segunda-feira, novembro 26, 2012

Charles M. Schulz, o pai de Snoopy e de Charlie Brown, nasceu há 90 anos

Charles Monroe Schulz (Mineápolis, 26 de novembro de 1922 - Santa Rosa, 12 de fevereiro de 2000) foi um cartoonista americano, criador da série Peanuts e dos personagens Charlie Brown e seu cão da raça Beagle chamado Snoopy, entre outros.
Iniciou a série de desenhos do Snoopy (Peanuts) em 2 de outubro de 1950 e desenhou-os mais de 50 anos, até se aposentar, por causa de doença, em 14 de dezembro de 1999. Schulz faleceu em 12 de fevereiro de 2000, vitimado por um ataque cardíaco às 21.45 horas, com 77 anos. A sua última tira de banda desenhada foi publicada um dia depois, 13 de fevereiro, em que se despedia de seus fãs e dos seus personagens queridos.

Mário Cesariny morreu há 6 anos

Mário Cesariny de Vasconcelos (Lisboa, 9 de agosto de 1923 - Lisboa, 26 de novembro de 2006) foi pintor e poeta, considerado o principal representante do surrealismo português. É de destacar também o seu trabalho de antologista, compilador e historiador (polémico) das actividades surrealistas em Portugal.

Mário Cesariny de Vasconcelos nasceu, por acaso, na Vila Edith, na Estrada da Damaia, em Benfica, onde os pais estavam a passar férias. Último filho (três irmãs mais velhas) de Viriato de Vasconcelos, natural de Tondela, Tondela, e de sua mulher María de las Mercedes Cesariny (de ascendência paterna corsa e materna espanhola), natural de Paris. O pai, com uma personalidade dominadora e pragmática, era empresário ourives, com loja e oficina na rua da Palma, na freguesia de Santa Justa, em plena baixa lisboeta.
Depois da escola primária, o jovem Mário frequentou durante um ano o Liceu Gil Vicente, após o que o pai (que o queria ourives) o mudou para um curso de cinzelagem na Escola de Artes Decorativas António Arroio (onde conheceu Artur do Cruzeiro Seixas e Fernando José Francisco), que completou. Depois, como não lhe agradasse o trabalho de ourives, frequentou um curso de habilitação às Belas-Artes. Também estudou música, gratuitamente, com o compositor Fernando Lopes Graça. Cesariny era um talentoso pianista, mas o pai, enfurecido, proibiu-o de continuar esses estudos. Entretanto, no final da adolescência, Cesariny e os amigos frequentam várias tertúlias nos cafés de Lisboa e descobrem o neo-realismo e depois o surrealismo.
Em 1947, Cesariny viaja até Paris onde frequenta a Académie de la Grande Chaumière e conhece André Breton, cuja influência o leva a participar na criação, no mesmo ano, do Grupo Surrealista de Lisboa, juntamente com figuras como António Pedro, José Augusto França, Cândido Costa Pinto, Vespeira, Moniz Pereira e Alexandre O´Neill, que reuniam na Pastelaria Mexicana. Este grupo surgiu como forma de protesto libertário contra o regime salazarista e contra o neo-realismo, dominado pelo Partido Comunista Português, de tendência estalinista. Mais tarde, funda o antigrupo (dissidente) Os Surrealistas do qual fazem parte entre outros os seguintes autores António Maria Lisboa, Risques Pereira, Artur do Cruzeiro Seixas, Pedro Oom, Fernando José Francisco e Mário-Henrique Leiria.
É nesta altura também que Viriato, seu pai, abandona a família para se fixar no Brasil com uma amante. Isto faz com que Mário se aproxime mais de sua mãe e, da sua irmã Henriette.
Na década de 1950, Cesariny dedica-se à pintura, mas também, e sobretudo, à poesia, que escreve nos cafés. O seu editor é Luiz Pacheco, com quem mais tarde (nos anos 1970) se incompatibilizaria por completo. É também durante esse período que começa a ser incomodado e a ser vigiado pela Polícia Judiciária, por "suspeita de vagabundagem", obrigado a humilhantes apresentações e interrogatórios regulares, devido à sua homossexualidade, que vivencia diariamente, de modo franco e destemido. Só a partir de 25 de Abril de 1974 deixará de ser perseguido e atormentado pela polícia.
Cesariny vivia com dificuldades financeiras, ajudado pela família. Apesar da excelência da sua escrita, esta não o sustentava financeiramente e Cesariny, a partir de meados dos anos 1960, acabaria por se dedicar por inteiro à pintura, como modo de subsistência.
A partir da década de 1980, a obra poética de Cesariny é reeditada pelo editor Manuel Hermínio Monteiro e redescoberta por uma nova geração de leitores.
Nos últimos anos da sua vida, Cesariny viveu com a sua irmã mais velha, Henriette (falecida em 2004). Ao contrário do que acontecia anteriormente, abriu-se aos meios de comunicação dando frequentes entrevistas e falando sobre a sua vida íntima. Em 2004, Miguel Gonçalves Mendes realizou o documentário Autografia, filme intenso e comovente onde Cesariny se expõe e revela de modo total.
Mário Cesariny morreu em 26 de Novembro de 2006, às 22.30 horas, de cancro da próstata, de que sofria havia anos. Doou em vida o seu espólio à Fundação Cupertino de Miranda e, por testamento, deixou um milhão de euros à Casa Pia.

