segunda-feira, dezembro 09, 2019

Almeida Garrett morreu há 165 anos

João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett nasceu com o nome de João Leitão da Silva no Porto, a 4 de fevereiro de 1799, filho segundo de António Bernardo da Silva Garrett, selador-mor da Alfândega do Porto, e Ana Augusta de Almeida Leitão. Mais tarde viria a escrever a este propósito: "Nasci no Porto, mas criei-me em Gaia". No período de sua adolescência foi viver para os Açores, na ilha Terceira, quando as tropas francesas de Napoleão Bonaparte invadiram Portugal e onde era instruído pelo tio, D. Alexandre, Bispo de Angra.
De seguida, em 1816 foi para Coimbra, onde acabou por se matricular no curso de Direito. Em 1821 publicou O Retrato de Vénus, trabalho que fez com que lhe pusessem um processo por ser considerado materialista, ateu e imoral. É também neste ano que ele e sua família passam a usar o apelido de Almeida Garrett.
    
(...)
    
Por decreto de El-Rei D. Pedro V de Portugal, datado de 25 de junho de 1851 Garrett é feito Visconde de Almeida Garrett em vida (tendo o título sido posteriormente renovado por 2 vezes). Em 1852 sobraça, por poucos dias, a pasta do Negócios Estrangeiros, em governo presidido pelo Duque de Saldanha.
Em 1852 é eleito novamente deputado, e de 4 a 17 de agosto será ministro dos Negócios Estrangeiros. A sua última intervenção no Parlamento será em março de 1854, em que ataca o governo, na pessoa de Rodrigo de Fonseca Magalhães.
Falece a 9 de dezembro de 1854, vítima de um cancro de origem hepática, na sua casa situada na atual Rua Saraiva de Carvalho, em Campo de Ourique, Lisboa. Foi sepultado no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, tendo sido trasladado, a 8 de março de 1926, para o Panteão Nacional, à data no Mosteiro dos Jerónimos. Encontra-se actualmente no Panteão Nacional, na Igreja de Santa Engrácia.
Brasão de Visconde de Almeida Garrett (daqui)
  

Não És Tu

Era assim, tinha esse olhar,
A mesma graça, o mesmo ar,
Corava da mesma cor,
Aquela visão que eu vi
Quando eu sonhava de amor,
Quando em sonhos me perdi.

Toda assim; o porte altivo,
O semblante pensativo,
E uma suave tristeza
Que por toda ela descia
Como um véu que lhe envolvia,
Que lhe adoçava a beleza.

Era assim; o seu falar,
Ingénuo e quase vulgar,
Tinha o poder da razão
Que penetra, não seduz;
Não era fogo, era luz
Que mandava ao coração.

Nos olhos tinha esse lume,
No seio o mesmo perfume ,
Um cheiro a rosas celestes,
Rosas brancas, puras, finas,
Viçosas como boninas,
Singelas sem ser agrestes.

Mas não és tu... ai!, não és:
Toda a ilusão se desfez.
Não és aquela que eu vi,
Não és a mesma visão,
Que essa tinha coração,
Tinha, que eu bem lho senti.

 

in Folhas Caídas (1953) - Almeida Garrett

domingo, dezembro 08, 2019

Jim Morrison nasceu há 76 anos

James "Jim" Douglas Morrison (Melbourne, 8 de dezembro de 1943 - Paris, 3 de julho de 1971) foi um cantor, compositor e poeta norte-americano, mais conhecido como o vocalista da banda de rock The Doors. Foi o autor da maior parte das letras da banda. Após o aumento explosivo da fama dos The Doors em 1967, Morrison desenvolveu uma grave dependência de álcool que, juntamente com o consumo de drogas, culminou na sua morte, com 27 anos de idade, em Paris. Alguns dizem que veio a falecer devido a uma overdose de heroína, mas como não foi realizada autópsia, a causa exata da sua morte ainda é contestada.
    
     

O salva-vidas Mona naufragou há sessenta anos

(imagem daqui)
  
RNLB Mona (ON 775) was a Watson Class lifeboat based at Broughty Ferry in Scotland, that capsized during a rescue attempt, with the loss of her entire crew of eight men. The Mona was built in 1935, and, in her time, saved 118 lives.
  
