir o seu quarto, mas depressa percebeu, aliviada, que se tratava da sua irmã mais nova, sem o seu véu e com o cabelo rapado.
Depois de entrar no convento, Isabel apenas visitou São Petersburgo em duas ocasiões: quando se celebraram os 300 anos de poder dos Romanov, em 1913 e quando rebentou a Primeira Guerra Mundial, em 1914, quando ajudou a sua irmã com os planos de ajuda a soldados feridos.
Durante muitos anos, as instituições apoiadas por Isabel ajudaram os pobres e os órfãos de Moscovo. Ela e outras freiras da sua irmandade trabalhavam com os pobres todos os dias e foram responsáveis pela abertura de discussão sobre a possibilidade de permitir o acesso de mulheres a posições de maior importância dentro da igreja. A Igreja Ortodoxa recusou esta ideia, mas abençoou e encorajou os esforços de Isabel para com os pobres.
Em 1917 rebentou a revolução russa e as ligações de Isabel à família imperial causaram-lhe muitos problemas

Assassinato
Na Primavera de 1918, Lenine ordenou à Tcheka - polícia secreta - que prendesse Isabel. Mais tarde ela seria exilada, primeiro em Perm e depois em Ekaterinburgo onde também se encontrava a sua irmã Alexandra e a sua família, mas nenhuma das duas sabia da presença da outra na cidade. Mais tarde ela iria juntar-se a outros membros da família Romanov (o Grão-Duque Sérgio Mikhailovich, o Príncipe João Constantinovich, o Príncipe Constantino Constantinovich, o Príncipe Igor Constantinovich e o Príncipe Vladimir Pavlovich Paley).
Com os membros da família vieram o secretário de Sérgio, Feodor Remez, e Varvara Yakovlena, uma freira da irmandade de Isabel. Todos eles foram levados para Alapaevsk no dia 20 de maio de 1918 onde ficaram presos na antiga Escola Napolnaya, nos arredores da cidade
Ao meio-dia do dia 17 de julho, o oficial da Tcheca, Petr Startsev e alguns trabalhadores bolcheviques chegaram à escola. Tiraram aos prisioneiros todo o dinheiro e valores que tinham e anunciaram-lhes que seriam transferidos nessa mesma noite para uma fábrica em Siniachikhensky. Os guardas do Exercito Vermelho receberam ordens para abandonar o local e foram substituídos por homens da Tcheca. Nessa noite os prisioneiros foram acordados e levados em carros por uma estrada para Siniachikha. A cerca de 18 quilómetros de Alapaevsk havia uma mina abandonada, com 20 metros de profundidade. Foi aqui que pararam. Os homens da Tcheca espancaram todos os prisioneiros antes de os atirar para a mina. Ainda antes de ser atirado, o Grão-Duque Sérgio Mikhailovich foi morto a tiro por contestar e tentar espancar os guardas. Isabel foi a primeira a ser atirada. Apesar da profundidade apenas Feodor Remez morreu imediatamente.
De acordo com o testemunho de um dos assassinos, Isabel e os outros prisioneiros sobreviveram à queda na mina, o que levou o comandante a atirar as granadas. Depois das explosões, ele disse ter ouvido Isabel e os outros cantarem um hino russo do fundo da mina. Enervado, o comandante atirou uma nova rajada de granadas, mas continuou a ouvir-se os prisioneiros cantar. Finalmente foi atirada uma grande quantidade de arbustos para tapar a mina e o comandante deixou um guarda a vigiar o local antes de partir.
Na manhã de 18 de julho de 1918, o chefe da Tcheca de Alapaevsk trocou uma série de telegramas com o chefe do Soviete Regional de Ekaterinburgo, que tinha estado envolvido no massacre da família imperial. Estes telegramas tinham sido planeados com antecedência e diziam que a escola tinha sido atacada por um “gang desconhecido”. Pouco tempo depois Alapaevsk caiu nas mãos do Exército Branco.

Os corpos do Príncipe João Constantinovich e da Grã-Duquesa Isabel Feodorovna, descobertos no dia 8 de outubro de 1918

No dia 8 de outubro de 1918, os Brancos descobriram os restos mortais de Isabel e dos seus companheiros dentro da mina onde tinham sido assassinados. Isabel tinha morrido devido a ferimentos resultantes da sua queda de vinte metros, mas tinha ainda encontrado forças para fazer uma ligadura na cabeça do Príncipe João Constantinovich. Os seus restos mortais foram retirados da mina e levados para Jerusalém onde estariam longe das mãos dos bolcheviques. Até hoje continuam enterrados na Igreja de Maria Madalena.

