terça-feira, dezembro 20, 2011

Artur Paredes morreu há 31 anos

ARTUR PAREDES: A AFIRMAÇÃO DA GUITARRA DE COIMBRA NA PRIMEIRA DÉCADA DE OIRO DO FADO/CANÇÃO DE COIMBRA



Como já mencionámos no número anterior, a primeira década de oiro foi de transformação nos temas, na voz e na Guitarra de Coimbra, instrumento que se consagra na virtuosidade de um génio: Artur Paredes, já descendente de uma família de guitarristas a que daria continuidade e atingiria o Olimpo musical o seu filho Carlos Paredes.

Segundo consta no Livro de Registo de Baptismos da Freguesia de Santa Cruz – Coimbra de 1899, Artur Paredes nasceu em Coimbra, no dia 10 de maio de 1899, sendo filho do guitarrista Gonçalo Paredes e de Maria do Céu.

Da sua infância pouco se conhece. O Dr. Afonso de Sousa refere que foi duplamente órfão desde tenra idade, e que iniciou os estudos num colégio em Coimbra. No entanto, desconhecem-se referências ao facto de ter ou não frequentado o Liceu.

Apenas temos informações suas a partir dos anos vinte do Século XX, nomeadamente, quando contrai matrimónio na Freguesia da Sé, em Bragança, com a estudante da Faculdade de Letras Alice Candeias Duarte Rosas e no ano seguinte quando nasce o filho de ambos: Carlos Paredes. No registo de casamento já vem mencionado o ofício de “Empregado Bancário”, que terá sido a sua profissão pela vida fora pois, segundo José Niza, terá sido empregado do BNU em Coimbra, transferindo-se para Lisboa em 1934.

Quando terá começado a tocar Guitarra, também é uma incógnita, possivelmente através de influência familiar, visto ter nascido no seio de uma família de guitarristas. Certo é que em 1925 vai com a Tuna Académica da Universidade de Coimbra na célebre digressão ao Brasil. Além disso, segundo António Nunes, já tocava nos anos vinte do século XX, tendo tocado numa serenata em 1922 ou 1923, além de já ter um grupo de Fados de Coimbra composto pelos seguintes elementos: Roseiro Boavida, Aires Abreu, Edmundo Bettencourt e o próprio Artur Paredes.

Em relação ao Fado/Canção de Coimbra, transformou completamente a maneira de tocar Guitarra, contribuindo para o abandono progressivo da chamada “Guitarra Toeira de Coimbra” em proveito da Guitarra de Coimbra nas formas que actualmente conhecemos, mas não foi apenas isso. Também introduziu novos instrumentais da sua autoria ainda hoje tocados e de difícil execução.

Continuou sempre a tocar, mesmo já em Lisboa, sempre com o Dr. Afonso de Sousa como segundo Guitarra e já mesmo no final da vida, também o Dr. Octávio Sérgio foi seu segundo Guitarra.

Faleceu em Lisboa, na Freguesia de Anjos, a 20 de dezembro de 1980, tendo por visita constante no Hospital o Dr. Octávio Sérgio que lhe terá reconhecido o corpo no dia em que faleceu.

A sua memória manteve-se, não só na herança que deixou na Guitarra através do filho, Carlos Paredes, como na poesia de que foi alvo ou na placa que está na casa onde morou no Quebra-costas, assim como nos instrumentais que ficaram célebres, destacando-se a célebre “Balada de Coimbra” que, embora seja da autoria de José Eliseu, os arranjos são de Artur Paredes e outros instrumentais: Variações em Sol Maior, Variações em Si Menor, Marcha em Fá, Variações em Ré Menor, Variações em Ré Maior, Desfolhada, e muitos mais temas haveria a mencionar.

Também a sua Guitarra está hoje no Museu Académico de Coimbra.


NOTA: Para memória futura, uma das suas músicas, tocada pelo filho Carlos Paredes, na Guitarra Portuguesa, e Luísa Amaro, na Viola, em 1992, no Teatro São Luís em Lisboa:

Sagan morreu há 15 anos

Sagan e o modelo da sonda Viking enviada a Marte

Carl Edward Sagan (Nova Iorque, 9 de novembro de 1934 - Seattle, 20 de dezembro de 1996) foi um cientista e astrónomo dos Estados Unidos.
Em 1960, obteve o título de doutor pela Universidade de Chicago. Dedicou-se à pesquisa e à divulgação da astronomia, como também ao estudo da chamada exobiologia. Morreu aos 62 anos, de cancro, no Centro de Pesquisas do Câncer Fred Hutchinson, depois de uma batalha de dois anos com uma rara e grave doença na medula óssea (mielodisplasia).

Com sua formação multidisciplinar, Sagan foi o autor de obras como Cosmos (que foi transformada em uma premiada série de televisão), Os Dragões do Éden (pelo qual recebeu o prémio Pulitzer de Literatura), O Romance da Ciência, Pálido Ponto Azul e Um Mundo Infestado de Demónios.
Escreveu ainda o romance de ficção científica Contato, que foi levado para as telas de cinema, posteriormente a sua morte. Sua última obra, Biliões e Biliões, foi publicada postumamente por sua esposa e colaboradora Ann Druyan e consiste, fundamentalmente, numa compilação de artigos inéditos escritos por Sagan, tendo um capítulo sido escrito por ele enquanto se encontrava no hospital. Recentemente foi publicado no Brasil mais um livro sobre Sagan, Variedades da experiência científica: Uma visão pessoal da busca por Deus, que é uma coletânea de suas palestras sobre teologia natural.
Isaac Asimov descreveu Sagan como uma das duas pessoas que ele encontrou cujo intelecto ultrapassava o dele próprio. O outro, disse ele, foi o cientista de computadores e perito em inteligência artificial Marvin Minsky.
Foi professor de astronomia e ciências espaciais na Cornell University e professor visitante no Laboratório de Propulsão a Jato do Instituto de Tecnologia da Califórnia. Criou a Sociedade Planetária e promoveu o SETI.