The loss of the Mona
At 03.13 hours on 8 December 1959, the Mona was launched to assist the North Carr Lightship which was reported adrift in St Andrews Bay. Weather conditions were exceptionally severe with a strong south-easterly gale and the Broughty Ferry Lifeboat was the only boat in the area able to launch. The Mona was seen clearing the Tay and heading south into St Andrews Bay. Her last radio message was timed at 04.48am, and after a helicopter search she was found capsized on Buddon Sands. Her crew of eight were all drowned. The North Carr reef is off the coast of Fife. The lightvessel, later replaced by a beacon, is now berthed at Victoria Dock, Dundee harbour.
As The Mona was struggling to reach the North Carr, the Lightship's crew of six were able to drop their spare anchor. They were all rescued alive and well by a helicopter the next morning, 24 hours after the first call for help had gone out.
The Mona disaster was the subject of an official investigation, in which the boat was described as having been 100% seaworthy at the time of the accident.
According to a letter to the Dundee Evening Telegraph, in January 2006, "Among some seamen, it was believed the vessel was tainted with evil, and they resolved to exorcise the boat in a 'viking ritual'". The Mona was taken to Cockenzie harbour on the river Forth in the dead of night, stripped of anything of value, chained to the sea wall, and burnt. The burning was done with the knowledge and permission of Lord Saltoun, the chairman of the Scottish Lifeboat Council. Questions were raised in the House of Commons about the destruction of a lifeboat built with public subscription.
The incident was immortalised in song by Peggy Seeger entitled The Lifeboat Mona, which is sung by The Dubliners, commemorating its great achievements and the hardships the crew endured.
 
   
Names of crewmen
  • Ronald Grant
  • George Smith
  • Alexander Gall
  • John Grieve
  • George Watson
  • James Ferrier
  • John T Grieve
  • David Anderson
The scale of the tragedy stunned the local community, and a disaster fund raised more than £77,000 in less than a month.
By the time a relief lifeboat arrived at Broughty Ferry two weeks after the disaster, 38 volunteers had signed up to form a new crew.
The names of the men who died are commemorated on a plaque on the side of the present day boat house.
Local newspaper the Dundee Courier and Evening Telegraph was at the forefront of coverage of the disaster. In 2006, on his retirement, deputy chief reporter Ron Skelton told regional journalism website HoldTheFrontPage that it was his work in covering The Lifeboat Mona disaster that convinced him his future lay in hard news.
The 50th anniversary of the disaster, in 2009, saw a number of memorial events organised to mark the occasion. These included a memorial concert on the actual anniversary date and talks entitled The Mona Remembered at the local church on 23 and 25 November.
There was also an appeal for relatives of the lost crew to come forward.
    
   
 
The Lifeboat Mona - The Dubliners

Remember December fifty-nine
The howling wind and the driving rain
Remember the gallant men who drowned
On the lifeboat Mona was her name

The wind it blows and the sea roar's up
Beats the land with mighty waves
At St.Andrew's bay the lightship fought
The sea until her moorings gave

Three hours went by and the mona called
the wind blows hard and the sea runs high
in the morning of Carnusty beach
the Mona and her crew did lie

The captain signalled to the shore
We must have help or we'll go down
From Broughty Ferry at two a.m
They sent the lifeboat Mona

Eight men formed that gallant crew
They set their boats against the main
The wind's so hard and the sea's so rough
We'll never sea land or sea again

Five lay drowned in the cabin there,
two were washed up on the shore
Eight men died when the boat capsized
and the eight is lost forever more.

Remember December fifty-nine
the howling wind and the driving rain
The men who leave the land behind
and the men who never see their homes again.

A pintora Camille Claudel nasceu há 155 anos

Camille Claudel, nome artístico de Camille Athanaïse Cécile Cerveaux Prosper (Aisne, 8 de dezembro de 1864 - Paris, 19 de outubro de 1943) foi uma escultora francesa
 
