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quinta-feira, junho 30, 2022

Porque hoje é preciso recordar um Poeta...


 

 Menina dos olhos tristes - Zeca afonso

 

Menina dos olhos tristes
O que tanto a faz chorar
O soldadinho não volta
Do outro lado do mar

Vamos senhor pensativo
Olhe o cachimbo a apagar
O soldadinho não volta
Do outro lado do mar

Senhora de olhos cansados
Porque a fatiga o tear
O soldadinho não volta
Do outro lado do mar

Anda bem triste um amigo
Uma carta o fez chorar
O soldadinho não volta
Do outro lado do mar

A lua que é viajante
É que nos pode informar
O soldadinho já volta
Do outro lado do mar

O soldadinho já volta
Está quase mesmo a chegar
Vem numa caixa de pinho
Desta vez o soldadinho
Nunca mais se faz ao mar

 

Poema de Reinaldo Ferreira

 

domingo, março 20, 2022

Poema de aniversariante de hoje...

 

Receita para fazer um herói

Tome-se um homem,
Feito de nada, como nós,
E em tamanho natural.
Embeba-se-lhe a carne,
Lentamente,
Duma certeza aguda, irracional,
Intensa como o ódio ou como a fome.
Depois, perto do fim,
Agite-se um pendão
E toque-se um clarim.

Serve-se morto.

 

Reinaldo Ferreira

 

Porque hoje é preciso recordar um Poeta, tão precocemente desaparecido...

   

 Menina dos olhos tristes - Adriano Correia de Oliveira

 

Menina dos olhos tristes
O que tanto a faz chorar
O soldadinho não volta
Do outro lado do mar

Vamos senhor pensativo
Olhe o cachimbo a apagar
O soldadinho não volta
Do outro lado do mar

Senhora de olhos cansados
Porque a fatiga o tear
O soldadinho não volta
Do outro lado do mar

Anda bem triste um amigo
Uma carta o fez chorar
O soldadinho não volta
Do outro lado do mar

A lua que é viajante
É que nos pode informar
O soldadinho já volta
Do outro lado do mar

O soldadinho já volta
Está quase mesmo a chegar
Vem numa caixa de pinho
Desta vez o soldadinho
Nunca mais se faz ao mar

 

Poema de Reinaldo Ferreira

O poeta Reinaldo Ferreira nasceu há um século...


(imagem daqui)
   
Reinaldo Edgar de Azevedo e Silva Ferreira (Barcelona, 20 de março de 1922 - Lourenço Marques - atualmente Maputo, 30 de junho de 1959) foi um poeta português que realizou toda a sua obra em Moçambique.
Filho do célebre Repórter X, Reinaldo Ferreira chega a Lourenço Marques em 1941, finaliza o 7º ano do liceu e ingressa como aspirante no Quadro Administrativo da Colónia, tendo subido até Chefe de Posto.
Os primeiros poemas começam a ser publicados nos jornais locais ou em revistas de artes e letras. Adapta para a rádio peças de teatro e, mais tarde, colabora no teatro de revista. Autor da letra de canções ligeiras, entre as quais Kanimambo, Uma Casa Portuguesa e Piripiri.
Em 1959 é-lhe detectado cancro do pulmão e morre em junho desse ano. Não editou nenhum livro em vida.
A coletânea dos seus poemas surgiu em 1960.
António José Saraiva e Óscar Lopes compararam-no ao poeta Fernando Pessoa, realçando «o mesmo sentir pensado, a mesma disponibilidade imensamente céptica e fingidora de crenças, recordações ou afectos, o mesmo gosto amargo de assumir todas as formas de negatividade ou avesso lógico».
     

 

A Fernando Pessoa (ele mesmo)

 

Cada verso é uma esfinge ter falado.
Mas quanto mais explícito ela o diz,
Mais tudo permanece inexplicado
E menos se apreende o que ela quis.

Erra um sussurro, tão etéreo e alado
Que nem mesmo silêncio o contradiz.
E o ouvi-lo, ou ávido ou irado
Na busca dum segredo sem raiz,

É como se em pensar - um descampado -
Passasse fugitiva e intensamente
O Tempo todo inteiro projectado

E a sombra ali marcasse, na corrente
Do nada para o nada, inda passado
E já futuro, a ficção do presente.

quarta-feira, dezembro 08, 2021

Poema para um feriado especial...