Mário Cesariny adopta uma atitude estética de constante experimentação nas suas obras e pratica uma técnica de escrita e de (des)pintura amplamente divulgada entre os surrealistas. A sua poesia é animada por um sentido de contestação a comportamentos e princípios institucionalizados ou considerados normais nos campos do pensamento e dos costumes. Ao recorrer a processos tipicamente surrealistas (enumerações caóticas, utilização sistemática do sem-sentido ou do humor negro, formas paródicas, trocadilhos e outros jogos verbais, automatismo, etc.) alcança uma linguagem que sabe encontrar o equilíbrio entre o quotidiano e o insólito. Introduz também a técnica designada “cadáver esquisito”, que consiste na construção de uma obra por três ou quatro pessoas, num trabalho em cadeia criativa em que cada um dá continuidade, em tempo real, à criatividade do anterior, conhecendo apenas parte do que este fez.
Nos últimos anos de vida, desenvolveu uma frenética actividade de transformação e reabilitação do real quotidiano, da qual nasceram muitas colagens com pinturas, objectos, instalações e outras fantasias materiais.
Sobre as sessões para que o convidavam e em que o aplaudiam, o poeta comentava: Estou num pedestal muito alto, batem palmas e depois deixam-me ir sozinho para casa. Isto é a glória literária à portuguesa.



Dorme Meu Filho

Dorme meu filho
dezenas de mãos femininas trabalham
a atmosfera
onde os namorados pensam
cartazes simples
um por exemplo
minúsculo crustáceo denominado ciclope
por baixo da pele ou entre os músculos

Dorme meu filho
o amor
será
uma arma esquecida
um pano qualquer como um lenço
sobre o gelo das ruas

in Pena Capital (1957) - Mário Cesariny

domingo, novembro 25, 2012

O Papa João XXIII nasceu há 131 anos

O Beato Papa João XXIII, OFS, nascido Angelo Giuseppe Roncalli (Sotto Il Monte, 25 de novembro de 1881 - Vaticano, 3 de junho de 1963) foi Papa e líder mundial da Igreja Católica Apostólica Romana e Soberano da Cidade do Vaticano de 28 de outubro de 1958 até à data da sua morte. Pertencia à Ordem Franciscana Secular (OFS) e escolheu como lema papal: Obediência e Paz.
Sendo um sacerdote católico desde 1904, ele iniciou a sua vida sacerdotal em Itália, onde foi secretário particular do bispo de Bérgamo D. Giacomo Radini-Tedeschi (1905-1914), professor do Seminário de Bérgamo e estudioso da vida e obra de São Carlos Borromeu, capelão militar do Exército italiano durante a Primeira Guerra Mundial e presidente italiano do "Conselho das Obras Pontifícias para a Propagação da Fé" (1921-1925). Em 1925, sendo já um arcebispo-titular, iniciou-se a sua longa carreira diplomática, onde o levou à Bulgária como visitador apostólico (1925-1935), à Grécia e Turquia como delegado apostólico (1935-1944) e à França como núncio apostólico (1944-1953). Em todos estes países, ele destacou-se pela sua enorme capacidade conciliadora, pela sua maneira simples e sincera de diálogo, pelo seu empenho ecuménico e pela sua bondade corajosa em salvar judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1953, foi nomeado cardeal e Patriarca de Veneza.

Foi eleito Papa no dia 28 de outubro de 1958. Considerado inicialmente um Papa de transição, depois do longo pontificado de Pio XII, ele convocou, para surpresa de muitos, o Concílio Vaticano II, que visava à renovação da Igreja e à formulação de uma nova forma de explicar pastoralmente a doutrina católica ao mundo moderno. No seu curto pontificado de cinco anos escreveu oito encíclicas, sendo as principais a Mater et Magistra (Mãe e Mestra) e a Pacem in Terris (Paz na Terra).
Devido à sua bondade, simpatia, sorriso, jovialidade e simplicidade, João XXIII era aclamado e elogiado mundialmente como o "Papa bom" ou o "Papa da bondade". Ele foi declarado Beato pelo Papa João Paulo II no dia 3 de Setembro de 2000.  É considerado o patrono dos delegados pontifícios e a sua festa litúrgica é celebrada no dia 11 de outubro.

Porque hoje é o Dia Internacional da Eliminação da Violência contra a Mulher

(imagem daqui)

Patria Mercedes Mirabal (27 de fevereiro de 1924 - 25 de novembro de 1960), Minerva Argentina Mirabal (12 de março de 1926 - 25 de novembro de 1960) e Antonia María Teresa Mirabal (15 de outubro de 1936 - 25 de novembro de 1960) foram dominicanas que se opuseram à ditadura de Rafael Leónidas Trujillo e foram por isso assassinadas.
As irmãs Mirabal cresceram em uma zona rural, no município de Salcedo (hoje província). Quando Trujillo chegou ao poder, a família das irmãs perdeu a casa e todo o seu dinheiro. As irmãs acreditavam que Trujillo levaria o país ao caos económico e, então, formaram um grupo de oposição ao regime se tornando conhecidas como Las Mariposas.
Foram presas e torturadas várias vezes. Apesar disso, continuaram na luta contra a ditadura. Trujillo decidiu acabar com Las Mariposas em 25 de novembro de 1960, enviando homens para interceptar as três mulheres quando iam visitar os seus maridos na prisão. Las Mariposas foram apanhadas desarmadas e levadas para uma plantação de cana-de-açúcar, onde foram apunhaladas e estranguladas.
Trujillo acreditou que havia eliminado um grande problema, mas o assassinato teve péssima repercussão. A morte de Las Mariposas causou grande comoção na República Dominicana e levou o povo dominicano a ficar cada vez mais inclinado a apoiar os ideais de Las Mariposas. Esta reação contribuiu no despertar da consciência do povo, e culminou no assassinato de Trujillo em maio de 1961.
No Primeiro Encontro Feminista Latino-Americano e Caribenho de 1981, realizado em Bogotá, Colômbia, a data do assassinato das irmãs foi proposta pelas feministas para ser o dia Latino-Americano e Caribenho de luta contra a violência à mulher.
Em 17 de dezembro de 1999, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou que 25 de novembro é o Dia Internacional da Eliminação da Violência contra a Mulher, em homenagem ao sacrifício de Las Mariposas.
Em 1995, a escritora dominicana Julia Álvarez publicou o livro No Tempo das Borboletas, baseada na vida de Las Mariposas, e que em 2001 se tornou um filme. A sua história é também recordada no livro A Festa do Bode, do peruano Mario Vargas Llosa.