Auguste Rodin, Retrato de Camille Claudel com um boné, 1886
Biografia
Camille era filha de Louis Prosper, um hipotecário, e Louise Athanaïse Cécile Cerveaux. Camille passou toda sua infância em Villeneuve-sur-Fère, morando em um presbitério que o seu avô materno, doutor Athanaïse Cerveaux, havia adquirido. Foi a primeira filha do casal, sendo quatro anos mais velha que Paul Claudel. Ela impõe ao seu irmão, assim como à sua irmã mais nova Louise, a sua forte personalidade. Ela comandava os dois desde pequena. Segundo Paul, o seu irmão, ela declarou desde cedo o seu desejo de ser escultora. Camille também tinha certas premonições e previu também que o seu irmão se tornaria escritor e a sua irmã Louise seria música.
O seu pai, maravilhado com o seu estupendo e precoce talento que, ainda na infância, produziu esculturas de ossos e esqueletos com impressionante verosimilhança, oferta-lhe todos os meios de desenvolver as suas potencialidades, colocando-a em escolas e cursos de primeira linha. A sua mãe, por outro lado, não vê com bons olhos, colocando-se sempre contra todo aquele empreendimento, reagindo muitas vezes violentamente no sentido de reprovar a filha que traz incómodos e custos excessivos para a manutenção do seu "capricho". O sonho de Camille é ser uma escultora de sucesso e vê essa vontade ameaçada pela mãe, que acha que ocorrem muitos gastos com a educação da menina.
Em 1881, já com 17 anos, sai de casa para ir em busca do seu grande sonho. Parte para Paris e ingressa na Academia Colarossi, uma escola que forma artistas escultores. Ela teve por mestre primeiramente Alfred Boucher e depois Auguste Rodin. É desta época que datam suas primeiras obras que nos são conhecidas: A Velha Helena (La Vieille Hélène - coleção particular) ou Paul aos treze anos (Paul à treize ans - Châteauroux).
O tempo passa, e o seu professor Rodin, impressionado pela solidez e tamanha beleza de seu trabalho, admite-a como aprendiz de seu ateliê, na rua da Universidade, em 1885 e é nesse momento que ela colaborará na execução das Portas do Inferno (Les Portes de l'Enfer) e do monumento Os Burgueses de Calais (Les Bourgeois de Calais).
Tendo deixado a sua família pelo amor a escultura, ela trabalha vários anos a serviço do seu mestre, por quem está secretamente apaixonada, e ela mantém-se à custa da sua própria criação, pois ela ganha salário como aprendiz. Por vezes, a obra de um e de outro são tão próximas que não se sabe qual obra de seu professor ou da aluna. Às vezes se confunde em quem inspirou um ou copiou o outro, pois Camille faz tão bem seu trabalho que parece que há anos ela trabalha com arte. As suas esculturas e as de Rodin são muito idênticas, facto que aproxima os dois.
O tempo passa e Camille e Rodin se envolvem, e têm um caso ardente de amor. Porém Camille Claudel enfrenta muito rapidamente duas grandes dificuldades: de um lado, Rodin não consegue decidir-se em deixar Rose Beuret, a sua namorada desde os primeiros anos difíceis, e de outro lado, alguns afirmam que as suas obras seriam executadas por seu próprio mestre, ou seja, acusam Camille de ter copiado todos os trabalhos de seu professor em vez dela mesma fazer. Muito triste e depressiva pelas acusações e por Rodin ainda ter outra mulher, Camille tentará distanciar-se de Rodin e a fazer as suas obras de arte sozinha. Percebe-se muito claramente essa tentativa de autonomia na sua obra (1880-94), tanto na escolha dos temas como no tratamento: A Valsa (La Valse, Museu Rodin) ou A Pequena Castelã (La Petite Châtelaine, Museu Rodin). Esse distanciamento segue até ao rompimento definitivo, em 1898. A ruptura é marcada e contada pela famosa obra de título preciso: A Idade Madura (L’Age Mûr – Museu d'Orsay).
Ferida e desorientada, ainda mais por descobrir que o seu o romance com Rodin não passou de uma aventura para ele e que ele preferiu a namorada, Camille Claudel passa a nutrir por Rodin um estranho amor-ódio que a levará à paranóia e a loucura. Ela instala-se então no número 19 do hotel Quai Bourbon e continua a sua busca artística em grande solidão, pois ama loucamente Rodin, mas ao mesmo tempo o odeia por ele tê-la abandonado. Ela entregou-se a esse homem de corpo e alma e em troca só teve ingratidão e abandono. Apesar do apoio de críticos como Octave Mirbeau, Mathias Morhardt, Louis Vauxcelles e do fundidor Eugène Blot, seus amigos, ela não consegue superar a dor da saudade. Eugène Blot organiza duas grandes exposições, esperando o reconhecimento e assim um benefício sentimental e financeiro para Camille Claudel, pois ele quer ajudar a amiga em dificuldade. As suas exposições têm grande sucesso de crítica, mas Camille já está doente demais para se reconfortar com os elogios. Ela passa a ficar estranha e obsessiva, querendo a morte de Rodin. Ela passa a se lembrar de seu passado, a mãe a impedi-la de ser uma artista e as lembranças más da infância passam a sufocá-la cada vez mais.
Depois de 1905, os períodos paranóicos de Camille multiplicam-se e acentuam-se. Ela crê nos seus delírios. Entre seus sonhos doentes, ela acredita que Rodin roubará as suas obras de arte para moldá-las e expô-las como suas, ou seja, ela acha que Rodin roubará as esculturas e falará que foi ele quem fez. Ela passa a achar que o inspetor do Ministério das Belas-Artes está em conluio com Rodin, e que desconhecidos querem entrar em sua casa para lhe furtar suas obras de arte. Nessa fase ela passa a falar sozinha e já adquiriu a esquizofrenia. Também chora muito, e passa a ter ideias de suicídio. Camille cria histórias imaginárias que ela passa a achar que são puramente verdade. Nessa terrível época que suas crises de loucura aumentam, vive um grande abatimento físico e psicológico, não se alimentando mais e desconfiando de todas as pessoas, achando que todos a matarão. Ela isola-se e como mora sozinha no hotel, ninguém sabe da sua condição, pois ela rompe a amizade com os amigos e passa a querer ficar e viver sozinha em seu quarto. Ela mantém-se vendendo as poucas obras que ainda lhe restam.
O seu pai, seu porto-seguro, a única pessoa que a mais entendeu na sua vida, morre em 3 de março de 1913, o que piora por completo sua depressão e a faz sair da realidade mais ainda. Ela entra numa crise violenta, quebrando tudo e gritando, e em 10 de março, é internada no manicómio de Ville-Evrard. A eclosão da Primeira Guerra Mundial levou-a a ser transferida para Villeneuve-lès-Avignon onde morre, após trinta anos de internamento e desespero, passando todo esse tempo amarrada e sedada. Morreu em 19 de outubro de 1943, com 79 anos incompletos.
    