Estátua de Isabel Feodorovna (1ª da esquerda) na Abadia de Westminster

Canonização e legado
Isabel foi canonizada pela Igreja Ortodoxa exterior da Rússia em 1981 e pela Igreja Ortodoxa Russa em 1992, como Nova Mártir Isabel. Os principais templos que lhe são dedicados são o Convento de Marfo-Mariinsky que ela fundou em Moscovo e o Convento de Santa Maria Madalena no Monte das Oliveiras, que ela e o marido ajudaram a construir. Ela é uma das mártires do século XX que está representada numa das estátuas acima da Grande Porta Oeste na Abadia de Westminster em Londres, Inglaterra.
Outra estátua de Isabel foi construída após a queda do comunismo na Rússia, no jardim do seu convento em Moscovo. Na inscrição pode ler-se “À Grã-Duquesa Isabel Feodorovna: Com arrependimento.”

sexta-feira, novembro 16, 2012

Sobre caridadezinhas, Bancos Alimentares e comentários desbocados - versão soviética de há 90 anos...

Um passado que não passa

Cartaz sobre a fome, 1921

No dia 16 de novembro de 1922, há precisamente 90 anos, o velho paquete alemão Preussen partia de Petrogrado rumo a Stettin, na Alemanha. Transportava deportados. Ficou na história como “o navio dos filósofos”.
O regime bolchevique estava cada vez mais preocupado com a intelligentsia não alinhada com o regime. O início do século XX fora um período de grande renovação intelectual e espiritual na Rússia. Forças criativas libertaram-se, promovendo o pensamento filosófico que, à maneira russa, surgia intimamente ligado a uma intensificação da consciência religiosa e a propósitos de reforma social.
Nada havia, portanto, de reaccionário nesses movimentos, apesar do apelo à alma russa e aos valores pátrios. Muitos dos seus cultores abandonaram posições mais radicais, abraçando aqueles valores. Do marxismo para o idealismo, do esteticismo para o misticismo, do ateísmo para Cristo, do positivismo para a metafísica, do materialismo para a filosofia cristã, queriam sobretudo mudar sem perder as raízes russas.

N. A. Berdyaev (1874-1948)

O nome mais conhecido era o do filósofo Berdyaev. Mas muitos outros contribuíram então para a revitalização do pensamento russo. Esses homens e mulheres, ávidos de mudança, acompanharam com esperança a revolução de 1905, desiludiram-se com a efémera democratização, iludiram-se com a revolução de Fevereiro mas não deram qualquer crédito à revolução de Outubro. Afinal, os bolcheviques negavam todos os seus valores.
Estes reformadores não quiseram acompanhar a aristocracia e os generais brancos que emigraram. O seu propósito foi o de ficar na Rússia. Em 1918, Berdyaev criou a Academia Livre da Cultura Espiritual. Semyon Frank, Ivanov e Stepun continuavam a ensinar na Universidade de Moscovo. Em 1919, renasceu a Sociedade Filosófica de S. Petersburgo. Lossky e Radov lançaram uma revista filosófica. Assistiu-se, então, a algo de extraordinário. Advogados e comerciantes, operários e marinheiros, encontravam-se, não nas manifestações, mas em pequenas salas onde se lia poesia e se refletia sobre o futuro da Rússia. Falava-se sobre Deus e sobre a alma russa, pensava-se uma democracia verdadeiramente russa, onde as forças espirituais prevalecessem sobre o materialismo.
Algo de extraordinário, com efeito. Estava-se a construir uma nova “obshchestvennost”, ou seja, uma esfera pública não dominada pelas autoridades. Algo de impensável, que assustou profundamente Lenine e o Politburo. Para estes, era claro que, para construir a sociedade socialista, o espaço público tinha de ser uniforme. Por outras palavras, apenas devia existir uma “obshchestvennost” soviética. O que obrigava a dissolver todas as organizações independentes e “afastar”, seja o que for que isso signifique, todo o pensamento não alinhado. Chama-se a isto totalitarismo.
A intenção era destruir a intelligentsia russa e construir uma nova e exclusiva intelligentsia soviética. Nenhuma independência de pensamento seria permitida. Essa foi a primeira prioridade, depois de vencida a guerra civil. Assim se vê a força das ideias.
É interessante analisar como nasce e se desenvolve a ideia de que o Estado soviético se tinha de desembaraçar dos divergentes. Um dos casos mais interessantes é o de Yekaterina Kuskova. Não era uma grande intelectual, mas alguém com ideias muito firmes sobre as mudanças necessárias, o que fez com que nunca abraçasse o marxismo, mas defendesse profundas reformas sociais.