(imagem daqui)

Visitação


Com que lutou Jacob, na madrugada?
Que é desse outro, de falas sussurrantes,
Que surgiu a Maria, a fecundada,

Tão casta e sem pecado como dantes?
Que é da estrela, pela mão de Deus lançada
A guiar os incertos caminhantes
Ao colmo da cabana consagrada?

Onde estão os sinais que Deus envia?
Onde estão, que os procuro noite e dia
Sem nunca ver cumprido o meu desejo?

Não os vejo e não sei se eu, que os procuro,
Os não encontro porque sou impuro,
Ou sou impuro porque os não vejo.
 


Reinaldo Ferreira

terça-feira, agosto 10, 2021

O verdadeiro Reporter X nasceu há 124 anos

   
Reinaldo Ferreira, mais conhecido pelo pseudónimo de Repórter X, (Lisboa, 10 de agosto de 1897 - Lisboa, 4 de outubro de 1935), foi um repórter, jornalista, dramaturgo e realizador de cinema português. Era pai do poeta Reinaldo Ferreira (filho), que viveu em Moçambique.
Iniciou a sua carreira jornalística aos doze anos de idade e foi, desde os vinte até à sua morte, considerado o maior repórter português. Em 1926, instalou residência permanente no Porto.
Imaginou entrevistas com Mata Hari e Conan Doyle, enviou reportagens da "Rússia dos Sovietes" sem nunca lá ter posto os pés, criou um dos primeiros detectives de gabinete da literatura policial, deu forma a uma galeria interminável de heróis de folhetim, fundou jornais, realizou filmes, previu, ao jeito de Júlio Verne, como seriam Lisboa e o Porto no ano 2000. Reinaldo Ferreira. R de realidade e F de ficção. Nasceu há um século. Os 38 anos da sua breve passagem pelo mundo foram vividos à beira do delírio, com a morfina a ajudar. Um tipógrafo distraído inventou a alcunha que o iria consagrar: Repórter X. 
Luís Miguel Queirós - Jornal PÚBLICO, 10 de agosto de 1997
   

quinta-feira, julho 01, 2021

Amália nasceu, provavelmente, há 101 anos

   
Amália da Piedade Rodrigues (Lisboa, 23 de julho de 1920 - Lisboa, 6 de outubro de 1999) foi uma fadista, cantora e actriz portuguesa, considerada o exemplo máximo do fado, comummente aclamada como a voz de Portugal e uma das mais brilhantes cantoras do século XX. Está sepultada no Panteão Nacional, entre os portugueses ilustres.
Tornou-se conhecida mundialmente como a Rainha do Fado e, por consequência, devido ao simbolismo que este género musical tem na cultura portuguesa, foi considerada por muitos como uma das suas melhores embaixadoras no mundo. Aparecia em vários programas de televisão pelo mundo fora, onde não só cantava fados e outras músicas de tradição popular portuguesa, como ainda canções contemporâneas (iniciando o chamado fado-canção) e mesmo alguma música de origem estrangeira (francesa, americana, espanhola, italiana, brasileira). Marcante contribuição sua para a história do Fado, foi a novidade que introduziu de cantar poemas de grandes autores portugueses consagrados, depois de musicados. Teve ainda ao serviço da sua voz a pena de alguns dos maiores poetas e letristas seus contemporâneos, como David Mourão Ferreira, Pedro Homem de Mello, Ary dos Santos, Manuel Alegre, Alexandre O’Neill e outros.

Filha de Albertino de Jesus Rodrigues, um músico sapateiro que, para sustentar os quatro filhos e a mulher, Lucinda da Piedade Rebordão, tentou a sua sorte em Lisboa. Amália nasceu a 1 de julho de 1920, porém apenas foi registada dias depois, tendo no seu assento de nascimento como nascida às cinco horas de 23 de julho de 1920, na rua Martim Vaz, na freguesia lisboeta da Pena. Amália pretendia, no entanto, que o aniversário fosse celebrado a 1 de julho ("no tempo das cerejas"), e dizia: Talvez por ser essa a altura do mês em que havia dinheiro para me comprarem os presentes. Catorze meses depois, o pai, não tendo arranjado trabalho, volta com a família para o Fundão. Amália fica com os avós na capital.
   