Carl Sagan teve um papel significativo no programa espacial americano desde o seu início. Foi consultor e conselheiro da NASA desde os anos 1950, trabalhou com os astronautas do Projeto Apollo antes de suas idas à Lua, e chefiou os projetos da Mariner e Viking, pioneiras na exploração do sistema solar que permitiram obter importantes informações sobre Vénus e Marte. Participou também das missões Voyager e da sonda Galileu. Foi decisivo na explicação do efeito estufa em Vénus e o descobrimento das altas temperaturas do planeta, na explicação das mudanças sazonais da atmosfera de Marte e na descoberta das moléculas orgânicas em Titã, satélite de Saturno. Ele também foi um dos maiores divulgadores da ciência de todos os tempos ao apresentar a série Cosmos em 1980.

Recebeu diversos prémios e homenagens de diversos centros de pesquisas e entidades ligadas à astronomia, inclusive o maior prémio científico das Américas, o prémio da Academia Nacional de Ciências (no caso, o Public Welfare Medal). Recebeu também 22 títulos honoris causa de universidades americanas, medalhas da NASA por Excepcionais Feitos Científicos, por Feitos no Programa Apollo e duas vezes a Distinção por Serviços Públicos, o Prémio de Astronáutica John F. Kennedy da Sociedade Astronáutica Norte-Americana, o Prémio de Beneficência Pública por “distintas contribuições para o bem estar da humanidade”, a Medalha Tsiolkovsky da Federação Cosmonáutica Soviética, o Prémio Masursky da Sociedade Astronómica Norte-Americana, o prémio Pulitzer de literatura, em 1978, por seu livro Os Dragões do Éden e o prémio Emmy, por sua série Cosmos. Em sua homenagem, o asteróide 2709 Sagan tem o seu nome.

Portugal entregou Macau à China há 12 anos

(imagem daqui)

A transferência da soberania de Macau entre Portugal e a China aconteceu nos primeiros momentos da madrugada do dia 20 de Dezembro de 1999, como estava previsto através da Declaração Conjunta, após muitos anos de negociações e de preparações. Tendo acontecido dois anos após a transferência de soberania de Hong Kong, foi um processo mais suave que o de Hong Kong, não tendo havido confrontos políticos de nota entre os dois governos durante as negociações diplomáticas, nem distúrbios sociais, ao contrário de Hong Kong, cuja população possui uma tradição mais reivindicativa e participativa.
Após a transferência de soberania, Macau tornou-se uma Região Administrativa Especial (RAE) da República Popular da China, actuando sobre o princípio de "um país, dois sistemas" e seguindo os compromissos estabelecidos por Portugal e China durante a ratificação da "Declaração Conjunta". Esta RAE passou a ser chefiada pelo Chefe do Executivo de Macau, substituindo o cargo de "Governador de Macau", que foi abolido em 1999, logo após a transferência de soberania. A Lei Básica da Região Administrativa Especial de Macau, promulgada pelo Congresso Nacional Popular da China no ano de 1993, é o actual texto constitucional do sistema jurídico da RAEM.

Cerimónia da Transferência de Soberania de Macau para a República Popular da China, na sua fase final, onde a Bandeira da República Portuguesa e do Leal Senado foram recolhidos (na direita da fotografia) enquanto que a Bandeira da República Popular da China e da Região Administrativa Especial de Macau foram hasteados (na esquerda da foto)

Léopold Senghor morreu há dez anos

Léopold Sédar Senghor (Joal-Fadiout, 9 de outubro de 1906 - Verson, 20 de dezembro de 2001) foi um político e escritor senegalês. Governou o país como presidente de 1960 a 1980.
Foi, entre as duas Guerras Mundiais, juntamente ao poeta antilhano Aimé Césaire, ideólogo do conceito de negritude.

Senghor nasceu em 1906 na cidade costeira de Joal. Seu pai, Basile Diogoye Senghor, era um comerciante católico da etnia serer, minoritária no Senegal. Sua mãe, Gnilane Ndiémé Bakhou, era muçulmana de etnia peul. O sobrenome de seu pai, Senghor deriva da palavra portuguesa "senhor".
Em 1928 foi estudar em Paris, onde entrou para a Sorbonne, lá permanecendo entre 1935 e 1939, tornando-se o primeiro africano a completar uma licenciatura nesta universidade parisiense.
Como escritor, desenvolveu a Négritude (movimento literário que exaltava a identidade negra, lamentando o impacto negativo que a cultura europeia teve junto das tradições africanas). Nas suas obras, as mais engrandecidas são Chants d'ombre(1945), Hosties noires (1948), Ethiopiques (1956), Nocturnes (1961) e Elegies majeures (1979),. Sua obra tem como tema principal a cultura africana, que tanto ajudou a difundir, e o seu estilo como escritor se aproxima com a literatura francesa.
Durante a Segunda Guerra Mundial esteve preso por dois anos num campo de concentração nazi e só depois é que os seus ensaios e poemas seriam publicados.
Entre 1948 e 1958 foi deputado senegalês na Assembleia Nacional Francesa, sendo o primeiro negro a ocupar o cargo de deputado nessa Assembleia.
Quando o Senegal foi proclamado independente, em 1960 - por conta de um apelo feito por Léopold ao então presidente da França Charles de Gaulle - Senghor foi eleito por uma unanimidade presidente da nova República, vindo a desempenhar o cargo ate final de 1980, graças a reeleições sucessivas.
Defensor do socialismo aplicado à realidade africana, tentou desenvolver a agricultura, combater a corrupção e manter uma política de cooperação com a França.



