terça-feira, agosto 06, 2024
Os Ramones deram o derradeiro espectáculo há 28 anos...
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Jorge Amado morreu há vinte e três anos...
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Marcadores: Brasil, comunistas, Jorge Amado, romance
Saudades da viola de Baden Powell de Aquino...
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Marcadores: Baden Powell de Aquino, Brasil, Canto De Ossanha, música, Vinicius de Moraes, viola
Poema de aniversariante de hoje adequado à época...
Espreguiçados, os ramos
das palmeiras filtram
a luz que sobra
do dia. É já noite
nas folhas. O branco
das paredes recolhe
o sangue e o vinho
de buganvílias
e hibiscos. Bebe-os
de um trago: saberás
que, mais do que cegueira, a noite
é uma embriaguez perfeita.
in Castália e Outros Poemas (2001) - Albano Dias Martins
Postado por Pedro Luna às 00:09 0 bocas
Marcadores: Albano Dias Martins, poesia
segunda-feira, agosto 05, 2024
Hoje é dia de recordar uma pomba negra...
Paloma Negra - Chavela Vargas
Ya me canso de llorar y no amanece
Ya no sé si maldecirte o por ti rezar
Tengo miedo de buscarte y de encontrarte
Donde me aseguran mis amigos que te vas
Hay momentos en que quisiera mejor rajarme
Y arrancarme ya los clavos de mi penar
Pero mis ojos se mueren sin mirar tus ojos
Y mi cariño con la aurora te vuelve a esperar
Ya agarraste por tu cuenta las parrandas
Paloma negra, paloma negra
¿Dónde?
¿Dónde andarás?
Ya no jueges con mi honra, parrandera
Si tus caricias deben ser mías, de nadie más
Y aunque te amo con locura, ya no vuelvas
Paloma negra, eres la reja de un penar
Quiero ser libre
Vivir mi vida con quien me quiera
Dios dame fuerza, me estoy muriendo
Por irla a buscar
Ya agarraste por tu cuenta las parrandas
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Até em rochas do Câmbrico se pode fazer achados excecionais...!
“O meu queixo caiu”. Encontrado fóssil com 520 milhões de anos de larva com cérebro preservado
O fóssil tem a anatomia interna totalmente intacta, incluindo o cérebro e os sistemas digestivo e circulatório.
Numa descoberta notável, um novo estudo publicado na Nature revela um fóssil não maior do que uma semente de sésamo foi desenterrado na China, fornecendo informações profundas sobre a história evolutiva dos artrópodes. Esta larva, que remonta a há cerca de 520 milhões de anos, ao período Câmbrico, representa um novo género e uma nova espécie denominada Youti yuanshi.
Embora diminuto, o significado deste fóssil é monumental. A sua preservação quase perfeita, incluindo a anatomia interna intacta, oferece um raro vislumbre do desenvolvimento inicial dos artrópodes – um filo que engloba as aranhas, caranguejos e insetos atuais.
O paleontólogo Martin Smith, da Universidade de Durham, no Reino Unido, mostrou-se surpreendido com o achado, salientando a improbabilidade de se descobrir um fóssil larvar tão bem preservado. “Quando vi as estruturas espantosas preservadas sob a sua pele, fiquei de queixo caído“, comentou Smith.
O fóssil foi descoberto na Formação Yu’anshan, uma formação rochosa de xisto conhecida pelos seus ricos depósitos de fósseis. Extraído com ácido acético e submetido a um exame de alta resolução, o fóssil revelou estruturas internas pormenorizadas, incluindo o cérebro, as glândulas digestivas, o sistema circulatório e o sistema nervoso. Estas características são cruciais para compreender a trajetória evolutiva dos artrópodes, relata o Live Science.
A geóloga Katherine Dobson, da Universidade de Strathclyde, no Reino Unido, destacou a preservação excecional, afirmando: “A fossilização natural conseguiu uma preservação quase perfeita nesta incrível larva minúscula”.
O significado do Y. yuanshi vai para além da sua notável preservação. Como um estágio de desenvolvimento raramente visto em fósseis antigos, oferece uma visão única sobre os estágios iniciais da evolução dos artrópodes. O protocérebro do fóssil, uma região cerebral primitiva, sugere a complexa anatomia craniana que evoluiria nos artrópodes posteriores. Do mesmo modo, os seus sistemas circulatório e digestivo fornecem ligações às características sofisticadas observadas nos artrópodes atuais.
Esta descoberta sublinha o sucesso evolutivo dos artrópodes, ilustrando a sua capacidade de diversificação e adaptação a vários nichos ecológicos em todo o mundo.
in ZAP
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Marcadores: artrópodes, Câmbrico, China, evolução, Formação Yu’anshan, Paleontologia, Youti yuanshi
Há sempre novidades na área da Paleontologia...
Fóssil raro de cobra de 38 milhões de anos desafia o que sabemos sobre a evolução
A nova espécie descoberta será uma antepassada das jiboias atuais e hibernava, um hábito extremamente raro nos répteis.
Há cerca de 38 milhões de anos, três cobras juntaram-se no que é hoje o Wyoming, possivelmente para se aquecerem e se protegerem. Os seus fósseis, descobertos em 1976 na Formação de White River, intrigaram os investigadores durante décadas.
Um novo estudo, publicado no Zoological Journal of the Linnean Society, identificou finalmente estas cobras como uma nova espécie, lançando luz sobre o seu comportamento social único.
Os fósseis foram notados pela primeira vez pelo seu comportamento de agrupamento num estudo de 1986, que sugeriu que as cobras poderiam ter hibernado juntas. Este agrupamento foi considerado a primeira prova clara do comportamento social dos répteis no registo fóssil, aponta o Live Science.
Utilizando tomografias computorizadas de alta resolução, os cientistas examinaram de perto os fósseis e concluíram que as cobras estão relacionadas com as jiboias atuais. Batizaram a nova espécie de Hibernophis breithaupti, combinando a palavra latina “hibernare” (hibernar) com a palavra grega “ophis” (serpente), refletindo o presumível comportamento de hibernação das serpentes.
“Isto é realmente invulgar nos répteis”, disse Michael Caldwell, paleontólogo de vertebrados e biólogo evolutivo da Universidade de Alberta e co-autor do estudo. “Dos quase 15.000 tipos diferentes de espécies de répteis existentes atualmente, nenhum deles hiberna da forma como as cobras-liga o fazem.”
As cobras-liga, que se encontram em toda a América do Norte, reúnem-se em tocas comuns entre outubro e abril para se manterem quentes, percorrendo por vezes longas distâncias para chegar a essas tocas. Ao hibernarem em grupos, conservam o calor durante os meses frios. A H. breithaupti pode ter adotado uma estratégia semelhante, com os seus fósseis a fornecerem um retrato deste comportamento social na altura da sua morte.
Os investigadores acreditam que estas serpentes antigas foram apanhadas e mortas por uma pequena inundação enquanto estavam na sua toca de inverno. A inundação envolveu-as rapidamente em lama fina e arenosa, preservando os seus esqueletos completos e articulados. Esta preservação é particularmente rara para as cobras, uma vez que os seus esqueletos, compostos por centenas de vértebras, se dispersam facilmente.
“Existem provavelmente, nas coleções de museus de todo o mundo, cerca de um milhão de vértebras desarticuladas de serpentes”, observou Caldwell. “São fáceis de encontrar. Mas encontrar a cobra inteira? Isso é raro”.
A descoberta do Hibernophis breithaupti não só acrescenta uma nova espécie à árvore genealógica das serpentes, como também fornece informações valiosas sobre os comportamentos sociais dos répteis antigos.
Postado por Fernando Martins às 15:34 0 bocas
Marcadores: cobras, evolução, Formação de White River, herpetologia, hibernação, Hibernophis breithaupti, jiboias, Paleoecologia, Paleontologia
No Volveré...
