sábado, dezembro 29, 2012

Tim Hardin morreu, de overdose, há 32 anos

(imagem daqui)

Tim Hardin (23 de dezembro de 1941 - 29 de dezembro de 1980) foi um compositor e cantor de música folk que fez parte da cena musical de Greenwich Village nos anos 60.
Hardin nasceu em Eugene, Oregon. Aos 18 anos de idade saiu da escola para se alistar na marinha norte-americana. Depois de dispensado, mudou-se para Nova Iorque em 1961, aonde fez parte brevemente da Academia Americana de Artes Dramáticas. Ele foi recusado por atuar mal e passou a focar sua carreira musical ao começar a apresentar-se em Greenwich Village tocando blues.
Depois de se mudar para Massachusetts, Boston, em 1962, Hardin foi descoberto pelo produtor Erik Jacobson, que arranjou uma reunião com a Columbia Records. Em 1964 ele volta à Greenwich para gravar seu primeiro disco. A Columbia não gostou do resultado final, e só lançaria o disco depois da aparição de Hardin no Festival de Woodstock em 1969.
Seu primeiro álbum, Tim Hardin 1, foi lançado em 1966 pela Verve Records. Mostrava uma transformação de seu estilo tradicional de blues para o folk, que definiria o restante de sua carreira. Este LP continha a canção "Reason to Believe", que seria sucesso na voz Rod Stewart anos depois. Tim Hardin 2 foi lançado em 1967 e apresentava sua música mais famosa, "If I Were a Carpenter". Hardin não fez turnê para divulgar o disco; o seu vício em heroína e o medo dos palcos fazia com que seus shows fossem deveras erráticos. Tim Hardin 3, lançado em 1968 apresentava gravações ao vivo assim como novas versões de suas músicas antigas.
Nos anos seguintes Hardin revezou-se entre a Inglaterra e os EUA. O vício em heroína já havia tomado controle de sua vida na época do lançamento de seu último álbum, Tim Hardin 9, em 1973. Ele morreu em 29 de dezembro de 1980 em Los Angeles, Califórnia, de uma overdose de heroína e morfina.


Tomás Becket foi assassinado há 842 anos

Retrato de Becket num vitral da Catedral de Cantuária

São Thomas Becket, ou Tomás Becket (circa 111829 de dezembro de 1170), foi Arcebispo de Cantuária 1162 a 1170. É venerado como santo e mártir pela Igreja Católica e pela Igreja Anglicana. Envolvido num conflito com o rei Henrique II da Inglaterra pelos direitos e privilégios da Igreja, foi assassinado por seguidores do rei na Catedral de Cantuária.

Educação
Thomas Becket nasceu talvez em 1118 no bairro de Cheapside, Londres, no seio de uma família da classe média-alta da Normandia, filho de Gilbert de Thierceville e Rosea ou Matilda de Caen.
Richer de L'aigle, amigo de Gilbert de Thierceville, interessado nas irmãs de Thomas, convidava regularmente Thomas para a sua propriedade no Sussex. Foi lá que Thomas aprendeu a cavalgar, a caçar, etiqueta, e a participar de desportos populares como as justas, ou torneios. Desde os 10 anos de idade, Becket recebeu uma excelente educação em lei canónica e civil no Priorado de Merton, na Inglaterra, e depois em Paris, Bolonha e Auxerre.
Ao regressar à Inglaterra, por se tratar de um jovem com educação, entrou para o serviço de Teobaldo, arcebispo de Cantuária, que lhe confiou várias missões importantes a Roma e por fim recompensou-o com o arquidiaconado de Cantuária e a reitoria da escola de Beverley. Distinguiu-se de tal modo pelo seu zelo e eficiência que Teobaldo o recomendou ao rei Henrique II da Inglaterra para o importante cargo de chanceler, que manteve durante sete anos.

Chanceler do Rei
Henrique II desejava ser senhor absoluto dos seus domínios, tanto da Igreja como do Estado, e conseguiu encontrar um precedente nas tradições do reino para retirar privilégios especiais ao clero inglês, que ele considerava como empecilhos à sua autoridade.
Enquanto chanceler, Becket cobrou um imposto de protecção do reino contra invasores, uma tradição medieval cobrada de todos os proprietários de terras, incluindo igrejas e bispados, o que lhe criou dificuldades e ressentimentos do clero inglês. Becket aumentou ainda mais a sua imagem de homem secular ao tornar-se um cortesão bem sucedido e extravagante, e um alegre companheiro dos prazeres do rei. O jovem Thomas era dedicado aos interesses do seu soberano, de um modo tão firme apesar de diplomático, que quase ninguém, com a possível exceção de John of Salisbury, bispo de Chartres, duvidava da sua lealdade à coroa inglesa.
De modo a honrar o seu vassalo, e segundo o costume da época de crianças nobres serem educadas em outras casas nobres, o rei enviou o seu primogénito, Henrique, o Jovem para a casa de Becket. Posteriormente, essa seria uma das razões por que este se revoltaria contra o pai, tendo formado uma ligação emocional a Becket como figura parental. Conta-se que Henrique, o Jovem teria declarado que Becket lhe dera mais afecto paternal em um dia que o seu próprio pai durante toda a vida.