   

 

Medo

Poema de Reinaldo Ferreira e música de Alain Oulman


Quem dorme à noite comigo?
É meu segredo, é meu segredo!
Mas se insistirem lhes digo.
O medo mora comigo,
Mas só o medo, mas só o medo!

E cedo, porque me embala
Num vaivém de solidão,
É com silêncio que fala,
Com voz de móvel que estala
E nos perturba a razão.

Que farei quando, deitado,
Fitando o espaço vazio,
Grita no espaço fitado
Que está dormindo a meu lado,
Lázaro e frio?

Gritar? Quem pode salvar-me
Do que está dentro de mim?
Gostava até de matar-me.
Mas eu sei que ele há-de esperar-me
Ao pé da ponte do fim.

quarta-feira, junho 30, 2021

O poeta Reinaldo Ferreira partiu há 62 anos

(imagem daqui)
   
Reinaldo Edgar de Azevedo e Silva Ferreira (Barcelona, 20 de março de 1922 - Lourenço Marques - atualmente Maputo, 30 de junho de 1959) foi um poeta português que realizou toda a sua obra em Moçambique.
Filho do célebre Repórter X, Reinaldo Ferreira chega a Lourenço Marques em 1941, finaliza o 7º ano do liceu e ingressa como aspirante no Quadro Administrativo da Colónia, tendo subido até Chefe de Posto.
Os primeiros poemas começam a ser publicados nos jornais locais ou em revistas de artes e letras. Adapta para a rádio peças de teatro e, mais tarde, colabora no teatro de revista. Autor da letra de canções ligeiras, entre as quais Kanimambo, Uma Casa Portuguesa e Piripiri.
Em 1959 é-lhe detectado cancro do pulmão e morre em junho desse ano. Não editou nenhum livro em vida.
A coletânea dos seus poemas surgiu em 1960.
António José Saraiva e Óscar Lopes compararam-no ao poeta Fernando Pessoa, realçando «o mesmo sentir pensado, a mesma disponibilidade imensamente céptica e fingidora de crenças, recordações ou afectos, o mesmo gosto amargo de assumir todas as formas de negatividade ou avesso lógico».
    
    
   
Receita para fazer um herói

Tome-se um homem,
Feito de nada, como nós,
E em tamanho natural.
Embeba-se-lhe a carne,
Lentamente,
Duma certeza aguda, irracional,
Intensa como o ódio ou como a fome.
Depois, perto do fim,
Agite-se um pendão
E toque-se um clarim.

Serve-se morto.

 

Reinaldo Ferreira

Música adequada à data...


Menina dos olhos tristes 

Música: Zeca Afonso e letra: Reinaldo Ferreira 

 

Menina dos olhos tristes 

o que tanto a faz chorar

o soldadinho não volta

do outro lado do mar  

 

Vamos senhor pensativo 

olhe o cachimbo a apagar

o soldadinho não volta

do outro lado do mar 


Senhora de olhos cansados

porque a fatiga o tear

o soldadinho não volta

do outro lado do mar 

 

Anda bem triste um amigo

uma carta o fez chorar

o soldadinho não volta

do outro lado do mar

A lua que é viajante

é que nos pode informar

o soldadinho já volta

está mesmo quase a chegar 

 

Vem numa caixa de pinho

do outro lado do mar

desta vez o soldadinho

nunca mais se faz ao mar

sábado, março 20, 2021

Porque hoje é preciso recordar um grande Poeta, precocemente desaparecido...

 

 

Poema de aniversariante de hoje...

 

 Receita para fazer um herói

Tome-se um homem,
Feito de nada, como nós,
E em tamanho natural.
Embeba-se-lhe a carne,
Lentamente,
Duma certeza aguda, irracional,
Intensa como o ódio ou como a fome.
Depois, perto do fim,
Agite-se um pendão
E toque-se um clarim.

Serve-se morto.