No volveré - Chavela Vargas
Cuando lejos te encuentres de mi
Cuando quieras que este yo contigo
No tendrás un recuerdo de mi
Ni tendrás más amores conmigo
Te lo juro que no volveré
Aunque me haga pedazos la vida
Si una vez con locura te amé
Ya de mi alma estarás despedida
No volveré
Te lo juro por Dios que me mira
Te lo digo llorando de rabia
Yo no volveré
No pararé
Hasta ver que mi llanto ha formado
Un arroyo de olvido anegado
Donde yo tu recuerdo ahogaré
Fuimos nubes que el viento apartó
Fuimos piedra que siempre chocamos
Gotas de agua que el Sol reseco
Borrachera que no terminamos
En el tren de la ausencia me voy
Mi boleto no tiene regreso
Lo que quieras de mí te lo doy
Pero no te devuelvo tus besos
No volveré
Te lo juro por Dios que me mira
Te lo digo llorando de rabia
Yo no volveré
No pararé
Hasta ver que mi llanto ha formado
Un arroyo de olvido anegado
Donde yo tu recuerdo ahogaré
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Abbé Pierre nasceu há 112 anos...
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Neil Armstrong nasceu há 94 anos...
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Marcadores: Apollo XI, astronauta, astronomia, Lua, NASA, Neil Armstrong
Roque Gameiro morreu há 89 anos...
Auto Retrato
Alfredo Roque Gameiro (Minde, 4 de abril de 1864 - Lisboa, 5 de agosto de 1935) foi um pintor e desenhador português, especializado na arte da aguarela.
Estudou na Academia de Belas Artes de Lisboa, onde foi aluno de Manuel Maria de Macedo, José Simões de Almeida e Enrique Casanova. Frequentou também a Escola de Artes e Ofícios de Leipzig, como bolseiro do Governo português, onde estudou litografia com Ludwig Nieper. De regresso a Portugal, em 1886, dirigiu a Companhia Nacional Editora e em 1894 foi nomeado professor na Escola Industrial do Príncipe Real. Com o seu nome existem três instituições em Portugal, duas delas na Amadora: a Escola Roque Gameiro (2º e 3º ciclo do Ensino Básico) e a "Casa Roque Gameiro" residência do artista e da família (atualmente espaço de exposições do município); a outra existe em Minde, sua terra natal: o Centro de Artes e Ofícios Roque Gameiro, que inclui o Museu de Aguarela Roque Gameiro. A maioria das suas obras encontra-se no acervo do Museu de Minde (obras pertencentes ao museu e obras de familiares e da Fundação Gulbenkian em depósito).
Tem colaboração artística em diversas publicações periódicas: em 1884 o seu nome surge no periódico Lisboa creche: jornal miniatura; seguem-se o jornal humorístico A Comédia Portuguesa, começado a editar em 1888, o semanário Branco e Negro (1896-1898) e as revistas Brasil-Portugal (1899-1914), Serões (1901-1911), Atlântida (1915-1920) e Arte e Vida (1904-1906). Ilustrou, juntamente com Manuel de Macedo (1839-1915), a Grande edição ilustrada de Os Lusíadas, publicada em Lisboa, pela Empreza da História de Portugal, em 1900.
Roque Gameiro não deixou apenas uma vasta coleção de obras; deixou também uma família de artistas. Todos os seus cinco filhos foram importantes artistas, por direito próprio:
- Raquel Roque Gameiro Ottolini (1889-1970) foi uma reconhecida aguarelista e recebeu inúmeros prémios, incluindo a Medalha de Honra da S.N.B.A.
- Manuel Roque Gameiro (1890-1944) trabalhou com diversos materiais, destacando-se na aguarela.
- Helena Roque Gameiro (1895-1986) é conhecida pelas suas aguarelas de paisagens. Aos 14 anos de idade já ajudava o pai a ministrar um curso de pintura no seu atelier. Casou com o realizador de cinema Leitão de Barros (1896-1967).
- Maria Emília (Màmia) Roque Gameiro (1901-1996) pintava a aguarela, gouache e óleo. Em 1925, casou-se com o pintor Jaime Martins Barata (1899-1970).
- Ruy Roque Gameiro (1907-1935) morreu relativamente jovem, mas era já um escultor reconhecido, com obras em Portugal e Moçambique.
Partida de Vasco da Gama para a Índia em 1497
Retrato do El-Rei Carlos I - Alfredo Roque Gameiro
Postado por Fernando Martins às 08:09 0 bocas
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Pat Smear - 65 anos...!
Georg Albert Ruthenberg (Los Angeles, August 5, 1959), better known by his stage name Pat Smear, is an American musician. He is best known for being the lead guitarist and co-founder of Los Angeles-based punk band The Germs and for being a rhythm guitarist for grunge band Nirvana, which he joined as a touring guitarist in 1993, and Foo Fighters, with whom he has recorded six studio albums. After Nirvana disbanded following the suicide of its frontman Kurt Cobain, drummer Dave Grohl went on to become the frontman of rock band Foo Fighters, with Smear joining on guitar. He left Foo Fighters in 1997, before rejoining as a touring guitarist in 2005, and has been a full-time member since 2010.
in Wikipédia
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João Barone, o baterista d'Os Paralamas do Sucesso, nasceu há 62 anos
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Carmen Miranda morreu há 69 anos...
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Ana Luísa Amaral morreu há dois anos...
Ana Luísa Amaral (Lisboa, 5 de abril de 1956 – Porto, 5 de agosto de 2022) foi uma poetisa portuguesa, tradutora e professora de Literatura e Cultura Inglesa e Americana na Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
in Wikipédia
Três de maio de 1808 em Madrid: os fuzilamentos na montanha do Príncipe Pío - Francisco de Goya
UM POUCO SÓ DE GOYA: CARTA A MINHA FILHA:
Lembras-te de dizer que a vida era uma fila?
Eras pequena e o cabelo mais claro,
mas os olhos iguais. Na metáfora dada
pela infância, perguntavas do espanto
da morte e do nascer, e de quem se seguia
e porque se seguia, ou da total ausência
de razão nessa cadeia em sonho de novelo.
Hoje, nesta noite tão quente rompendo-se
de junho, o teu cabelo claro mais escuro,
queria contar-te que a vida é também isso:
uma fila no espaço, uma fila no tempo,
e que o teu tempo ao meu se seguirá.
Num estilo que gostava, esse de um homem
que um dia lembrou Goya numa carta a seus
filhos, queria dizer-te que a vida é também
isto: uma espingarda às vezes carregada
(como dizia uma mulher sozinha, mas grande
de jardim). Mostrar-te leite-creme, deixar-te
testamentos, falar-te de tigelas — é sempre
olhar-te amor. Mas é também desordenar-te à
vida, entrincheirar-te, e a mim, em fila descontínua
de mentiras, em carinho de verso.
E o que queria dizer-te é dos nexos da vida,
de quem a habita para além do ar.
E que o respeito inteiro e infinito
não precisa de vir depois do amor.
Nem antes. Que as filas só são úteis
como formas de olhar, maneiras de ordenar
o nosso espanto, mas que é possível pontos
paralelos, espelhos e não janelas.
E que tudo está bem e é bom: fila ou
novelo, duas cabeças tais num corpo só,
ou um dragão sem fogo, ou unicórnio
ameaçando chamas muito vivas.
Como o cabelo claro que tinhas nessa altura
se transformou castanho, ainda claro,
e a metáfora feita pela infância
se revelou tão boa no poema. Se revela
tão útil para falar da vida, essa que,
sem tigelas, intactas ou partidas, continua
a ser boa, mesmo que em dissonância de novelo.
Não sei que te dirão num futuro mais perto,
se quem assim habita os espaços das vidas
tem olhos de gigante ou chifres monstruosos.
Porque te amo, queria-te um antídoto
igual a elixir, que te fizesse grande
de repente, voando, como fada, sobre a fila.
Mas por te amar, não posso fazer isso,
e nesta noite quente a rasgar junho,
quero dizer-te da fila e do novelo
e das formas de amar todas diversas,
mas feitas de pequenos sons de espanto,
se o justo e o humano aí se abraçam.
A vida, minha filha, pode ser
de metáfora outra: uma língua de fogo;
uma camisa branca da cor do pesadelo.
Mas também esse bolbo que me deste,
e que agora floriu, passado um ano.
Porque houve terra, alguma água leve,
e uma varanda a libertar-lhe os passos.
Ana Luísa Amaral
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O cientista brasileiro Osvaldo Cruz nasceu há 152 anos
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Saudades de Chavela...
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O poeta Rui Lage faz hoje 49 anos
Rui Carlos Morais Lage (Porto, 5 de agosto de 1975) é um escritor e político português.