Arcebispo
Em 1162, Henrique II recompensou Becket fazendo-o arcebispo de Cantuária. A escolha terá sido olhada com desconfiança pelo clero inglês, e Thomas só conseguiu o cargo vários meses após a morte do anterior arcebispo, Teobaldo. O rei tencionava aumentar a sua influência ditando as acções do seu fiel e nomeado vassalo, e diminuir a independência e a influência da Igreja na Inglaterra.
Mas o carácter de Becket pareceu modificar-se imediatamente. Passou a viver uma vida de simplicidade e pobreza e, apesar de anteriormente ter ajudado Henrique a diminuir o poder dos bispos, passou a defender activamente os direitos da Igreja.
Vários hagiógrafos do santo retratam-no de modos bastante diferentes: uns falam do comportamento virtuoso como parte do seu dia-a-dia de sempre (por exemplo, o uso de roupas grossas, desconfortáveis, por baixo das roupagens de cortesão); outros que a sua devoção cresceu em revolta contra o homem de paixões que era Henrique II; ainda outros acusam-no de ser motivado apenas pelos seus próprios interesses e pelo seu desejo de poder. A maioria dos relatos dos primeiros tempos de Thomas como arcebispo foram escritas depois da sua morte e influenciadas pelos respectivos ambientes políticos. As interpretações das políticas de Henrique II e do papado, e as implicações da sua canonização para ambos, foram de grande importância no jogo de poderes europeu.
Primeiro confuso com a atitude de Thomas, e depois sentindo-se traído pelo antigo companheiro, Henrique II viu o arcebispo afastar-se ainda mais quando este abandonou o seu cargo de chanceler e manteve os rendimentos das terras da Cantuária sob o seu controle. Começaram assim uma série de conflitos legais sobre a jurisdição dos tribunais seculares sobre o clero inglês. Em outubro de 1163, o rei tentou colocar a opinião e a influência dos outros bispados contra Thomas em Westminster, com o objectivo de obter a aprovação dos privilégios reais.

As constituições de Clarendon
Em 30 de janeiro de 1164, Henrique II da Inglaterra convocou uma assembleia no Palácio de Clarendon, em Wiltshire, onde apresentou as suas exigências em 16 constituições. Pretendia com isto diminuir a independência do clero e a influência de Roma na política inglesa. Henrique conseguiu negociar e pressionar o consentimento de todos, inclusivamente de Richer de L'aigle, o amigo de longa data da família de Thomas. Foi oficialmente exigido a Becket que assinasse as cartas do rei, caso contrário enfrentaria repercussões políticas e legais, graves para a sua pessoa e para a Igreja.
Por fim, até mesmo Becket expressou a sua disponibilidade em concordar com as constituições, mas quando chegou o momento da assinatura, recusou-se. Isto significava a guerra entre os dois poderes. Henrique instaurou um processo judicial contra o arcebispo e convocou-o a aparecer perante um concelho em Northampton, a 8 de outubro de 1164, para responder a alegações de desobediência à autoridade real e ilegalidades cometidas como chanceler do reino.

Fuga para França
Henrique perseguiu-o com uma série de edictos, dirigidos também aos seus amigos e apoiantes, mas o seu rival Luís VII de França recebeu o arcebispo fugitivo e ofereceu-lhe protecção. Becket passou quase dois anos na abadia cistercense de Pontigny, até que as ameaças do rei contra a sua ordem o obrigaram a voltar a Sens.
Becket lutou com as armas legais da Igreja, pedindo ao papa Alexandre III a excomunhão de Henrique II da Inglaterra e o interdito (o equivalente à excomunhão para um território) da Inglaterra. Mas apesar de concordar com a posição do seu arcebispo, o papa preferia tentar uma solução mais diplomática. O papa e o arcebispo desentenderam-se, principalmente quando o primeiro enviou legados, em 1167 com a autoridade de agir como árbitros do conflito. Ressentido com esta limitação da sua jurisdição, e firme nos seus princípios, Becket não se submeteu aos enviados do papa, uma vez que a sua posição o obrigava a lealdade tanto com a coroa inglesa como com a Igreja.
A sua firmeza parecia ter compensado quando, em 1170, o papa parecia inclinado a promulgar o interdito contra a Inglaterra. Alarmado pela ideia, uma vez que isto implicava um conflito mais ou menos aberto com as nações europeias sujeitas a Roma, Henrique II decidiu elevar o seu filho e herdeiro Henrique, o Jovem a rei da Inglaterra, mantendo para si poder imperial. Uma vez que Becket estava no exílio, o arcebispo de York sagrou a coroação. Furioso, o arcebispo da Cantuária ameaçou excomungar o rei e todos os envolvidos na cerimónia. No entanto, seguiu-se uma débil reconciliação e Thomas voltou à Cantuária com a promessa de que poderia re-coroar o príncipe.

Assassinato
Assim que desembarcou em Sandwich, Kent, Becket mostrou que continuaria inflexível como sempre, excomungando os bispos envolvidos na coroação. Quando informado disto, o rei, furioso, terá dito qualquer coisa como "Não haverá ninguém capaz de me livrar deste padre turbulento?".
A maioria dos historiadores parece concordar que o rei não pretendia realmente o assassinato de Becket, apesar das suas duras palavras. Seja como for, quatro dos cavaleiros presentes (Reginald Fitzurse, Hugh de Moreville, William de Traci e Richard le Breton) terão interpretado isto como uma ordem. Responderam que sabiam como fazer isso e partiram para a Cantuária. Em 29 de dezembro de 1170, entraram na catedral e assassinaram Becket, segundo alguns nos degraus do altar, quando os monges cantavam as vésperas. Existem vários relatos contemporâneos do acto, em particular um de Edward Grim, um visitante da catedral que teria também sido ferido no ataque.

