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quarta-feira, julho 24, 2024

Peter Sellers morreu há 44 anos...


Richard Henry "Peter" Sellers
  (Southsea, Hampshire, Inglaterra, 8 de setembro de 1925Londres, 24 de julho de 1980) foi um ator inglês.
Tornou-se famoso com a série de rádio da BBC The Goon Show, antes de se lançar numa carreira cinematográfica de sucesso. Sellers foi o mais famoso intérprete do inspetor Jacques Clouseau, da série A Pantera Cor-de-Rosa.
Sellers criou personagens antológicos, como o sinistro Dr. Strangelove (Doutor Fantástico), o inspetor Clouseau e o jardineiro Chance do filme Being There ("Muito Além do Jardim"). Na vida real, tinha uma relação estranha com a mãe dominadora e submeteu as suas mulheres e filhos a torturas psicológicas. Numa entrevista ele disse: "odeio tudo o que eu faço, não sei como vocês gostam".
    
(...)  
    

Em 1964, aos 38 anos, quando filmava a comédia de Billy Wilder Kiss Me, Stupid, Sellers sofreu uma série de ataques cardíacos (13 em alguns dias), que danificaram permanentemente o seu coração. A condição de Sellers deteriorou-se quando adiou tratamento médico adequado e optou por "curandeiros psíquicos". Ele também teve um pacemaker implantado no final de 1970, o que lhe trouxe problemas consideráveis.

Um jantar-reunião foi agendado em Londres, com os seus parceiros do The Goon Show, Spike Milligan e Harry Secombe, para finais de julho de 1980. Mas, em 22 de Julho, Sellers entrou em colapso a partir de um ataque cardíaco no seu quarto do hotel Dorchester e entrou em coma. Morreu num hospital de Londres, pouco depois da meia-noite, a 24 de julho de 1980, aos 54 anos. Foi socorrido pela sua quarta esposa, Lynne Frederick, e três filhos: Michael, Sarah e Vitória. No momento da sua morte, havia-lhe sido programada, naquele mês, uma cirurgia cardíaca em Los Angeles.


quinta-feira, março 07, 2024

Stanley Kubrick morreu há vinte e cinco anos...

   
Stanley Kubrick (Nova Iorque, 26 de julho de 1928 - St Albans, 7 de março de 1999) foi um cineasta, roteirista, produtor de cinema e fotógrafo norte-americano. Considerado um dos mais importantes cineastas de todos os tempos, foi autor de grandes clássicos do cinema, como Spartacus (1960), Dr. Strangelove (1964), 2001 - Odisseia no Espaço (1968), Laranja Mecânica (1971) e Shining (1980), entre outros.
  
Infância e adolescência
Em sua infância, o jovem do Bronx não era o que se podia chamar de "aluno exemplar". Raramente fazia os trabalhos de casa e as suas notas não eram das melhores. Mas apesar disso, tinha reconhecimento do pai em sua mente criativa. Foi este quem o encorajou a aprender Xadrez (tornou-se um especialista no desporto) e deu-lhe a sua primeira máquina fotográfica. Ainda na adolescência, visando a carreira como fotógrafo, conseguiu emprego na conceituada revista Look, mas logo Kubrick descobriu que o seu futuro estava ligado a outro tipo de câmara.
  
Auto retrato, na década de 50, para a revista Look

    
Primeiros trabalhos
Estreou como cineasta de curta-metragens aos 22 anos. Aos 25, obteve uma grande ajuda financeira do pai, que penhorou a casa para a produção de Fear and Desire, de 1953, sua primeira longa-metragem. Considerou o trabalho amador e, mesmo com algumas boas críticas, logo tratou de retirá-lo de circulação. Até hoje, o filme permanece fora de catálogo, tendo sido exibido poucas vezes em festivais ou distribuído ilegalmente. Logo após, Kubrick realizaria outro longa, Killer's Kiss, de 1955, outro filme pouco divulgado e de difícil acesso. Mas é a partir de The Killing, de 1956, que a sua carreira começa a funcionar. O trama sobre um plano de assalto ganhou a atenção de alguns produtores. Apesar disso, teve dificuldades com a adaptação da novela Paths of Glory. O filme homónimo foi feito pelo astro Kirk Douglas, que ajudou a levantar o projeto após ter sido rejeitado pelos estúdios. Kubrick fez um dos filmes antiguerra mais poderosos que o mundo do cinema já viu, focado não em heróis, mas sim em cobardes. Apesar das excelentes críticas, Paths of Glory (Horizontes de Glória), de 1957, foi proibido em alguns países, incluindo a França.
  