Há 37 anos o país tornou-se uma democracia ocidental

(imagem daqui)

"Após um Verão Quente de disputa entre forças revolucionárias e forças moderadas, pela ocupação do poder, civis e militares chegaram ao Outono a contar espingardas. O confronto tantas vezes anunciado pareceu por fim inevitável, quando, na madrugada de 25 de novembro, tropas pára-quedistas ocupam diversas bases aéreas, na expectativa de receber apoio do COPCON. Mas um grupo operacional de militares, chefiado por Ramalho Eanes, liquidou a revolta no ovo, substituindo o PREC - "Processo Revolucionário em Curso" pelo "Processo Constitucional em Curso".

Contexto histórico
Após o 25 de abril de 1974 tem-se como objectivo a implantação em Portugal de um regime democrático, tal ocorre com a entrada em vigor da nova Constituição a 25 de Abril de 1976, o caminho para esse objectivo é discordante entre as diversas facções partidárias e movimentos sociais e políticos que aparecem após a Revolução dos Cravos.
Algumas agarram-se ao PREC - "Processo Revolucionário em Curso", nomeadamente as coladas à extrema-esquerda parlamentar constitucional, formada pelo MDP/CDE - Movimento Democrático Português - Comissão Democrática Eleitoral e a UDP União Democrática Popular e de vez em quando aliadas ao PCP - Partido Comunista Português (ver: Frente de Unidade Revolucionária) todas visavam a implantação de uma República popular, estas forças detinham em conjunto com o PCP 36 dos 250 Deputados Constituintes.
Por oposição outras mais moderadas que detinham uma ampla maioria dentro da Assembleia Constituinte, (214 dos 250 Deputados Constituintes), constituída por PS - Partido Socialista, PPD - Partido Popular Democrata e CDS - Centro Democrático Social, defendem a implantação de uma Democracia constitucional de cariz semi-presidencialista.

Antecedentes
O Partido Socialista ganha as eleições de 1975 para a Assembleia Constituinte, as primeiras eleições livres dos últimos 50 anos e com uma participação eleitoral excepcional e sem incidentes de maior, dando a este 38% e 116 eleitos, o Partido Popular Democrata - PPD obtém 26,5% e 81 eleitos, o Partido Comunista Português obtém 12,5% e 30 eleitos, o CDS - Centro Democrático Social obtêm 7,6% e e 16 eleitos, MDP/CDE - Movimento Democrático Português - Comissão Democrática Eleitoral obtêm 4,14% e 5 eleitos, UDP União Democrática Popular obtém 0,79% e 1 eleito e a Associação para a Defesa dos Interesses de Macau (ADIM; representava os interesses de Macau e estava conotada com o CDS) obtém 0,3% e 1 eleito.
Uma manifestação de trabalhadores da construção civil, realizada a 11 de novembro cerca a Assembleia Constituinte, impedindo a saída dos deputados constituintes e do Primeiro-Ministro do Palácio de S. Bento, após 36 horas e no dia 13 de novembro o almirante Pinheiro de Azevedo é obrigado a ceder às reivindicações dos operários que exigiam aumentos salariais.
Em 16 de novembro é realizada uma manifestação de trabalhadores da cintura industrial de Lisboa e das Unidades Colectivas de Produção alentejanas no Terreiro do Paço, em Lisboa, de apoio ao "Poder Popular", nesse dia vários dirigentes e deputados do PS, PPD e CDS estão no Porto, correndo rumores que a Assembleia Constituinte pode vir a ser transferida para aquela cidade.
O VI Governo Provisório, no dia 20 de novembro, auto-suspende-se enquanto não lhe forem dadas garantias para poder governar, nesse dia é realizada uma manifestação em frente ao Palácio de Belém a favor do "Poder Popular", Costa Gomes fala com os manifestantes, afirmando ser indispensável evitar uma guerra civil.
No dia 21 de novembro, o Conselho da Revolução destitui o general Otelo Saraiva de Carvalho do comando da Região Militar de Lisboa e substitui-o pelo capitão Ramalho Eanes ligado à linha moderada, dois dias depois é realizado em Lisboa um comício do PS, em apoio ao VI Governo Provisório, na Alameda D. Afonso Henriques, o mesmo conta com milhares de pessoas, no dia seguinte em 24 de novembro, os agricultores de Rio Maior, conotados com a direita, cortam as estradas de acesso a Lisboa.