Biografia
Rui Lage foi deputado à Assembleia da República na XV Legislatura, eleito pelo Partido Socialista no círculo eleitoral do Porto, com assento, enquanto membro efetivo, na Comissão de Assuntos Europeus e na Comissão de Ambiente e Energia. Foi vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS. É colunista do semanário Expresso, com periodicidade quinzenal. Publicou, ao longo dos anos, artigos de opinião no Público, no Jornal de Notícias e no extinto semanário Grande Porto.
Entre 2014 e 2021 foi assessor parlamentar no Parlamento Europeu.
É membro da Assembleia Municipal do Porto, pelo PS, e fez parte do Conselho Municipal de Cultura do mesmo município. Entre 2001 e 2011, integrou a direção da Fundação Eugénio de Andrade. Em 2023, foi o programador convidado e o comissário da homenagem a Manuel António Pina na Feira do Livro do Porto.
Licenciado em Estudos Portugueses e Ingleses pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, obteve, nesta mesma instituição, uma especialização em Literatura Portuguesa e Brasileira, e, em 2010, o grau de Doutor em Literaturas e Culturas Românicas - Especialidade em Literatura Portuguesa, com a tese de doutoramento "A elegia portuguesa nos séculos XX e XXI: perda, luto e desengano".
Foi investigador académico, formador, docente do ensino artístico na ACE - Academia Contemporânea do Espetáculo / Teatro do Bolhão e lecionou as cadeiras de História Cultural do Teatro I e II, na licenciatura em Artes Dramáticas da Universidade Lusófona do Porto.
É autor de vários livros nos domínios da poesia, da ficção e do ensaio. O seu livro Estrada Nacional (2016) foi distinguido com o Prémio Literário da Fundação Inês de Castro 2016 e com o Prémio Ruy Belo 2018. O seu primeiro romance, O Invisível (Gradiva, 2018), foi distinguido com o Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís 2017 e com o Prémio Autores 2019, da SPA, na categoria de melhor livro de ficção narrativa, tendo sido traduzido para castelhano, em 2020, com a chancela de La Umbría y La Solana.
É autor de ficção infanto-juvenil e de trabalhos de dramaturgia para companhias como o Ensemble – Sociedade de Atores ("Três Irmãs", de Anton Tchékhov 2021, Teatro Nacional de São João) e Astro Fingido ("O Grito dos Pavões", 2011).
Com Jorge Reis-Sá, organizou e prefaciou a antologia Poemas Portugueses: Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI (Porto Editora, 2009), a mais extensa e abrangente alguma vez publicada em Portugal. Traduziu obras de Paul Auster, Pablo Neruda, Samuel Beckett e Carl Sagan.
Em 2019 foi o romancista convidado do “European First Novel Festival”, de Budapeste, Hungria.
Escreveram sobre a sua obra ensaístas e críticos literários tais como Pedro Mexia, António Guerreiro, Maria Alzira Seixo, José Mário Silva, Arnaldo Saraiva, Osvaldo Manuel Silvestre, Diogo Vaz Pinto, Rosa Maria Martelo e Carlos Fiolhais, entre vários outros.
Obras
Poesia
- Antigo e Primeiro. Vila Nova de Famalicão, Quasi Edições, 2002.
- Berçário. Vila Nova de Famalicão, Quasi Edições, 2004.
- Revólver. Vila Nova de Famalicão, Quasi Edições, 2006.
- Corvo. Vila Nova de Famalicão, Quasi Edições, 2008.
- Um Arraial Português, Lisboa, Ulisseia, 2011.
- Rio Torto, Lisboa, Língua Morta, 2014.
- Estrada Nacional, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2016.
- Firmamento, Lisboa, Assírio & Alvim, 2022.
Ficção
- O Invisível. Lisboa, Gradiva, 2018.
Ensaio
- A meta física do corpo: sobre a poesia de Valter Hugo Mãe; seguido de uma antologia. Maia, Cosmorama, 2006.
- A presença do mistério: introdução à poesia de Manuel António Pina (ensaio e antologia comentada). Porto, Exclamação, 2022.
- Tiago e os Primos Espantam os Morcegos. Vila Nova de Famalicão, Quasi Edições / Jornal de Notícias, 2005.
- Sermão de Santo António aos peixes. 1ª ed. (adaptação). Vila Nova de Famalicão, Quasi Edições / Jornal Sol, 2008; 2ª ed. 2018.