Reconhecimento e clássicos
Kirk Douglas gostou de trabalhar com Kubrick. Foi ele quem o chamou para dirigir o épico Spartacus (1960), após a tensa demissão do veterano diretor Anthony Mann. Mann já havia filmado boa parte da produção quando Kubrick, com apenas 29 anos, assumiu o seu lugar. A boa relação com Douglas viria por água abaixo quando as diferenças criativas os fizeram confrontar-se. Kubrick perdeu a batalha e viu obrigado-se a filmar sem poder colocar algumas das suas ideias em prática. Mesmo com o sucesso do filme, ele decidiu que dali por diante só iria aceitar projetos que pudesse ter total liberdade criativa. E foi com esse pensamento que se muda para a Inglaterra em 1962. No mesmo ano começa as filmagens de Lolita (1962), clássico da literatura escrita por Vladimir Nabokov. A curiosidade sobre a adaptação da obra de Nabokov dá grande visibilidade ao filme, que mesmo imerso em polémicas (a relação entre um homem de meia-idade e uma adolescente era a principal delas) e este torna-se outro grande sucesso de crítica. Dois anos depois, o diretor lança outro clássico absoluto: Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb (1964) (Doutor Fantástico no Brasil; Doutor Estranhoamor em Portugal). Tendo como tema a ameaça nuclear, o filme é uma comédia de humor negro com atuações e roteiro primorosos. Para atuar, Kubrick chamou o comediante inglês Peter Sellers, que se desdobra em três papéis, incluindo o de presidente dos Estados Unidos, e George C. Scott (que alguns anos mais tarde se destacaria em Patton, Rebelde ou Herói?). Entre os vários momentos clássicos, está o final, com direito a um major cowboy montado sobre uma bomba atómica no ar. Esse trabalho rendeu a Kubrick a sua primeira nomeação para o Óscar de melhor diretor.
Cinco anos de produção foram necessários para o desenvolvimento de 2001: A Space Odyssey (2001: Odisseia no Espaço), de 1968, para muitos a melhor ficção científica já filmada. Foi escrito ao mesmo tempo que o livro homónimo de Arthur C. Clarke estava a se escrito. Clarke, inclusive, deu assistência na criação do roteiro. 2001 teve uma receção fria da crítica, mas obteve um enorme sucesso junto do público. Até hoje, possui na sua força maior, as músicas de Richard Strauss, Assim falou Zaratustra e Johann Strauss II, Danúbio Azul. Os efeitos especiais, inovadores para a época, garantiram ao filme um Óscar da categoria.
Novamente indicado para melhor diretor, Kubrick vê o seu prémio escapar. Logo após, chateado com o cancelamento do filme sobre Napoleão Bonaparte, ele segue para mais uma adaptação. Dessa vez o livro é A Clockwork Orange (Laranja Mecânica), de 1971, de Anthony Burgess, focado na violência humana e, principalmente, na da juventude. Causou grande polémica na época de seu lançamento e foi acusado de incitar a barbárie. Na história, quatro jovens de classe trabalhadoras passam as noites cometendo as maiores atrocidades: lutar, roubar, violar… são apenas algumas delas. A vida de um deles, Alex, (Malcolm McDowell) toma um rumo diferente quando o mesmo vai para a cadeia. Disparado o trabalho mais controverso do diretor, que deu-lhe outra nomeação para o prémio da Academia e outra derrota.
Nos anos seguintes, três filmes totalmente diferentes: um longuíssimo filme de época, um terror de gelar a espinha e a sua visão da Guerra do Vietname. O primeiro é Barry Lyndon (1975). Linda obra saída de uma novela de William Makepeace Thackeray. Apesar de ser pouco conhecido, o filme é considerado por muito dos fãs de Kubrick, entre eles Martin Scorsese, como seu melhor trabalho. Pois nele é perfeitamente visível o seu perfecionismo, característica marcante em sua carreira. Barry Lyndon, interpretado magistralmente por Ryan O'Neal, é uma espécie de "talentosa fraude" que inevitavelmente é expulso de onde quer que se meta. A fotografia do filme, dirigida por John Alcott - trabalhando sob a orientação técnica de Kubrick - e vencedora do Óscar, é outro momento inesquecível. Kubrick usou lentes criadas pela NASA para poder filmar alguns interiores. Detalhe: iluminados apenas com velas. Mesmo com todo o cuidado da produção, Barry Lyndon fracassou nos Estados Unidos, mas fez relativo sucesso na Europa. Levou quatro estatuetas douradas, mas de novo o admirável trabalho de Stanley como diretor não foi reconhecido pela maioria votante. Ele voltaria a ter um novo sucesso mundial com o clássico Shining (1980) (The Shining), adaptação da obra de Stephen King. A história de uma família que passa uma época num hotel nas montanhas até hoje faz sucesso onde quer que seja exibida. Quase no final dos anos 80, Kubrick ressurgiria dando ênfase a guerra, dessa vez a do Vietname. Saída do livro de Gustav Hasford, Full Metal Jacket (Nascido Para Matar), de 1987, quase que uma versão "kubrickiana" de Apocalypse Now. O filme é praticamente dividido em duas partes: a preparação para a guerra e o ambiente de combate. Kubrick disse que ficou frustrado com o facto de que antes da estreia do filme dois outros longas sobre o tema já tinham sido lançados com sucesso: The Killing Fields (Terra sangrenta), de 1984, e Platoon (Platoon - Os Bravos do Pelotão), de 1986. Ainda como destaque da produção está o imenso set erguido em Londres, para a batalha final.
  
Final de carreira
Do seu último longa-metragem até Eyes Wide Shut (De Olhos Bem Fechados), de 1999, passou-se um longo período sem nada assinado por Stanley. Lançado em 1999, o filme protagonizado pelo (até então) casal número um dos Estados Unidos, causou uma grande comoção entre os amantes da sétima arte. Tom Cruise e Nicole Kidman interpretam um casal em crise e foi adaptada de romance escrito por Arthur Schnitzler, chamado Traumnovelle. Dois anos foi o período de filmagem, tempo que o perfecionismo de Kubrick achou necessário para a conclusão do filme, mas não o necessário para agradar à crítica e público. Kubrick faleceu enquanto dormia, devido a um ataque cardíaco, no dia 7 de março de 1999, não testemunhando a fria receção que o seu último trabalho obteve. O último projeto cinematográfico em que esteve envolvido, mas que por questões de saúde não dirigiu, foi AI: Inteligência Artificial, de Steven Spielberg. Foi sepultado em Childwickbury Manor, Hertfordshire na Inglaterra.
     

segunda-feira, janeiro 15, 2024

Edward Teller nasceu há 116 anos

     

Edward Teller (Budapeste, 15 de janeiro de 1908 - Stanford, 9 de setembro de 2003) foi um físico teórico americano de origem húngara que, embora tenha alegado que não se importava com o título, é popularmente conhecido como "o pai da bomba de hidrogénio". Fez inúmeras contribuições para a física nuclear e molecular, espectroscopia (em particular, os efeitos Jahn-Teller e Renner-Teller) e a física de superfície. A sua extensão da teoria de decaimento beta de Enrico Fermi, sob a forma das chamadas transições Gamow-Teller, forneceram um passo importante na sua aplicação, enquanto o efeito Jahn-Teller e a teoria Brunauer-Emmett-Teller (BET) têm mantido sua formulação original e ainda são pilares da física e da química. Também fez contribuições à teoria de Thomas-Fermi, o precursor da teoria do funcional da densidade, uma ferramenta padrão moderna no tratamento da mecânica quântica de moléculas complexas. Em 1953, juntamente com Nicholas Metropolis e Marshall Rosenbluth, foi co-autor de um artigo que é um ponto de partida padrão para as aplicações do Método de Monte Carlo na mecânica estatística.

