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terça-feira, abril 23, 2024

Mais recordes na área da paleontologia para alegria da malta nova...

Descoberto o fóssil da maior cobra que alguma vez existiu. Era maior que um autocarro

 

 

A cobra recentemente descoberta na Índia pesaria cerca de uma tonelada e teria entre 11 e 15 metros de comprimento, destronando a Titanoboa do topo da lista das maiores serpentes que já existiram.

Um novo estudo, publicado esta quinta-feira na revista Scientific Reports, relata a descoberta nua mina de lenhite em Panandhro, na Índia, dos restos fossilizados da que poderá ser a maior cobra alguma vez registada.

A descoberta, composta por 27 vértebras que remontam à época Eocénica, há cerca de 47 milhões de anos, sugere que esta antiga serpente poderia ter atingido comprimentos entre 11 e 15 metros.

Batizada com o nome do mítico rei das serpentes da mitologia hindu, a Vasuki indicus não só desafia o recorde de tamanho detido pela Titanoboa pré-histórica, como também introduz uma nova perspetiva sobre a diversidade e a história evolutiva das cobras antigas.

A maior serpente conhecida anteriormente, a Titanoboa, media cerca de 13,25 metros e foi descoberta na Colômbia, datando de há cerca de 60 milhões de anos, recorda o Live Science.

A estimativa do comprimento da Vasuki indicus foi determinada usando a largura das vértebras e comparando-a com as dimensões de grandes cobras contemporâneas, como jiboias e pítons.

Os investigadores utilizaram dois métodos diferentes para as suas estimativas, um utilizando dados exclusivamente da família Boidae e o outro englobando todos os tipos de serpentes vivas.

 





 

Os cientistas pensam que a Vasuki indicus pertencia aos Madtsoiidae, uma família extinta de serpentes que outrora percorreu partes da América do Sul, África, Índia, Austrália e Sul da Europa desde o final do período Cretácico.

A estrutura das suas vértebras sugere que tinha um corpo largo e cilíndrico, típico das serpentes terrestres, contrastando com os corpos mais achatados e aerodinâmicos das espécies aquáticas.

O grande tamanho da serpente tornava-a provavelmente um predador de emboscada eficaz, dominando a sua presa através da constrição – semelhante aos métodos de caça das anacondas modernas.

A descoberta também descreve as condições climáticas durante o período em que a Vasuki prosperou, indicando um ambiente quente com temperaturas médias em torno de 28 graus Celsius.

“Não podemos dizer com exatidão que tipo de animais a Vasuki comia“, afirmam os autores do estudo. “Os fósseis associados recolhidos nas rochas onde a Vasuki foi encontrada incluem peixes-raia, peixes ósseos, tartarugas, crocodilianos e até baleias primitivas. Pode ter-se alimentado de alguns destes animais”

Apesar destas descobertas, muitos aspetos da biologia e ecologia do Vasuki indicus permanecem desconhecidos, incluindo pormenores sobre a sua dieta e o uso dos músculos.

A equipa quer agora fazer mais investigações para examinar o teor de carbono e oxigénio nos fósseis para descobrir mais pormenores sobre a dieta e o estilo de vida da serpente no seu ecossistema pré-histórico.

 

in ZAP

terça-feira, abril 16, 2024

Finalmente um record aparentemente gológico no Guiness...

Finalmente no Guinness: o Paratethys é o maior lago que a Terra alguma vez viu


Mapa do Lago Paratethys

 

O Livro dos Recordes do Guinness reconheceu oficialmente o antigo Paratethys, uma massa de água que tinha o tamanho da Europa, como o “maior lago de sempre”.

Há há cerca de 11 milhões de anos, uma enorme massa de 1,77 milhões de km3 de água cobria uma área com cerca de 2,8 milhões de km2 - uma extensão equivalente ao tamanho de toda a Europa.

As dimensões deste antigo lago, de nome Paratethys, foram precisadas num estudo do geólogo Dan Valentin Palcu, investigador da Universidade de Utrecht, e apresentadas num artigo publicado em 2021 na Scientific Reports.

Agora, com base no estudo de Dan Palcu, o Livro dos Recordes do Guinness reconheceu oficialmente o  Paratethys como “o maior lago que a Terra já viu“.

Estendendo-se pela Europa, dos Alpes até à Ásia Central, num território que atualmente vai desde a Áustria ao Turquemenistão, o Paratethys deixou a sua marca em formações geológicas, como as falésias com vista para o Mar Negro na Bulgária.

Em comparação com o Mar Mediterrâneo, este era ligeiramente maior em termos de área, mas em volume apenas cerca de um terço - pelo que o Paratethys era um mar relativamente pouco profundo, apesar de conter dez vezes mais água do que o somatório de todos os lagos atuais.

O Paratethys formou-se há cerca de 34 milhões de anos, perto do fim da época Eocénica, tendo estado ligada ao alto mar até há cerca de 12 milhões de anos - altura em que a colisão das placas tectónicas africanas e europeias fechou o Mediterrâneo e transformou Paratethys num lago autónomo.