 

Reinaldo Ferreira

O poeta Reinaldo Ferreira nasceu há 99 anos

(imagem daqui)
   
Reinaldo Edgar de Azevedo e Silva Ferreira (Barcelona, 20 de março de 1922 - Lourenço Marques - atualmente Maputo, 30 de junho de 1959) foi um poeta português que realizou toda a sua obra em Moçambique.
Filho do célebre Repórter X, Reinaldo Ferreira chega a Lourenço Marques em 1941, finaliza o 7º ano do liceu e ingressa como aspirante no Quadro Administrativo da Colónia, tendo subido até Chefe de Posto.
Os primeiros poemas começam a ser publicados nos jornais locais ou em revistas de artes e letras. Adapta para a rádio peças de teatro e, mais tarde, colabora no teatro de revista. Autor da letra de canções ligeiras, entre as quais Kanimambo, Uma Casa Portuguesa e Piripiri.
Em 1959 é-lhe detectado cancro do pulmão e morre em junho desse ano. Não editou nenhum livro em vida.
A coletânea dos seus poemas surgiu em 1960.
António José Saraiva e Óscar Lopes compararam-no ao poeta Fernando Pessoa, realçando «o mesmo sentir pensado, a mesma disponibilidade imensamente céptica e fingidora de crenças, recordações ou afectos, o mesmo gosto amargo de assumir todas as formas de negatividade ou avesso lógico».
     
    
    
No princípio, só a vida existia
 
No princípio, só a vida existia;
O mundo era o que havia
Ao alcance da vida...
E mais nada.
 
Tudo era certo, simples, claro.
 
Quando o passado passar
(E passará, porque o passado é hoje)
E o futuro vier
(E há-de vir, porque o futuro é hoje),
Então, sim; há-de saber-se tudo
E tudo será certo, simples, claro.
  
Eu, porém, não sei nada.

segunda-feira, agosto 10, 2020

O famoso Reporter X nasceu há 123 anos

   
Reinaldo Ferreira, mais conhecido pelo pseudónimo de Repórter X, (Lisboa, 10 de agosto de 1897 - Lisboa, 4 de outubro de 1935), foi um repórter, jornalista, dramaturgo e realizador de cinema português. Era pai do poeta Reinaldo Ferreira (filho), que viveu em Moçambique.
Iniciou a sua carreira jornalística aos doze anos de idade e foi, desde os vinte até à sua morte, considerado o maior repórter português. Em 1926, instalou residência permanente no Porto.
  
Imaginou entrevistas com Mata Hari e Conan Doyle, enviou reportagens da "Rússia dos Sovietes" sem nunca lá ter posto os pés, criou um dos primeiros detectives de gabinete da literatura policial, deu forma a uma galeria interminável de heróis de folhetim, fundou jornais, realizou filmes, previu, ao jeito de Júlio Verne, como seriam Lisboa e o Porto no ano 2000.
Reinaldo Ferreira. R de realidade e F de ficção. Nasceu há um século. Os 38 anos da sua breve passagem pelo mundo foram vividos à beira do delírio, com a morfina a ajudar. Um tipógrafo distraído inventou a alcunha que o iria consagrar: Repórter X.


Luís Miguel Queirós - Jornal PÚBLICO, 10 de agosto de 1997
   

terça-feira, junho 30, 2020

O poeta Reinaldo Ferreira morreu há 61 anos

(imagem daqui)
   
Reinaldo Edgar de Azevedo e Silva Ferreira (Barcelona, 20 de março de 1922 - Lourenço Marques - atualmente Maputo, 30 de junho de 1959) foi um poeta português que realizou toda a sua obra em Moçambique.
Filho do célebre Repórter X, Reinaldo Ferreira chega a Lourenço Marques em 1941, finaliza o 7º ano do liceu e ingressa como aspirante no Quadro Administrativo da Colónia, tendo subido até Chefe de Posto.
Os primeiros poemas começam a ser publicados nos jornais locais ou em revistas de artes e letras. Adapta para a rádio peças de teatro e, mais tarde, colabora no teatro de revista. Autor da letra de canções ligeiras, entre as quais Kanimambo, Uma Casa Portuguesa e Piripiri.
Em 1959 é-lhe detectado cancro do pulmão e morre em junho desse ano. Não editou nenhum livro em vida.
A coletânea dos seus poemas surgiu em 1960.
António José Saraiva e Óscar Lopes compararam-no ao poeta Fernando Pessoa, realçando «o mesmo sentir pensado, a mesma disponibilidade imensamente céptica e fingidora de crenças, recordações ou afectos, o mesmo gosto amargo de assumir todas as formas de negatividade ou avesso lógico».
    