  
Camille Claudel, Sakountala, escultura em mármore, 1905, Museu Rodin, Paris

Florbela Espanca nasceu há 125 anos


FlorbelaEspanca (Vila Viçosa, 8 de dezembro de 1894 - Matosinhos, 8 de dezembro de 1930), batizada como Flor Bela de Alma da Conceição Espanca, foi uma poetisa portuguesa. A sua vida, de apenas trinta e seis anos, foi plena, embora tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos que a autora soube transformar em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização, feminilidade e panteísmo.
  
(...)
  
Florbela tentou o suicídio por duas vezes mais, em outubro e novembro de 1930, na véspera da publicação da sua obra-prima, Charneca em Flor. Após o diagnóstico de um edema pulmonar, a poetisa perdeu definitivamente a vontade de viver. Não resistiu à terceira tentativa do suicídio. Faleceu em Matosinhos, no dia do seu 36º aniversário, a 8 de dezembro de 1930. A causa da morte foi uma sobredose de barbitúricos.
A poetisa teria deixado uma carta confidencial com as suas últimas disposições, entre elas, o pedido de colocar no seu caixão os restos do avião pilotado por Apeles quando sofreu o acidente. O corpo dela jaz, desde 17 de maio de 1964, no cemitério de Vila Viçosa, a sua terra natal.
Leia-se a quadra desse "admirável soneto que é o seu voo quebrado e que principia assim":
Não tenhas medo, não! Tranquilamente,
Como adormece a noite pelo outono,
Fecha os olhos, simples, docemente,
Como à tarde uma pomba que tem sono…
  
 
  
Versos

Versos! Versos! Sei lá o que são versos...
Pedaços de sorriso, branca espuma,
Gargalhadas de luz, cantos dispersos,
Ou pétalas que caem uma a uma...

Versos!... Sei lá! Um verso é o teu olhar,
Um verso é o teu sorriso e os de Dante
Eram o teu amor a soluçar
Aos pés da sua estremecida amante!

Meus versos!... Sei eu lá também que são...
Sei lá! Sei lá!... Meu pobre coração
Partido em mil pedaços são talvez...

Versos! Versos! Sei lá o que são versos...
Meus soluços de dor que andam dispersos
Por este grande amor em que não crês...