Femme noire

Femme nue, femme noire
Vétue de ta couleur qui est vie, de ta forme qui est beauté
J'ai grandi à ton ombre; la douceur de tes mains bandait mes yeux
Et voilà qu'au coeur de l'Eté et de Midi,
Je te découvre, Terre promise, du haut d'un haut col calciné
Et ta beauté me foudroie en plein coeur, comme l'éclair d'un aigle

Femme nue, femme obscure
Fruit mûr à la chair ferme, sombres extases du vin noir, bouche qui fais lyrique ma bouche
Savane aux horizons purs, savane qui frémis aux caresses ferventes du Vent d'Est
Tamtam sculpté, tamtam tendu qui gronde sous les doigts du vainqueur
Ta voix grave de contralto est le chant spirituel de l'Aimée

Femme noire, femme obscure
Huile que ne ride nul souffle, huile calme aux flancs de l'athlète, aux flancs des princes du Mali
Gazelle aux attaches célestes, les perles sont étoiles sur la nuit de ta peau.

Délices des jeux de l'Esprit, les reflets de l'or ronge ta peau qui se moire

A l'ombre de ta chevelure, s'éclaire mon angoisse aux soleils prochains de tes yeux.

Femme nue, femme noire
Je chante ta beauté qui passe, forme que je fixe dans l'Eternel
Avant que le destin jaloux ne te réduise en cendres pour nourrir les racines de la vie.


Léopold Senghor

segunda-feira, dezembro 19, 2011

Amália canta O'Neill


Formiga Bossa Nova - Amália Rodrigues
Letra de Alexandre O'Neill e música de Alain Oulman

Minuciosa formiga
não tem que se lhe diga:
leva a sua palhinha
asinha, asinha.

Assim devera eu ser
e não esta cigarra
que se põe a cantar
e me deita a perder.

Assim devera eu ser:
de patinhas no chão,
formiguinha ao trabalho
e ao tostão.

Assim devera eu ser
se não fora
não querer.

Recordar Vitorino Nemésio e a sua Poesia

(imagem daqui)

Um dia é pouco ao pé de Margarida

A nossa intimidade a três ou quatro é constrangida.
Tenho medo no ângor e uma urtiga no pé.
Um dia é pouco ao pé de Margarida:
A ausência é menos sozinha,
A muita companhia dá bandos longe. Até
A vida
É
Se tua, já menos minha:
Se própria de meu, repartida,
Por muitos na atenção, nem tua é.
Só nossa solidão dual e penetrada
Evita o perigo do nada
A que, por condição, setas, as nossas pernas
Apontam na cavidade inexorável,
Fim de molécula qualquer.
Mas, entretanto, Margarida amável
Será flor, ou mulher?

in
Caderno de Caligraphia e outros Poemas a Marga (2003) - Vitorino Nemésio

NOTA: este é o post 7.000 deste Blog...!

Mais um ditador que nos deixou - o dia começou bem!

Segundo avança a televisão estatal KCTV
Morreu Kim Jong-il, o "Querido Líder" autoritário da Coreia do Norte

Kim Jong-Il (Foto: Reuters/Korea News Service/arquivo)

O líder norte-coreano Kim Jong-il morreu este sábado durante uma viagem de comboio por “fadiga física” e por “dedicação da sua vida ao povo”, anunciou a televisão estatal KCTV pela voz de uma apresentadora em lágrimas vestida preto. A agência Reuters avança que a causa da morte de Jong-Il, que dirigia com mão de ferro a Coreia do Norte há 17 anos, estará relacionada com um ataque cardíaco.

Vitorino Nemésio nasceu há 110 anos


Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva (Praia da Vitória, 19 de Dezembro de 1901Lisboa, 20 de Fevereiro de 1978) foi um poeta, escritor e intelectual de origem açoriana que se destacou como romancista, autor de Mau Tempo no Canal, e professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.


O Futuro Perfeito

A neta explora-me os dentes.
Penteia-me como quem carda.
Terra da sua experiência,
Meu rosto diverte-a, parda
Imagem dada à inocência.

Finjo que lhe como os dedos,
Fura-me os olhos cansados,
Íntima aos meus próprios medos
Deixa-mos sossegados.

E tira, tira puxando
Coisas de mim, divertida.
Assim me vai transformando
Em tempo de sua vida.

Vitorino Nemésio

Alexandre O'Neill nasceu há 87 anos

(imagem daqui)

Alexandre Manuel Vahía de Castro O'Neill (Lisboa, 19 de dezembro de 1924 - Lisboa, 21 de agosto de 1986), ou simplesmente Alexandre O'Neill, descendente de irlandeses, foi um importante poeta do movimento surrealista.
Autodidacta, O’Neill foi um dos fundadores do Movimento Surrealista de Lisboa. É nesta corrente que publica a sua primeira obra, o volume de colagens A Ampola Miraculosa, mas o grupo rapidamente se desdobra e acaba. As influências surrealistas permanecem visíveis nas obras dele, que além dos livros de poesia incluem prosa, discos de poesia, traduções e antologias. Não conseguindo viver apenas da sua arte, o autor alargou a sua acção à publicidade. É da sua autoria o lema publicitário «Há mar e mar, há ir e voltar». Foi várias vezes preso pela polícia política, a PIDE.