    
   
No princípio, só a vida existia
 
No princípio, só a vida existia;
O mundo era o que havia
Ao alcance da vida...
E mais nada.
 
Tudo era certo, simples, claro.
 
Quando o passado passar
(E passará, porque o passado é hoje)
E o futuro vier
(E há-de vir, porque o futuro é hoje),
Então, sim; há-de saber-se tudo
E tudo será certo, simples, claro.
  
Eu, porém, não sei nada.

sábado, agosto 10, 2019

O Reporter X nasceu há 122 anos

Reinaldo Ferreira, conhecido pelo pseudónimo de Repórter X, (Lisboa, 10 de agosto de 1897 - Lisboa, 4 de outubro de 1935), foi um repórter, jornalista, dramaturgo e realizador de cinema português. Era pai do poeta Reinaldo Ferreira (filho), que viveu em Moçambique.
Iniciou a sua carreira jornalística aos doze anos de idade e foi, desde os vinte até à sua morte, considerado o maior repórter português. Em 1926, instalou residência permanente no Porto.


Imaginou entrevistas com Mata Hari e Conan Doyle, enviou reportagens da "Rússia dos Sovietes" sem nunca lá ter posto os pés, criou um dos primeiros detectives de gabinete da literatura policial, deu forma a uma galeria interminável de heróis de folhetim, fundou jornais, realizou filmes, previu, ao jeito de Júlio Verne, como seriam Lisboa e o Porto no ano 2000.
Reinaldo Ferreira. R de realidade e F de ficção. Nasceu há um século. Os 38 anos da sua breve passagem pelo mundo foram vividos à beira do delírio, com a morfina a ajudar. Um tipógrafo distraído inventou a alcunha que o iria consagrar: Repórter X.
Luís Miguel Queirós - Jornal PÚBLICO, 10 de agosto de 1997


domingo, junho 30, 2019

O poeta Reinaldo Ferreira morreu há sessenta anos

(imagem daqui)

Reinaldo Edgar de Azevedo e Silva Ferreira (Barcelona, 20 de março de 1922 - Lourenço Marques - atualmente Maputo, 30 de junho de 1959) foi um poeta português que realizou toda a sua obra em Moçambique.
Filho do célebre Repórter X, Reinaldo Ferreira chega a Lourenço Marques em 1941, finaliza o 7º ano do liceu e ingressa como aspirante no Quadro Administrativo da Colónia, tendo subido até Chefe de Posto.
Os primeiros poemas começam a ser publicados nos jornais locais ou em revistas de artes e letras. Adapta para a rádio peças de teatro e, mais tarde, colabora no teatro de revista. Autor da letra de canções ligeiras, entre as quais Kanimambo, Uma Casa Portuguesa e Piripiri.
Em 1959 é-lhe detectado cancro do pulmão e morre em junho desse ano. Não editou nenhum livro em vida.
A coletânea dos seus poemas surgiu em 1960.
António José Saraiva e Óscar Lopes compararam-no ao poeta Fernando Pessoa, realçando «o mesmo sentir pensado, a mesma disponibilidade imensamente céptica e fingidora de crenças, recordações ou afectos, o mesmo gosto amargo de assumir todas as formas de negatividade ou avesso lógico».
  
  
Feliz do que é levado a enterrar
 
Feliz do que é levado a enterrar, 
Tão indiferente como quem nasceu! 
Feliz do que não soube desejar, 
Feliz, bem mais feliz do que sou eu! 
 
Feliz do que não riu para não chorar, 
Feliz do que não teve e não perdeu! 
Feliz do que não sofre se ficar, 
Feliz do que partiu e não sofreu! 
 
Feliz do que acha bela e vasta a terra! 
Feliz do que acredita a fome, a guerra, 
Terrores imaginários de crianças! 
 