Yekaterina Kuskova (1869-1958)

A fome que ameaçou os campos russos e que em 1921 chegou às portas de Moscovo, levou-a a criar, conjuntamente com outros intelectuais não bolcheviques, o Comité Russo de Ajuda aos Famintos. Por outras palavras, Yekaterina Kuskova criou um Banco Alimentar naquelas paragens. Dada a situação desesperada, a liderança bolchevique não se opôs, mas manteve a vigilância com a maior das desconfianças. Qualquer russo que pudesse ganhar notoriedade por ajudar a resolver problemas que o Estado, por si, não poderia solucionar, transformava-se numa ameaça para a autoridade do Estado e dos seus líderes. Lenine teve de se impor perante os outros membros do Politburo, afirmando mesmo a um deles, o Comissário da Saúde, Nikolai Semashko: “- Não sejas caprichoso, meu caro. Não fiques invejoso da Kuskova. A directiva do Politburo é: tornar a Kuskova completamente inofensiva. (…) vigia essa gente rigorosamente.”
É muito interessante ver de que modo Lenine se queria servir da iniciativa daquelas pessoas de boa vontade. Kuskova pensava que, dada a situação, a ajuda só poderia vir de fora. E que, para as potências ocidentais ajudarem a Rússia, cujo regime há tão pouco tempo tentaram derrubar, esse auxílio só poderia ser obtido se fosse solicitado, não pelo governo mas pela sociedade civil. Lenine, pelos vistos, concordava com ela. Assim, serviu-se desta organização para garantir a intervenção da American Relief Administration, de Herbert Hoover. Mal o conseguiu, mandou prender todos os dirigentes do Comité Russo de Ajuda aos Famintos.

Cartaz saudando a acção da American Relief Administration, 1922

Lenine tinha menos receio dos americanos que tinham prestado auxílio por toda a Europa de leste e que, por exemplo, tinham intervindo na Hungria, enviando alimentos, mas colaborando activamente na queda do soviete de Bela Kun. Os russos de boa vontade faziam-lhe mais medo: corriam o risco de provar que as pessoas podiam, movidas por puro altruísmo e desejo de melhorar a sorte dos desprovidos, fazer muito melhor do que o Estado. Afinal, não seria essa a forma mais radical de demonstrar a falência dos princípios que inspiravam o novo regime?
Yekaterina Kuskova e os seus companheiros foram exilados para longe de Moscovo. Depois, a sanha persecutória voltou a manifestar-se através do inefável Comissário da Saúde: Nikolai Semashko descobriu que havia médicos que se queriam organizar autonomamente. Ora, era evidente que no Estado soviético só se poderia praticar medicina soviética, fosse lá isso o que fosse. Propôs ao Politburo a “remoção” (estes eufemismos são fantásticos) dos médicos dissidentes. Lenine pediu a intervenção de Estaline, que aproveitou para propor um alargamento da “remoção” a todos os dissidentes. O Politburo, onde ainda estavam Kamenev, Rykov e Molotov, aprovou a medida. Entusiasticamente. É bom recordar que também votou a favor um certo Trotsky cujos seguidores continuam a ter uma congénita repulsa por pessoas que fazem bem aos outros sem estarem enquadradas nas organizações que consideram aceitáveis. Os hábitos disfarçam-se, mas nunca se perdem.
Entrou então em ação a OGPU de Dzerzinski, que, pressuroso, apresentou de imediato um relatório intitulado “Dos Grupos Anti-Soviéticos entre a Intelligentsia”. Aí se começou o labor de identificação dos intelectuais a remover. Lá estavam Yekaterina Kuskova, Berdyaev, Stepun e muitos outros. Meses depois, deixariam a Rússia para não mais voltar. Alguns seguiriam no Preussen. Em 16 de novembro de 1922. Há precisamente noventa anos, uma história para os nossos dias.
in Malomil - post de José Luís Moura Jacinto

quarta-feira, novembro 07, 2012

A Revolução de Outubro começou há 95 anos

A Revolução de Outubro na Rússia, também conhecida como Revolução Bolchevique ou Revolução Vermelha, foi a segunda fase da Revolução Russa de 1917, depois da Revolução de Fevereiro do mesmo ano. Começou com o golpe de estado, liderado por Vladimir Lenine e pelos bolcheviques, contra o governo provisório, em 25 de outubro de 1917 (pelo calendário juliano) e 7 de novembro pelo calendário gregoriano. Foi a primeira revolução comunista marxista do século XX e deu o poder aos bolcheviques.
A Revolução de Outubro foi seguida pela Guerra Civil Russa (1918-1922) e pela criação da URSS em 1922.