Canonização
Depois do assassinato, descobriu-se que Becket usava um cilício (neste contexto uma camisa de tecido grosso e desconfortável) por baixo das suas vestes de arcebispo. Em pouco tempo, a fiéis por toda a Europa começaram a venerar Thomas Becket como mártir, e em 1173, cerca de três anos após a sua morte, foi canonizado pelo papa Alexandre III na Igreja de S. Pedro em Segni.
Em 12 de julho de 1174, durante a revolta dos seus três filhos Henrique, o Jovem, Ricardo, futuro Coração de Leão e Geoffrey Plantageneta de 1173-1174, Henrique II da Inglaterra fez penitência pública junto ao túmulo de Becket, que se tornou em um dos mais populares locais de peregrinação da Inglaterra até à sua destruição durante a Dissolução dos Mosteiros (1538 a 1541) por Henrique VIII.
Em 1220, os restos de Becket foram transladados para um relicário na recentemente concluída Capela da Trindade, em Cambridge. O pavimento deste está hoje em dia assinalado com uma vela acesa. Os arcebispos actuais celebram a eucaristia neste local para lembrar o martírio e a transladação.
As peregrinações à Catedral de Cantuária, para ver o túmulo de Thomas Becket, estão na origem dos Contos da Cantuária, colectânea de contos em forma lírica recolhidos e passados a escrito por Geoffrey Chaucer.



Há 25 anos houve um massacre de garimpeiros no Brasil

Imagem da Ponte Mista de Marabá, que foi bloqueada no dia do Massacre

O Massacre de São Bonifácio ou Guerra da Ponte foi um conflito que ocorreu em 29 de dezembro de 1987 na cidade de Marabá, entre os garimpeiros de Serra Pelada e a Polícia Militar do Pará com o auxílio do Exército Brasileiro. A manifestação que gerou o conflito bloqueou o acesso à Ponte Mista de Marabá e pedia a reabertura do garimpo de Serra Pelada.
O conflito tem características muito semelhantes aos do massacre dos sem-terra em Eldorado dos Carajás, em 1996. Contudo este ocorreu dez anos antes, na ponte sobre o Rio Tocantins, no caminho das locomotivas que transportam minério de Carajás para Itaqui, no Maranhão.
A Guerra de São Bonifácio foi nomeada dessa forma por ter ocorrido no dia do santo Bonifácio, ou ainda, como Guerra da Ponte.

Antecedentes
As prováveis causas do surgimento de tal conflito foram a desativação da Serra Pelada e a insatisfação dos garimpeiros pela falta de condições de trabalho no garimpo. A manifestação, portanto - em primeiro momento pacífica - era uma forma de chamar a atenção das autoridades nacionais para a questão do garimpo.
De facto, entretanto, a revolta começou no ano anterior, quando o garimpeiro João Edson Borges foi espancado e morto por um polícia. Como reação, um polícia foi morto e a Polícia Militar acabou expulsa de Serra Pelada. Dali em diante, os garimpeiros receberam ameaças de vingança.

Protestos
Os garimpeiros organizaram-se em dezembro de 1987 e foram para Marabá, para solucionar tal impasse. Os garimpeiros haviam deixado Serra Pelada na madrugada do dia anterior. Queriam o rebaixamento da cava do garimpo. Após percorrerem, em autocarros e camiões, 160 quilómetros, eles acamparam na cidade, não havendo movimentações políticas para a resolução ou negociação das reivindicações. Então aproximadamente mil garimpeiros se deslocaram até à Ponte Mista de Marabá - trecho da BR-155 a mesma estrada onde ocorreu mais tarde o Massacre de Eldorado dos Carajás - e bloquearam o acesso de veículos, pessoas e das locomotivas que circulavam no Caminho de Ferro de Carajás (que também atravessa a ponte), a fim de chamar atenção para sua manifestação. A ponte bloqueada é a principal ligação entre os distritos periféricos e o centro da cidade, além de fazer a ligação rodoviária e ferroviária de Marabá com a costa norte do Brasil. Na serra, sob o comando de Victor Hugo Rosa, permaneceram dez mil "formigas" (garimpeiros) em assembleia, acompanhando colegas e recolhendo comida para os revoltosos.

Conflito
O então governador Hélio Gueiros deu ordem para que a Polícia Militar desobstruísse a ponte. O grupo da ponte liderado por Jane Resende – primeira líder feminina de um garimpo –, colocou os restos de um camião e brita no trilho da ponte.
Quinhentos soldados do 4º batalhão da Polícia Militar do Pará encurralaram os garimpeiros e avançaram por uma das cabeceiras da ponte, atirando na multidão, enquanto o Exército fechava o acesso na outra cabeceira. Os policiais atiraram durante 15 minutos com metralhadoras e espingardas. Muitos garimpeiros atiraram-se do vão, de 76 metros, da ponte.

Mortos
O governo informou inicialmente que duas pessoas morreram, depois acresceu esse número para nove, contudo há registos que constam que houve setenta e nove (79) garimpeiros desaparecidos no decorrer do conflito. Por parte das tropas da Polícia e do Exército não houve registos de baixas.
Um garimpeiro de nome Francisco, que disse ter visto oito cadáveres, foi assassinado à paulada por um grupo desconhecido, no centro de Marabá, um dia depois de dar entrevista à TV Liberal. A morte de Francisco amedrontou outras testemunhas do conflito e silenciou-as por mais de vinte anos.

Pau Casals nasceu há 136 anos

Pau Carles Salvador Casals i Defilló, ou, simplesmente, Pau Casals i Defilló (Vendrell, 29 de dezembro de 1876 - San Juan de Porto Rico, 22 de outubro de 1973) foi um virtuoso violoncelista e maestro espanhol catalão.