Sigamos o cherne

Sigamos o cherne, minha Amiga!
Desçamos ao fundo do desejo
Atrás de muito mais que a fantasia
E aceitemos, até, do cherne um beijo,
Senão já com amor, com alegria...

Em cada um de nós circula o cherne,
Quase sempre mentido e olvidado.
Em água silenciosa de passado
Circula o cherne: traído
Peixe recalcado...

Sigamos, pois, o cherne, antes que venha,
Já morto, boiar ao lume de água,
Nos olhos rasos de água,
Quando mentido o cherne a vida inteira,
Não somos mais que solidão e mágoa...


Alexandre O'Neill

Brejnev nasceu há 105 anos

O beijo original: os comunistas Brejnev (URSS) e Honecker (RDA) - imagem daqui

Leonid Ilitch Brejnev (19 de dezembro de 1906 - 10 de novembro de 1982) foi um estadista soviético, secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética, cargo mais alto do país, de 1964 a 1982 e presidente entre 1977 e 1982.
As principais conquistas políticas de Brejnev durante a sua liderança foram a retomada das relações diplomáticas soviéticas com outros países do mundo, a cooperação, junto das potências ocidentais pela paz mundial e a criação de um bem-estar social único em seu país, que ao mesmo tempo manteve uma estagnação económica. Ele também teve influente participação na expansão da ideologia comunista a sua maior extensão, através do financiamento de revoluções e golpes socialistas ao redor do globo, ao mesmo tempo que declarava a União Soviética como guardiã da paz no planeta.
Em termos políticos, a liderança de Brejnev perante a União Soviética representou o retorno do poder stalinista, tendo ele inclusive tentado uma má sucedida reabilitação do nome de seu antecessor Joseph Stalin.
Em termos culturais, deu fim às campanhas anti-religiosas iniciadas em 1958 e premiou os Patriarcas Ortodoxos de Moscovo com prémios socialistas, como Ordem do Estandarte Vermelho e Lutador pela Paz, aumentando a liberdade religiosa na União Soviética, como forma de retomar e não degradar ainda mais a antiga cultura da Rússia, em parte deturpada pelo ateísmo comunista.
Em 1972, foi-lhe atribuído o Prêmio Lenin da Paz, e por suas contribuições na Grande Guerra Patriótica, recebeu a mais alta condecoração cívica que um cidadão soviético podia receber, Herói da União Soviética.
Após sua morte, uma crise tomou conta e derrubou a União Soviética durante o regime reformista de Mikhail Gorbatchov.

Édith Piaf nasceu há 96 anos

Edith Giovanna Gassion, (Paris, 19 de dezembro de 1915 - Plascassier, 10 de outubro de 1963), ou simplesmente, Edith Piaf foi uma cantora francesa de música de salão e variedades, mas foi reconhecida internacionalmente pelo seu talento no estilo francês da chanson.
O seu canto expressava claramente sua trágica história de vida. Entre seus maiores sucessos estão "La vie en rose" (1946), "Hymne à l'amour" (1949), "Milord" (1959), "Non, je ne regrette rien" (1960). Participou de peças teatrais e filmes. Em junho de 2007 foi lançado um filme biográfico sobre ela, chegando ao cinemas brasileiros em agosto do mesmo ano com o título "Piaf – Um Hino ao Amor" (originalmente "La Môme", em inglês "La Vie En Rose"), direção de Olivier Dahan.
Édith Piaf está sepultada na mais célebre necrópole parisiense, o cemitério do Père-Lachaise. Seu funeral foi acompanhado por uma multidão poucas vezes vista na capital francesa. Hoje, o seu túmulo é um dos mais visitados por turistas do mundo inteiro.


Edith Piaf - Non, je ne regrette rien

Non, rien de rien
Non, je ne regrette de rien,
Ni le bien qu'on m'a fait, ni le mal, tout ça m'est bien égal.

Non, rien de rien
Non, je ne regrette de rien,
c'est payé, balayé, oublié, - je me fous du passé.

Avec mes souvenirs, j'ai allumé le feu,
mes chagrins mes plaisirs, je n'ai plus besoin d'eux.
Balayés mes amours, avec leurs trémolos,
balayés pour toujours je repars à zéro

Non, rien de rien
Non, je ne regrette de rien,
ni le bien qu'on m'a fait, ni le mal, tout ça
m'est bien égal.

Non, rien de rien
Non, je ne regrette de rien,
car ma vie, car mes joies,
aujourd'hui ça commence avec toi

O pintor José Dias Coelho morreu há 50 anos


A 19 de Dezembro de 1961 a PIDE assassinou a tiro, em pleno dia, numa rua de Lisboa, o pintor José Dias Coelho. Depois o nosso Zeca Afonso quis recordar este senhor, numa belíssima canção que em seguida iremos recordar e que, estranhamente, na altura, a Censura deixou passar...


A Morte saiu à Rua

Naquele lugar sem nome p'ra qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue dum peito aberto sai

O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o pintor morreu

Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale
À lei assassina à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou

Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada há covas feitas no chão
E em todas florirão rosas duma nação.