Segundo o estudo de Palcu, durante os 5 milhões de anos em que existiu, o lago sofreu quatro grandes regressões, durante as quais os níveis de água recuaram, afetando a vegetação e a fauna em toda a Europa.

 

Mapa do Lago Paratethys

 

O período de seca mais prolongado ocorreu de 7,65 a 7,9 milhões de anos atrás. O lago perdeu então mais de um terço da sua água e dois terços da sua área superficial, resultando numa queda dramática de 250 metros nos níveis de água.

À medida que o lago diminuía, a água restante formou um lago salgado central e bacias periféricas, enquanto vastas áreas de terra emergiram, dando origem a paisagens de floresta-estepe.

Estas transformações tiveram impacto significativo no clima, nas cadeias alimentares e as paisagens em toda a Eurásia. No entanto, as causas e mecanismos exatos por trás destas mudanças paleoambientais permanecem temas para investigação futura.

 

in ZAP

quinta-feira, junho 21, 2012

Às vezes, na Paleontologia, nem a morte separa os apaixonados...

Fósseis com 47 milhões de anos
Tartarugas apanhadas em sexo pré-histórico

O par de tartarugas a copular: a fêmea, maior (à esquerda) e o macho, menor (à direita) - Museu de História Natural Senckenberg

Ella Fitzgerald enumera: pássaros, abelhas, até moscas amestradas. “Let’s do it, let’s fall in love”, sugeria a cantora, que agora podia acrescentar, nesta lista de animais que se apaixonam, as tartarugas extintas. Não que o sexo pré-histórico seja questionado, mas pela primeira vez descobriram-se fósseis de vertebrados que estavam, literalmente, a "fazê-lo" quando morreram.

É sempre um grande achado quando os paleontólogos encontram fósseis de dinossauros a lutar entre si ou a cuidar do ninho, ou de peixes que morreram engasgados quando se aventuraram a tentar comer presas grandes. “Uma razão para este tipo de fósseis ser tão raro é que normalmente os animais não morrem durante tarefas do dia-a-dia”, explica o artigo de Walter Joyce e colegas, publicado na revista Biology Letters.

Este tipo de fósseis dá aos investigadores pequenos retratos do comportamento de espécies que se extinguiram há milhões de anos e cujo quotidiano é desconhecido ou permite, em grande parte, a especulação.

Já se tinham encontrado insectos preservados em âmbar, que copulavam quando foram engolidos por resina. Mas é a primeira vez que se encontra o mesmo tipo de situação em vertebrados. A equipa de Walter Joyce, da Universidade de Tubingen, na Alemanha, estudou nove casais da espécie de tartarugas extintas Allaeochelys crassesculpta, que foram encontrados nos sedimentos do local fossilífero de Messel, entre as cidades alemãs de Darmstadt e Frankfurt.

Há 47 milhões havia um lago neste local, que estaria numa região de emissão de gases vulcânicos, o que tornaria as águas mais profundas do lago sem vida. De vez em quando, e por motivos que não são unânimes, a fauna que vivia na região era afectada e morria em massa. O que explica a existência de tantos fósseis nas camadas da rocha sedimentar que fizeram de Messel Património da Humanidade pela UNESCO, e o local da Terra que melhor retrata o Eocénico, a época geológica entre os 55 e 37 milhões de anos.

A Allaeochelys crassesculpta era uma tartaruga aquática que não ultrapassava os 25 centímetros de comprimento. Os machos eram 17% mais pequenos do que as fêmeas. Por isso, os investigadores conseguiram identificar que cada par encontrado era uma fêmea e um macho.

Sete dos nove casais de fósseis das tartarugas estavam em contacto pela região da cauda. Em dois deles, o contacto era mais estreito, e a cauda do macho estava enfiada por baixo da carapaça da fêmea – uma indicação clara de que estavam a copular quando morreram.

Mas por que se deixaram morrer enquanto faziam amor? A Allaeochelys crassesculpta faz parte de um grupo de espécies que perdeu as escamas e passou a ter a pele nua para poder respirar na água. Ou seja, o oxigénio da água atravessava a pele e era incorporado no sangue. O resto explica-se pelo que se conhece das tartarugas aquáticas.

“Todas as tartarugas aquáticas acasalam na água. Quando o macho consegue montar a fêmea com sucesso, o casal fica muitas vezes estático naquela posição até se separar. Se o acasalamento se dá numa região de água profunda, é provável que o casal se afunde até profundidades consideráveis”, explica o artigo.

Estaria tudo bem neste “abraço” se, em regiões mais profundas, não houvesse algo que envenenasse as tartarugas. “A pele começou a absorver venenos enquanto se afundavam nas zonas mais profundas do lago, que se tornaram tóxicas devido ao aumento de gases vulcânicos ou devido à queda de matéria orgânica”, sugere o artigo.

A história pode ter tido um final triste para estes casais. Mas, 47 milhões de anos depois, podemos dizer que as tartarugas extintas, e que chegaram até nós fossilizadas, também se apaixonaram. 

in Público - ler notícia

NOTA: para homenagear os apaixonados, eternizados nas camadas sedimentares deste lagerstätten alemão, uma música dos Ena Pá 2000: