Biografia
Depois do Curso Geral do Comércio, na
Escola Comercial e Industrial de Viseu, esteve matriculado no
Instituto Comercial do Porto, acabando por ingressar na
Academia Militar, onde terminou o Curso Superior de
Administração Militar, em 1959. Como
oficial do
Exército Português, fez duas comissões de serviço em
Angola, onde em 1965 foi implicado no
Caso das Batatas. Assim, no tempo da Guerra do Ultramar, Valentim ficou responsável pelo Depósito Avançado de Viveres nº 823, em São Salvador, Angola e com poder para adjudicar o fornecimento das batatas a um comerciante, Manuel Cabral, ficando a aquisição pelo preço de quatro escudos, mais 50 centavos do que o preço real do quilo.
Na altura, o então capitão Loureiro terá arrecadado com esta fraude e roubo um pecúlio de cerca de 260 contos, mas que lhe valeu a expulsão do Exército, no qual foi novamente reintegrado em 1980, por o seu processo ter
desaparecido entretanto. Afastado da vida militar, entre 1967 e 1980, foi reintegrado em 1980, passando à situação de
reserva, com a patente de
Major.
Dedicado à actividade empresarial, nos sectores do comércio, indústria e agricultura, distinguiu-se como dirigente desportivo, tendo sido presidente da direcção do
Boavista Futebol Clube, entre 1978 e 1997, sendo actualmente sócio de mérito e presidente honorário do clube. Foi igualmente presidente da
Liga Portuguesa de Futebol Profissional, entre 1989 e 1994 e, novamente, de 1996 a 2006. Entre 1982 e 1999 foi
cônsul da
Guiné-Bissau no
Porto.
Militante do
Partido Social Democrata desde 1974, ajudou na implementação do partido no norte do país. Em 1986 e 1991 resolveu apoiar
Mário Soares, nas duas candidaturas a
Presidente da República. Em 1993 assumiu um papel activo, tendo sido eleito presidente da Câmara Municipal de
Gondomar, renovando os mandatos em 1997 e 2001. Em 2005, na sequência do seu envolvimento no processo judicial
Apito Dourado, o PSD recusa-lhe o apoio, invocando falta de credibilidade, mas Valentim Loureiro, acabaria por renovar o mandato em 2005 e 2009, com a lista independente
Gondomar no Coração. Como presidente da Câmara tinha à sua disposição um elevador exclusivo com ligação direta a um parque privativo, podendo assim entrar e sair da Câmara sem ser visto. O elevador só subia ao primeiro andar, onde fica o gabinete da presidência, depois de introduzido um código secreto. No parque de estacionamento só cabiam dois carros, o de Valentim Loureiro e o da filha, Daniela Himmel.
Caso da Quinta do Ambrósio
A Quinta do Ambrósio, um imóvel localizado em
Fânzeres, foi vendida a 15 de março de 2001 por Ludovina Silva Prata (dona do terreno) a Laureano Gonçalves (advogado e amigo do major), por 1.072 mil euros. No espaço de seis dias o imóvel deixou de ser do domínio da
Reserva Agrícola Nacional e, a 21 de março de 2001, foi celebrado um contrato-promessa de compra e venda com a
Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, que, menos de um ano depois, viria a comprar o terreno por quatro milhões de euros.
Em 2011 Valentim Loureiro começou a ser julgado no Tribunal de Gondomar, acusado de um crime de burla qualificada, em co-autoria, no caso da Quinta do Ambrósio. Além do presidente da Câmara de Gondomar, foram também pronunciados José Luís Oliveira, vice-presidente da autarquia, e o advogado Laureano Gonçalves, que respondem pela alegada prática, em concurso efectivo, de um crime de burla qualificada e de outro de
branqueamento de capitais. Foram ainda pronunciados por co-autoria de branqueamento de capitais Jorge Loureiro, um dos filhos do presidente da Câmara Municipal de Gondomar, e o advogado António Ramos Neves. O negócio, segundo a acusação, terá rendido aos arguidos cerca de três milhões de euros.
Em 2 de fevereiro de 2012, o Tribunal de Gondomar absolveu Valentim Loureiro no âmbito do processo relacionado com o negócio milionário da Quinta do Ambrósio. O Tribunal considerou não estarem reunidas todas as provas desse crime. Já os restantes arguidos, José Luís Oliveira, vice-presidente da autarquia, Jorge Loureiro, filho do Major e Laureano Gonçalves, advogado fiscalista, foram condenados a uma pena de um ano e dez meses de prisão suspensa na sua execução por branqueamento de capitais.