 

in Sonetos Completos (1934) - Florbela Espanca

John Lennon morreu há 39 anos...



Tom Jobim morreu há 25 anos...

Antônio “Tom” Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (Rio de Janeiro, 25 de janeiro de 1927 - Nova Iorque, 8 de dezembro de 1994), mais conhecido como Tom Jobim, foi um compositor, maestro, pianista, cantor, arranjador e guitarrista brasileiro. É considerado o maior expoente de todos os tempos da música popular brasileira pela revista Rolling Stone, e um dos criadores e principais forças do movimento da bossa nova.
 
 

Hoje é dia da Rainha e padroeira de Portugal

"A Imaculada Conceição dos Veneráveis", pintura de Bartolomé Esteban Murillo
  
A Imaculada Conceição é, segundo o dogma católico, a concepção da Virgem Maria sem mancha (em latim, macula ) do pecado original. O dogma diz que, desde o primeiro instante de sua existência, a Virgem Maria foi preservada por Deus, da falta de graça santificante que aflige a humanidade, porque ela estava cheia de graça divina. Também professa que a Virgem Maria viveu uma vida completamente livre de pecado.
A festa da Imaculada Conceição, comemorada a 8 de dezembro, foi definida como uma festa universal em 28 de Fevereiro de 1476 pelo Papa Sisto IV.
  
in Wikipédia
   
Interior do Santuário de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa
   
O Santuário de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa é também conhecido por Solar da Padroeira, por nele se encontrar a imagem de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Portugal.
A igreja, que é simultaneamente Matriz de Vila Viçosa, fica situada dentro dos muros medievais do castelo da vila, não se podendo porém precisar a data exacta da sua fundação, sendo que a existência da matriz é já assinalada na época medieval. O edifício actual resulta da reforma levada a cabo em 1569, reinando D. Sebastião, sendo um amplo templo de três naves, onde o mármore regional predomina como material utilizado na construção.
   
História
Segundo a tradição, a imagem da padroeira terá sido oferecida pelo Condestável do Reino, D.Nuno Álvares Pereira, que a terá adquirido em Inglaterra.
A mesma imagem teve a honra de, por provisão régia de D. João IV, referendada em cortes gerais, ter sido proclamada Padroeira de Portugal, em 25 de março de 1646. A partir de então não mais os monarcas portuguesas da Dinastia de Bragança voltaram a colocar a coroa real na cabeça.
A notável imagem, em pedra de Ançã, encontra-se no altar-mor da igreja, estando tradicionalmente coberta por ricas vestimentas (muitas delas oferecidas pelas Rainhas e demais damas da Casa Real).
Ainda em 6 de fevereiro de 1818 o Rei D. João VI concedeu nova benesse ao Santuário, erigindo-o cabeça da nova Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, agradecendo à Padroeira a resistência nacional às invasões francesas.
Neste Santuário nacional estão sediadas as antigas Confrarias de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e dos Escravos de Nossa Senhora da Conceição.
O Papa João Paulo II visitou este Santuário durante a sua primeira visita a Portugal, em 14 de maio de 1982.
   
Importância
Há uma grande peregrinação anual ao Santuário de Vila Viçosa que se celebra todos anos a 8 de dezembro, dia da solenidade da Imaculada Conceição, Padroeira Principal de Portugal. Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa foi também declarada padroeira da Arquidiocese de Évora.
   

sábado, dezembro 07, 2019

Tom Waits nasceu há setenta anos!


Thomas Alan Waits (7 de dezembro de 1949) é um músico, instrumentista, compositor, cantor e ator norte-americano. A sua voz, grossa e rouca, e as suas letras, por vezes estranhas e intrigantes, marcam a sua música. Ativo há mais de quatro décadas, Waits possui uma considerável obra, constituída de quase 30 álbuns (incluindo álbuns de estúdio, compilações e álbuns ao vivo), e mais de 50 participações diretas (como ator) e indiretas (compondo bandas sonoras) em filmes. Já foi nomeado para um grande número de prémios musicais, tendo ganhado o Grammy com dois álbuns: Mule Variations e Bone Machine.
Waits atualmente vive no Condado de Sonoma, Califórnia, com a sua esposa, Kathleen Brennan, e os seus três filhos.
 