Teller imigrou para os Estados Unidos na década de 30, e foi um dos primeiros membros do Projeto Manhattan encarregados de desenvolver as primeiras bombas atómicas. Durante este tempo fez um esforço sério para desenvolver as primeiras armas baseadas em fusão, mas estes foram adiados até depois da Segunda Guerra Mundial. Após o seu depoimento controverso na audiência de habilitação de segurança do seu ex-colega de Los Alamos Robert Oppenheimer, Teller foi condenado ao ostracismo por grande parte da comunidade científica. Ele continuou a receber apoio do governo dos Estados Unidos e estabelecimento de pesquisa militar, particularmente pela sua defesa para o desenvolvimento de energia nuclear, um arsenal nuclear forte e um vigoroso programa de testes nucleares. Foi co-fundador do Laboratório Nacional de Lawrence Livermore (LLNL), e foi ao mesmo tempo o seu diretor titular e diretor associado por muitos anos.

Nos seus últimos anos, tornou-se especialmente conhecido por sua defesa de soluções tecnológicas controversas para problemas militares e civis, incluindo um plano para escavar um porto artificial no Alasca utilizando explosivos termonucleares, no que foi chamado Projeto Chariot. Ele era um defensor vigoroso da Iniciativa Estratégica de Defesa de Reagan. Ao longo de sua vida, era conhecido tanto por sua capacidade científica e suas relações inter-pessoais difíceis e personalidade volátil, e é considerado uma das inspirações para o personagem Dr. Strangelove, no filme homónimo de 1964. 

   

segunda-feira, julho 24, 2023

Peter Sellers morreu há 43 anos...


Richard Henry "Peter" Sellers
  (Southsea, Hampshire, Inglaterra, 8 de setembro de 1925Londres, 24 de julho de 1980) foi um ator inglês.
Tornou-se famoso com a série de rádio da BBC The Goon Show, antes de se lançar numa carreira cinematográfica de sucesso. Sellers foi o mais famoso intérprete do inspetor Jacques Clouseau, da série A Pantera Cor-de-Rosa.
Sellers criou personagens antológicos, como o sinistro Dr. Strangelove (Doutor Fantástico), o inspetor Clouseau e o jardineiro Chance do filme Being There ("Muito Além do Jardim"). Na vida real, tinha uma relação estranha com a mãe dominadora e submeteu as suas mulheres e filhos a torturas psicológicas. Numa entrevista ele disse: "odeio tudo o que eu faço, não sei como vocês gostam".
    
(...)  
    

Em 1964, aos 38 anos, quando filmava a comédia de Billy Wilder Kiss Me, Stupid, Sellers sofreu uma série de ataques cardíacos (13 em alguns dias), que danificaram permanentemente o seu coração. A condição de Sellers deteriorou-se quando adiou tratamento médico adequado e optou por "curandeiros psíquicos". Ele também teve um pacemaker implantado no final de 1970, o que lhe trouxe problemas consideráveis.

Um jantar-reunião foi agendado em Londres, com os seus parceiros do The Goon Show, Spike Milligan e Harry Secombe, para finais de julho de 1980. Mas, em 22 de Julho, Sellers entrou em colapso a partir de um ataque cardíaco no seu quarto do hotel Dorchester e entrou em coma. Morreu num hospital de Londres, pouco depois da meia-noite, a 24 de julho de 1980, aos 54 anos. Foi socorrido pela sua quarta esposa, Lynne Frederick, e três filhos: Michael, Sarah e Vitória. No momento da sua morte, havia-lhe sido programada naquele mês uma cirurgia cardíaca em Los Angeles.


terça-feira, março 07, 2023

Stanley Kubrick morreu há vinte e quatro anos...

   
Stanley Kubrick (Nova Iorque, 26 de julho de 1928 - St Albans, 7 de março de 1999) foi um cineasta, roteirista, produtor de cinema e fotógrafo norte-americano. Considerado um dos mais importantes cineastas de todos os tempos, foi autor de grandes clássicos do cinema, como Spartacus (1960), Dr. Strangelove (1964), 2001 - Odisseia no Espaço (1968), Laranja Mecânica (1971) e Shining (1980), entre outros.
  
Infância e adolescência
Em sua infância, o jovem do Bronx não era o que se podia chamar de "aluno exemplar". Raramente fazia os trabalhos de casa e as suas notas não eram das melhores. Mas apesar disso, tinha reconhecimento do pai em sua mente criativa. Foi este quem o encorajou a aprender Xadrez (tornou-se um especialista no desporto) e deu-lhe a sua primeira máquina fotográfica. Ainda na adolescência, visando a carreira como fotógrafo, conseguiu emprego na conceituada revista Look, mas logo Kubrick descobriu que o seu futuro estava ligado a outro tipo de câmara.
  
Auto retrato na década de 50 para a revista Look

    
Primeiros trabalhos
Estreou como cineasta de curta-metragens aos 22 anos. Aos 25, obteve uma grande ajuda financeira do pai, que penhorou a casa para a produção de Fear and Desire, de 1953, sua primeira longa-metragem. Considerou o trabalho amador e, mesmo com algumas boas críticas, logo tratou de retirá-lo de circulação. Até hoje, o filme permanece fora de catálogo, tendo sido exibido poucas vezes em festivais ou distribuído ilegalmente. Logo após, Kubrick realizaria outro longa, Killer's Kiss, de 1955, outro filme pouco divulgado e de difícil acesso. Mas é a partir de The Killing, de 1956, que a sua carreira começa a funcionar. O trama sobre um plano de assalto ganhou a atenção de alguns produtores. Apesar disso, teve dificuldades com a adaptação da novela Paths of Glory. O filme homónimo foi estrelado pelo astro Kirk Douglas, que ajudou a levantar o projeto após ele ter sido rejeitado pelos estúdios. Kubrick fez um dos filmes antiguerra mais poderosos que o mundo do cinema já viu. Focado não em heróis, mas sim em cobardes. Apesar das excelentes críticas, Paths of Glory (Horizontes de Glória), de 1957, foi proibido em alguns países, incluindo a França.
  