Golpe militar de 25 de novembro

  • na sequência de uma decisão do General Morais da Silva, Chefe do Estado Maior das Forças Armadas, que dias antes tinha mandado passar à disponibilidade cerca de 1000 camaradas de armas de Tancos, pára-quedistas da Base Escola de Tancos ocupam o Comando da Região Aérea de Monsanto, Escola Militar da Força Aérea e mais cinco bases aéreas e detêm o general Pinho Freire e exigem a demissão de Morais da Silva;
  • este actos são considerados pelos militares ligados ao Grupo dos Nove como o indício de que poderia estar em preparação um golpe de estado vindo de sectores mais radicais, da esquerda. Esses militares apoiados pelos partidos políticos moderados como PS e o PPD e depois do Presidente da República, General Francisco da Costa Gomes ter obtido por parte do PCP a confirmação de que não convocaria os seus militantes e apoiantes para qualquer acção de rua, decidem então intervir militarmente para controlar o país;
  • o Regimento de Artilharia de Lisboa (RALIS), conotados com os moderados, toma posições no aeroporto de Lisboa, portagem de Lisboa A1 e Depósito de Material de Guerra de Beirolas;
  • forças da Escola Prática de Administração Militar ocupam a RTP e a PM controla a Emissora Nacional, ambos os grupos são conotados com forças políticas de esquerda revolucionária.
  • uma força do Regimento de Comandos da Amadora, conotados com os moderados, cerca o Emissor de Monsanto, ocupado pelos Para-quedistas, e a emissão da RTP é transferida para o Porto;
  • Mário Soares, Jorge Campinos e Mário Sottomayor Cardia, da Comissão Permanente do PS e temendo pela vida, saem clandestinamente de Lisboa, na tarde do dia 25, e seguem para o Porto, onde se apresentam no Quartel da Região Norte, a Pires Veloso e José Lemos Ferreira;
  • O Presidente da República decreta o estado de sitio na área da Região Militar de Lisboa, e teve um papel determinante na contenção dos extremos;
  • Ramalho Eanes, adjunto de Vasco Lourenço, ilude pressões dos militares da extrema-direita que o incitam a mandar bombardear unidades, Vasco Lourenço dá voz de prisão a Diniz de Almeida, Campos Andrada, Cuco Rosa e Mário Tomé, todos militares conotados forças políticas de esquerda revolucionária, sendo ultimo inclusivamente filiado na UDP;
  • o "Grupo dos Nove" e os seus aliados controlam a situação.
  • os Comandos da Amadora, ligados aos moderados, atacam o Regimento da Polícia Militar da Ajuda, unidade militar tida como próxima das forças políticas de esquerda revolucionária, após a rendição o resultado são 3 mortos para de ambos os lados;
  • prisões dos militares revoltosos;
  • forças das Regiões Militares do Norte e Centro deslocam-se para Lisboa;
  • Melo Antunes declara na RTP que o PCP: "é indispensável à democracia". Afastando as veleidades da direita saudosista, que tendo um plano de tomada de poder se colou ao "Grupo dos Nove".
  • os Generais Carlos Fabião e Otelo Saraiva de Carvalho são destituídos, respectivamente, dos cargos de Chefe de Estado Maior do Exército e de Comandante do COPCON;
  • o General António Ramalho Eanes é o novo Chefe de Estado Maior do Exército, o COPCON é integrado no Estado Maior Geral das Forças Armadas.
  • por decisão do Conselho de Ministros a Rádio Renascença é devolvida à Igreja Católica;
  • são enviadas para a prisão de Custóias algumas dezenas de militares detidos na sequência dos acontecimentos do 25 de novembro;
  • Costa Gomes, Presidente da República, decreta o estado de sítio parcial na região abrangida pela Região Militar de Lisboa.
Acalmia
A 28 de novembro, o VI Governo Provisório retoma as suas funções e é suspensa a publicação dos jornais estatizados, no dia seguinte em conferência de imprensa, Sá Carneiro acusa o PCP de ser responsável pela insubordinação militar verificada, o PS tem idêntica atitude.
É levantado o estado de sítio em Lisboa a 1 de dezembro, no dia seguinte, na Assembleia Constituinte PS, PPD e CDS acusam o PCP de estar envolvido nos acontecimentos de 25 de novembro.
Em conferência de imprensa, a 4 de dezembro, Mário Soares acusa o PCP de ter participado activamente no 25 de novembro, utilizando a extrema-esquerda como ponta-de-lança e critica o PPD por "anti-comunismo retrógrado" ao pretender o afastamento do PCP, como condição da sua permanência no Governo.
O PCP realiza, em 7 de dezembro, um comício no Campo Pequeno, onde Álvaro Cunhal reconhece a derrota sofrida pela esquerda revolucionária, e apela à "unidade das forças interessadas na salvaguarda das liberdades, da democracia e da revolução".
A 1 de janeiro de 1976 a PSP intervém, junto à prisão de Custóias, para dispersar a manifestação de solidariedade com os militares presos após o 25 de Novembro de que resultam três mortos e seis feridos.
É preso, em 19 de janeiro, Otelo Saraiva de Carvalho, após a divulgação do Relatório Preliminar dos acontecimentos de 25 de novembro, alegadamente este estaria implicado no possível golpe militar de esquerda.
É realizada uma grande manifestação popular, no dia 20 de fevereiro, em Lisboa pela libertação dos militares presos em consequência dos acontecimentos de 25 de Novembro.
No dia 3 de março de 1976, Otelo Saraiva de Carvalho, é libertado e passa ao regime de residência fixa.

Uma notícia interessante, no dia em que passam 45 anos sobre a mais mortal cheia de sempre em Portugal

Chuvas mataram 1310 portugueses nos últimos 150 anos

Milhares de notícias sobre desastres naturais no país foram analisadas por investigadores. O resultado pode ajudar a elaborar planos de prevenção ou de ordenamento.

Mais de 1900 ocorrências, 1310 mortos, quase 42 mil desalojados. Este é a nova contabilidade das catástrofes naturais causadas pela chuva em Portugal nos últimos 150 anos, segundo os resultados de um projecto que será apresentado na segunda-feira, em Lisboa. É o retrato até agora mais sistematizado das cheias e deslizamentos de terra no país.

Durante dois anos, investigadores de três universidades – de Lisboa, de Coimbra e do Porto – debruçaram-se sobre milhares de notícias sobre desastres naturais. Nada menos do que 145.000 exemplares de jornais, de 1865 a 2010, foram lidos, à procura de episódios que tenham causado algum tipo de vítima – mortos, desaparecidos, feridos ou desalojados.

O resultado é uma base de dados com 1903 ocorrências relacionadas com chuvas – 1622 cheias e 281 deslizamentos de terras – que será disponibilizada publicamente até ao final do ano. Não estão incluídos desastres causados pelo vento.

“Em Portugal, a informação relativamente a catástrofes está mal organizada”, afirma José Luís Zêzere, do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa e coordenador do projecto Disaster.

A fonte mais utilizada a nível internacional sobre desastres naturais, a base de dados EM-DAT, da Universidade Católica de Lovaina (Bélgica), tem grandes falhas sobre Portugal. Há 14 registos de cheias e deslizamentos desde 1900, somando 610 mortos. Seguindo os mesmos critérios da EM-DAT – que considera apenas eventos com pelo menos dez mortos, 100 afectados, declaração de estado de emergência ou pedido de auxílio internacional – o projecto Disaster encontrou 57 ocorrências, com 894 mortos.