     
 

A propósito de um aniversariante de hoje - parte II

(imagens daqui)

Sua Alteza Real, D. Mário Soares “o chulo de Portugal”
Clara Ferreira Alves, no Expresso (2015)
   
Tudo o que aqui relato é verdade. Se quiserem, podem processar-me.

Eis parte do enigma. Mário Soares, num dos momentos de lucidez que ainda vai tendo, veio chamar a atenção do Governo, na última semana, para a voz da rua.

A lucidez, uma das suas maiores qualidades durante uma longa carreira politica. A lucidez que lhe permitiu escapar à PIDE e passar um bom par de anos, num exílio dourado, em hotéis de luxo de Paris.

A lucidez que lhe permitiu conduzir da forma “brilhante” que se viu o processo de descolonização.

A lucidez que lhe permitiu conseguir que os Estados Unidos financiassem o PS durante os primeiros anos da Democracia.

A lucidez que o fez meter o socialismo na gaveta durante a sua experiência governativa. A lucidez que lhe permitiu tratar da forma despudorada amigos como Jaime Serra, Salgado Zenha, Manuel Alegre e tantos outros.

A lucidez que lhe permitiu governar sem ler os “dossiers”...

A lucidez que lhe permitiu não voltar a ser primeiro-ministro depois de tão fantástico desempenho no cargo.

A lucidez que lhe permitiu pôr-se a jeito para ser agredido na Marinha Grande e, dessa forma, vitimizar-se aos olhos da opinião pública e vencer as eleições presidenciais.

A lucidez que lhe permitiu, após a vitória nessas eleições, fundar um grupo empresarial, a Emaudio, com “testas de ferro” no comando e um conjunto de negócios obscuros que envolveram grandes magnatas internacionais.

A lucidez que lhe permitiu utilizar a Emaudio para financiar a sua segunda campanha presidencial.

A lucidez que lhe permitiu nomear para Governador de Macau Carlos Melancia, um dos homens da Emaudio.

A lucidez que lhe permitiu passar incólume ao caso Emaudio e ao caso Aeroporto de Macau e, ao mesmo tempo, dar os primeiros passos para uma Fundação na sua fase pós-presidencial.

A lucidez que lhe permitiu ler o livro de Rui Mateus, “Contos Proibidos”, que contava tudo sobre a Emaudio, e ter a sorte de esse mesmo livro, depois de esgotado, jamais voltar a ser publicado.

A lucidez que lhe permitiu passar incólume as “ligações perigosas” com Angola, ligações essas que quase lhe roubaram o filho no célebre acidente de avião na Jamba (avião esse transportando de diamantes, no dizer do então Ministro da Comunicação Social de Angola). A lucidez que lhe permitiu, durante a sua passagem por Belém, visitar 57 países (“record” absoluto para a Espanha – 24 vezes – e França – 21), num total equivalente a 22 voltas ao mundo (mais de 992 mil quilómetros).

A lucidez que lhe permitiu visitar as Seychelles, esse território de grande importância estratégica para Portugal, aproveitando para dar uma voltinha de tartaruga.

A lucidez que lhe permitiu, no final destas viagens, levar para a Casa-Museu João Soares uma grande parte dos valiosos presentes oferecidos oficialmente ao Presidente da Republica Portuguesa.

A lucidez que lhe permitiu guardar esses presentes numa caixa-forte blindada daquela Casa, em vez de os guardar no Museu da Presidência da Republica.

A lucidez que lhe permite, ainda hoje, ter 24 horas por dia de vigilância paga pelo Estado nas suas casas de Nafarros, Vau e Campo Grande.

A lucidez que lhe permitiu, abandonada a Presidência da Republica, constituir a Fundação Mário Soares. Uma fundação de Direito privado, que, vivendo à custa de subsídios do Estado, tem apenas como única função visível ser depósito de documentos valiosos de Mário Soares. Os mesmos que, se são valiosos, deviam estar na Torre do Tombo.

A lucidez que lhe permitiu construir o edifício-sede da Fundação, violando o PDM de Lisboa, segundo um relatório do IGAT, que decretou a nulidade da licença de obras.

A lucidez que lhe permitiu conseguir que o processo das velhas construções que ali existiam e que se encontrava no Arquivo Municipal fosse requisitado pelo filho e que acabasse por desaparecer convenientemente num incêndio dos Paços do Concelho.