sexta-feira, agosto 17, 2012

O romance O Triunfo dos Porcos foi lançado há 67 anos

Animal Farm (O Triunfo dos Porcos) é um romance alegórico do escritor inglês George Orwell, publicado no Reino Unido em 17 de agosto de 1945 e apontado pela revista americana Time entre os cem melhores da língua inglesa. A sátira feita pelo livro à União Soviética comunista obteve o 31º lugar na lista dos melhores romances do século XX organizada pela Modern Library List.
O livro narra uma história de corrupção e traição e recorre a figuras de animais para retratar as fraquezas humanas e demolir o "paraíso comunista" proposto pela Rússia na época de Estaline. A revolta dos animais da Manor Farm contra os humanos é liderada pelos porcos Snowball (Bola-de-Neve) e Napoleon (Napoleão). Os animais tentam criar uma sociedade utópica, porém Napoleon é seduzido pelo poder, afasta Snowball e estabelece uma ditadura tão corrupta quanto a sociedade de humanos.
Para o autor, um social-democrata e membro do Partido Trabalhista Independente por muitos anos, a obra é uma sátira à política estalinista que, segundo sua ótica, teria traído os princípios da revolução russa de 1917.

Versão da bandeira do Animalismo, n'O Triunfo dos Porcos

domingo, abril 22, 2012

O pai da União Soviética nasceu há 142 anos

Vladimir Ilitch Lenin ou Lenine (nascido Vladimir Ilyitch Uliánov, Simbirsk, 22 de abril de 1870 - Gorki, 21 de janeiro de 1924) foi um revolucionário e chefe de Estado russo, responsável em grande parte pela execução da Revolução Russa de 1917, líder do Partido Comunista, e primeiro presidente do Conselho dos Comissários do Povo da União Soviética. Influenciou teoricamente os partidos comunistas de todo o mundo (pelo seu perfil ético), e suas contribuições resultaram na criação de uma corrente teórica denominada leninismo (Ética de Estado). Diversos pensadores e estudiosos escreveram sobre a sua importância para a história recente e o desenvolvimento da Rússia, entre eles o historiador Eric Hobsbawm, para quem Lenin teria sido "o personagem mais influente do século XX (Ético)".

sábado, janeiro 21, 2012

Lenine morreu há 88 anos

Vladimir Ilitch Lenin ou Lenine (Simbirsk, 22 de abril de 1870Gorki, 21 de janeiro de 1924) foi um revolucionário e chefe de Estado russo, responsável em grande parte pela execução da Revolução Russa de 1917, líder do Partido Comunista, e primeiro presidente do Conselho dos Comissários do Povo da União Soviética. Influenciou teoricamente os partidos comunistas de todo o mundo (pelo seu perfil ético), e suas contribuições resultaram na criação de uma corrente teórica denominada leninismo (Ética de Estado). Diversos pensadores e estudiosos escreveram sobre a sua importância para a história recente e o desenvolvimento da Rússia, entre eles o historiador Eric Hobsbawm, para quem Lenin teria sido "o personagem mais influente do século XX (Ético)".

sexta-feira, janeiro 20, 2012

Notícia triste para recordar a véspera da morte de Lenine

Cumpria quatro anos de prisão por "desobediência"
Dissidente cubano morre ao fim de 50 dias de greve de fome

Vilar Mendonza foi condenado a quatro anos de prisão por "desobediência"

O preso político cubano Wilmar Villar, de 31 anos, morreu num hospital de Santiago de Cuba depois de 50 dias de greve de fome, disse à AFP o opositor ao regime castrista Elizardo Sanchez.

 Villar entrara em greve de fome para protestar contra a sua condenação, em Novembro, a quatro anos de prisão, precisou Elizardo Sanchez, que dirige a Comissão Cubana dos Direitos Humanos, organização ilegal mas tolerada pelas autoridades.

Sanchez disse que Wilmar Villar estava há vários dias em estado crítico nos serviços de cuidados intensivos do hospital de Santiago de Cuba, a 900 km de Havana. Acrescentou que o Comité que dirige considera o Governo cubano o autor moral, político e jurídico desta "morte evitável".