O pior ano desde 1865, em número de casos (77), foi 1909. Foi o ano em que o Douro chegou a menos de um metro do tabuleiro inferior da Ponte D. Luís I, depois de subir assustadoramente entre 17 e 25 de Dezembro.

Os casos mais dramáticos ocorreram, porém, em 1967, nas cheias na região de Lisboa. Foi um episódio instantâneo, causado por forte chuva, concentrada em pouco tempo, na madrugada do dia 26 de novembro, há exactamente 45 anos. A contabilidade oficial é de 449 mortos.

Só as cheias causaram, no território continental, 1071 mortos desde 1865. Os deslizamentos de terra fizeram 281 vítimas mortais. A base de dados não inclui por ora as regiões autónomas, palco de episódios dramáticos, como os aluimentos que mataram 29 pessoas na Ribeira Quente, nos Açores, em 1997, ou as enxurradas de 2010 na Madeira, com 40 mortos.

Lisboa e Coimbra são os concelhos com mais cheias e inundações registadas pelo projecto Disaster – 133 e 129. Mas onde morreram mais pessoas foi na zona de Loures, o epicentro do drama de 1967. Só no actual concelho de Odivelas, que na altura pertencia a Loures, há registo de 96 mortos e 1057 desalojados na base de dados Disaster.

O mapa das cheias ao longo do tempo mostra padrões diferentes. Para algumas décadas, sobressaem os episódios concentrados ao longo dos grandes rios. São tipicamente cheias de Inverno, causadas após muito tempo de chuva – como as do Tejo, Douro e Mondego. Noutras, há muitas ocorrências aglomeradas numa área muito restrita – como a região de Lisboa, entre 1960 e 1970.

Nos últimos anos, há uma maior dispersão. “Começámos a ter ocorrências onde antes não tínhamos”, diz José Luís Zêzere. “Isto pode indicar que os erros de ordenamento do território, que ocorreram mais cedo nas áreas metropolitanas, estão a chegar a outros lados”, especula o investigador, dizendo, porém, que é cedo para se tirarem conclusões.

Há diferentes equipas a trabalhar agora os dados iniciais do projecto Disaster. Investigadores do Instituto Dom Luiz, da Universidade de Lisboa, estão a cruzar as ocorrências com os registos meteorológicos do passado.

Uma das conclusões a que já se chegou no projecto é a de que o período em que houve mais desastres foi entre 1935 e 1969. É uma aparente contradição com a expectativa de que, com o aumento da temperatura média no país, os episódios meteorológicos extremos fossem mais numerosos. José Luís Zêzere chama a atenção, no entanto, para a variabilidade natural do clima e para o facto de mais da metade (6 em 11) dos anos com mais de 40 ocorrências se concentrarem desde 1978 até ao presente. “Não são os maiores picos, mas são picos mais frequentes”, afirma.

A forma como os jornais tratam estes episódios também está a ser matéria de investigação, pelo Centro de Estudos Sociais, da Universidade de Coimbra. Uma das conclusões preliminares é que tais temas ocupam cada vez mais espaço nas páginas da imprensa.

O projecto Disaster vai disponibilizar dados individuais para cada concelho, em fichas com a localização das catástrofes. Pode ser um contributo para a elaboração de planos de prevenção ou de ordenamento, segundo Zêzere.

Um dado importante: em meia centena de concelhos não se registou uma única cheia ou deslizamento de terra relevante em 150 anos. Cada um terá as suas razões. Algumas zonas urbanas históricas, como Óbidos, terão beneficiado do facto de terem crescido sobretudo intramuros. “Não se expandiram para zonas de risco”, conclui José Luís Zêzere.


NOTA: a nova versão do Público online está muito interessante - nesta notícia há uma componente multimédia web 2.0 (ver AQUI) muito boa: mostra, decénio a decénio, os locais dos eventos (deslizamentos e cheias) em Portugal Continental, com os respetivos números de mortos, feridos e desalojados. Esperamos que a versão final do projeto esteja rapidamente disponível (e que inclua as região autónomas...) para vermos o que foi esquecido neste levantamento (v.g., no município de Leiria, em 2001, houve um deslizamento, em Opeia, que afetou uma área considerável - um dos maiores de sempre do país e que não foi noticiado em nenhum jornal - há só um acervo fotográfico do mesmo, meu e de mais duas ou três pessoas, sobre este). Sobre as cheias de 25 de novembro de 1967, em que provavelmente morreram mais de 500 pessoas (Salazar encarregou-se de que não se soubesse o número final de vítimas mortais...) sugere-se os seguintes links: 1, 2, 3, 4 e 5.

sábado, novembro 24, 2012

Porque hoje foi o Dia Nacional da Cultura Científica

(imagem daqui)

Rómulo Vasco da Gama de Carvalho (Lisboa, 24 de novembro de 1906 - Lisboa, 19 de fevereiro de 1997), português, foi um químico, professor de Físico-Química do ensino secundário no Liceu Pedro Nunes e Liceu Camões, pedagogo, investigador de História da ciência em Portugal, divulgador da ciência, e poeta sob o pseudónimo de António Gedeão. Pedra Filosofal e Lágrima de Preta são dois dos seus mais célebres poemas.

Sócio efectivo da Academia das Ciências de Lisboa e Director do Museu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa, o dia do seu nascimento foi, em 1997, escolhido em Portugal como Dia Nacional da Cultura Científica.