Reconhecimento e clássicos
Kirk Douglas gostou de trabalhar com Kubrick. Foi ele quem o chamou para dirigir o épico Spartacus (1960), após a tensa demissão do veterano diretor Anthony Mann. Mann já havia filmado boa parte da produção quando Kubrick, com apenas 29 anos, assumiu o seu lugar. A boa relação com Douglas viria por água abaixo quando as diferenças criativas os fizeram confrontar-se. Kubrick perdeu a batalha e viu obrigado-se a filmar sem poder colocar algumas das suas ideias em prática. Mesmo com o sucesso do filme, ele decidiu que dali por diante só iria aceitar projetos que pudesse ter total liberdade criativa. E foi com esse pensamento que se muda para a Inglaterra em 1962. No mesmo ano começa as filmagens de Lolita (1962), clássico da literatura escrita por Vladimir Nabokov. A curiosidade sobre a adaptação da obra de Nabokov dá grande visibilidade ao filme, que mesmo imerso em polémicas (a relação entre um homem de meia-idade e uma adolescente era a principal delas) se torna outro grande sucesso de crítica. Dois anos depois, o diretor lança outro clássico absoluto: Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb (1964) (Doutor Fantástico no Brasil; Doutor Estranhoamor em Portugal). Tendo como tema a ameaça nuclear, o filme é uma comédia de humor negro com atuações e roteiro primorosos. Para atuar, Kubrick chamou o comediante inglês Peter Sellers, que se desdobra em três papéis, incluindo o de presidente dos Estados Unidos, e George C. Scott (que alguns anos mais tarde se destacaria em Patton, Rebelde ou Herói?). Entre os vários momentos clássicos, está o final, com direito a um major cowboy montado sobre uma bomba atómica no ar. Esse trabalho rendeu a Kubrick a sua primeira nomeação para o Óscar de melhor diretor.
Cinco anos de produção foram necessários para o desenvolvimento de 2001: A Space Odyssey (2001: Odisseia no Espaço), de 1968, para muitos a melhor ficção científica já filmada. Foi escrito ao mesmo tempo que o livro homónimo de Arthur C. Clarke estava a se escrito. Clarke, inclusive, deu assistência na criação do roteiro. 2001 teve uma receção fria da crítica, mas obteve um enorme sucesso junto do público. Até hoje, possui na sua força maior, as músicas de Richard Strauss, Assim falou Zaratustra e Johann Strauss II, Danúbio Azul. Os efeitos especiais, inovadores para a época, garantiram ao filme um Óscar da categoria.
Novamente indicado para melhor diretor, Kubrick vê o seu prémio escapar. Logo após, chateado com o cancelamento do filme sobre Napoleão Bonaparte, ele segue para mais uma adaptação. Dessa vez o livro é A Clockwork Orange (Laranja Mecânica), de 1971, de Anthony Burgess, focado na violência humana e, principalmente, na da juventude. Causou grande polémica na época de seu lançamento e foi acusado de incitar a barbárie. Na história, quatro jovens de classe trabalhadoras passam as noites cometendo as maiores atrocidades: lutar, roubar, violar… são apenas algumas delas. A vida de um deles, Alex, (Malcolm McDowell) toma um rumo diferente quando o mesmo vai para a cadeia. Disparado o trabalho mais controverso do diretor, que deu-lhe outra nomeação para o prémio da Academia e outra derrota.
Nos anos seguintes, três filmes totalmente diferentes: um longuíssimo filme de época, um terror de gelar a espinha e a sua visão da Guerra do Vietname. O primeiro é Barry Lyndon (1975). Linda obra saída de uma novela de William Makepeace Thackeray. Apesar de ser pouco conhecido, o filme é considerado por muito dos fãs de Kubrick, entre eles Martin Scorsese, como seu melhor trabalho. Pois nele é perfeitamente visível o seu perfecionismo, característica marcante em sua carreira. Barry Lyndon, interpretado magistralmente por Ryan O'Neal, é uma espécie de "talentosa fraude" que inevitavelmente é expulso de onde quer que se meta. A fotografia do filme, dirigida por John Alcott - trabalhando sob a orientação técnica de Kubrick - e vencedora do Óscar, é outro momento inesquecível. Kubrick usou lentes criadas pela NASA para poder filmar alguns interiores. Detalhe: iluminados apenas com velas. Mesmo com todo o cuidado da produção, Barry Lyndon fracassou nos Estados Unidos, mas fez relativo sucesso na Europa. Levou quatro estatuetas douradas, mas de novo o admirável trabalho de Stanley como diretor não foi reconhecido pela maioria votante. Ele voltaria a ter um novo sucesso mundial com o clássico Shining (1980) (The Shining), adaptação da obra de Stephen King. A história de uma família que passa uma época num hotel nas montanhas até hoje faz sucesso onde quer que seja exibida. Quase no final dos anos 80, Kubrick ressurgiria dando ênfase a guerra, dessa vez a do Vietname. Saída do livro de Gustav Hasford, Full Metal Jacket (Nascido Para Matar), de 1987, quase que uma versão "kubrickiana" de Apocalypse Now. O filme é praticamente dividido em duas partes: a preparação para a guerra e o ambiente de combate. Kubrick disse que ficou frustrado com o facto de que antes da estreia do filme dois outros longas sobre o tema já tinham sido lançados com sucesso: The Killing Fields (Terra sangrenta), de 1984, e Platoon (Platoon - Os Bravos do Pelotão), de 1986. Ainda como destaque da produção está o imenso set erguido em Londres, para a batalha final.
  