Vilar deixou de comer poucos dias depois do julgamento em que foi considerado culpado de "desobediência", "resistência" e "crimes contra o Estado". Pertencia a um grupo de oposição de Santiago de Cuba chamado União dos Patriotas Cubanos. De acordo com Elizardo Sanchez, Vilar foi posto na solitária o que, em conjunto com a greve de fome, debilitaram a sua saúde.

A morte de Vilar, na quarta-feira, foi a segunda de um preso político em Cuba em greve de fome. Em 2010, Orlando Zapata Tamayo, de 42 anos, morreu ao fim de 85 dias de jejum. Na altura, o Presidente Raul Castro disse que Zapata era "um criminoso comum" e Cuba foi duramente criticada devido à forma como trata os presos políticos.

O blogue pró-governamental Yohandry anunciou a morte de Vilar considerando que "o delinquente Wilmar Villar Mendoza morreu". Adivinhando mais uma onda de críticas, os responsáveis pelo blogue escreveram que Vilar sabia que a sua morte iria gerar acusações por parte dos Estados Unidos: "Começa outra campanha contra Cuba".

domingo, novembro 06, 2011

A Revolução de Outubro começou há 94 anos

A Revolução de Outubro na Rússia, também conhecida como Revolução Bolchevique ou Revolução Vermelha, foi a segunda fase da Revolução Russa de 1917, depois da Revolução de Fevereiro do mesmo ano. Começou com o golpe de estado, liderado por Vladimir Lenin e pelos bolcheviques, contra o governo provisório, em 25 de outubro de 1917 (pelo calendário juliano) e 7 de novembro pelo calendário gregoriano. Foi a primeira revolução comunista marxista do século XX e deu o poder aos bolcheviques.
A Revolução de Outubro foi seguida pela Guerra Civil Russa (1918-1922) e pela criação da URSS em 1922.

in Wikipédia

sábado, julho 16, 2011

O último Czar foi assassinado há 93 anos

Czar Nicolau II foi o último Imperador da Rússia, rei da Polónia e grão-duque da Finlândia. Nasceu no Palácio de Catarina, em Tsarskoye Selo, próximo de São Petersburgo, em 18 de Maio (6 de Maio no calendário juliano) de 1868. É também conhecido como São Nicolau o Portador da Paz pela Igreja Ortodoxa Russa.
Quanto ao seu título oficial, era chamado Nicolau II, Imperador e Autocrata de Todas as Rússias.
Filho do czar Alexandre III, governou desde a morte do pai, em 1 de Novembro de 1894, até à sua abdicação em 15 de Março de 1917, quando renunciou em seu nome e no nome de seu herdeiro, passando o trono para seu irmão, o grão-duque Miguel Alexandrovich Romanov.

O seu reinado terminou com a Revolução Russa de 1917, quando, tentando retornar do quartel-general para a capital, seu trem foi detido em Pskov e ele foi obrigado a abdicar. A partir daí, o czar e sua família foram aprisionados, primeiro no Palácio de Alexandre em Tsarskoye Selo, depois na Casa do Governador em Tobolsk e finalmente na Casa Ipatiev em Ekaterimburgo. Nicolau II, sua mulher, seu filho, suas quatro filhas, o médico da família Imperial, um servo pessoal, a camareira da Imperatriz e o cozinheiro da família foram assassinados na cave da casa pelos bolcheviques na madrugada de 16 para 17 de Julho de 1918. É sabido que esse evento foi ordenado de Moscovo por Lenine e pelo também líder bolchevique Yakov Sverdlov. Mais tarde Nicolau II; sua mulher, a Imperatriz e seus filhos foram canonizados como mártires por grupos ligados à Igreja Ortodoxa Russa no exílio.

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

Estará a acabar o kim-il-socratismo?


Ana Benavente tece violentas críticas a seis anos de governação
Autoritarismo do PS de Sócrates ultrapassa "centralismo democrático" de Lenine

Ana Benavente é cáustica com os anos de governação do primeiro-ministro. E aponta tiques de autoritarismo, de distribuir "lugares e privilégios" e render-se ao neoliberalismo.

É um retrato arrasador do PS, do Governo e de José Sócrates. A ponto de Ana Benavente, secretária de Estado da Educação de António Guterres (1995-2001), dizer que jamais pertenceria a um Governo de José Sócrates com uma pasta idêntica. "Porque, se o fosse, já teria apresentado a minha demissão." A confissão da ex-dirigente socialista é feita numa entrevista à Revista Lusófona de Educação.