Zeca Afonso (Letra e Música), Eu Vou Ser Como a Toupeira, 1972

NOTA: outras versões da mesma música, neste triste dia:







domingo, dezembro 18, 2011

Hoje é dia de se ouvir Mandó, konkani e falar de Goa

(imagem daqui)

Mando or Manddo is a musical form that evolved during the 19th and 20th century among Goan Catholics of Goa, India. It represents the meeting point of Indian and western musical traditions. The music has elements of both Indian and western culture. The males wear formal coats, showing Portuguese influence, while females wear a unique Indian costume (bazu torop or pano baju). The ceremonial torhop-baz worn during the mando dance was of velvet or silk, red, blue or green in colour, embroidered with gold (rarely with silver) threads. A white or blue shawl was worn. The socks had to be white and the slippers ornamented. This was all graced with a fan, which enhanced the lady's mood with a secret charm during the dance. The plural of manddo in Konkani is mande.The major theme of mandos is love, the minor ones being historical narratives, grievance against exploitation and social injustice, and political resistance during the Portuguese presence in Goa.
The accent in Konkani is almost always on the last syllable. The dialect used in the classical mandos is the Bambonn Saxtti of Salcete, particularly as spoken in the villages of Benaulim, Curtorim, Loutolim and Raia, where most of them originated. It is the most musical of the Konkani dialects with its consistent use of elisions. One of the characteristics of this dialect is that words are stretched out in pronunciation with the addition of an extra vowel sound either in the middle of the words or at the end epenthesis. Thus the word dista is lengthened to disota and sanddlear into sanddilear. The suffixes –i and –o are commonly used to add an extra syllable to a line. Thus larar becomes larari and neketr becomes neketro. The full sound -o- is softened in this dialect. Thus roddonk becomes roddunk, mozo becomes muzo. The possessive pronouns in the mando have the Salcete form, as tugel´lem for tujem, mugel´lem for mujem or mojem. Shorter forms are derived when the music needs to cut off a syllable, e.g. tuj´ kodden (koddem) instead of tuje koddem and mak´ naka instead of maka naka. Not only the phonetics correspond to the Salcete dialect but also words like masoli (masli) for “fish” instead of nishtem, e.g. “Dongrari fulo nam, doriant masli pun nam”. The Brahmins address a girl or a woman with “rê” instead of “gô” and use the pronoun “ti” instead of “tem”.
The mando is mostly a monologue, in the first person singular or plural, except for the historical narratives. In some mandos, however, one person addresses another, who in turn replies. Singing is accompanied by gentle turning sideways to the rhythm, thus creating both a visual and auditory performance.

Aniversariante de hoje em homenagem a Gram Parsons, com Norah Jones

Beautiful


Song for Steven Biko



It's My Life



The Animals - It's My Life

It's a hard world to get a break in
All the good things have been taken
But girl there are ways to make certain things pay
Though I'm dressed in these rags, I'll wear sable some day

Hear what I say
I'm gonna ride the serpent
No more time spent sweatin' rent
Hear my command
It ain't no use, I'm breakin' loose,
Holdin' me down, stick around

But baby (baby)
Remember (remember)
It's my life and I'll do what I want
It's my mind and I'll think what I want
Show me I'm wrong, hurt me sometime
But some day I'll treat you real fine

There'll be women and their fortunes
Who just want to mother orphans
Are you gonna cry
When I'm squeezing them dry?
Taking all I can get
No regrets
When I ... openly lie
And live on their money
Believe me honey, that money
Can you believe, I ain't no saint
No complaints
So girl go out
Any doubt

And baby (baby)
Remember (remember)
It's my life and I'll do what I want
It's my mind and I'll think what I want
Show me I'm wrong, hurt me sometime
But some day I'll treat you real fine

(It's my life and I'll do what I want) Don't push me
(It's my mind and I'll think what I want) It's my life
(It's my life and I'll do what I want) And I can do what I want
(It's my mind and I'll think what I want) You can't tell me
(It's my life and I'll do what I want)

Aniversariante de hoje cantando com Shakira



Porque é preciso ter memória, para não repetir os erros do passado...



[O general Vassalo e Silva, num momento referido acima. Os salazaristas mais ferrenhos, com o seu azedume e o seu humor tipicamente cobarde, costuma(va)m chamar-lhe o vacila e salva.]


in Cachimbo de Magritte - post de Carlos Botelho

Chas Chandler nasceu há 73 anos

Chas Chandler com o grupo The Animals, num pub em 1964

Bryan James "Chas" Chandler (18 de dezembro de 1938 - 17 de julho de 1996) foi um músico inglês, produtor musical e empresário.
Chas Chandler foi também baixista da banda inglesa The Animals e empresário de Jimi Hendrix.

O guitarrista Keith Richards (The Rolling Stones) faz hoje 68 anos

Keith Richards (Dartford, 18 de dezembro de 1943) é um músico, compositor britânico, considerado um dos grandes nomes do rock do século XX como integrante e fundador dos The Rolling Stones.

A invasão da Índia portuguesa foi há 50 anos

(imagem daqui)
A Invasão de Goa (cognominada Operação Vijay pela Índia e também chamada de Libertação de Goa) foi uma intervenção militar das forças armadas da Índia que resultou na captura do Estado Português da Índia em 1961. A acção armada - feita por terra, ar e mar, durou cerca de 36 horas e acabou com o domínio Português de mais de 451 anos em Goa.