Final de carreira
Do seu último longa-metragem até Eyes Wide Shut (De Olhos Bem Fechados), de 1999, passou-se um longo período sem nada assinado por Stanley. Lançado em 1999, o filme protagonizado pelo (até então) casal número um dos Estados Unidos, causou uma grande comoção entre os amantes da sétima arte. Tom Cruise e Nicole Kidman interpretam um casal em crise e foi adaptada de romance escrito por Arthur Schnitzler, chamado Traumnovelle. Dois anos foi o período de filmagem, tempo que o perfecionismo de Kubrick achou necessário para a conclusão do filme, mas não o necessário para agradar à crítica e público. Kubrick faleceu enquanto dormia, devido a um ataque cardíaco, no dia 7 de março de 1999, não testemunhando a fria receção que seu último trabalho obteve. O último projeto cinematográfico em que esteve envolvido, mas que por questões de saúde não dirigiu, foi AI: Inteligência Artificial, de Steven Spielberg. Foi sepultado em Childwickbury Manor, Hertfordshire na Inglaterra.
     

domingo, janeiro 15, 2023

Um estranho físico chamado Edward Teller nasceu há 115 anos

     

Edward Teller (Budapeste, 15 de janeiro de 1908 - Stanford, 9 de setembro de 2003) foi um físico teórico americano de origem húngara que, embora tenha alegado que não se importava com o título, é popularmente conhecido como "o pai da bomba de hidrogénio". Fez inúmeras contribuições para a física nuclear e molecular, espectroscopia (em particular, os efeitos Jahn-Teller e Renner-Teller) e a física de superfície. A sua extensão da teoria de decaimento beta de Enrico Fermi, sob a forma das chamadas transições Gamow-Teller, forneceram um passo importante na sua aplicação, enquanto o efeito Jahn-Teller e a teoria Brunauer-Emmett-Teller (BET) têm mantido sua formulação original e ainda são pilares da física e da química. Também fez contribuições à teoria de Thomas-Fermi, o precursor da teoria do funcional da densidade, uma ferramenta padrão moderna no tratamento da mecânica quântica de moléculas complexas. Em 1953, juntamente com Nicholas Metropolis e Marshall Rosenbluth, foi co-autor de um artigo que é um ponto de partida padrão para as aplicações do Método de Monte Carlo na mecânica estatística.

Teller imigrou para os Estados Unidos na década de 30, e foi um dos primeiros membros do Projeto Manhattan encarregados de desenvolver as primeiras bombas atómicas. Durante este tempo fez um esforço sério para desenvolver as primeiras armas baseadas em fusão, mas estes foram adiados até depois da Segunda Guerra Mundial. Após o seu depoimento controverso na audiência de habilitação de segurança do seu ex-colega de Los Alamos Robert Oppenheimer, Teller foi condenado ao ostracismo por grande parte da comunidade científica. Ele continuou a receber apoio do governo dos Estados Unidos e estabelecimento de pesquisa militar, particularmente pela sua defesa para o desenvolvimento de energia nuclear, um arsenal nuclear forte e um vigoroso programa de testes nucleares. Foi co-fundador do Laboratório Nacional de Lawrence Livermore (LLNL), e foi ao mesmo tempo o seu diretor titular e diretor associado por muitos anos.

Nos seus últimos anos, tornou-se especialmente conhecido por sua defesa de soluções tecnológicas controversas para problemas militares e civis, incluindo um plano para escavar um porto artificial no Alasca utilizando explosivos termonucleares, no que foi chamado Projeto Chariot. Ele era um defensor vigoroso da Iniciativa Estratégica de Defesa de Reagan. Ao longo de sua vida, era conhecido tanto por sua capacidade científica e suas relações inter-pessoais difíceis e personalidade volátil, e é considerado uma das inspirações para o personagem Dr. Strangelove no filme homónimo de 1964. 

   

domingo, julho 24, 2022

Peter Sellers morreu há 42 anos


Richard Henry "Peter" Sellers
  (Southsea, Hampshire, Inglaterra, 8 de setembro de 1925Londres, 24 de julho de 1980) foi um ator inglês.
Tornou-se famoso com a série de rádio da BBC The Goon Show, antes de se lançar numa carreira cinematográfica de sucesso. Sellers foi o mais famoso intérprete do inspetor Jacques Clouseau, da série A Pantera Cor-de-Rosa.
Sellers criou personagens antológicos, como o sinistro Dr. Strangelove (Doutor Fantástico), o inspetor Clouseau e o jardineiro Chance do filme Being There ("Muito Além do Jardim"). Na vida real, tinha uma relação estranha com a mãe dominadora e submeteu as suas mulheres e filhos a torturas psicológicas. Numa entrevista ele disse: "odeio tudo o que eu faço, não sei como vocês gostam".
    
(...)  
    

Em 1964, aos 38 anos, quando filmava a comédia de Billy Wilder Kiss Me, Stupid, Sellers sofreu uma série de ataques cardíacos (13 em alguns dias), que permanentemente danificaram o seu coração. A condição de Sellers deteriorou-se quando ele adiou tratamento médico adequado e optou por "curandeiros psíquicos". Ele também teve um pacemaker implantado no final de 1970, o que lhe trouxe mais problemas consideráveis.

Um jantar-reunião foi agendado em Londres, com os seus parceiros do The Goon Show, Spike Milligan e Harry Secombe, para finais de julho de 1980. Mas, em 22 de Julho, Sellers entrou em colapso a partir de um ataque cardíaco no seu quarto de hotel Dorchester e entrou em coma. Ele morreu num hospital de Londres, pouco depois da meia-noite, em 24 de julho de 1980, aos 54 anos. Foi socorrido pela sua quarta esposa, Lynne Frederick, e três filhos: Michael, Sarah e Vitória. No momento da sua morte, havia-lhe sido programada naquele mês uma cirurgia cardíaca em Los Angeles.


segunda-feira, março 07, 2022

Stanley Kubrick morreu há vinte e três anos

   
Stanley Kubrick (Nova Iorque, 26 de julho de 1928 - St Albans, 7 de março de 1999) foi um cineasta, roteirista, produtor de cinema e fotógrafo americano. Considerado um dos mais importantes cineastas de todos os tempos, foi autor de grandes clássicos do cinema, como Spartacus (1960), Dr. Strangelove (1964), 2001 - Odisseia no Espaço (1968), Laranja Mecânica (1971) e Shining (1980), entre outros.
  
Infância e adolescência
Em sua infância, o jovem do Bronx não era o que se podia chamar de "aluno exemplar". Raramente fazia os trabalhos de casa e as suas notas não eram das melhores. Mas apesar disso, tinha reconhecimento do pai em sua mente criativa. Foi este quem o encorajou a aprender Xadrez (tornou-se um especialista no desporto) e deu-lhe a sua primeira máquina fotográfica. Ainda na adolescência, visando a carreira como fotógrafo, conseguiu emprego na conceituada revista Look, mas logo Kubrick descobriu que o seu futuro estava ligado a outro tipo de câmara.
  
Auto retrato na década de 50 para a revista Look
    
Primeiros trabalhos
Estreou como cineasta de curta-metragens aos 22 anos. Aos 25, obteve uma grande ajuda financeira do pai, que penhorou a casa para a produção de Fear and Desire, de 1953, sua primeira longa-metragem. Considerou o trabalho amador e, mesmo com algumas boas críticas, logo tratou de retirá-lo de circulação. Até hoje, o filme permanece fora de catálogo, tendo sido exibido poucas vezes em festivais ou distribuído ilegalmente. Logo após, Kubrick realizaria outro longa, Killer's Kiss, de 1955, outro filme pouco divulgado e de difícil acesso. Mas é a partir de The Killing, de 1956, que a sua carreira começa a funcionar. O trama sobre um plano de assalto ganhou a atenção de alguns produtores. Apesar disso, teve dificuldades com a adaptação da novela Paths of Glory. O filme homónimo foi estrelado pelo astro Kirk Douglas, que ajudou a levantar o projeto após ele ter sido rejeitado pelos estúdios. Kubrick fez um dos filmes antiguerra mais poderosos que o mundo do cinema já viu. Focado não em heróis, mas sim em cobardes. Apesar das excelentes críticas, Paths of Glory (Horizontes de Glória), de 1957, foi proibido em alguns países, incluindo a França.
  
Reconhecimento e clássicos
Kirk Douglas gostou de trabalhar com Kubrick. Foi ele quem o chamou para dirigir o épico Spartacus (1960), após a tensa demissão do veterano diretor Anthony Mann. Mann já havia filmado boa parte da produção quando Kubrick, com apenas 29 anos, assumiu o seu lugar. A boa relação com Douglas viria por água abaixo quando as diferenças criativas os fizeram confrontar-se. Kubrick perdeu a batalha e viu obrigado-se a filmar sem poder colocar algumas das suas ideias em prática. Mesmo com o sucesso do filme, ele decidiu que dali por diante só iria aceitar projetos que pudesse ter total liberdade criativa. E foi com esse pensamento que se muda para a Inglaterra em 1962. No mesmo ano começa as filmagens de Lolita (1962), clássico da literatura escrita por Vladimir Nabokov. A curiosidade sobre a adaptação da obra de Nabokov dá grande visibilidade ao filme, que mesmo imerso em polémicas (a relação entre um homem de meia-idade e uma adolescente era a principal delas) se torna outro grande sucesso de crítica. Dois anos depois, o diretor lança outro clássico absoluto: Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb (1964) (Doutor Fantástico no Brasil; Doutor Estranhoamor em Portugal). Tendo como tema a ameaça nuclear, o filme é uma comédia de humor negro com atuações e roteiro primorosos. Para atuar, Kubrick chamou o comediante inglês Peter Sellers, que se desdobra em três papéis, incluindo o de presidente dos Estados Unidos, e George C. Scott (que alguns anos mais tarde se destacaria em Patton, Rebelde ou Herói?). Entre os vários momentos clássicos, está o final, com direito a um major cowboy montado sobre uma bomba atómica no ar. Esse trabalho rendeu a Kubrick a sua primeira nomeação para o Óscar de melhor diretor.
Cinco anos de produção foram necessários para o desenvolvimento de 2001: A Space Odyssey (2001: Odisseia no Espaço), de 1968, para muitos a melhor ficção científica já filmada. Foi escrito ao mesmo tempo que o livro homónimo de Arthur C. Clarke estava a se escrito. Clarke, inclusive, deu assistência na criação do roteiro. 2001 teve uma receção fria da crítica, mas obteve um enorme sucesso junto do público. Até hoje, possui na sua força maior, as músicas de Richard Strauss, Assim falou Zaratustra e Johann Strauss II, Danúbio Azul. Os efeitos especiais, inovadores para a época, garantiram ao filme um Óscar da categoria.
Novamente indicado para melhor diretor, Kubrick vê o seu prémio escapar. Logo após, chateado com o cancelamento do filme sobre Napoleão Bonaparte, ele segue para mais uma adaptação. Dessa vez o livro é A Clockwork Orange (Laranja Mecânica), de 1971, de Anthony Burgess, focado na violência humana e, principalmente, na da juventude. Causou grande polémica na época de seu lançamento e foi acusado de incitar a barbárie. Na história, quatro jovens de classe trabalhadoras passam as noites cometendo as maiores atrocidades: lutar, roubar, violar… são apenas algumas delas. A vida de um deles, Alex, (Malcolm McDowell) toma um rumo diferente quando o mesmo vai para a cadeia. Disparado o trabalho mais controverso do diretor, que deu-lhe outra nomeação para o prémio da Academia e outra derrota.
Nos anos seguintes, três filmes totalmente diferentes: um longuíssimo filme de época, um terror de gelar a espinha e a sua visão da Guerra do Vietname. O primeiro é Barry Lyndon (1975). Linda obra saída de uma novela de William Makepeace Thackeray. Apesar de ser pouco conhecido, o filme é considerado por muito dos fãs de Kubrick, entre eles Martin Scorsese, como seu melhor trabalho. Pois nele é perfeitamente visível o seu perfecionismo, característica marcante em sua carreira. Barry Lyndon, interpretado magistralmente por Ryan O'Neal, é uma espécie de "talentosa fraude" que inevitavelmente é expulso de onde quer que se meta. A fotografia do filme, dirigida por John Alcott - trabalhando sob a orientação técnica de Kubrick - e vencedora do Óscar, é outro momento inesquecível. Kubrick usou lentes criadas pela NASA para poder filmar alguns interiores. Detalhe: iluminados apenas com velas. Mesmo com todo o cuidado da produção, Barry Lyndon fracassou nos Estados Unidos, mas fez relativo sucesso na Europa. Levou quatro estatuetas douradas, mas de novo o admirável trabalho de Stanley como diretor não foi reconhecido pela maioria votante. Ele voltaria a ter um novo sucesso mundial com o clássico Shining (1980) (The Shining), adaptação da obra de Stephen King. A história de uma família que passa uma época num hotel nas montanhas até hoje faz sucesso onde quer que seja exibida. Quase no final dos anos 80, Kubrick ressurgiria dando ênfase a guerra, dessa vez a do Vietname. Saída do livro de Gustav Hasford, Full Metal Jacket (Nascido Para Matar), de 1987, quase que uma versão "kubrickiana" de Apocalypse Now. O filme é praticamente dividido em duas partes: a preparação para a guerra e o ambiente de combate. Kubrick disse que ficou frustrado com o facto de que antes da estreia do filme dois outros longas sobre o tema já tinham sido lançados com sucesso: The Killing Fields (Terra sangrenta), de 1984, e Platoon (Platoon - Os Bravos do Pelotão), de 1986. Ainda como destaque da produção está o imenso set erguido em Londres, para a batalha final.
  
