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quarta-feira, novembro 12, 2025

Cristina Peri Rossi nasceu há 84 anos

 

Cristina Peri Rossi (Montevidéu, 12 de novembro de 1941) é uma romancista, poetisa, tradutora e autora de contos uruguaia. Em 1972, quando o golpe de Estado iminente a forçou a deixar sua terra natal por causa de seu ativismo político, exilou-se na cidade de Barcelona, onde reside até hoje. Durante a sua carreira, ela trabalhou como professora, além de se destacar como romancista, poetisa, contista e ensaísta. Também colabora frequentemente em revistas e publicações periódicas internacionais.

A autora aborda questões que exploram as complexidades das relações humanas, género e sexualidade. Os seus poemas são bem marcantes, com uma estrutura que mistura narrativa, confissão e metafísica. Por meio das suas obras, Peri Rossi também critica o autoritarismo, a opressão e luta pela liberdade e justiça. 

Como exilada uruguaia, a sua experiência pessoal de deslocamento e busca por pertença ecoa na sua escrita, na qual temas de exílio são frequentemente explorados. A escritora é a única mulher incluída dentro do chamado boom latino americano, movimento que incorpora nomes influentes da literatura nas décadas de 1960 e 1970 como Gabriel García Márquez, Mario Vargas Llosa e Carlos Fuentes.

Peri Rossi ganhou o Prémio Miguel de Cervantes em 2021.

 

in Wikipédia

 

 



TEORÍA LITERARIA

 



Escriben porque tienen el pene corto
o la nariz torcida
Porque un amigo les robó la amante
y otro les ganaba al póker
Escriben porque quieren ser jefes de la tribu
y tener muchas mujeres
un cargo político
un tribunal
Por unas cuantas palabras
una tarima
(muchas mujeres).

No se leen entre ellos
no se lo toman en serio:
Nadie está dispuesto a morir
colocadas en fila
(de izquierda a derecha,
no al estilo árabe)
ni por unas cuantas mujeres:
después de los cuarenta,
todos son posmodernos.

 



Cristina Peri Rossi

 



Teoria Literária

 

Escrevem porque têm o pénis pequeno
ou o nariz torto
Porque um amigo lhes roubou a amante
e outro lhes ganhava ao póquer
Escrevem porque querem ser chefes da tribo
e ter muitas mulheres
um cargo político
um tribunal
Por umas quantas palavras
uma tarimba
(vá, muitas mulheres).

Não se lêem uns aos outros
nem o levam a sério:
Não estão dispostos a morrer
alinhados
(da esquerda para a direita,
não ao estilo árabe)
nem por umas quantas mulheres:
depois dos quarenta,
são todos pós-modernos.

 

Cristina Peri Rossi  (tradução Albino M.) 

terça-feira, novembro 12, 2024

A poetisa Cristina Peri Rossi nasceu há 83 anos

 

Cristina Peri Rossi (Montevidéu, 12 de novembro de 1941) é uma romancista, poetisa, tradutora e autora de contos uruguaia. Em 1972, quando o golpe de Estado iminente a forçou a deixar sua terra natal por causa de seu ativismo político, exilou-se na cidade de Barcelona, onde reside até hoje . Durante a sua carreira, ela trabalhou como professora, além de se destacar como romancista, poetisa, contista e ensaísta. Também colabora frequentemente em revistas e publicações periódicas internacionais.

A autora aborda questões que exploram as complexidades das relações humanas, género e sexualidade. Os seus poemas são bem marcantes, com uma estrutura que mistura narrativa, confissão e metafísica. Por meio das suas obras, Peri Rossi também critica o autoritarismo, a opressão e luta pela liberdade e justiça. 

Como exilada uruguaia, a sua experiência pessoal de deslocamento e busca por pertença ecoa na sua escrita, na qual temas de exílio são frequentemente explorados. A escritora é a única mulher incluída dentro do chamado boom latino americano, movimento que incorpora nomes influentes da literatura nas décadas de 1960 e 1970 como Gabriel García Márquez, Mario Vargas Llosa e Carlos Fuentes.

Peri Rossi ganhou o Prémio Miguel de Cervantes em 2021.

 

in Wikipédia

 

Assombro

 

Ensina-me – dizes, com os teus vinte anos
ávidos, julgando ainda que alguma coisa
se pode ensinar,
e eu, que passei dos sessenta,
olho-te com amor,
quer dizer, com distância
(todo amor é amor das diferenças
do espaço vazio entre dois corpos
do espaço vazio entre duas mentes
do pressentimento horrível de não morrer a dois)

e eu ensino-te, calmamente, alguma citação de Goethe
(‘detém-te, instante, és tão belo’)
ou de Kafka (
em tempos houve, houve em tempos
uma sereia que não cantou
)

enquanto a noite lentamente desliza para a aurora
coada por esta grande janela
que amas tanto
por suas luzes noturnas
ocultarem a cidade verdadeira

e na verdade podíamos estar em qualquer lado
estas luzes podiam ser as de Nova Iorque, avenida
Broadway, ou de Berlim, Konstanzerstrasse,
ou Buenos Aires, calle Corrientes

e escondo-te a única coisa que verdadeiramente sei,
que só é poeta quem sinta que a vida não é natural
que é assombro
descoberta revelação
que não é normal estar vivo
não é natural ter vinte anos
nem tão pouco mais de sessenta

não é normal caminhar às três da manhã
pela ponte antiga de Córdoba, Espanha,
com a luz amarela dos candeeiros,
não é natural o perfume das laranjeiras nas praças
- três da manhã -
seja em Oliva seja em Sevilha,
o natural é o assombro
o natural é a surpresa
o natural é viver como recém-chegada ao mundo
aos becos de Córdoba e suas arcadas
às praças de Paris
à humidade de Barcelona
ao museu de bonecas
no velho vagão estacionado
nas linhas mortas de Berlim

O natural é morrer

sem passear de mão dada
nas portas de uma cidade desconhecida
nem sentir o perfume dos brancos jasmins em flor
às três da manhã,
meridiano de Greenwich

o natural é que quem tiver passeado de mão dada
às portas de uma cidade desconhecida
não o escreva
que o afunde no caixão do olvido

A vida brota por todo o lado
consanguínea
ébria
bacante exagerada
em noites de turvas paixões
mas havia uma fonte que rumorejava
languidamente

e era difícil não sentir que a vida pode ser bela por vezes
como uma pausa
como uma trégua que a morte
concede ao prazer.

 

Cristina Peri Rossi