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Todos nós já tivemos aquele aluno que, por artes mágicas e divinatórias, tem sempre o malfadado azar de aparecer em todas as confusões armadas na sala de aula e arredores.
Para todas as situações tem sempre uma razão, uma desculpa, uma justificação, um apontar de dedo ao vizinho do lado, uma teoria da conspiração feita para o tramar.
Nós interrogamo-nos e interrogamo-lo: Nelito, caramba, sempre tu? Mas que diabo de azar tu tens para estares sempre onde o vidro é partido, onde a pedra acerta no colega, onde o palavrão é dito, onde desaparecem os lápis do parceiro, onde a grafitagem se destaca da parede antes imaculada.
Em todas as situações o ar de inocência ofendida, de mártir seleccionado pela mal intencionada providência, a atitude de perseguido pelos maus humores do Olimpo.
E nós até queremos acreditar. Afinal, o miúdo é bem parecido, quando quer é bem falante e há momentos em que a inocência parece estampada e estampilhada.
Até ao momento em que aparece outra vez mesmo ao lado do caldo entornado.
in Blog A Educação do meu Umbigo - post de Paulo Guinote
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