Alejandro Sanz - 43 anos

Alejandro Sánchez Pizarro (Madrid, 18 de dezembro de 1968) é um cantor espanhol.
Filho mais jovem do casal María Pizarro Medina e Jesús Sánchez Madero, sua vida sempre foi ligada à música, tendo seu pai seu grande influência, principalmente em relação à música flamenca. O cantor é considerado um dos maiores compositores e intérpretes da música flamenca e do pop latino.

Christina Aguilera - 31 anos

Christina María Aguilera (Staten Island, Nova Iorque, 18 de dezembro de 1980) é uma atriz, cantora, compositora, produtora musical e filantropa norte-americana, vencedora de quatro prémios Grammy, um Grammy Latino e indicada ao Globo de Ouro. Iniciou sua carreira na televisão, em 1990, aparecendo no programa de talentos americano Star Search, e depois entrou para o campeão de audiência da época, O Clube do Mickey, onde ficou entre 1993 e 1994. Ela foi contratada pela RCA Records, em 1999, após de interpretar "Reflection", para o filme Mulan.
Aguilera já vendeu 50 milhões de álbuns e 30 milhões de singles. Alcançou o topo dos tops mundiais diversas vezes, incluindo a Billboard Hot 100. Dentre seus maiores sucessos estão "Genie In a Bottle", "What a Girl Wants", "Come on Over (All I Want Is You)", "Lady Marmalade", "Dirrty", "Beautiful", "Ain't No Other Man", "Hurt" e "Moves Like Jagger" em parceria com a banda Maroon 5. Fez sua estreia no mundo da música em 1999, com o álbum Christina Aguilera, pela RCA, que obteve uma alta receptividade e se tornou sucesso imediato vendendo mais de 18 milhões de cópias - ganhando vários prémios, incluindo o Grammy de artista revelação (que roubou a Britney Spears) - devido a inovação de colocar o Teen Pop em sintonia com uma voz poderosa, que lembrava as grandes divas do R&B, algo até então inédito. A partir de seu segundo álbum de inéditas, Stripped - que vendeu mais de 12 milhões de cópias, Christina procurou um álbum menos Pop com raízes da música afro-americana, como o Jazz, Soul, R&B e Hip Hop tornando-se cada vez mais evidente sua incrível capacidade e extensão vocal. Também possui grande influência latina, gravando um CD inteiramente em espanhol - Mi Reflejo. Trabalhou também, experimentalmente com a música eletrónica, no seu último CD "Bionic", que obteve baixa receptividade crítica e comercial. Para cada divulgação de um álbum de estúdio, ela criou um alterego sendo eles Xtina (Stripped e Bionic) e Baby Jane (Back to Basics). Ganhou importantes prémios da música como Grammy Awards, MTV Video Music Awards, MTV Europe Music Awards, Billboard Music Awards, Billboard Latin, World Music Awards, entre vários outros.
Em 2006, Christina foi listada em 7º lugar na lista das 10 mulheres mais ricas da Forbes, e em 2008, Aguilera foi incorporada na lista dos "Cem melhores cantores de todos os tempos", realizada pela revista Rolling Stone, ocupando a 58ª posição, sendo a cantora mais jovem a entrar nessa lista. Em 2009 foi considerada umas das 50 pessoas mais bonitas do mundo pela revista People, sendo também foi considerada umas das mulheres mais bonitas do mundo segundo a revista Maxim.
Trabalhou ao lado da premiada cantora e atriz Cher, na divulgação do musical Burlesque, lançado em 24 de novembro de 2010 nos Estados Unidos e Canadá. Em 2010, Christina foi nomeada pela ONU como Embaixadora Oficial Contra Fome e foi homenageada com uma estrela no Passeio da Fama.

Steve Biko nasceu há 65 anos


Steve Bantu Biko (18 de Dezembro de 1946 - 12 de Setembro de 1977) foi um conhecido activista do movimento anti-apartheid na África do Sul, durante a década de 1960.
Insatisfeito com a União Nacional de Estudantes Sul-africanos (National Union of South African Students), da qual era membro, participou da fundação, em 1968, da Organização dos Estudantes Sul-africanos (South African Students' Organisation). Em 1972, tornou-se presidente honorário da Convenção dos Negros (Black People's Convention).
Em Março de 1973, no ápice do regime de segregação racial (Apartheid), foi "banido", o que significava que Biko estava proibido de comunicar-se com mais de uma pessoa por vez e, portanto, de realizar discursos. Também foi proibida a citação a qualquer de suas declarações anteriores, tivessem sido feitas em discursos ou mesmo em simples conversas pessoais.
Em 6 de Setembro de 1977 foi preso em bloqueio rodoviário organizado pela polícia. Levado sob custódia, foi acorrentado às grades de uma janela da penitenciária durante um dia inteiro e sofreu grave traumatismo craniano. Em 11 de Setembro, foi embarcado em veículo policial para transporte para outra prisão. Biko morreu durante o trajecto e a polícia alegou que a morte se devera a "prolongada greve de fome empreendida pelo prisioneiro".

Steven Spielberg - 65 anos!

Steven Allan Spielberg (Cincinnati, 18 de dezembro de 1946) é um cineasta e empresário norte-americano. Filho dos judeus Leah Posner Spielberg Adler - restauradora e pianista de concerto - e Arnold Spielberg - engenheiro de computação. Quando ainda criança foi para a Califórnia aos cuidados de Zalman e Pearl Segal após a separação dos pais, enquanto suas três irmãs ficaram com a mãe no Arizona. Spielberg é o diretor que mais tem filmes na lista dos 100 Melhores Filmes de Todos os Tempos, feita pelo American Film Institute, e é considerado por muitos, inclusive por críticos de renome, um dos melhores diretores de cinema de todos os tempos.

sábado, dezembro 17, 2011

Uma grande perda para world music...