Homem

Inútil definir este animal aflito,
Nem palavras,
nem cinzéis,
nem acordes,
nem pincéis
são gargantas deste grito.
Universo em expansão.
Pincelada de zarcão
Desde mais infinito a menos infinito.

in
Movimento Perpétuo (1956) - António Gedeão

Este é um dia importante para a Pintura: Diego Rivera morreu há 55 anos

Diego Rivera, de nome completo Diego María de la Concepción Juan Nepomuceno Estanislao de la Rivera y Barrientos Acosta y Rodríguez (Guanajuato, 8 de dezembro de 1886 - San Ángel, Cidade do México, 24 de novembro de 1957), de origem judaica, foi um dos maiores pintores mexicanos.

Desde criança sempre quis ser pintor e todos percebiam ter talento para isso. Ao chegar a adulto, após estudar pintura na adolescência, participou da Academia de San Pedro Alvez, na Cidade do México, partindo para a Europa, beneficiado por uma bolsa de estudos, onde ficou de 1907 até 1921. Esta experiência enriqueceu-o muito em termos artísticos, pois teve contacto com vários pintores da época, como Pablo Picasso, Salvador Dalí, Juan Miró e o arquiteto catalão Antoni Gaudí, que influenciaram a sua obra. Nesta época começou a trabalhar num ateliê em Madri, Barcelona.
Acreditava que somente o mural poderia redimir artisticamente um povo que esquecera a grandeza de sua civilização pré-colombiana durante séculos de opressão estrangeira e de espoliação por parte das oligarquias nacionais, culturalmente voltadas para a metrópole espanhola. Assim como os outros muralistas, considerava a pintura de cavalete burguesa, pois na maior parte dos casos as telas ficavam confinadas em coleções particulares. Dentro deste conceito, realizou gigantescos murais que contavam a historia política e social do México, mostrando a vida e o trabalho do povo mexicano, seus heróis, a terra, as lutas contra as injustiças, as inspirações e aspirações.
Em 1930 Rivera foi para os Estados Unidos, onde permaneceu por 4 anos, pintando vários murais, inclusive no Rockfeller Center, em Nova York.
Rivera era ateu e enfrentou grandes problemas por isso, sofendo muitos preconceitos. O seu mural "Sonho de uma tarde dominical na Alameda Central" retratava Ignacio Ramírez segurando um cartaz que dizia: "Deus não existe". Este trabalho causou indignação, mas Rivera recusou-se a retirar a inscrição. A pintura não foi exposta durante nove anos. Depois de Rivera concordar em retirar a inscrição, ele declarou: "Para afirmar 'Deus não existe', eu não tenho que me esconder atrás de Don Ignacio Ramírez; eu sou ateu e considero as religiões uma forma de neurose coletiva".

Foi casado quatro vezes. A sua primeira esposa foi a pintora russa Angellina Belwoff. Com ela, Diego teve um menino. Após anos de casados Diego entra em depressão ao ficar viúvo. Casou em seguida com Guadalupe Marín, de quem teve duas filhas. Além da terceira esposa , a famosa Frida Kahlo, casou, depois da morte desta com Emma Hurtado.
Conhecido por ter sido muito mulherengo, tenve diversas amantes. Em 1929 casou-se pela terceira vez com a pintora mexicana Frida Kahlo, com quem teve uma relação muito conturbada, por causa das mútuas infidelidades. Frida era bissexual e ele aceitava a esposa ter relacionamentos com outras mulheres, mas não aceitava com outros homens, mas a esposa não o obedecia, tendo o traído com diversos homens, inclusive com um melhor amigo seu. Diego também a traía com muitas amantes, que viviam infernizando o casal, já que as amantes queriam se tornar esposas. O casamento era cheio de brigas e confusões, também pelo fato de Rivera querer filhos e Frida ter sofrido muitos abortos, filhos dele, e não conseguir engravidar mais.
Envolveu-se com sua cunhada, Cristina, e tornou-se amante dela. Ficaram muitos anos juntos e tiveram seis filhos. Frida apanhou-os em flagrnte na cama, tendo um ataque histérico e cortando os próprios cabelos. Como vingança, a esposa passou a atormentá-lo, passando a persegui-lo e a odiar a irmã, e acabaram por se separar. Rivera, muito abalado com tudo, abandonou os filhos e Cristina, que foi embora. Rivera acabou indo atrás de Frida, mas não tendo sucesso na reconquista. Essa traição com a própria irmã da esposa piorou as disputas dos dois, já que passaram a ser inimigos mesmo não estando mais juntos. Rivera continuou com sua vida de antes, muitas bebidas e amantes, inclusive saía com prostitutas, mas pensando em Frida. Após um tempo separados, Frida e Rivera reconciliaram-se, mas cada um morando nas suas respectivas casas. Rivera voltou a traí-la, e Frida não aguentava mais, e voltou a tentar o suicídio por diversas vezes e as amantes de Rivera passaram a ameaçar Frida de morte.
Em 1954 ficou viúvo pela segunda vez. Frida tivera diversas doenças ao longo de sua vida, até que veio a falecer de pneumonia (não se descartando a possibilidade de ter causando a sua própria morte através de uma overdose de remédios ou de alguma amante de Rivera tê-la envenenado).
Depois da morte de Frida Kahlo, em junho de 1954, casou-se em 1955 com Emma Hurtado e viajou com ela para a União Soviética, para ser operado. Faleceu a 24 de novembro de 1957 em San Ángel, Cidade do México, na sua casa estúdio, atualmente conhecida como Museu Casa Estúdio Diego Rivera e Frida Kahlo e os seus restos mortais foram colocados na Rotunda das Pessoas Ilustres, contrariando a sua última vontade.


Mural em Acapulco, realizado por Diego Rivera

O poeta brasileiro Cruz e Sousa, o Dante Negro, nasceu há 151 anos

Alcunhado de Dante Negro e Cisne Negro, foi um dos precursores do simbolismo no Brasil.

