O espírito de Natal
Ano após ano em Dezembro a
árvore artificial
deixa o encerro da cave para ser
uma luz no frio. É um pinheiro da China. Quem
se deitar a fazer contas ao ágio
dessoutro negócio
(vinte e quatro mil escudos
já lá vão nove invernos) a
coisa
está mais ou menos por
dois contos e tal
o natal. Mau grado à sua copa
(inodora e inerte) falte o
olor a caruma dos natais da minha infância
nela escuso uma floresta que ficou por abater
todo um mundo aloplástico que me
sobreviverá.
in LUZ ÚLTIMA - João Luís Barreto Guimarães, 2006
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