(imagem daqui)

Funeral de Cesária Évora é na terça-feira e Governo (de Cabo Verde) decretou dois dias de luto nacional

O Governo de Cabo Verde decretou dois dias de luto nacional para o dia do funeral de Cesária Évora, terça-feira, disse, no Mindelo, o primeiro-ministro cabo-verdiano, que prometeu tudo fazer para que "Cize" "perdure eternamente" como "nome cintilante da cabo-verdianidade".
O funeral de Cesária Évora, falecida este sábado, decorrerá terça-feira à tarde no Mindelo, ilha de São Vicente, terra natal da cantora cabo-verdiana, indicou a família, citada pela agência Inforpress.
Segundo familiares, o corpo de Cesária Évora vai permanecer em câmara fria até às 7 horas de terça-feira, altura em que será transladado para a residência da família, na Rua Fernando Ferreira Fortes, onde permanecerá até às 12.00 horas (13.00 horas em Portugal continental).
A essa hora, a urna contendo os restos mortais de "Cize" será conduzida ao Salão Nobre da Câmara Municipal de São Vicente, onde permanecerá em câmara ardente até à hora da partida para o cemitério, às 16.00 horas (17.00 em Lisboa).
Entretanto, o Governo cabo-verdiano passou de um para dois dias o luto nacional, que entrará em vigor à meia-noite deste sábado.
Em memória da cantora, até segunda-feira, a bandeira vai estar em meia haste em todo o território nacional, embaixadas, consulados e outras representações de Cabo Verde no exterior.
O Governo já decidiu ainda conceder tolerância de ponto na ilha de São Vicente no dia do enterro.
Citado pela Inforpress, o primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, que se encontra na ilha de São Vicente, explicou que, para além do luto nacional, o Governo vai estudar outras formas de homenagear a falecida cantora para "eternizar o nome de Cesária Évora".
"Cesária Évora, que promoveu tanto Cabo Verde, deu um contributo inestimável para que esta Nação pudesse ter grandeza e auto estima, orgulho de ser Cabo Verde, mas também a enorme projeção que fez de Cabo Verde no mundo", sintetizou o chefe do governo na sua primeira declaração à imprensa após a morte de Cesária.
"Cesária não morrerá nunca, pois é um ícone e uma estrela que nunca se apaga. Terá desaparecido fisicamente, mas continuará eternamente na memória de todos", sustentou.

in JN - ler notícia

PARTIDA

Nha cretcheu, djâm s' tá ta parti
Oi partida sô bô podia sépara-no
Nha cretcheu Ievantá pàm bem
braçabo Levantá pa'm bem beja-bo
Pàm caricia-bo ess bô face
S'el ta sirvi levá l
Màl ta sirvi pa transporta'l
Caminho longe. séparação
Ess sofrimento nh'amor qa bô
Oi partida bô leva'l
Bô ta tornà trazé'l
Oi madrugada imagem di nh'alma
Manha cretcheu entrega-me sês lágrimas
Pâm ca sofrê nem tchorà
Ess sofrimento ca é sô pa mim
Oi partida bô é um dor profundo.


NOTA: tradução do crioulo caboverdiano para português:

PARTIDA

Meu amor, vou-me embora
Oh, partida! Só tu nos podias separar
Levanta-te, meu amor, para eu te abraçar
Levanta-te, para te beijar
Para acariciar essa bela face
A partida te acompanha,
Ela serve para te levar
Pelo caminho longe da separação
Este sofrimento é o meu amor por ti
Oh, partida, leva o meu amor
Mas tens de o tornar a trazer
A madrugada é a imagem da minh'alma
Mas o meu amor oferece-me as suas lágrimas
Para eu não sofrer, nem chorar
Este sofrimento não é só para mim,
Oh partida, és dor profunda.

Morreu Cesária Évora...


Cesária Évora - Lua nha testemunha

Bô ka ta pensâ
nha kretxeu
Nen bô ka t'imajiâ,
o k'lonj di bó m ten sofridu.

Perguntâ
lua na séu
lua nha kompanhêra
di solidão.
Lua vagabunda di ispasu
ki ta konxê tud d'nha vida,
nha disventura,
El ê k' ta konta-bu
nha kretxeu
tud k'um ten sofridu
na ausênsia
y na distânsia.

Mundu, bô ten roladu ku mi
num jogu di kabra-séga,
sempri ta persigi-m,
Pa kada volta ki mundu da
el ta traze-m un dor
pa m txiga más pa Déuz

Mundu, bô ten roladu ku mi
num jogu di kabra-séga,
sempri ta persigi-m,
Pa kada volta ki mundu da
el ta traze-m un dor
pa m txiga más pa Déuz

Bô ka ta pensâ
nha kretxeu
Nen bô ka t'imajiâ,
o k'lonj di bó m ten sofridu.

Perguntâ
lua na séu
lua nha kompanhêra
di solidão.
Lua vagabunda di ispasu
ki ta konxê tud d'nha vida,
nha disventura,
El ê k' ta konta-bu
nha kretxeu
tud k'um ten sofridu
na ausênsia
y na distânsia.