Ironicamente, Pau Casals tornou-se conhecido internacionalmente pelo seu nome em castelhano, Pablo, com a curiosidade de ser um grande incentivador da luta contra a ditadura de Francisco Franco e o domínio nazi. Por fim, o nome imposto pelo regime franquista, ficou gravado e é por ele que é mais conhecido.
Casals demonstrou talento desde pequeno, obtendo fama internacional ainda jovem. Centralizando as suas atividades de músico em Paris, percorreu a Europa e os Estados Unidos da América promovendo concertos e recitais.
Ao mesmo tempo, formou uma orquestra em Barcelona, atuando também como maestro. Contudo, ela desenvolveu-se na turbulência da revolta e guerra civil conduzida pelo general Franco. Por ser um ardente patriota e republicano, recusou-se a viver sob a ditadura e exilou-se na França. Contudo, o amor pela pátria levou-o a morar em Prades, uma pequena cidade no sul da França no sopé dos Pirenéus, não muito longe da sua terra natal.
Logo depois eclodiu a Segunda Guerra Mundial e Casals continuou a sua resoluta oposição contra o governo de Franco, combatendo também os fascistas alemães e italianos que o apoiavam. Os nazis ameaçaram-no, tentando suborná-lo, mas ele manteve-se firme nas suas convicções e ajudou os refugiados da Espanha fascista.
Quando a guerra terminou e a paz voltou a reinar na França, muitos músicos foram a Prades estudar com Casals.
Em junho de 1950, ele organizou um festival de música para incentivar os jovens artistas. Foi o início do Festival de Prades, que mais tarde tornou-se conhecido em todo o mundo.
Casals foi convidado para dar um concerto, no dia 24 de outubro de 1958, para festejar o dia das Nações Unidas, na sua sede, em Nova York. Nessa oportunidade Casals propôs a união da humanidade em busca da paz, através da Hino à Alegria, de Beethoven.
Citações
"Não sou político, sou simplesmente um artista. Mas a questão é definir a arte como um passatempo fora do contexto da vida diária dos homens, ou como um meio para preservar o significado original da existência humana. A política não é tarefa dos artistas, mas, na minha opinião, temos a obrigação de tomar uma clara posição, qualquer que seja o sacrifício que isso acarrete, se a dignidade do homem estiver em jogo."

"A música - maravilhosa linguagem universal que todos compreendem - deve contribuir de tal forma a aproximar os seres humanos. Por isso, faço um apelo a todos os músicos, especialmente aos meus companheiros, para pedir-lhes que ponham a pureza de sua arte a serviço da humanidade para criar relações fraternas e iluminadas entre os homens do mundo inteiro. O Hino à Alegria de Beethoven, da Nona Sinfonia, tornou-se símbolo do amor à humanidade. Proponho, portanto, que todas as cidades que tenham uma orquestra e um coral participem da execução do Hino à Alegria num mesmo dia, transmitindo esse evento para todos os recantos do mundo pela rádio e televisão até às mais pequenas comunidades como uma oração pela paz que tanto almejamos."


O vos omnes - Pau Casals (1932)

O vos omnes qui transitis per viam, attendite et videte:
Si est dolor similis sicut dolor meus.
Attendite, universi populi, et videte dolorem meum.
Si est dolor similis sicut dolor meus.


sexta-feira, dezembro 28, 2012

Eddington nasceu há 130 anos

Sir Arthur Stanley Eddington (Kendal, 28 de dezembro de 1882 - Cambridge, 22 de novembro de 1944) foi um astrofísico britânico do início do século XX.
O limite de Eddington foi assim chamado em sua homenagem.
Eddington é famoso pelo seu trabalho sobre a Teoria da Relatividade. Eddington escreveu um artigo em 1919, Report on the relativity theory of gravitation, que anunciou a Teoria Geral da Relatividade de Einstein para o mundo anglófono. Devido à Primeira Guerra Mundial, os novos desenvolvimentos da ciência alemã não eram muito bem conhecidos no Reino Unido.

Eddington nasceu em 22 de dezembro de 1882 em Kendal, na Inglaterra, numa família Quaker. O seu pai Henry Arthur Eddington, formado em Filosofia, tornou-se diretor da Stramongate School em 1878 nomeado pela Assembleia da Sociedade Religiosa dos Amigos de Kendal: os Quakers. Porém dois anos após o nascimento de Eddington seu pai falece de febre tifoide.
Gostava de Natação e Golfe, porém o ciclismo era sua paixão. Mantinha rigorosos dados referentes a seus passeios, visto que em 1905 tinha percorrido 2669 milhas (aproximadamente 4295.34 km).
Desde cedo ele mostrou grande talento para a Matemática e ganhou diferentes prémios e bolsas que permitiram que financiasse os seus estudos, que ele finalizou em 1905. Começou as suas pesquisas no laboratório Cavendish, e mais tarde em Matemática, que ele interrompeu rapidamente, tendo recebido no final de 1905 um posto no Observatório de Greenwich. Ele foi imediatamente integrado a um projeto de pesquisa iniciado em 1900, quando placas fotográficas do asteroide 433 Eros foram tiradas durante todo um ano. Sua primeira tarefa foi terminar a análise dessas placas e determinar precisamente o valor da paralaxe solar.
Em 1906 ele começou seu estudo estatístico do movimento das estrelas e, no ano seguinte, ganhou um prémio pelo ensaio que escrevera sobre o assunto.
Em dezembro de 1912, George Darwin, um dos filhos de Charles Darwin, morreu e Eddington foi nomeado para substituí-lo. Como o titular da outra cadeira de Astronomia de Cambridge, a Lowndean chair, também morreu durante o ano seguinte, Eddington tornou-se o diretor do Observatório de Cambridge, assumindo assim a responsabilidade da Astronomia teórica e experimental em Cambridge.
Durante a Primeira Guerra Mundial, Eddington foi chamado para efetuar seu serviço militar. Como quaker e pacifista, recusou servir no Exército e pediu uma derrogação para efetuar um serviço alternativo, mas isso não era possível naquela época. Alguns amigos cientistas resolveram o problema, conseguindo se pronunciar em seu favor para dispensá-lo do serviço militar alegando a sua importância para a ciência. Em 1915, ele recebeu por intermédio da Royal Astronomical Society os artigos sobre a Teoria Geral da Relatividade de Einstein e de de Sitter. Eddington começou então a se interessar pelo assunto, principalmente porque essa nova teoria podia explicar o avanço, inexplicado até então, do periélio de Mercúrio. Como Quaker, Eddington sentia-se capaz de vincular a Física com a sua fé.

