Biografia
Antônio Gonçalves Dias nasceu a
10 de agosto de
1823, no sítio Boa Vista, em terras de Jatobá (a 14
léguas de
Caxias). Morreu aos 41 anos em um naufrágio do navio
Ville Bologna, próximo à região do baixo de Atins, na
baía de Cumã, município de
Guimarães.
Advogado de formação, é mais conhecido como
poeta e
etnógrafo, sendo relevante também para o teatro brasileiro, tendo escrito quatro
peças. Teve também atuação importante como
jornalista.
Era filho de uma união não oficializada entre um comerciante
português com uma
mestiça,
e estudou inicialmente durante um ano com o professor José Joaquim de
Abreu, quando começou a trabalhar como caixeiro e a tratar da escrita e
contas da loja do seu pai, que veio a falecer em
1837.
Iniciou os seus estudos de
latim,
francês e
filosofia em
1835, quando foi matriculado numa escola particular.
Foi estudar na
Europa, a
Portugal, onde em
1838 terminou os estudos secundários e ingressou na
Faculdade de Direito da
Universidade de Coimbra (
1840), regressando em
1845, após fazer o bacharelato. Mas antes de regressar, ainda em
Coimbra, participou nas atividades e escritas dos grupos
medievalistas da
Gazeta Literária e de
O Trovador, compartilhando das ideias românticas de
Almeida Garrett,
Alexandre Herculano e
António Feliciano de Castilho. Por se achar tanto tempo fora da sua pátria, inspira-se para escrever a
Canção do Exílio e parte dos poemas de "Primeiros cantos" e "Segundos cantos"; o drama
Patkull;
e "Beatriz de Cenci", depois rejeitado, por sua condição de texto
"imoral", pelo Conservatório Dramático do Brasil. Foi ainda neste
período que escreveu fragmentos do romance biográfico "Memórias de
Agapito Goiaba", destruído depois pelo próprio poeta, por conter alusões
a pessoas ainda vivas.
No ano seguinte ao seu retorno conheceu aquela que seria a sua grande
musa inspiradora: Ana Amélia Ferreira Vale. Várias de suas peças
românticas, inclusive “
Ainda uma vez — Adeus”
foram escritas para ela. Nesse mesmo ano ele viajou para o Rio de
Janeiro, então capital do Brasil, onde trabalhou como professor de
história e
latim do
Colégio Pedro II, além de ter atuado como jornalista, contribuindo para diversos periódicos:
Jornal do Commercio,
Gazeta Oficial,
Correio da Tarde e
Sentinela da Monarquia, publicando crónicas, folhetins teatrais e crítica literária.
Em
1849 fundou com
Manuel de Araújo Porto-Alegre e
Joaquim Manuel de Macedo a revista
Guanabara, que divulgava o movimento romântico da época. Em
1851 voltou a
São Luís do
Maranhão, a pedido do governo, para estudar o problema da instrução pública naquele estado.
Gonçalves Dias pediu Ana Amélia em casamento em
1852,
mas a família dela, em virtude da ascendência mestiça do escritor,
refutou veementemente o pedido. No mesmo ano retornou ao Rio de Janeiro,
onde se casou com Olímpia da Costa. Logo depois foi nomeado oficial da
Secretaria dos Negócios Estrangeiros e passou os quatro anos seguintes
na Europa, realizando pesquisas em prol da educação nacional. Voltando
ao Brasil foi convidado a participar da Comissão Científica de
Exploração, pela qual viajou por quase todo o norte do país.
Voltou à Europa em
1862, para um tratamento de saúde. Não obtendo resultados, regressou ao Brasil em
1864 no navio
Ville de Boulogne,
que naufragou na costa brasileira; salvaram-se todos, exceto o poeta,
que foi esquecido, agonizando, no seu leito, e se afogou. O acidente
ocorreu nos Baixos de Atins, perto de
Tutóia, no
Maranhão.