Mundu, bô ten roladu ku mi
num jogu di kabra-séga,
sempri ta persigi-m,
Pa kada volta ki mundu da
el ta traze-m un dor
pa m txiga más pa Déuz

Mundu, bô ten roladu ku mi
num jogu di kabra-séga,
sempri ta persigi-m,
Pa kada volta ki mundu da
el ta traze-m un dor
pa m txiga más pa Déuz

Acordai!

Sodade


Sodade - Cesária Évora
Armando Zeferino Soares

Quem mostra' bo
Ess caminho longe?
Ess caminho
Pa Sã Tomé

Sodade sodade sodade
Dess nha terra d’Sã Nicolau

Si bô 'screvê' me
'M ta 'screvê be
Si bô 'squecê me
'M ta 'squecê be

Até dia
Qui bô voltá

Sodade sodade sodade
dess nha terra d'São Nicolau.



NOTA: tradução do criolo caboverdeano para português:

Saudade - Cesária Évora

Quem te indicou
Esse caminho longínquo?
Esse caminho
Para São Tomé
Saudade
Da minha terra de São Nicolau
Se me escreveres
Eu escrever-te-ei
Se me esqueceres
Eu te esquecerei
Até ao dia
Que tu voltares

Hoje estamos de luto...

Morreu Cesária Évora

Cantora cabo-verdiana nasceu em 1941


A cantora cabo-verdiana Cesária Évora morreu hoje, aos 70 anos, no Hospital Baptista de Sousa, na ilha de São Vicente, Cabo Verde.

A informação foi adiantada à agência Lusa por fonte hospitalar.

A “diva dos pés descalços”, como a imprensa se referiu muitas fez a Cesária Évora, nasceu há 70 anos na cidade do Mindelo, na ilha cabo-verdiana de S. Vicente no seio de uma família de músicos.

Numa das muitas entrevistas que deu, certa vez, afirmou: “Tudo à minha volta era música”. O pai, Justiniano da Cruz, tocava cavaquinho, violão e violino, instrumentos que se tornaram característicos daquelas ilhas, o irmão, Lela, saxofone, e entre os amigos contava-se o mais emblemático compositor cabo-verdiano, B. Leza.

“Cise” como era carinhosamente tratada pelos amigos, tornou-se no nome mais internacional de Cabo Verde, país de onde o mundo conhecia já grandes músicos como Luís Moraes e Bana.

Desde cedo que Cesária Évora se lembrava de cantar, como referiu numa das muitas entrevistas que deu: “Cantava ao ar livre nas praças da cidade para afastar coisas tristes”. Aos 16 anos canta nos bares da cidade e nos hotéis começando a ganhar uma legião de fãs que a aclamavam já como “rainha da morna”.

A independência da nação africana, em 1975, coincide com o início de um “período negro” da cantora que deixa de cantar, tem problemas com o alcoolismo e trabalha noutra área.

Em 1985 a convite de Bana, proprietário de um restaurante e uma discoteca com música ao vivo em Lisboa, Cise vem a Lisboa e grava um disco que passou despercebido à crítica, seguindo para Paris onde é “descoberta” e daqui, como aconteceu com outros cantores, partiu para os palcos do mundo.

Em 1988 grava “La diva aux pied nus”, álbum aclamado pela crítica. Nesta fase da sua carreira tem um papel fundamental, que se manteve até ao final, o empresário francês José da Silva.

Em 1992 Cesária Évora gravou “Miss Perfumado” e aos 47 anos torna-se uma “estrela” internacional no mundo da world music, fazendo parcerias com importantes músicos e pisando os mais prestigiados palcos.

Uma carreira internacional que passou várias vezes por palcos portugueses cujas salas esgotavam para ouvir, entre outros êxitos, “Sôdade”.

Em 2004 recebeu um Grammy para o Melhor Álbum, de world music contemporânea pelo disco “Voz d’Amor”. “Cise” não pára e continua em sucessivas digressões, regressando de quando em vez à sua terra natal.

“Eu preciso de quando vez da minha da terra, do povo que sou e desde marulhar das ondas”, confidenciou certa vez à Lusa.

A cantora começa a enfrentar vários problemas de saúde e alguns “sustos” como afirmava, mas regressava sempre aos palcos e aos estúdios com alegria.

Em 2009 o Presidente francês Nicolas Sarkozy entrega-lhe a medalha da Legião de Honra, depois de uma intervenção cirúrgico que a levou a temer pela vida.

Cesária voltou aos estúdios e anunciou não só uam digressão como a gravação de um novo que deveria sair no próximo ano.

No dia 24 de Setembro, numa entrevista ao Le Monde, a cantora afirma que tem de terminar a carreira por conselho médico. A sua promotora, Tumbao, emite um comunicado confirmando as declarações da “diva dos pés descalços”, e dando conta da tristeza que sentia por ter de o fazer.

Nesse mesmo dia ao princípio da tarde a cantora é internada no hospital parisiense de Pitie-Salpetriere, por ter sofrido “mais um acidente vascular cerebral (AVC)”. A Tumbao emitiu nesse mesmo dia um comunicado dando conta que o diagnóstico clínico da mais internacional artista cabo-verdiana era “reservado”.

Aos 70 anos, completados no passado 27 de Agosto, e após uma curta visita a Lisboa onde pediu para passear a pé pelo bairro de São Bento, Cesária Évora morreu em Paris.

Ao longo da carreira, além das inúmeras digressões e actuações em televisões, gravou 24 álbuns, um DVD, “Live in Paris”, e registou dezenas de colaborações em discos.