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sábado, agosto 04, 2012
O Encoberto partiu há 434 anos
A Batalha de Alcácer-Quibir, conhecida em Marrocos
como Batalha dos Três Reis, foi uma grande batalha travada no norte de Marrocos perto da cidade de Ksar-El-Kebir, entre Tânger e Fez, em 4 de agosto de 1578. Os combatentes foram os portugueses liderados pelo rei D. Sebastião aliados ao exército do sultão Mulei Moluco (Abd Al-Malik da dinastia Saadi) contra um grande exército marroquino liderado pelo Sultão de Marrocos Mulay Mohammed (Abu Abdallah Mohammed Saadi II, da dinastia Saadi) com apoio otomano.
No seu fervor religioso, o rei D. Sebastião planeara uma cruzada
após Mulay Mohammed ter solicitado a sua ajuda para recuperar o trono,
que seu tio Abd Al-Malik havia tomado. A batalha resultou na derrota
portuguesa, com o desaparecimento em combate do rei D. Sebastião e da
nata da nobreza portuguesa.
Além do rei português morreram na batalha os dois sultões rivais
originando o nome "Batalha dos Três Reis", com que ficou conhecida entre
os Marroquinos.
A derrota na batalha de Alcácer-Quibir levou à crise dinástica de 1580 e ao nascimento do mito do Sebastianismo. O reino foi gravemente empobrecido pelos resgates que foi preciso pagar para reaver os cativos. A batalha ditou fim da Dinastia de Avis e do período de expansão iniciado com a vitória na batalha de Aljubarrota. A crise dinástica resultou na perda da independência de Portugal por 60 anos, com a união ibérica sob a dinastia Filipina.
A Batalha
A 4 de agosto de 1578, perto de al-Kasr al-Kebir onde há hoje uma aldeia denominada Suaken, com o exército esgotado pela fome, pelo cansaço e pelo calor, deu-se a batalha.
O exército marroquino avançou em um ampla frente planeando cercar as
fileiras de D. Sebastião, era composto por 10.000 cavaleiros nos seus
flancos tendo em seu centro mouros vindos de Espanha, os quais guardavam
especial ressentimento dos cristãos. Apesar de sua doença o Sultão Abd
Al-Malik deixou sua liteira e liderou suas forças a cavalo.
O exército português nesta batalha tinha uma primeira linha
(vanguarda) composta pelos "aventureiros" portugueses,comandados por
Cristóvão de Távora, e pelos voluntários e mercenários estrangeiros, por
uma ala esquerda de cavalaria pesada comandada pelo Rei D.Sebastião e
por uma ala direita de cavalaria comandada pelo Duque de Aveiro. A
segunda linha de infantaria (batalha) era comandada por Vasco da
Silveira e a terceira linha de infantaria (retaguarda) por Francisco de
Távora. A artilharia estava posicionada sobretudo na primeira linha.
A batalha começou com ambos os exércitos trocando fogo de mosquetes e
artilharia. Thomas Stukley, comandando os voluntários italianos foi
morto por uma bala de canhão no começo da batalha. A superior, em
número, cavalaria moura avançou cercando o exército português, enquanto
as forças principais se engajavam completamente em combate corporal. No
centro da vanguarda do exército português, os experientes "aventureiros"
comandados por Cristóvão de Távora avançaram com grande ímpeto
provocando o recuo e a debandada da vanguarda moura. Para deter essa
debandada das suas forças, o debilitado Mulei Moluco,
monta o seu cavalo pela ultima vez e morre com o esforço momentos
depois, a sua morte é ocultada até ao final da batalha. Próximo do
acampamento do líder mouro, o ataque português perde impulso após o
comandante se ter apercebido que tinham ficado demasiado afastados do
restante exército, assim, correndo risco de isolamento começam a recuar.
Vendo seus flancos comprometidos pelo ataque da cavalaria moura,
ameaçado ele próprio pela mesma e em retirada o centro português perdeu
as esperanças e foi subjugado lentamente. D.Sebastião perante a derrota
inevitável, recusa os conselhos de outros nobres para que se renda,
tendo dito "Senhores, a liberdade real só há de se perder com a vida".
Os nobres que o acompanhavam a cavalo conformam-se em prosseguir o
combate até ao fim, tendo D.Sebastião dito a estes: "Morrer sim, mas
devagar!"
A batalha terminou após 4 horas de combate intenso com a completa
derrota dos exércitos de D.Sebastião e Abu Abdallah Mohammed II Saadi
com quase 9.000 mortos e 16.000 prisioneiros nos quais se incluem grande
parte da nobreza portuguesa; 100 sobreviventes talvez tenham escapado
com custo.
Abu Abdallah Mohammed II Saadi, aliado dos portugueses, tentou fugir
ao massacre em que a batalha se convertera mas morreu afogado no rio. O
Sultão Abd Al-Malik (Mulei Moluco) também morreu durante a batalha, mas
de causas naturais, uma vez que o esforço da batalha foi demais para seu
estado debilitado. D.Sebastião por sua vez desapareceu liderando uma
carga de cavalaria contra o inimigo e seu corpo jamais foi encontrado.