Filho dos negros alforriados Guilherme da Cruz, mestre-pedreiro, e Carolina Eva da Conceição, João da Cruz desde pequeno recebeu a tutela e uma educação refinada de seu ex-senhor, o Marechal Guilherme Xavier de Sousa - de quem adotou o nome de família, Sousa. A esposa de Guilherme Xavier de Sousa, Dona Clarinda Fagundes Xavier de Sousa, não tinha filhos, e passou a proteger e cuidar da educação de João. Aprendeu francês, latim e grego, além de ter sido discípulo do alemão Fritz Müller, com quem aprendeu Matemática e Ciências Naturais.
Em 1881, dirigiu o jornal Tribuna Popular, no qual combateu a escravidão e o preconceito racial. Em 1883, foi recusado como promotor de Laguna por ser negro. Em 1885 lançou o primeiro livro, Tropos e Fantasias em parceria com Virgílio Várzea. Cinco anos depois foi para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como arquivista na Estrada de Ferro Central do Brasil, colaborando também com o jornal Folha Popular. Em fevereiro de 1893, publica Missal (prosa poética baudelairiana) e em agosto, Broquéis (poesia), dando início ao Simbolismo no Brasil que se estende até 1922. Em novembro desse mesmo ano casou-se com Gavita Gonçalves, também negra, com quem teve quatro filhos, todos mortos prematuramente por tuberculose, levando-a à loucura.


Tristeza do Infinito

Anda em mim, soturnamente,
uma tristeza ociosa,
sem objetivo, latente,
vaga, indecisa, medrosa.
Como ave torva e sem rumo,
ondula, vagueia, oscila
e sobe em nuvens de fumo
e na minh'alma se asila.

Uma tristeza que eu, mudo,
fico nela meditando
e meditando, por tudo
e em toda a parte sonhando.

Tristeza de não sei donde,
de não sei quando nem como...
flor mortal, que dentro esconde
sementes de um mago pomo.

Dessas tristezas incertas,
esparsas, indefinidas...
como almas vagas, desertas
no rumo eterno das vidas.

Tristeza sem causa forte,
diversa de outras tristezas,
nem da vida nem da morte
gerada nas correntezas...

Tristeza de outros espaços,
de outros céus, de outras esferas,
de outros límpidos abraços,
de outras castas primaveras.

Dessas tristezas que vagam
com volúpias tão sombrias
que as nossas almas alagam
de estranhas melancolias.

Dessas tristezas sem fundo,
sem origens prolongadas,
sem saudades deste mundo,
sem noites, sem alvoradas.

Que principiam no sonho
e acabam na Realidade,
através do mar tristonho
desta absurda Imensidade.

Certa tristeza indizível,
abstrata, como se fosse
a grande alma do Sensível
magoada, mística, doce.

Ah! tristeza imponderável,
abismo, mistério, aflito,
torturante, formidável...
ah! tristeza do Infinito!

Este é um dia importante para a Pintura: Toulouse-Lautrec nasceu há 148 anos

Henri Marie Raymond de Toulouse-Lautrec Monfa (Albi, 24 de novembro de 1864 - Saint-André-du-Bois, 9 de setembro de 1901) foi um pintor pós-impressionista e litógrafo francês, conhecido por pintar a vida boémia de Paris do final do século XIX. Sendo ele mesmo um boémio, faleceu precocemente aos 36 anos de sífilis e alcoolismo. Trabalhou menos de vinte anos mas deixou um legado artístico importantíssimo, tanto no que se refere à qualidade e quantidade de suas obras, como também no que se refere à popularização e comercialização da arte. Toulouse-Lautrec revolucionou o design gráfico dos cartazes publicitários, ajudando a definir o estilo que seria posteriormente conhecido como Art Nouveau. Filho mais velho do Conde Toulouse-Lautrec-Monfa, de quem deveria herdar o título, faleceu antes do pai.

Nascido na nobreza, herdeiro de uma linhagem aristocrática francesa, seu pai era o Conde Alphonse de Toulouse-Lautrec-Monfa, Alf para os amigos, e sua mãe Adéle Tapié de Céleyran. Queriam seus pais que o filho seguisse com esmero o mesmo caminho nobre de toda a sua família, tanto materna quanto paterna.
Toulouse-Lautrec sofria de uma doença desconhecida em sua época. Certamente uma distrofia poli-hipofisária (debilidade óssea que compromete o crescimento). Sofreu dois acidentes em sua juventude, fraturando o fémur esquerdo aos doze anos e o direito aos catorze anos. Os ossos mal soldados pararam de crescer e fizeram com que Henri não ultrapassasse a altura de 1,52 m, tornando-se um homem com corpo de adulto, mas com pernas curtas de menino. Porém, o jovem não se deixou abater por tal infortúnio. Em seus longos períodos de cama, Toulouse-Lautrec fazia desenhos e pintava aguarelas, abrindo espaço para seu incrível talento que ainda se desfraldaria.
Aos dezasseis anos foi estudar pintura com Léon Bonnat, professor rígido que não o agradava. Logo depois foi estudar com Fernand Cormon, cujo estúdio ficava nas ladeiras suburbanas de Montmartre, em Paris. É lá que Lautrec descobriu a inspiração que lhe faltava. Mudou-se para aquele bairro de má fama e encontrou seu lugar entre trabalhadores, prostitutas e artistas de caráter duvidoso. Começava sua nova vida.

Frequentador assíduo do Moulin Rouge e outros cabarés, o pequeno nobre acaba se acomodando muito bem naquele ambiente tão estranho que seus pais nunca aceitaram em ter o filho. O tema principal das pinturas de Toulouse-Lautrec era a vida boémia parisiense, que ele representava através de um desenho que lembra a espontaneidade do desenho satírico de Honoré Daumier, e uma composição dinâmica que poderia ter sido influenciada pela fotografia e as gravuras japonesas, dois fatores de grande importância cultural no fim do século XIX.
Era atraído por Montmartre, uma área de Paris famosa pela boémia e por ser antro de artistas, escritores, filósofos. Escondido no coração de Montmartre estava o jardim de Pére Foret onde Toulouse-Lautrec pintou uma série de óleos sobre tela ao ar livre de Carmen Gaudin (a modelo ruiva que aparece no quadro "A Lavadeira", de 1888). Quando o cabaret Moulin Rouge abriu as portas ali perto, Toulouse-Lautrec foi contratado para fazer cartazes. Posteriormente ele passou a ter assento cativo no cabaret, onde suas pinturas eram expostas. Nos muitos conhecidos trabalhos que ele fez para o Moulin Rouge e outras casas noturnas parisienses estão retratadas a cantora Yvette Guilbert, a dançarina Louise Weber, mais conhecida como a louca e cativante La Goulue ("A Gulosa"), a qual criou o cancan francês, e também a mais discreta dançarina Jane Avril.

