Judeus rezando numa sinagoga no Yom Kippur (pintura de 1878 de Maurycy Gottlieb)
O Yom Kipur ou Kippur é um dos dias mais importantes do judaísmo. No calendário hebreu começa no crepúsculo que inicia o décimo dia do mês hebreu de Tishrei (que coincide com setembro ou outubro), continuando até ao seguinte pôr do sol. Os judeus tradicionalmente observam esse feriado com um período de jejum de 25 horas e oração intensa.
Proibições
Existem 5 proibições no Yom Kipur:
- Comer (come-se um pouco antes do pôr-do-sol ainda na véspera do dia até o nascer das estrelas do dia de Yom Kipur);
- Usar calçados de couro;
- Manter relações conjugais;
- Pôr cremes, desodorizante, etc, no corpo;
- Banhar-se por prazer.
A essência destas proibições é causar aflição ao corpo, dando, então, prioridade à alma. Pela perspetiva judaica, o ser humano é constituído pelo yetzer hatóv (o desejo de fazer as coisas corretamente, que é identificado com a alma) e o yetzer hará (o desejo de seguir os próprios instintos, que corresponde ao corpo). Nosso desafio na vida é "sincronizar" nosso corpo com o yetzer hatóv. Uma analogia é feita no Talmud entre um cavalo (o corpo) e um cavaleiro (a alma). É sempre melhor o cavaleiro estar em cima do cavalo!
Orações
Durante as orações fala-se o Vidui, uma confissão, e Al Chet, uma lista de transgressões entre o homem e Deus e o homem e seu semelhante. É interessante notar duas coisas: primeiro, as transgressões estão em ordem alfabética (em hebraico).
Isto torna a lista bastante abrangente, além de permitir a inclusão de
qualquer transgressão que se queira na letra apropriada.
Em segundo, o Vidui e Al Chet estão no plural, o que pretende
transmitir a ideia de que o povo judeu é um povo "entrelaçado", onde
todos devem ser responsáveis pelos outros. Mesmo não cometendo uma
determinada ofensa, pretende-se transmitir uma carga de responsabilidade
por aqueles que a cometeram - especialmente se a transgressão pudesse
ter sido evitada por aqueles que não arcarão com as culpas.
Dia do Perdão
Durante um longo ano comete o homem toda sorte de erros, atropelos, voluntários, involuntários. O processo da teshuvá
(arrependimento, retorno ao bem) não poderá realizar-se magicamente em
um dia. A tradição judia coloca ao mês de Elul, último do ano, como
prefácio para ir preparando o homem para a reflexão profunda, até o
grande caminho interior. Cedo, nas manhãs de Elul se ouve o som do
shofar.
Uma semana antes de Rosh Hashaná, também durante a madrugada, se dizem
as orações que se chamam "selichot" - perdões). O 1º de Tishrei é o
grande dia, a base para um ano novo e um novo ano de vida. Depois
seguirão nove dias até o dia do perdão. Dez dias, para aprofundar-se
dentro de si, afastar o mal, aproximar o bem. O processo chega a sua
culminância no dia 10º de Tishrei: Yom Kipur.
A expiação, Kipur, na raiz hebraica, refere-se ao "que cobre", ou seja,
o castigo que envolve o ato perverso. Tudo o que se pode anular, deter
ou parar é o castigo; mas não o ato cometido; esse ato está aí e a
única maneira de superá-la é através de uma transcendental modificação
da conduta pessoal posterior. Os atos são do homem, seguirão sendo dele,
e a consequência, sua responsabilidade. Deus pode apagar o castigo,
não o ato. O jejum - que acompanha todo o dia do perdão - por sua parte
não faz milagre. O jejum do dia não sacrifica nada a favor de Deus,
sendo que tal ideia seria eminentemente pagã. O que faz é reconcentrar o homem em seu espírito, afastá-lo, por algumas horas, da servidão do homem ao corpo e a suas necessidades.
Observa-se também que as más ações ou transgressões têm duas
polaridades: uma do homem em relação ao homem e a outra, do homem em
relação a Deus. A primeira é a da vida diária, exterior, social e inter humana.
A outra, do âmbito da alma, é o segredo da consciência. A primeira é
coisa de homens, e os homens têm de resolvê-la: "As transgressões que
vão de homem a homem, não são expiadas pelo Yom Kipur, se antes não
forem perdoadas pelo próximo ".
Daí que se costuma pedir previamente o perdão de nossos semelhantes, se eles não perdoam, Deus não poderá intervir.
Jejum
É o dia do perdão - quando Deus perdoa a todo Israel. Durante esse dia,
nada pode ser comido ou bebido, inclusive água. Não é permitido lavar a
boca, escovar os dentes ou banhar o corpo. Somente o rosto e as mãos
podem ser lavados pela manhã, antes das orações. Não se pode carregar
nada, acender fogo, fumar, nem usar eletricidade. O jejum não é
permitido para crianças menores de 9 anos, pessoas gravemente enfermas,
mulheres grávidas e aquelas que deram a luz há menos de trinta dias.
Se uma pessoa enquanto estiver jejuando passar mal, a ponto de quase
desmaiar, deve-se lhe dar comida até que se recupere. Se houver perigo
de uma epidemia, e os médicos da cidade aconselharem que é necessário
comer a fim de resistir à moléstia, exige-se que todos comam.
Existem outras proibições, além daquelas contra trabalhar, comer ou
beber. As relações conjugais são proibidas, bem como o uso de perfumes e
cremes, exceto para fins medicinais. Além disso, sapatos e outras peças
da indumentária feitas de couro não podem ser usadas no Yom Kipur,
pois não se pode usar nenhum material para o qual seja necessário matar
um animal.
Após o Yom Kipur, espera-se que haja festa e alegria, não perdendo de vista o facto de que o feriado é um dia santo de júbilo.
in Wikipédia
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