Após a guerra, Eddington partiu para São Tomé e Príncipe, onde um eclipse solar total seria visível em 29 de maio de 1919. Segundo a relatividade geral, uma estrela visível nas proximidades do Sol deveria aparecer em uma posição ligeiramente mais afastada deste porque sua luz deveria ser ligeiramente desviada pela ação da gravidade do Sol. Esse efeito somente pode ser observado durante um eclipse total do Sol, pois senão a luminosidade do Sol impede a visibilidade da estrela em questão. A relatividade geral predizia um desvio duas vezes maior do que o predito pela gravitação newtoniana. As observações foram feitas na Ilha do Príncipe, na roça Sundy, com o apoio do seu proprietário Jerónimo Carneiro. Durante o eclipse, Eddington tirou diversas fotografias das regiões situadas em torno do Sol.
As condições meteorológicas não eram boas e as placas fotográficas revelaram-se de péssima qualidade e difíceis de medir. Ele anotou mesmo assim no seu caderno:
… uma placa que medi confirmava as predições de Einstein.
Porém, uma outra equipe da expedição de Eddington, que estava na cidade de Sobral, no Brasil, liderada pelo astrónomo britânico Andrew Crommelin, pode observar o eclipse sob boas condições meteorológicas. As placas fotográficas registadas por essa equipe permitiram a Eddington medir uma deflexão da luz de 1,98".[2]
Esse resultado, cuja exatidão foi discutida posteriormente, foi aclamado como uma prova conclusiva da Relatividade Geral sobre o modelo newtoniano; a notícia foi publicada em jornais em todo o mundo como uma importante descoberta. Ela também é a origem da história de que somente três pessoas entendiam a Relatividade; quando perguntado por um repórter que sugeriu isso, Eddington replicou brincando "Oh, who's the third?" (Oh, quem é a terceira?). Outra história conta que Einstein, ao ser questionado por um repórter sobre o que ele teria feito se as medidas efetuadas por Eddington não estivessem de acordo com as predições da teoria Geral da Relatividade, teria respondido: "Eu diria que o bom Deus está enganado".
Eddington também estudou o interior das estrelas e calculou sua temperatura baseando-se na energia necessária para manter a pressão exercida pelas camadas próximas da superfície. Com isso, ele descobriu a relação massa-luminosidade das estrelas. Eddington calculou também a abundância do hidrogénio e elaborou uma teoria explicando a pulsação das cefeidas. O fruto dessas pesquisas está relatado em seu importante trabalho The Internal Constitution of Stars (1926).
Em 1920, tomando como base as medidas precisas de átomos efetuadas por Francis Aston, Eddington foi o primeiro a sugerir que a fonte de energia das estrelas provinha da fusão nuclear do hidrogénio em hélio. Essa teoria revelou-se correta, mas ele teve um longo debate sobre esse assunto com James Jeans, que acreditava que essa energia proviesse da contração da estrela sobre si mesma.
Dos anos 1920 até sua morte, ele se concentrou cada vez mais naquilo que ele chamava de "teoria fundamental", cujo objetivo era a unificação da teoria quântica, da teoria da Relatividade e da gravitação, e que se baseava essencialmente em uma análise das relações adimensionais entre constantes fundamentais.
Eddington foi enobrecido em 1930 e recebeu a Ordem do Mérito em 1938. Recebeu ainda diversas outras honrarias, entre elas a medalha de ouro da Astronomical Society of the Pacific (1923), a medalha de ouro da Royal Astronomical Society (1924), da National Academy of Washington (1924), da Société astronomique de France (1928) e da Royal Society (1928). Além de ser eleito para a Royal Society, foi também eleito para a Royal Society of Edinburgh, a Royal Irish Academy e a National Academy of Sciences, bem como de diversas outras sociedades científicas.
Uma cratera lunar recebeu o seu nome, assim como o asteroide 2761 Eddington.
Eddington soube popularizar a ciência escrevendo diversos livros destinados aos curiosos. Ele também é conhecido por ter introduzido a noção de macacos datilógrafos (Infinite Monkey Theorem em inglês) em 1929 com a frase:
se um exército de macacos batesse aleatoriamente em máquinas de escrever, eles poderiam escrever todos os livros do British Museum.
Obras
  • Stellar Movements and the Structure of the Universe. London: MacMillan, 1914
  • Space, Time and Gravitation: An Outline of the General Relativity Theory. Cambridge University Press, 1920. 
  • The Mathematical Theory of Relativity. Cambridge University Press, 1923, 1952
  • Stars and Atoms. Oxford: British Association, 1926
  • The Internal Constitution of Stars. Cambridge University Press, 1926. 
  • Fundamental Theory. Cambridge University Press, 1928
  • Science and the Unseen World. Macmillan, 1929. 
  • The Expanding Universe: Astronomy's 'Great Debate', 1900-1931. Cambridge University Press, 19nn. 
  • The Nature of the Physical World. London: MacMillan, 1928, 1948.
  • New Pathways in Science. Cambridge University Press, 1935
  • Relativity Theory of Protons and Electrons. Cambridge University Press, 1936
  • Philosophy of Physical Science. Cambridge University Press, 1939. 
  • The Domain of Physical Science, 19nn
  • Fundamental Theory. Cambridge University Press, 1946.

Morte
Eddington morreu em Cambridge, a 22 de novembro de 1944, com 61 anos e a 36 dias de seu aniversário.