Testemunha da vida noturna de Montmartre, Henri não apenas faz pinturas, como também cartazes promocionais dos cabarés e teatros, fazendo-se presente na revolução da publicidade do século XIX, onde a arte deixa de ser patrocinada e financiada apenas pela Igreja e os nobres, para ser comprada e utilizada pelo comércio crescente gerado pela revolução industrial. O cartaz litográfico colorido é uma nova ferramenta de divulgação de locais de lazer parisienses. Trilhando o caminho de Jules Chéret, assim como Alfons Mucha, Toulouse-Lautrec revolucionou o design gráfico dos cartazes, definindo o estilo que seria conhecido como Art Nouveau.
O dom artístico de Lautrec é bastante reconhecido, tanto pelos seus amigos da classe baixa quanto por críticos de arte. Participa do Salão dos Independentes em Paris, da exposição dos Vinte e das galerias de Boussod e Valadin.

A sua habilidade em capturar as pessoas em seu ambiente de trabalho, com a cor e o movimento da pululante e opulenta vida noturna porém sem o glamour. Usava muito vermelho, em geral de maneira contrastante, usava o cabelo cor de laranja e a cor verde limão para traduzir a atmosfera elétrica da vida noturna. Era um mestre do contorno, podia retratar cenas de grupos de pessoas onde cada pessoa é individual (e na época podia ser identificada apenas pela silhueta). Frequentemente ele aplicava a tinta em uma estreita e longilínea pincelada, deixando a base (papel, tela) ou o contorno aparecer. Sua pintura é gráfica por natureza, nunca encobria por completo o traço forte do desenho. O contorno simples era a "marca registada" de Lautrec desde o início da carreira como designer de cartazes. Não pintava sombras. Sua pinturas sempre incluíam pessoas (um grupo ou um indivíduo) e não gostava de pintar paisagens. O papel usado para os cartazes frequentemente era amarelo. Apesar da litografia cheia de cores de seu tempo poder acomodar dezenas de cores em um só cartaz, Lautrec geralmente escolhia apenas 4 ou 5, as vezes 6, raramente 6 cores. Ao invés de usar uma multiplicidade de cores, Henri preferiu criar seus efeitos com justaposições e modulações delicados.

Em 1899, a vida desregrada e o excesso de álcool finalmente cobram seu preço do artista. Lautrec sofre de crises e é internado numa clínica psiquiátrica. Ao sair é constantemente vigiado para que não beba e não volte a frequentar os bordéis, vigilância que ele consegue burlar. A sua saúde vai-se deteriorando cada vez mais, até que em 1901 não é mais capaz de viver sozinho. Henri despede-se de Paris com a certeza de que está com os dias contados. Sofre ataques de paralisia e quase não consegue mais pintar.
Em 9 de setembro de 1901, Henri de Toulouse-Lautrec morre em consequência de um derrame nos braços de sua mãe, no Castelo de Malromé, perto de Bordeaux, às duas horas e quinze minutos da manhã.
Encontra-se sepultado no Cemitério de Verdelais, na França.



Conde Alphonse de Toulouse Lautrec com seu falcão

 Adèle de Toulouse-Lautrec, no pequeno-almoço, no Castelo Malromé (circa 1881–83)

As Duas Amigas (circa 1894–95)

Freddie Mercury morreu há 21 anos...

  (imagem daqui)
Freddie Mercury, nome artístico de Farokh Bulsara (Stone Town, 5 de Setembro de 1946Londres, 24 de Novembro de 1991), foi o vocalista e líder da banda de rock britânica Queen. É considerado pelos críticos e por diversas votações populares um dos melhores cantores de todos os tempos e uma das vozes mais conhecidas do mundo.




sexta-feira, novembro 23, 2012

Miley Cyrus - 20 anos

Miley Ray Cyrus (nascida Destiny Hope Cyrus; Nashville, 23 de novembro de 1992) é uma Atriz, Cantora, Compositora, Designer de Moda, Autora, Empresária e Dançarina norte-americana. Cyrus começou sua carreira em 2001 como atriz, e ficou mundialmente conhecida em 2006 por interpretar Miley Stewart/Hannah Montana na série da Disney Channel, Hannah Montana. Em 2008, Miley foi eleita pela revista americana TIME como uma das 100 famosas mais bem pagas do mundo. Como cantora, já vendeu mais de 20 milhões de álbuns mundialmente.
Seu primeiro álbum de estúdio e carreira, como Miley, o Meet Miley Cyrus atingiu #1 na Billboard 200 vendendo 326 mil cópias em sua semana de estreia. O seu segundo álbum de estúdio Breakout também atingiu #1 na Billboard 200 vendendo 371 mil cópias na sua semana de estreia. O seu EP The Time of Our Lives atingiu #2 na Billboard. Em 2007, Miley embarcou em sua primeira turnê, como Hannah Montana, a Best of Both Worlds Tour. Em 2009, Miley lançou a turnê Wonder World Tour. No mesmo ano, protagonizou o filme A Última Música. Em 2010, lançou o seu terceiro álbum de estúdio, intitulado Can't Be Tamed. No mesmo ano protagonizou os filmes LOLA e A Super Agente. Em 2011, Cyrus embarcou na sua terceira turnê, a Gypsy Heart Tour, com shows na América do Sul, terminando na Austrália.