Nascido na Toscana italiana no seio de uma família de baixa condição
social, cresceu no ambiente da Igreja Romana, ao ser confiado a seu tio,
abade do mosteiro de Santa Maria em
Aventino, onde fez os votos monásticos. Pertencia assim à
Ordem Beneditina (OSB). Em
1045 Hildebrando foi nomeado secretário do
Papa Gregório VI, cargo que ocuparia até
1046 quando acompanhou este Papa no seu desterro em
Colónia, depois de ser deposto num
concílio, realizado em Sutri, e acusado de
simonia na sua eleição.
Em 1046 morre
Gregório VI,
e Hildebrando ingressou como monge no mosteiro de Cluny onde adquiriu
as ideias reformistas que regeram o resto da sua vida e que o fariam
encabeçar a conhecida
reforma gregoriana.
Até
1049 não regressou a Roma, mas é então chamado pelo
Papa Leão IX
para actuar como legado pontifício, o que lhe permitiu conhecer os
centros de poder da Europa. Actuando como legado estava em 1056 na corte
alemã, para informar da eleição como Papa de
Vítor II quando este faleceu e se escolheu, como seu sucessor, o
antipapa Bento X. Hildebrando opôs-se a esta eleição e conseguiu que se elegesse Papa
Nicolau II.
Em
1059
é nomeado por Nicolau II, arquidiácono e administrador efectivo dos
bens da Igreja, cargo que o levou a alcançar tal poder que se chegou a
dizer que dava de comer a Nicolau "como a um asno no estábulo".
Eleição
A sua eleição é considerada fora do padrão habitual. Não era
sacerdote quando foi eleito Papa, por aclamação popular, em
22 de abril de
1073. Sendo uma transgressão da legalidade, estabelecida em
1059 pelo concílio de Melfi, que decretou que na eleição papal só podia intervir o
colégio cardinalício, nunca o povo romano. Não obstante, obteve a consagração episcopal em
30 de junho de 1073.
Muito combativo em favor dos direitos da Igreja, enfrentou galhardamente o imperador
Henrique IV do Sacro Império Romano,
em defesa da superioridade do Poder Espiritual sobre o Poder Temporal;
emprestou o seu nome, um tanto ou quanto excessivamente, ao maior
programa de reforma da cristandade católica em toda a sua história: a
reforma gregoriana. Foi monge na
Abadia de Cluny, considerada a alma da
Idade Média. A pedido da Condessa Matilde, perdoou Henrique IV que, entretanto, voltou a rebelar-se contra a
Santa Sé. Devido ao seu carácter combativo granjeou inimigos que o exilaram. Ao morrer, fora de
Roma, disse a frase que se tornaria famosa: "Amei a justiça e odiei a iniquidade, por isso morro no exílio".
Reformas
Teve sua vida e obra conduzidas pela convicção da Igreja como obra divina e encarregada de abraçar toda a
humanidade, para a qual a vontade de
Deus
é a lei única, e que, na faculdade de instituição divina, a Igreja
coloca-se sobre todas as estruturas humanas, em particular sobre o
estado secular. A superioridade da Igreja era para Gregório VII um fato
indiscutível.
Em 1075, Gregório VII publica o
Dictatus Papae,
que são 27 axiomas onde expressa as suas ideias sobre o papel do
Pontífice na sua relação com os poderes temporais, especialmente com os Imperadores do Sacro Império. Estas ideias poderão resumir-se em três
pontos principais: o Papa é senhor absoluto da Igreja, estando acima dos
fiéis, dos clérigos e dos bispos, e acima das Igrejas locais, regionais
e nacionais, e acima dos concílio; o Papa é senhor único e supremo do
mundo, todos lhe devem submissão incluindo os príncipes, reis e
imperadores. A Igreja romana não cometeu nunca erros.
Gregório centralizava em
Roma
todas as querelas importantes para intermediação, coincidindo
naturalmente numa diminuição do poder dos bispos locais, o que motivou
algumas lutas contra as esferas mais altas do
clero.
Esta
batalha pelos fundamentos da
supremacia papal tem o seu apogeu na obrigatoriedade do
celibato do clero e no ataque à
simonia. Gregório VII não introduziu o celibato mas conduziu a batalha por tal com maior energia do que os seus antecessores. Em
1074 publicou uma
encíclica dispensando da obediência aos bispos que permitiam o casamento dos
sacerdotes. No ano seguinte, sob fortes protestos e resistência, encoraja medidas contra estes, privando-os dos rendimentos.
O seu pontificado decorreu até
25 de maio de
1085, dia em que morreu em
Salerno, abandonado pelos romanos e pela maior parte dos seus apoiantes.