Johnny Otis nasceu há 91 anos

Ioannis Alexandres Veliotes, mais conhecido como Johnny Otis (Vallejo, Califórnia, 28 de dezembro de 1921 - 17 de janeiro de 2012) foi um músico norte-americano de blues e rhythm and blues, além de baterista, pianista, vibrafonista, cantor, líder de banda e empresário. Foi um dos mais importantes personagens caucasianos da história do rhythm & blues.
Depois de tocar em orquestras de swing, ele fundou a sua própria banda, em 1945. Com esse grupo, viajou em turnê extensiva pelos Estados Unidos como a "California Rhythm and Blues Caravan" ("Caravana do Rhythm and Blues da Califórnia"), obtendo vários sucessos em 1952.
Como produtor musical ele descobriu vários artistas, tornando-se também um influente disc jockey em Los Angeles. Mas continuou a tocar, obtendo um grande êxito, em 1958, com a canção "Willie and the Hand Jive", que se tornaria a sua obra mais conhecida.
Nos anos 60 Otis entrou para o jornalismo e depois para a política, não sendo muito bem sucedido. Ele continuou a tocar nos anos 80, embora seus inúmeros projetos paralelos tenham-no mantido afastado dos palcos por bastante tempo.


João Domingos Bomtempo nasceu há 237 anos

João Domingos Bomtempo (Lisboa, 28 de dezembro de 1775 – Lisboa, 18 de agosto de 1842) foi um pianista clássico, compositor e pedagogo português.

Era filho de Francesco Saverio Bomtempo, oboísta na Corte de Lisboa, e que veio a ser o seu primeiro professor de Música. Desde cedo iniciou os estudos de música, oboé e contraponto, com seu pai que viera para Portugal no tempo de D. José. Estudou no Seminário Patriarcal, aos 14 anos foi admitido na Irmandade de Santa Cecília como cantor da Capela Real da Bemposta e aos vinte anos tomou o lugar de seu pai, entretanto falecido, na Real Câmara.

Em 1801 o músico decide ir para França, contrariando o costume dos músicos portugueses da época e pôs de lado uma eventual continuação dos seus estudos em Itália. Assim, nesta data, no rescaldo da assinatura do Tratado de Badajoz e com o agravamento das condições políticas e militares, vai para Paris, onde encontra o melhor ambiente para desenvolver a sua vocação musical onde conviveu com o grupo de exilados adeptos das novas correntes filosóficas e políticas, que se reuniam à volta do egrégio poeta Filinto Elísio. Com esta atitude comprometeu a sua carreira no campo operático. Acolhido por este grupo de emigrantes que partilham as suas ideias liberais inicia uma carreira de pianista virtuoso inspirado por Clementi, Cramer, Dussek (músico muito apreciado por Chopin) e outros, ao mesmo tempo que estreia ele mesmo algumas das suas primeiras composições. É dessa época, a Grande Sonata para Piano, dedicada a Sua Alteza Real, a Princesa de Portugal. Op. 1”, o Primeiro Concerto em Mi bemol para Piano e Orquestra, Op. 2, o Segundo Concerto para Piano, Op. 3, as Variações sobre o «Minueto Afandangado», Op. 4 e ainda, Elogio aos Faustíssimos Dias de S. S. D. Carlota Joaquina. Op. 5.
As primeiras obras de Bomtempo são muito apreciados pelos parisienses e prontamente publicadas pelas casas Leduc e Pleyel em Paris. Estas obras têm forte inspiração em Clementi. Quando em 1804 atinge uma fama realmente importante, aparece, entre outros lugares, na Salle Olympique como pianista e compositor.

Entretanto, em Portugal, as tropas de Napoleão sofriam pesadas derrotas infligidas pelo exército luso-inglês e a sua situação em França começou a tornar-se delicada, pelo que vai para Londres em 1810, ano em que a sua 1ª Sinfonia é alvo dos maiores elogios por parte da crítica parisiense. Na capital britânica é uma vez mais bem recebido pela comunidade portuguesa. Também algumas famílias da aristocracia inglesa lhes dão as boas vindas especialmente como professor de piano. É então que se começa a relacionar com alguns dos mais importantes músicos do seu tempo como Muzio Clementi e John Field e é professor da filha de Lady Hamilton.
O contacto com Clementi, a quem o ligavam laços de amizade desde Paris, torna-se mais frequente e é na editora do músico italiano que Bomtempo publicará a maior parte das suas obras. Publica Variações sobre um tema de Paesiello - Nel cor piú non mi sento. Op. 6, o Terceiro Concerto para Piano. Op. 7, o Capricho e Variações sobre o «God Save The King». Op. 8 e Três grandes sonatas para Piano. Op. 9 e muitas outras obras. Dado o perfil das pessoas com que se relaciona é provável que date desta época a sua iniciação na Maçonaria.
Em 13 de maio de 1813, D. Domingos António de Sousa Coutinho, Conde do Funchal, diplomata, ao tempo embaixador de Portugal em Londres, realiza um grande festival com dois propósitos: o de celebrar o aniversário daquele que viria a ser o rei D. João VI e a expulsão do exército francês do território português em consequência da derrota de Massena. Influenciado pela euforia que se instalara após a vitória luso-britânica, João Domingos Bomtempo compõe uma cantata intitulada Hino Lusitano. Op. 10, sobre versos do poeta liberal Dr. Vicente Pedro Nolasco da Cunha. Neste festival apresentou-se perante uma audiência de personalidades que incluía a quase totalidade do Conselho de Ministros britânico. As obras compostas nesse período incluem a Primeira Grande Sinfonia. Op. 11, executada pela primeira vez em Londres em 1810, o Quarto Concerto para Piano. Op. 12, executado pelo autor em Hannover Square, Uma Sonata Fácil para Piano. Op. 13, Grande Fantasia para Piano. Op. 14, que dedica a um ilustre emigrado, liberal e seu particular amigo, Ferreira Pinto, Duas Sonatas e Uma Ária Popular com Variações para Piano - Op. 15 e um Quinteto para Piano - Op. 16.