O tema é a educação na luta contra a exclusão e pela democracia, mas a conversa vai até à política pura e dura e o actual estado do Governo do PS e da liderança de José Sócrates. Aí, mais uma vez, Benavente é dura. Muito dura. O PS tornou-se "neoliberal" - "fazer do capital financeiro o dono e árbitro do desenvolvimento económico é uma capitulação face ao neoliberalismo que não é digna de um partido socialista". Mas há mais. No PS, há falta de debate interno e Ana Benavente critica "o autoritarismo da actual liderança". "Tornou-se autocrata, distribuindo lugares e privilégios, ultrapassando até o "centralismo democrático" de Lenine. Alimentando promiscuidades que recuso", lê-se na entrevista.

Cinco teses para reconstruir

Na conversa publicada ao longo de 15 páginas, é pedido à antiga governante que aponte "sete pecados mortais" do PS. Ana Benavente fá-lo (ver texto em baixo) e, entre eles, aponta a "falta de ética democrática e republicana".

Na lista de divergências de Benavente registem-se mais umas quantas. Por exemplo, a acusação de o PS de Sócrates ter assumido "políticas de direita" - termo muito usado pelo PCP ou pelo Bloco - através das privatizações ou das reduções drásticas no sector público. Ou ainda de o PS ter abdicado "da defesa dos trabalhadores e dos mais desfavorecidos".

O Orçamento do Estado de 2011, aprovado depois de uma negociação com o PSD, é "o revelador máximo" das divergências: "Estado abusador, castigo para os pobres, poupanças nas políticas sociais".

O futuro é encarado com algum cepticismo pela ex-dirigente nacional do PS, que integrou o secretariado quando Ferro Rodrigues foi líder.

E de pouco valeria, perante estes "pecados", "a confissão e a absolvição com mais ou menos "castigos" e rezas". O problema é "mais grave".

"O PS hipotecou o seu papel na sociedade portuguesa e deixou-nos sem perspectivas de um futuro melhor. Assumiu o papel que antes pertencia aos centristas do PSD, ocupou o seu espaço e tornou o país mais pobre, política e economicamente."

O caminho passa, para Benavente, por o PS partir do seu "papel histórico" de conseguir um "reforço dos direitos dos trabalhadores, desenvolvimento dos direitos de cidadania e do consumidor, reforço da assistência pública, mudança do paradigma energético, desenvolver um sistema de saúde solidário e alargar o sector público". "Novas vagas de democracia" serão exigidas por todos os que, "assustados pelo eventual desemprego, comprados por um hiperconsumo esmagador e com medo da anunciada recessão", vão "querer respirar livremente e reconstruir a paz".

Na área da Educação, a ex-governante acusa Sócrates e o Governo de, nos últimos seis anos, terem "maltratado" a escola pública com políticas educativas "marcadas pela centralização" ou pelo "questionamento da qualidade" dos professores através do sistema de avaliação ou da publicação de rankings de escolas.

Os sete pecados mortais do PS, segundo Ana Benavente

1. Adoptou "políticas neoliberais e, portanto, abandonou a matriz ideológica socialista";

2. "Autoritarismo interno e ausência de debate, empobrecendo o papel do PS no país";

3. "Imposição de medidas governativas como inevitáveis e sem alternativa, o que traduz dependências nacionais e internacionais não assumidas nem clarificadas para o presente e o futuro";

4. "Marketing político banal e constante, de par com uma superficialidade nas bandeiras de modernização da sociedade portuguesa";

5. "Falta de ética democrática e republicana na vida pública e na governação";6. "Sacrifício de políticas sociais construídas pelo próprio PS em fases anteriores";

7. "Falta de credibilidade, quer por incompetência quer por hipocrisia, dando o dito por não dito em demasiadas situações de pesadas consequências".

O que eles dizem

"[A liderança de Sócrates] tornou-se autocrata, distribuindo lugares e privilégios, ultrapassando até o 'centralismo democrático' de Lenine que tanto criticámos. Alimentando promiscuidades que recuso."

"Sócrates e os seus amigos serviram-se de uma ideologia incompatível com a essência do socialismo democrático."

"O PS hipotecou o seu papel na sociedade portuguesa e deixou-nos sem perspectivas de um futuro melhor. Assumiu o papel que antes pertencia aos centristas do PSD, ocupou o seu espaço e tornou o país mais pobre, política e economicamente."

domingo, dezembro 19, 2010