Feliz do que não ouve o mundo aos gritos, 
Feliz! Felizes todos e benditos 
Os que Deus fez iguais às pombas mansas
 
 
in Poemas (1960) - Reinaldo Ferreira

quinta-feira, agosto 10, 2017

O famoso Reporter X, pai do poeta Reinaldo Ferreira, nasceu há 120 anos


Reinaldo Ferreira, conhecido pelo pseudónimo de Repórter X, (Lisboa, 10 de agosto de 1897 - Lisboa, 4 de outubro de 1935), foi um repórter, jornalista, dramaturgo e realizador de cinema português. Era pai do poeta Reinaldo Ferreira (filho), que viveu em Moçambique.
Iniciou a sua carreira jornalística aos doze anos de idade e foi, desde os vinte até à sua morte, considerado o maior repórter português. Em 1926, instalou residência permanente no Porto.


Imaginou entrevistas com Mata Hari e Conan Doyle, enviou reportagens da "Rússia dos Sovietes" sem nunca lá ter posto os pés, criou um dos primeiros detectives de gabinete da literatura policial, deu forma a uma galeria interminável de heróis de folhetim, fundou jornais, realizou filmes, previu, ao jeito de Júlio Verne, como seriam Lisboa e o Porto no ano 2000.
Reinaldo Ferreira. R de realidade e F de ficção. Nasceu há um século. Os 38 anos da sua breve passagem pelo mundo foram vividos à beira do delírio, com a morfina a ajudar. Um tipógrafo distraído inventou a alcunha que o iria consagrar: Repórter X.
Luís Miguel Queirós - Jornal PÚBLICO, 10 de agosto de 1997

domingo, agosto 10, 2014

O Repórter X nasceu há 117 anos

(imagem daqui)

Reinaldo Ferreira, conhecido pelo pseudónimo de Repórter X, (Lisboa, 10 de agosto de 1897 - Lisboa, 4 de outubro de 1935), foi um repórter, jornalista, dramaturgo e realizador de cinema português. Era pai do poeta Reinaldo Ferreira (filho), que viveu em Moçambique.
Iniciou a sua carreira jornalística aos doze anos de idade e foi, desde os vinte até à sua morte, considerado o maior repórter português. Em 1926, instalou residência permanente no Porto.

segunda-feira, junho 30, 2014

O poeta Reinaldo Ferreira morreu há 55 anos

(imagem daqui)

Reinaldo Edgar de Azevedo e Silva Ferreira (Barcelona, 20 de março de 1922 - Lourenço Marques - atualmente Maputo, 30 de junho de 1959) foi um poeta português que realizou toda a sua obra em Moçambique.
Filho do célebre Repórter X, Reinaldo Ferreira chega a Lourenço Marques em 1941, finaliza o 7º ano do liceu e ingressa como aspirante no Quadro Administrativo da Colónia, tendo subido até Chefe de Posto.
Os primeiros poemas começam a ser publicados nos jornais locais ou em revistas de artes e letras. Adapta para a rádio peças de teatro e, mais tarde, colabora no teatro de revista. Autor da letra de canções ligeiras, entre as quais Kanimambo, Uma Casa Portuguesa e Piripiri.
Em 1959 é-lhe detectado cancro do pulmão e morre em junho desse ano. Não editou nenhum livro em vida.
A coletânea dos seus poemas surgiu em 1960.
António José Saraiva e Óscar Lopes compararam-no ao poeta Fernando Pessoa, realçando «o mesmo sentir pensado, a mesma disponibilidade imensamente céptica e fingidora de crenças, recordações ou afectos, o mesmo gosto amargo de assumir todas as formas de negatividade ou avesso lógico».


Feliz do que é levado a enterrar

Feliz do que é levado a enterrar, 
Tão indiferente como quem nasceu! 
Feliz do que não soube desejar, 
Feliz, bem mais feliz do que sou eu! 

Feliz do que não riu para não chorar, 
Feliz do que não teve e não perdeu! 
Feliz do que não sofre se ficar, 
Feliz do que partiu e não sofreu! 

Feliz do que acha bela e vasta a terra! 
Feliz do que acredita a fome, a guerra, 
Terrores imaginários de crianças! 

Feliz do que não ouve o mundo aos gritos, 
Feliz! Felizes todos e benditos 
Os que Deus fez iguais às pombas mansas


in Poemas (1960) - Reinaldo Ferreira