Organização de antologias
- Poemas Portugueses: Antologia da Poesia Portuguesa do séc. XIII ao séc. XXI. (Seleção, organização, introdução e notas). Com Jorge Reis-Sá; prefácio de Vasco Graça Moura. Porto, Porto Editora, 2009.
Outros
- Portugal Possível. Textos de Rui Lage e fotografias de Álvaro Domingues e Duarte Belo. Lisboa, Museu da Paisagem, 2022.
- Prémio Literário da Fundação Inês de Castro 2016.
- Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís 2017.
- Prémio Ruy Belo 2018.
- Prémio Autores da Sociedade Portuguesa de Autores, 2019 - categoria de melhor livro de ficção narrativa.
in Wikipédia
O regresso dos lobos
Esqueceu a vida antes do campo;
Acolhe o estilhaço da geada
Na garganta em feitio de banco
Ou numa chávena requentada.
No teu colo deixei camisolas
E faúlhas de vários tamanhos;
Queima-se a pedra e ardem as solas
Dos teus dóceis chinelos castanhos.
O derradeiro lobo regressa
O xaile negro, o sono que tarda
A metade da cama intocada.
Debaixo do escano amuada
Estava a tua sombra escondida
Que se esgueirou da sombra da vida.
Rui Lage
Richard Burton morreu há quarenta anos...
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Chavela Vargas morreu há doze anos...
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domingo, agosto 04, 2024
Porque hoje foi dia de recordar Marilyn...
ORACIÓN POR MARILYN MONROE
Señor
recibe a esta muchacha conocida en toda la Tierra con el nombre de Marilyn Monroe,
aunque ése no era su verdadero nombre
(pero Tú conoces su verdadero nombre, el de la huerfanita violada a los 9 años
y la empleadita de tienda que a los 16 se había querido matar)
y que ahora se presenta ante Ti sin ningún maquillaje
sin su Agente de Prensa
sin fotógrafos y sin firmar autógrafos
sola como un astronauta frente a la noche espacial.
Ella soñó cuando niña que estaba desnuda en una iglesia (según cuenta el Times)
ante una multitud postrada, con las cabezas en el suelo
y tenía que caminar en puntillas para no pisar las cabezas.
Tú conoces nuestros sueños mejor que los psiquiatras.
Iglesia, casa, cueva, son la seguridad del seno materno
pero también algo más que eso...
Las cabezas son los admiradores, es claro
(la masa de cabezas en la oscuridad bajo el chorro de luz).
Pero el templo no son los estudios de la 20th Century-Fox.
El templo —de mármol y oro— es el templo de su cuerpo
en el que está el hijo de Hombre con un látigo en la mano
expulsando a los mercaderes de la 20th Century-Fox
que hicieron de Tu casa de oración una cueva de ladrones.
Señor
en este mundo contaminado de pecados y de radiactividad,
Tú no culparás tan sólo a una empleadita de tienda
que como toda empleadita de tienda soñó con ser estrella de cine.
Y su sueño fue realidad (pero como la realidad del tecnicolor).
Ella no hizo sino actuar según el script que le dimos,
el de nuestras propias vidas, y era un script absurdo.
Perdónala, Señor, y perdónanos a nosotros
por nuestra 20th Century
por esa Colosal Super-Producción en la que todos hemos trabajado.
Ella tenía hambre de amor y le ofrecimos tranquilizantes.
Para la tristeza de no ser santos
se le recomendó el Psicoanálisis.
Recuerda Señor su creciente pavor a la cámara
y el odio al maquillaje insistiendo en maquillarse en cada escena
y cómo se fue haciendo mayor el horror
y mayor la impuntualidad a los estudios.
Como toda empleadita de tienda
soñó ser estrella de cine.
Y su vida fue irreal como un sueño que un psiquiatra interpreta y archiva.
Sus romances fueron un beso con los ojos cerrados
que cuando se abren los ojos
se descubre que fue bajo reflectores
¡y se apagan los reflectores!
Y desmontan las dos paredes del aposento (era un set cinematográfico)
mientras el Director se aleja con su libreta
porque la escena ya fue tomada.
O como un viaje en yate, un beso en Singapur, un baile en Río
la recepción en la mansión del Duque y la Duquesa de Windsor
vistos en la salita del apartamento miserable.