Final de carreira
Do seu último longa-metragem até Eyes Wide Shut (De Olhos Bem Fechados), de 1999, passou-se um longo período sem nada assinado por Stanley. Lançado em 1999, o filme protagonizado pelo (até então) casal número um dos Estados Unidos, causou uma grande comoção entre os amantes da sétima arte. Tom Cruise e Nicole Kidman interpretam um casal em crise e foi adaptada de romance escrito por Arthur Schnitzler, chamado Traumnovelle. Dois anos foi o período de filmagem, tempo que o perfecionismo de Kubrick achou necessário para a conclusão do filme, mas não o necessário para agradar à crítica e público. Kubrick faleceu enquanto dormia, devido a um ataque cardíaco, no dia 7 de março de 1999, não testemunhando a fria receção que seu último trabalho obteve. O último projeto cinematográfico em que esteve envolvido, mas que por questões de saúde não dirigiu, foi AI: Inteligência Artificial, de Steven Spielberg. Foi sepultado em Childwickbury Manor, Hertfordshire na Inglaterra.
     

sábado, julho 24, 2021

Peter Sellers morreu há 41 anos...


Richard Henry "Peter" Sellers
  (Southsea, Hampshire, Inglaterra, 8 de setembro de 1925Londres, 24 de julho de 1980) foi um actor inglês.
Tornou-se famoso com a série de rádio da BBC The Goon Show, antes de se lançar em uma carreira cinematográfica de sucesso. Sellers foi o mais famoso intérprete do inspector Jacques Clouseau, da série A Pantera Cor-de-Rosa.
Sellers criou personagens antológicos, como o sinistro Dr. Strangelove (Doutor Fantástico), o inspetor Clouseau e o jardineiro Chance do filme Being There ("Muito Além do Jardim"). Na vida real, tinha uma relação estranha com a mãe dominadora e submeteu suas mulheres e filhos a torturas psicológicas. Em uma entrevista ele disse: "odeio tudo o que eu faço, não sei como vocês gostam".

domingo, março 07, 2021

Stanley Kubrick morreu há vinte e dois anos

   
Stanley Kubrick (Nova Iorque, 26 de julho de 1928 - St Albans, 7 de março de 1999) foi um cineasta, roteirista, produtor de cinema e fotógrafo americano. Considerado um dos mais importantes cineastas de todos os tempos, foi autor de grandes clássicos do cinema, como Spartacus (1960), Dr. Strangelove (1964), 2001 - Odisseia no Espaço (1968), Laranja Mecânica (1971) e Shining (1980), entre outros.
  
Infância e adolescência
Em sua infância, o jovem do Bronx não era o que se podia chamar de "aluno exemplar". Raramente fazia os trabalhos de casa e as suas notas não eram das melhores. Mas apesar disso, tinha reconhecimento do pai em sua mente criativa. Foi este quem o encorajou a aprender xadrez (tornou-se um especialista no desporto) e deu-lhe a sua primeira máquina fotográfica. Ainda na adolescência, visando a carreira como fotógrafo, conseguiu emprego na conceituada revista Look, mas logo Kubrick descobriu que o seu futuro estava ligado a outro tipo de câmara.
  
Auto retrato na década de 50 para a revista Look
    
Primeiros trabalhos
Estreou como cineasta de curta-metragens aos 22 anos. Aos 25, obteve uma grande ajuda financeira do pai, que penhorou a casa para a produção de Fear and Desire, de 1953, sua primeira longa-metragem. Considerou o trabalho amador e, mesmo com algumas boas críticas, logo tratou de retirá-lo de circulação. Até hoje, o filme permanece fora de catálogo, tendo sido exibido poucas vezes em festivais ou distribuído ilegalmente. Logo após, Kubrick realizaria outro longa, Killer's Kiss, de 1955, outro filme pouco divulgado e de difícil acesso. Mas é a partir de The Killing, de 1956, que a sua carreira começa a funcionar. O trama sobre um plano de assalto ganhou a atenção de alguns produtores. Apesar disso, teve dificuldades com a adaptação da novela Paths of Glory. O filme homónimo foi estrelado pelo astro Kirk Douglas, que ajudou a levantar o projeto após ele ter sido rejeitado pelos estúdios. Kubrick fez um dos filmes antiguerra mais poderosos que o mundo do cinema já viu. Focado não em heróis, mas sim em cobardes. Apesar das excelentes críticas, Paths of Glory (Horizontes de Glória), de 1957, foi proibido em alguns países, incluindo a França.
  