Em 1815, após o congresso de Viena, regressou a Portugal no contexto de uma Europa pacificada. Nesta sequência compõe A Paz da Europa, Cantata. Op. 17, que teria uma edição em Portugal, em versão reduzida com o título O Anúncio da Paz. Preocupado com o desconhecimento da música instrumental portuguesa do período clássico, uma das ideias que trazia em mente era fundar em Portugal uma sociedade de concertos ao estilo da Philharmonic Society londrina, esta fundada em Londres em 1812. Pretendia deste modo preencher uma grave lacuna na cultura musical portuguesa.
Mas o ambiente que se vivia em Portugal, tornara-se ainda mais difícil do que aquele que deixara em 1801 devido à ingerência inglesa na política portuguesa, à ausência da Corte portuguesa no Brasil e o agravamento da repressão contra a Maçonaria Portuguesa e contra todos os que ousavam defender os princípios liberais do constitucionalismo. Deste modo decide regressar a Londres onde publica Três Sonatas para Piano e Violino. Op. 18 e, Elementos de Música e Método para Tocar Piano Forte. Op. 19 a sua principal obra pedagógica que dedicou à “nação portuguesa”. Além disso compôs ainda, Grande Sonata para Piano. Op. 20, Fantasia e Variações para Piano sobre a Ária de Mozart «Soyez Sensibles». Op. 21, uma Ária da Ópera Alessandro in Efeso composta e arranjada para Piano. Op. 22, uma Valsa e uma Marcha.
Em 1816, passa por Paris e regressa a Lisboa aquando da morte de D. Maria I no Brasil. Em 1817 o General Gomes Freyre é enforcado no Forte de S. Julião da Barra e este ambiente de repressão leva-o a Paris, de novo em 1818, mas também aí a crispação política não propicia às artes. De regresso a Portugal, dedica-se à composição da que é considerada a sua obra-prima, o Requiem Op.23, (À memória de Camões), integrada no mesmo espírito de revivalismo que tinha originado a publicação em França da famosa edição de Os Lusíadas pelo Morgado de Mateus (1817). Este requiem é talvez o mais importante composto entre o Requiem de Mozart (1791) e o de Berlioz (1837).
João Domingos Bomtempo volta a sair do país para, em 9 de março de 1821, apenas alguns meses depois da Revolução de 1820, oferecer ao Soberano Congresso, uma nova missa de homenagem à regeneração política portuguesa. Esta missa foi cantada na Igreja de S. Domingos no dia 28 de março, seguida de um Te Deum mas, realizada a homenagem à nação, Bomtempo pode então assumir o que não podia antes e, compõe uma nova Missa de Requiem, desta vez, à memória de Gomes Freyre de Andrade e aos supliciados de 1817. Agora, já o nome do prestigiado General e grão-mestre da Maçonaria Portuguesa podia ser evocado, sem os riscos que essa atitude comportaria, alguns anos antes.
João Domingos Bomtempo alcançou a estima de D. João VI e dirigiu as exéquias fúnebres de D. Maria I quando os seus restos mortais chegaram a Lisboa. Conseguiu obter as condições que lhe permitiram fundar a ambicionada Sociedade Filarmónica, que iniciou a sua actividade em agosto de 1822 com a realização de concertos periódicos. No entanto, a política interpõe-se uma vez mais no seu caminho, quando a reacção miguelista lhe proíbe a realização dos concertos então levados a palco na Rua Nova do Carmo e mesmo após a sua reabertura - no insuspeito palácio velho do duque de Cadaval, onde é hoje a estação do Rossio – pela influência de alguns fidalgos admiradores de Bomtempo, viu as suas portas serem definitivamente fechadas após os acontecimentos de 1828 (proclamação de D. Miguel-Guerras Liberais), altura em que o Absolutismo volta ao poder. Este foi um período difícil na vida do compositor português, onde até a sua integridade física esteve seriamente ameaçada. Acabou por ter de se refugiar no Consulado da Rússia em Portugal, mantendo-se aí durante cinco anos, até à chegada a Lisboa das forças liberais de D. Pedro.
Com o constitucionalismo, João Domingos Bomtempo pôde retomar a sua actividade artística e é nomeado, por D. Pedro IV, professor da rainha D. Maria II. Em 1835, compõe para celebrar o primeiro aniversário da morte de D. Pedro IV, uma Segunda Sinfonia e um Libera Me. Em 1836, é criado, sob inspiração de Almeida Garrett, o Conservatório Geral de Arte Dramática, sendo entregue a Bomtempo a Direcção da sua Escola de Música, mantendo-se como chefe da Orquestra da Corte e onde acumulou também as funções de professor de piano. Aí pretendeu implantar um novo modelo de pedagogia musical contando para isso com o recurso aos métodos do seu amigo Muzio Clementi, sem dúvida um dos mais notáveis mestres do piano do seu tempo, na altura já falecido. Embora se dedique mais ao ensino, continua a compor até 1842, data em que compõe e dirige uma missa festiva que seria executada, na Igreja dos Caetanos, por professores e alunos do Conservatório. Viria a morrer alguns dias depois, a 18 de agosto de 1842, vítima de uma "apoplexia".
Alguns esforços têm sido feitos para divulgar a música de João Domingos Bomtempo, nomeadamente algumas gravações, mas a grande parte mantém-se desconhecida e inédita. As suas composições compreendem concertos, sonatas, fantasias e variações, compostas para piano-forte, desde sempre o seu instrumento preferido e do qual foi exímio intérprete. Conhecem-se também duas sinfonias, embora se admita a existência de mais cinco, que transmitem de um modo mais flagrante a sua personalidade musical e as suas influências invulgares para compositor ibérico da época, nomeadamente influências germânicas clássicas. São ainda de destacar alguns trabalhos corais-sinfónicos como o já o referido Requiem em memória de Camões e outros e ainda alguns fragmentos a ópera Alessandro in Efeso.
A música de Bomtempo, apesar de revestida de inegável qualidade e de ter alargado o panorama musical português da época, não é vanguardista, sendo mesmo menos moderna que a de Haydn e Mozart e muito menos do que a de Beethoven (seu contemporâneo e compositor de transição clássico-romântico). Por último é importante referir que João Domingos Bomtempo foi sempre defensor dos valores portugueses e na sua obra assumem posição de relevo os valores da liberdade individual e da soberania da nação portuguesa.