La película terminó sin el beso final.
La hallaron muerta en su cama con la mano en el teléfono.
Y los detectives no supieron a quién iba a llamar.
Fue
como alguien que ha marcado el número de la única voz amiga
y oye tan solo la voz de un disco que le dice: WRONG NUMBER
O como alguien que herido por los gangsters
alarga la mano a un teléfono desconectado.
Señor:
quienquiera que haya sido el que ella iba a llamar
y no llamó (y tal vez no era nadie
o era Alguien cuyo número no está en el Directorio de los Ángeles)
¡contesta Tú al teléfono!
Ernesto Cardenal
NOTA: para os que não falam castelhano, uma tradução (pessoal) em português, do poema:
Oração por Marilyn Monroe
Senhor
recebe esta menina conhecida em todo o Mundo como Marilyn Monroe
mesmo que esse não fosse o seu verdadeiro nome
(mas Tu conheces seu verdadeiro nome, o da pequena órfã violada aos 9 anos
e da empregadinha de loja que, aos 16 anos, já queria se matar)
e que agora se apresenta diante de Ti sem maquilhagem
sem um Agente de Imprensa
sem fotógrafos e sem dar autógrafos
só, como um astronauta diante da noite espacial.
Ela que sonhou, quando menina, que estava nua numa Igreja (segundo a revista Time)
ante uma multidão prostrada, com as cabeças no chão
e tinha de caminhar, pé ante pé, para não pisar as cabeças.
Tu que conheces os nossos sonhos melhor que os psiquiatras
Igreja, casa, cova são a segurança do seio materno
mas também algo mais que isso...
As cabeças são os admiradores, é claro
(a massa de cabeças na escuridão debaixo do foco de luz).
Mas o templo não são os estúdios da 20th Century Fox.
O templo – de mármore e ouro – é o templo de seu corpo
em que está o Filho do Homem com um chicote na mão
expulsando os mercadores da 20th Century Fox
que fizeram de Tua casa de oração um covil de ladrões.
Senhor
neste mundo contaminado de pecados e de radioatividade
Tu não culparás apenas a empregadinha da loja.
Que, como toda empregada de loja, sonhou tornar-se estrela de cinema.
E o seu sonho tornou-se realidade (mas com a realidade do Technicolor).
Ela que não fez mais do que atuar de acordo com o texto do argumento que lhe demos
o de nossas próprias vidas, que era um argumento absurdo.
Perdoa-lhe, Senhor, e perdoa-nos a nós, pela nossa 20th Century Fox
por esta Colossal Superprodução em que todos nós temos trabalhado.
Ela tinha fome de amor e nós demos-lhe tranquilizantes,
para a tristeza de não ser santos
recomendámos-lhe a Psicanálise.
Lembra-te, Senhor, de seu crescente pavor às câmaras
e o ódio à maquilhagem, insistindo em maquilhar-se em cada cena
e como foi se tornando maior o horror
e maior a falta de pontualidade nos estúdios.
Como toda a empregada de loja
sonhou tornar-se estrela de cinema.
E sua vida foi irreal, como um sonho que um psiquiatra interpreta e arquiva.
Os seus romances foram um beijo de olhos bem fechados
que, quando se abrem
se descobre que foi sob os focos de iluminação
e apagam-se as luzes!
e desmontam as paredes do aposento (era um set cinematográfico)
enquanto o Diretor se afasta com o seu argumento, porque a cena já foi filmada.
Ou uma viagem de iate, um beijo em Singapura, um baile no Rio
uma recepção na mansão do Duque e da Duquesa de Windsor
vistos na TV de um apartamento miserável.
O filme terminou sem o beijo final.
Foi achada morta na sua cama com a mão no telefone.
E os detetives não souberam a quem ela ia ligar.
Foi
como alguém que marcou o número da única voz amiga
e ouviu apenas a voz de uma gravação que diz: WRONG NUMBER.
Ou como alguém que, ferida pelos bandidos
estende a mão a um telefone desligado.
Senhor
a quem quer que tenha sido que ela queria falar
e não chamou (e talvez fosse ninguém
ou era Alguém cujo número não está na Páginas Amarelas de Los Angeles)
atende Tu o telefone!
Postado por Pedro Luna às 22:22 0 bocas
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