JPC - A sua visão sobre a I República, neste livro e no clássico “O Poder e o Povo”, é bastante sombria: um regime ditatorial, que usava a violência, a exclusão, o terrorismo, e que aliás acabou por gerar Salazar. Valerá a pena festejar este regime no próximo ano?
VPV - Eu não fui convidado para festejar nada, por alguma razão. Durante o salazarismo, as pessoas foram esquecendo o que era a República. As forças anti-salazaristas reconstruíram uma imagem da República em que havia partilha e solidariedade, liberdade individual e liberdade de imprensa, etc. etc. E como o salazarismo durou muito, foi essa a noção de República com que as pessoas ficaram. É uma noção absurdamente falsa. A República foi sempre um regime de partido único, nunca foi amigo das liberdades individuais, nunca respeitou a lei, nem a lei constitucional, nem a lei civil, foi um regime terrorista, em que as pessoas que se opunham ao regime eram punidas e às vezes mortas. O facto é que a ditadura e, sobretudo, o salazarismo apareceram em Portugal como libertadores. Para a maioria dos portugueses, a ditadura, ao princípio, foi uma libertação.
JPC - É tão bizarro festejar a nossa “ditadura democrática” como festejar a “ditadura salazarista”?
VPV - Eu acho que é igualmente bizarro.
O Curso de Geologia de 85/90 da Universidade de Coimbra escolheu o nome de Geopedrados quando participou na Queima das Fitas. Ficou a designação, ficaram muitas pessoas com e sobre a capa intemporal deste nome, agora com oportunidade de partilhar as suas ideias, informações e materiais sobre Geologia, Paleontologia, Mineralogia, Vulcanologia/Sismologia, Ambiente, Energia, Biologia, Astronomia, Ensino, Fotografia, Humor, Música, Cultura, Coimbra e AAC, para fins de ensino e educação.
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