Olavo Bilac morreu há 96 anos

Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (Rio de Janeiro, 16 de dezembro de 1865 - Rio de Janeiro, 28 de dezembro de 1918) foi um jornalista e poeta brasileiro, membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Criou a cadeira 15, cujo patrono é Gonçalves Dias.
Conhecido por sua atenção a literatura infantil e, principalmente, pela participação cívica, era republicano e nacionalista; também era defensor do serviço militar obrigatório. Bilac escreveu a letra do Hino à Bandeira e fez oposição ao governo de Floriano Peixoto. Foi membro-fundador da Academia Brasileira de Letras, em 1896. Em 1907, foi eleito "príncipe dos poetas brasileiros", pela revista Fon-Fon. Bilac, autor de alguns dos mais populares poemas brasileiros, é considerado o mais importante de nossos poetas parnasianos. No entanto, para o crítico João Adolfo Hansen, "o mestre do passado, do livro de poesia escrito longe do estéril turbilhão da rua, não será o mesmo mestre do presente, do jornal, a cronicar assuntos quotidianos do Rio, prontinho para intervenções de Agache e a erradicação da plebe rude, expulsa do centro para os morros".

Língua portuguesa

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela…

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O génio sem ventura e o amor sem brilho!

Olavo Bilac

Maurice Ravel morreu há 75 anos!

Joseph-Maurice Ravel (Ciboure, 7 de março de 1875Paris, 28 de dezembro de 1937) foi um compositor e pianista francês, conhecido sobretudo pela subtileza, das suas melodias instrumentais e orquestrais, entre elas, o Bolero, que considerava trivial e descreveu como "uma peça para orquestra sem música".
Começou a manifestar interesse pela música aos 7 anos. Desde então dedicou-se ao estudo do piano, mas só começou a frequentar o Conservatório de Paris aos 14. Posteriormente, em 1895, passou a estudar só e retornou ao Conservatório em 1898, quando estudou composição com Gabriel Fauré. Concorreu no Prix de Rome, mas não foi bem sucedido.
Foi influenciado significativamente por Claude Debussy, mas também por compositores anteriores, como Mozart, Liszt e Strauss, mas logo encontrou seu próprio estilo, que ficou, porém, marcado pelo impressionismo.
É mundialmente conhecido pelo seu Bolero, ainda hoje a obra musical francesa mais tocada no mundo. A composição foi encomendada pela bailarina Ida Rubistein e estreou na Ópera de Paris em 1928.
Faleceu das consequências de um acidente de táxi ocorrido em 1932. Durante o período que precedeu a sua morte, havia perdido parte da sua capacidade de compor devido às lesões cerebrais causadas pelo acidente. A sua inteligência sempre se manteve intacta mas o seu corpo já não respondia adequadamente, por causa de graves problemas motores.

Há 104 anos um sismo (e tsunami) mataram mais de 100.000 ialianos

The 1908 Messina earthquake (also known as the 1908 Messina and Reggio earthquake) and tsunami took some 100,000 to 200,000 lives on December 28, 1908, in Sicily and Calabria, southern Italy.

Corpses of victims of the earthquake in Messina, December 1908

On December 28, 1908 from about 05:20 to 05:21 an earthquake of 7.1 on the moment magnitude scale occurred centered on the of city Messina, in Sicily. Reggio on the Italian mainland also suffered heavy damage. The ground shook for some 30 to 40 seconds, and the destruction was felt within a 300-kilometer (186-mile) radius. Moments after the earthquake, a 12-meter (39-foot) tsunami struck nearby coasts, causing even more devastation; 91% of structures in Messina were destroyed and some 70,000 residents were killed. Rescuers searched through the rubble for weeks, and whole families were still being pulled out alive days later, but thousands remained buried there. Buildings in the area had not been constructed for earthquake resistance, having heavy roofs and vulnerable foundations.

Paul Hindemith morreu há 49 anos

Paul Hindemith (Hanau, Hesse, 16 de novembro de 1895Frankfurt am Main, 28 de dezembro de 1963), foi um compositor, violinista, maestro e professor alemão.

Depois de já ter aprendido violino enquando criança, Hindemith estudou com Arnold Mendelssohn e Bernhard Sekles no Hochsche Konservatorium em Frankfurt am Main.
Em 1922, algumas das suas peças foram ouvidas no festival International Society for Contemporary Music em Salzburgo, o que o fez conquistar a atenção dos públicos internacionais. Posteriormente colaborou com vários compositores avant garde, incluindo Anton Webern e Arnold Schoenberg, tendo feito várias digressões, tocando violino como solista, pelos Estados Unidos da América no final da década de 1930.
Apesar dos protestos do maestro Wilhelm Furtwängler, a sua música foi definida como "degenerada" pelos nazis e, em 1940, emigrou para os Estados Unidos da América, onde lecionou na Universidade de Yale, tendo alunos como Lukas Foss, Norman Dello Joio, Harold Shapero e Ruth Schonthal. Adquiriu a cidadania norte-americana em 1946, mas regressou à Europa em 1953, vivendo em Zurique e lecionando na universidade local.
No final da sua vida começou a dirigir mais. Ganhou o Prémio Balzan em 1962 tendo falecido no ano seguinte, de pancreatite aguda.