Nestas condições, o exército português, pesem alguns atos de grande
bravura, foi completamente dizimado. Apesar de na época duvidarem da
morte do rei português, é provável que ele nesta batalha tenha perecido.
Entre os prisioneiros na batalha de Alcácer-Quibir, estava D. António de Portugal, Prior do Crato
que, conta-se, conseguiu a libertação com recurso à astúcia: quando lhe
perguntaram o significado da cruz de S. João que usava, respondeu que
era o sinal de uma pequena mercê que tinha obtido do papa, e que a
perderia se não voltasse até 1 de Janeiro. O seu captor, pensando que se
tratava de um homem pobre, permitiu a sua libertação em troca de um
pequeno resgate.
As consequências desta batalha foram catastróficos para Portugal. D.
Sebastião desaparecera, deixando como sucessor o seu tio-avô, o Cardeal D. Henrique, que veio a falecer sem descendência dois anos depois. Assim iniciou-se uma crise dinástica ameaçando a independência de Portugal face a Espanha, pois um dos candidatos à sucessão era o seu tio, Filipe II de Espanha.
A disputa do trono português teve vários pretendentes: D. Catarina de Médici, rainha da França, que se dizia descendente de D. Afonso III; D. Catarina, duquesa de Bragança e sobrinha do Cardeal D. Henrique; Manuel Felisberto, duque de Savoia e António de Portugal, Prior do Crato, Prior do Crato, ambos, sobrinhos do rei; Alberto de Parma e Filipe II.
Filipe efetivamente ascendeu ao trono em 1580.
A maioria da nobreza portuguesa que participara na batalha ou morreu ou
foi feita prisioneira. Para pagar os elevados resgates exigidos pelos
marroquinos, o país ficou enormemente endividado e depauperado nas suas
finanças.
Luís Vaz de Camões
escreveu, numa carta a D. Francisco de Almeida, referindo-se ao
desastre de Alcácer-Quibir, à ruína financeira da Coroa portuguesa e à
independência nacional ameaçada: "Enfim acabarei a vida e verão todos
que fui tão afeiçoado à minha Pátria que não só me contentei de morrer
nela, mas com ela".
Perto de al-Kasr al-Kebir, numa aldeia denominada Suaken onde se deu a Batalha e, provavelmente, onde foram, naquela altura, enterrados os três reis, encontra-se um obelisco
em memória de D. Sebastião e mais dois em memória dos outros dois reis.
A batalha ainda hoje é conhecida em Marrocos como a "batalha dos três
reis".
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terça-feira, janeiro 31, 2012
O último Rei da dinastia de Avis nasceu e morreu neste dia
D. Henrique I de Portugal (31 de janeiro de 1512 - Almeirim, 31 de janeiro de 1580) foi o décimo-sétimo Rei de Portugal, tendo governado entre 1578 e a sua morte, 1580. Ocasionalmente é chamado de D. Henrique II por alguns autores, em virtude de ser o segundo chefe de estado de Portugal chamado Henrique, tendo-se em linha de conta o Conde D. Henrique, por aqueles chamado de D. Henrique I. É conhecido pelos cognomes de O Casto (devido à sua função eclesiástica, que o impediu de ter descendência legítima), O Cardeal-Rei (igualmente por ser eclesiástico) ou O Eborense / O de Évora (por ter sido também arcebispo daquela cidade e aí ter passado muito tempo, e inclusivamente fundado a primeira Universidade de Évora, entregue à guarda dos Jesuítas), transformando Évora num pólo cultural importante, acolhendo alguns vultos da cultura de então: Nicolau Clenardo, André de Resende, Pedro Nunes, António Barbosa, entre outros.
Vida religiosa
Henrique era o quinto filho varão de D. Manuel I e sua segunda mulher Maria de Aragão, e era irmão mais novo do Rei D. João III. Como se compreende, Henrique não tinha tido a esperança de subir ao trono.
Bem cedo na sua vida, Henrique recebeu o sacramento da ordenação, para promover os interesses portugueses na Igreja Católica, na altura dominada pela Espanha. Ele subiu cedo na hierarquia da Igreja, tendo sido rapidamente Arcebispo de Braga, primeiro Arcebispo de Évora, Arcebispo de Lisboa e ainda Inquisidor-mor antes de receber o título de Cardeal (sendo portanto um cardeal-infante), com o título dos Santos Quatro Coroados (1546).
Não pelas suas mãos, mas com sua autorização dada ao Frei Luís de Granada (dominicano)que
editou em português uma obra sua, intitulada "Meditações e homilias
sobre alguns mysterios da vida de nosso Redemptor, e sobre alguns
logares do Santo Evangelho, que fez o Serenissimo e Reverendissimo
Cardeal Infante D. Henrique por sua particular devoção" em Lisboa, editada por Antonio Ribeyro, em 1574.