Reconhecimento e clássicos
Kirk Douglas gostou de trabalhar com Kubrick. Foi ele quem o chamou para dirigir o épico Spartacus (1960), após a tensa demissão do veterano diretor Anthony Mann. Mann já havia filmado boa parte da produção quando Kubrick, com apenas 29 anos, assumiu o seu lugar. A boa relação com Douglas viria por água a baixo quando as diferenças criativas os fizeram confrontar. Kubrick perdeu a batalha e viu obrigado-se a filmar sem poder colocar algumas das suas ideias em prática. Mesmo com o sucesso do filme, ele decidiu que dali por diante só iria aceitar projetos que pudesse ter total liberdade criativa. E foi com esse pensamento que se muda para a Inglaterra em 1962. No mesmo ano começa as filmagens de Lolita (1962), clássico da literatura escrita por Vladimir Nabokov. A curiosidade sobre a adaptação da obra de Nabokov dá grande visibilidade ao filme, que mesmo imerso em polémicas (a relação entre um homem de meia-idade e uma adolescente era a principal delas) se torna outro grande sucesso de crítica. Dois anos depois, o diretor lança outro clássico absoluto: Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb (1964) (Doutor Fantástico no Brasil; Doutor Estranhoamor em Portugal). Tendo como tema a ameaça nuclear, o filme é uma comédia de humor negro com atuações e roteiro primorosos. Para atuar, Kubrick chamou o comediante inglês Peter Sellers, que se desdobra em três papéis, incluindo o de presidente dos Estados Unidos e George C. Scott (que alguns anos mais tarde se destacaria em Patton, Rebelde ou Herói?). Entre os vários momentos clássicos, está o final, com direito a um major cowboy montado sobre uma bomba atómica no ar. Esse trabalho rendeu a Kubrick a sua primeira nomeação para o Óscar de melhor diretor.
Cinco anos de produção foram necessários para o desenvolvimento de 2001: A Space Odyssey (2001: Odisseia no Espaço), de 1968, para muitos a melhor ficção científica já filmada. Foi escrito ao mesmo tempo em que o livro homónimo de Arthur C. Clarke estava a se escrito. Clarke, inclusive, deu assistência na criação do roteiro. 2001 teve uma recepção fria da crítica, mas obteve um enorme sucesso junto do público. Até hoje, possui na sua força maior, as músicas de Richard Strauss, Assim falou Zaratustra e Johann Strauss II, Danúbio Azul. Os efeitos especiais, inovadores para a época, garantiram ao filme um Óscar da categoria.
Novamente indicado para melhor diretor, Kubrick vê o seu prémio escapar. Logo após, chateado com o cancelamento do filme sobre Napoleão Bonaparte, ele segue para mais uma adaptação. Dessa vez o livro é A Clockwork Orange (Laranja Mecânica), de 1971, de Anthony Burgess, focado na violência humana e, principalmente, na da juventude. Causou grande polémica na época de seu lançamento e foi acusado de incitar a barbárie. Na história, quatro jovens de classe trabalhadoras passam as noites cometendo as maiores atrocidades: lutar, roubar, violar… são apenas algumas delas. A vida de um deles, Alex, (Malcolm McDowell) toma um rumo diferente quando o mesmo vai para a cadeia. Disparado o trabalho mais controverso do diretor, que deu-lhe outra nomeação para o prémio da Academia e outra derrota.
Nos anos seguintes, três filmes totalmente diferentes: um longuíssimo filme de época, um terror de gelar a espinha e a sua visão da Guerra do Vietname. O primeiro é Barry Lyndon (1975). Linda obra saída de uma novela de William Makepeace Thackeray. Apesar de ser pouco conhecido, o filme é considerado por muito dos fãs de Kubrick, entre eles Martin Scorsese, como seu melhor trabalho. Pois nele é perfeitamente visível o seu perfecionismo, característica marcante em sua carreira. Barry Lyndon, interpretado magistralmente por Ryan O'Neal, é uma espécie de "talentosa fraude" que inevitavelmente é expulso de onde quer que se meta. A fotografia do filme, dirigida por John Alcott - trabalhando sob a orientação técnica de Kubrick - e vencedora do Óscar, é outro momento inesquecível. Kubrick usou lentes criadas pela NASA para poder filmar alguns interiores. Detalhe: iluminados apenas com velas. Mesmo com todo o cuidado da produção, Barry Lyndon fracassou nos Estados Unidos, mas fez relativo sucesso na Europa. Levou quatro estatuetas douradas, mas de novo o admirável trabalho de Stanley como diretor não foi reconhecido pela maioria votante. Ele voltaria a ter um novo sucesso mundial com o clássico Shining (1980) (The Shining), adaptação da obra de Stephen King. A história de uma família que passa uma época num hotel nas montanhas até hoje faz sucesso onde quer que seja exibida. Quase no final dos anos 1980, Kubrick resurgiria dando ênfase a guerra. Dessa vez a do Vietname. Saída do livro de Gustav Hasford, Full Metal Jacket (Nascido Para Matar), de 1987, quase que uma versão "kubrickiana" de Apocalypse Now. O filme é praticamente dividido em duas partes: a preparação para a guerra e o ambiente de combate. Kubrick disse que ficou frustrado com o facto de que antes da estreia do filme dois outros longas sobre o tema já tinham sido lançados com sucesso: The Killing Fields (Terra sangrenta), de 1984, e Platoon (Platoon - Os Bravos do Pelotão), de 1986. Ainda como destaque da produção está o imenso set erguido em Londres, para a batalha final.
  
Final de carreira
Do seu último longa-metragem até Eyes Wide Shut (De Olhos Bem Fechados), de 1999, passou-se um longo período sem nada assinado por Stanley. Lançado em 1999, o filme protagonizado pelo (até então) casal número um dos Estados Unidos, causou uma grande comoção entre os amantes da sétima arte. Tom Cruise e Nicole Kidman interpretam um casal em crise e foi adaptada de romance escrito por Arthur Schnitzler, chamado Traumnovelle. Dois anos foi o período de filmagem, tempo que o perfecionismo de Kubrick achou necessário para a conclusão do filme, mas não o necessário para agradar à crítica e público. Kubrick faleceu enquanto dormia, devido a um ataque cardíaco, no dia 7 de março de 1999, não testemunhando a fria recepção que seu último trabalho obteve. O último projeto cinematográfico em que esteve envolvido, mas que por questões de saúde não dirigiu, foi AI: Inteligência Artificial, de Steven Spielberg. Encontra-se sepultado em Childwickbury Manor, Hertfordshire na Inglaterra.