Enver Halil Hoxha (Gjirokastër, 16 de outubro de 1908 - Tirana, 11 de abril de 1985) foi o líder da Albânia do fim da Segunda Guerra Mundial até à sua morte, em 1985, na função de primeiro secretário do Partido Trabalhista da Albânia (Partido Comunista). Ele também atuou como primeiro-ministro da Albânia de 1944 a 1954, ministro da Defesa de 1944 a 1953, ministro das Relações Exteriores de 1946 a 1953, líder da Frente Democrática de 1945 até sua morte e comandante-em-chefe das Forças Armadas albanesas de 1944 até sua morte.
A liderança de Hoxha foi caracterizada pelo isolacionismo e sua aderência firme e manifesta ao marxismo-leninismo antirrevisionista da metade da década de 70 em diante. Após a sua rutura com o maoísmo, no fim da década de 70 e início da década de 80, inúmeros partidos maoístas declararam-se hoxhaístas. A Conferência Internacional dos Partidos e Organizações Marxistas-Leninistas (Unidade e Luta) é a mais conhecida coligação de tais partidos hoje em dia.
(...)
Partido Trabalhista da Albânia - Partia e Punës e Shqipërisë
Religião
A Albânia, sendo o estado mais predominantemente muçulmano na Europa devido à influência turca, identificava, assim como o Império Otomano, religiões com etnias. No Império Otomano muçulmanos eram vistos como “turcos”, ortodoxos orientais eram vistos como “gregos” e católicos
como “latinos.” Hoxha via isto como um sério problema, achando que isto
inflamava tanto aos separatistas gregos no Épiro Setentrional e quanto
também dividia a nação de um modo geral. A Lei de Reforma Agrária de 1945
confiscou grande parte da propriedade da igreja no país. Os católicos
foram a primeira comunidade religiosa a ser alvo, já que o Vaticano foi visto como um agente do Fascismo e do anticomunismo. Em 1946, a Ordem Jesuíta, e, em 1947, os franciscanos foram banidos. O Decreto Nº. 743 (Sobre as Religiões) afetou uma igreja nacional e proibiu líderes religiosos de se associarem com potências estrangeiras.
O Partido focou-se na educação ateísta nas escolas. Esta tática foi eficaz, principalmente devido à política de aumento da taxa de natalidade encorajada após a guerra. Durante períodos sagrados como o Ramadão ou a Quaresma,
muitos alimentos proibidos (laticínios, carne, etc.) foram distribuídos
em escolas e fábricas e as pessoas que recusavam a comer tais comidas
eram denunciadas. A partir de 6 de fevereiro de 1967,
o Partido começou uma nova ofensiva contra as religiões. Hoxha, que
havia declarado uma “Revolução Cultural e Ideológica” após ter sido
parcialmente inspirado pela Revolução Cultural chinesa,
encorajou estudantes e trabalhadores comunistas a usarem táticas mais
enérgicas para promover o ateísmo, apesar do uso de violência ter sido
inicialmente condenado.
De acordo com Hoxha, o surgimento de atividade antirreligiosa começou
com a juventude. O resultado deste “movimento espontâneo, não
provocado” foi o encerramento de 2.169 igrejas e mesquitas na Albânia. O ateísmo de estado
tornou-se a política oficial e a Albânia foi declarada o primeiro
estado ateu do mundo. Nomes de vilas e cidades de inspiração religiosa
foram mudados, tal como nomes pessoais. Durante este período, nomes de
inspiração religiosa também foram declarados ilegais. O “Dicionário de
Nomes do Povo”, publicado em 1982, continha 3.000 nomes seculares que eram permitidos. Em 1992, Monsenhor Ivan Dias, o Núncio Papal para a Albânia, nomeado pelo Papa João Paulo II,
disse que, dos trezentos padres católicos presentes na Albânia antes dos
comunistas chegarem ao poder, apenas trinta sobreviveram.
Toda prática religiosa e clerical foi banida e aquelas figuras
religiosas que se recusassem a abrir mão das suas posições eram presas ou
forçadas a esconderem-se.
(...)
O país
A Albânia era muito pobre e atrasada para os padrões europeus e possuía o padrão de vida mais baixo da Europa.
Como resultado da auto-suficiência, a Albânia tinha uma dívida externa
minúscula. Em 1983, a Albânia importou bens no valor de US$ 280 milhões,
mas exportou bens no valor de US$ 290 milhões, produzindo um superavit
comercial de US$ 10 milhões.
Em 1981
Hoxha ordenou a execução de muitos oficiais do Partido e do governo,
numa nova purga. Foi comunicado que o primeiro-ministro, Mehmet Shehu,
havia cometido suicídio em dezembro de 1981 e foi, subsequentemente,
condenado como um “traidor” da Albânia e acusado de estar ao serviço de
várias agências secretas estrangeiras.
Acredita-se que ele foi assassinado ou atirou contra si mesmo ,
durante uma luta pelo poder ou devido a diferenças a respeito de
política externa com Hoxha.
Hoxha também escreveu uma grande quantidade de livros durante este
período, resultando em mais de 65 volumes de obras completas,
concentrados em seis volumes de obras selecionadas.
Posteriormente, Hoxha retirou-se parcialmente, devido à sua saúde debilitada, após ter sofrido um ataque cardíaco em 1973, do qual nunca recuperou completamente. Ele passou a maior parte das funções de estado para Ramiz Alia. Nos seus dias finais ele estava confinado a uma cadeira de rodas e sofria de diabetes - doença da qual sofria desde 1948 - e de isquemia cerebral - da qual sofria desde 1983. A morte de Hoxha, no dia 11 de abril de 1985,
deixou para a Albânia um legado de isolamento e medo do mundo externo.
Apesar de alguns progressos económicos alcançados por Hoxha, a economia
do país estava em estagnação, a Albânia era o país mais pobre da Europa
durante grande parte do período da Guerra Fria.
No começo do século XXI, muito pouco do legado de Hoxha continua em
curso na Albânia de hoje, desde a transição para o capitalismo, em 1992.
in Wikipédia
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