Esta obra, em português, visava substituir a palavra oral pela escrita,
num esforço de chegar às recuadas aldeias onde dificilmente chegava,
pela escassez de religiosos conhecedores do Latim. Foram publicadas em
Latim pelos Jesuítas em 1576 e depois em 1581.
Participou do conclave de 1549-1550, que elegeu ao Papa Júlio III e dos conclaves de Abril e Maio de 1555, nestes chegou a ser apontado como um dos favoritos a suceder no trono de São Pedro. Inclusivamente, o seu irmão João III de Portugal pediu ao cunhado, o imperador Carlos V que favorecesse a ascensão do seu irmão ao sólio pontifício, através da compra dos votos do Colégio dos Cardeais. Porém, não participou dos conclaves de 1559, 1565-1566 e de 1572.
Henrique, mais do que ninguém, empenhou-se em trazer para Portugal a ordem dos Jesuítas, tendo utilizado os seus serviços no Império Colonial.
Regência e Reinado
Quando João III de Portugal morreu, muitos discordavam da atribuição do poder da regência a Catarina de Áustria, irmã de Carlos I de Espanha. Henrique sucedeu assim à sua cunhada, em 1562, servindo como regente para Sebastião, seu sobrinho de segundo grau.
Após a desastrosa Batalha de Alcácer-Quibir em 1578, depois de receber a confirmação da morte do rei, no Mosteiro de Alcobaça,
acabou por suceder ao sobrinho-neto. Henrique renunciou então ao seu
posto clerical e procurou imediatamente uma noiva por forma a poder dar
continuidade à Dinastia de Avis, mas o Papa Gregório XIII, que era um familiar dos Habsburgos, não o libertou dos seus votos.
Foi aclamado rei na igreja do Hospital de Todos-os-Santos, no Rossio, sem grandes festejos. Caberia-lhe resolver o resgate dos muitos cativos em Marrocos.
O reino, então jubilante pela juventude com que D. Sebastião liderava,
perdia o ânimo com a notícia e exigia vingança ao rei que, entretanto,
adoecia.
Morte e crise de 1580
Mesmo com o sério problema da sucessão em mãos, D. Henrique nunca aceitou a hipótese de nomear o Prior do Crato, outro seu sobrinho, herdeiro no trono, pois não reconhecia a legitimidade de D. António. Por consequência, após a sua morte, de facto D. António subiu ao trono mas não conseguiu mantê-lo, perdendo-o para seu primo Filipe II de Espanha, na batalha com o duque de Alba.
O Rei-Cardeal morreu durante as Cortes de Almeirim de 1580, deixando uma Junta de cinco governadores na regência: o arcebispo de Lisboa D. Jorge de Almeida, D. João Telo, D. Francisco de Sá Meneses, D. Diogo Lopes de Sousa e D. João de Mascarenhas.
Em Novembro de 1580, Filipe I de Portugal enviou o Duque de Alba para reivindicar o Reino de Portugal pela força. Lisboa caiu rapidamente e o rei espanhol foi aclamado rei de Portugal, com a condição de que o reino e seus territórios ultramarinos não se tornassem províncias espanholas.
Foi sepultado inicialmente em Almeirim, mas em 1582 o seu sobrinho Filipe II de Espanha transladou o seu corpo para o transepto da igreja do Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa. Encontra-se junto ao túmulo construído para D. Sebastião, cuja sepultura foi também aí colocada por ordem de Filipe II.
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quinta-feira, agosto 04, 2011
D. Sebastião desapareceu há 433 anos
A Batalha de Alcácer-Quibir, conhecida em Marrocos como Batalha dos Três Reis, foi uma grande batalha travada no norte de Marrocos perto da cidade de Ksar-El-Kebir, entre Tânger e Fez, em 4 de Agosto de 1578. Os combatentes foram os portugueses liderados pelo rei D. Sebastião aliados ao exército do sultão Mulay Mohammed (Abu Abdallah Mohammed Saadi II, da dinastia Saadi) contra um grande exército marroquino liderado pelo Sultão de Marrocos Mulei Moluco (Abd Al-Malik da dinastia Saadi) com apoio otomano.
No seu fervor religioso, o rei D. Sebastião planeara uma cruzada após Mulay Mohammed ter solicitado a sua ajuda para recuperar o trono, que seu tio Abd Al-Malik havia tomado. A batalha resultou na derrota portuguesa, com o desaparecimento em combate do rei D. Sebastião e da nata da nobreza portuguesa. Além do rei português morreram na batalha os dois sultões rivais originando o nome "Batalha dos Três Reis", com que ficou conhecida entre os Marroquinos.
A derrota na batalha de Alcácer-Quibir levou à crise dinástica de 1580 e ao nascimento do mito do Sebastianismo. O reino foi gravemente empobrecido pelos resgates que foi preciso pagar para reaver os cativos. A batalha ditou fim da Dinastia de Avis e do período de expansão iniciado com a vitória na batalha de Aljubarrota. A crise dinástica resultou na perda da independência de Portugal por 60 anos, com a união ibérica sob a dinastia Filipina.
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