sexta-feira, novembro 08, 2024

O Putsch de Munique foi há cento e um anos

  
O Putsch da Cervejaria ou Putsch de Munique foi uma tentativa falhada de golpe de Adolf Hitler e do Partido Nazi contra o governo da região alemã da Baviera, ocorrido a 8 e 9 de novembro de 1923. O objetivo de Hitler era tomar o poder do governo bávaro. A ação foi controlada pela polícia bávara, sendo que Hitler e vários correligionários – entre eles Rudolf Hess – foram presos.
A expressão "Putsch (golpe em alemão) da Cervejaria" origina-se de que Hitler teria exortado seus partidários à ação baseado na cervejaria Burgebräukeller, uma das mais famosas cervejarias de Munique. Tendo reunido um grupo de seguidores, Hitler sinalizou o início da "revolução" com um tiro no teto. Na refrega com as forças da ordem, 16 nazis foram mortos. A propaganda nazi transformou esses mortos, posteriormente, em heróis da causa nacional-socialista.
  
O Golpe
Hitler decidiu usar Ludendorff, em 1923, como testa de ferro, numa tentativa de tomada do poder em Munique, a capital da Baviera, que na época gozava, como no Império Alemão, de certa autonomia política. O seu objetivo era imitar a famosa Marcha sobre Roma de Benito Mussolini, com uma "Marcha sobre Berlim" - mas o golpe, falhado, tornar-se-ia conhecido pelo nome de Putsch da Cervejaria. Hitler e Ludendorff conseguiram o apoio clandestino de Gustav von Kahr, o governador, de facto, da Baviera, de várias personalidades de destaque do exército alemão (Reichswehr) e da própria autoridade policial. Como pode ser verificado através de posteres políticos da época, Luddendorff, Hitler, vários militares e os dirigentes da polícia bávara tinham como objetivo a formação de um novo governo.
Contudo, em 8 de novembro de 1923, Gustav von Kahr e alguns oficiais recuaram na sua posição e negaram-lhe apoio na cervejaria de Bürgerbräu. Hitler, surpreendido, mandou detê-los, ao mesmo tempo que decidiu prosseguir com o golpe de estado. Sem o conhecimento de Hitler, Kahr e os outros ex-apoiantes foram libertos por ordem de Ludendorff, sob o compromisso de não interferirem. Contudo, procederam aos esforços necessários para frustrar o golpe. De manhã, enquanto os nazis marchavam da cervejaria até à sede do Ministério de Guerra Bávaro, para derrubar o que consideravam ser o governo traidor da Baviera, de modo a iniciar a Marcha sobre Berlim, o exército procedeu rapidamente à sua dispersão. Ludendorff ficou ferido e vários nazis foram mortos.
Hitler fugiu para a casa de Ernst Hanfstaengl e pensou seriamente em suicidar-se. Foi, então, preso por alta traição e, temendo que alguns membros "esquerdistas" do partido pudessem tentar apoderar-se da liderança do partido durante a sua prisão, Hitler rapidamente nomeou Alfred Rosenberg e, depois, Gregor Strasser como líderes temporários do partido. Ao contrário do que podia prever, encontrou-se, durante a sua prisão, num ambiente receptivo às suas ideias. Durante o julgamento, em abril de 1924, os magistrados responsáveis pelo caso conseguiram que Hitler transformasse esta derrota provisória numa proeza de propaganda. Foi-lhe concedida a possibilidade de se defender quase sem qualquer restrição de tempo, perante o tribunal e um vasto público que rapidamente exaltou o seu discurso, baseado num forte sentimento nacionalista. Foi condenado a cinco anos de prisão na prisão de Landsberg, pelo crime de conspiração com intuito de traição. Na prisão, além de tratamento preferencial, teve a oportunidade de verificar a sua popularidade pelas cartas que recebia de diversos apoiantes.
O futuro ditador da Alemanha Nazi permaneceu apenas nove meses na prisão de Landsberg, escrevendo nesse período o seu manifesto político, Mein Kampf. Ao deixar o cárcere, Hitler teria tomado a decisão que nortearia seu futuro na política: ele não mais desafiaria a autoridade de maneira direta, mas trilharia o seu caminho rumo ao poder pela via legal, tendo proferido a famosa frase - "A democracia deve ser destruída por suas próprias forças"- Hitler alcançaria seu objetivo em pouco menos de 10 anos, com a complacência de militares e políticos mais conservadores, os quais desejavam pôr um fim à desordem, provocada pela luta de poder entre nazis e comunistas.
     
 
 

Busto de Georg Elser
     
NOTA: hoje também é dia de recordar um Homem chamado Georg Elser que tentou, de forma isolada, em 1939, já durante a II Grande Guerra, assassinar Hitler, durante as comemorações do aniversário do Putsch de Munique. Tendo falhado, porque o ditador saiu mais cedo que o previsto, foi casualmente preso, condenado a prisão em campo de concentração e executado, em 9 de abril de 1945, em Dachau, poucos dias antes do fim da guerra...

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