Alexander Soljenítsin nasceu em
Kislovodsk, pequena cidade do sul da Rússia, numa região localizada entre o
Mar Negro e o
Mar Cáspio,
filho póstumo de Isaac Soljenítsin, um oficial do exército imperial, e
da sua jovem viúva, Taisia Soljenítsina. O seu avô materno havia
superado as suas origens humildes e adquirido uma grande propriedade na
região de
Kuban, no sopé da grande cadeia de montanhas do
Cáucaso. Durante a
Primeira Guerra Mundial, Taisia fora estudar em
Moscovo,
onde conhecera o seu futuro marido. Soljenítsin relataria vividamente a
história de sua família nas suas obras "Agosto de 1914" e "A Roda
Vermelha".
Em
1918
Taisia encontrou-se grávida, mas pouco depois receberia a notícia da morte
do seu marido num acidente de caça. Esse facto, o confisco da
propriedade do seu avô pelas novas autoridades
comunistas, e a
Guerra Civil Russa
disputada ao redor, levaram às circunstâncias bastante modestas da
infância de Aleksandr. Mais tarde ele diria que a sua mãe lutava pela mera
sobrevivência, e que os elos do seu pai com o antigo regime tinham que
ser mantidos em segredo. O menino exibia conspícuas tendências
literárias e científicas, que a sua mãe incentivava como bem podia. Esta
viria a falecer no final de
1939.
Algumas semanas antes do fim do conflito, já havendo alcançado território alemão na
Prússia Oriental, foi preso por agentes da
NKVD, por fazer alusões críticas a
Estaline
em correspondência enviada a um amigo. Foi condenado a oito anos num campo de
trabalhos forçados, a serem seguidos por exílio interno perpétuo.
A primeira parte da pena de Soljenítsin foi cumprida em vários campos
de trabalhos forçados; a "fase intermédia", como ele viria a
referir-se a esta época, passou-a em uma
sharashka, um instituto
de pesquisas onde os cientistas e outros colaboradores eram
prisioneiros. Dessas experiências surgiria o livro "O Primeiro Círculo",
publicado no exterior em
1968. Em
1950 foi enviado a um "campo especial" para prisioneiros políticos em
Ekibastuz,
Cazaquistão onde trabalharia como pedreiro, mineiro e metalúrgico. Esta época inspiraria o livro
"Um Dia na Vida de Ivan Denisovich". Neste campo retiraram-lhe um tumor, mas o seu
cancro não chegou a ser diagnosticado.
A partir de março de
1953, iniciou a pena de exílio perpétuo em
Kol-Terek, no sul do Cazaquistão. O seu
cancro, ainda não detetado, continuou a espalhar-se, e no fim do ano, Soljenítsin encontrava-se próximo da morte. Porém, em
1954, finalmente recebeu tratamento adequado em
Tashkent,
Uzbequistão, e curou-se. Estes eventos formaram a base de
" O Pavilhão dos Cancerosos".
Durante os seus anos de exílio, e após a sua libertação e retorno à
Rússia
europeia, Soljenítsin, enquanto lecionava em escolas secundárias
durante o dia, passava as noites a escrever em segredo. Mais tarde, na
breve
autobiografia que escreveria ao receber o
Nobel de Literatura, relataria que "durante todos os anos, até
1961,
eu não estava apenas convencido que sequer uma linha por mim escrita
jamais seria publicada durante a minha vida, mas também raramente ousava
permitir que os meus íntimos lessem o que eu havia escrito, por medo de
que o facto se tornasse conhecido".
Publicou ainda nos EUA uma obra sobre um gigantesco tabu que é a
proeminência dos judeus russos no Partido Comunista e na polícia secreta
soviética, sendo apelidado de antissemita e desmoralizado no seu
exílio.
Soljenítsin regressou à Rússia a 27 de maio de 1994, depois de vinte anos de exílio e morreu em Moscovo a
3 de agosto de
2008, segundo o seu filho, em consequência de uma insuficiência cardíaca aguda.
Encontra-se sepultado no Cemitério do Mosteiro de Donskoi, em
Moscovo, na
Rússia.