A lucidez que lhe permitiu receber do Estado, ao longo dos últimos anos, donativos e subsídios superiores a um milhão de contos.

A lucidez que lhe permitiu receber, entre os vários subsídios, um de quinhentos mil contos, do Governo Guterres, para a criação de um auditório, uma biblioteca e um arquivo num edifico cedido pela Câmara de Lisboa.

A lucidez que lhe permitiu receber, entre 1995 e 2005, uma subvenção anual da Câmara Municipal de Lisboa, na qual o seu filho era Vereador e Presidente.

A lucidez que lhe permitiu que o Estado lhe arrendasse e lhe pagasse um gabinete, a que tinha direito como ex-presidente da República, na… Fundação Mário Soares.

A lucidez que lhe permite que, ainda hoje, a Fundação Mário Soares receba quase 4 mil euros mensais da Câmara Municipal de Leiria.

A lucidez que lhe permitiu fazer obras no Colégio Moderno, propriedade da família, sem licença municipal, numa altura em que o Presidente era… João Soares.

A lucidez que lhe permitiu silenciar, através de pressões sobre o director do “Público”, José Manuel Fernandes, a investigação jornalística que José António Cerejo começara a publicar sobre o tema.

A lucidez que lhe permitiu candidatar-se a Presidente do Parlamento Europeu e chamar dona de casa, durante a campanha, à vencedora Nicole Fontaine.

A lucidez que lhe permitiu considerar José Sócrates “o pior do guterrismo” e ignorar hoje em dia tal frase como se nada fosse.

A lucidez que lhe permitiu passar por cima de um amigo, Manuel Alegre, para concorrer às eleições presidenciais mais uma vez.

A lucidez que lhe permitiu, então, fazer mais um frete ao Partido Socialista.

A lucidez que lhe permitiu ler os artigos “O Polvo” de Joaquim Vieira na “Grande Reportagem”, baseados no livro de Rui Mateus, e assistir, logo a seguir, ao despedimento do jornalista e ao fim da revista.

A lucidez que lhe permitiu passar incólume depois de apelar ao voto no filho, em pleno dia de eleições, nas últimas Autárquicas.

No final de uma vida de lucidez, o que resta a Mário Soares? Resta um punhado de momentos em que a lucidez vem e vai. Vem e vai. Vem e vai. Vai…. e não volta mais.

Enquanto tivemos empréstimos, já se lembrou que éramos pobres e que a regra é deixar património para os filhos e não uma herança de dividas? Para quem tem memória curta! Não é por acaso que foi cognominado de viajante…

A Moral dum exímio gastador!!!!!

Alguém se lembra do nosso Presidente Soares e das suas viagens?

Vamos lá fazer um resumo de onde foram gastos milhões dos nossos impostos, só em viagens, com a sua comitiva… tudo pago pelo contribuinte, claro!
   
1986
11 a 13 de maio – Grã-Bretanha
06 a 09 de julho – França
12 a 14 de setembro – Espanha
17 a 25 de outubro – Grã-Bretanha e França
28 de outubro – Moçambique
05 a 08 de dezembro – São Tomé e Príncipe
08 a 11 de dezembro – Cabo Verde
  
1987
15 a 18 de janeiro – Espanha
24 de março a 05 de abril – Brasil
16 a 26 de maio – Estados Unidos
13 a 16 de junho – França e Suíça
16 a 20 de outubro – França
22 a 29 de novembro – Rússia
14 a 19 de dezembro – Espanha
  
1988
18 a 23 de abril – Alemanha
16 a 18 de maio – Luxemburgo
18 a 21 de maio – Suíça
31 de maio a 05 de Junho – Filipinas
05 a 08 de junho – Estados Unidos
08 a 13 de agosto – Equador
13 a 15 de outubro – Alemanha
15 a 18 de outubro – Itália
05 a 10 de novembro – França
12 a 17 de dezembro – Grécia
  
1989
19 a 21 de janeiro – Alemanha
31 de janeiro a 05 de fevereiro – Venezuela
21 a 27 de fevereiro – Japão
27 de fevereiro a 05 de março – Hong-Kong e Macau
05 a 12 de março – Itália
24 de junho a 02 de julho – Estados Unidos
12 a 16 de julho – Estados Unidos
17 a 19 de julho – Espanha
27 de setembro a 02 de outubro – Hungria
02 a 04 de outubro – Holanda
16 a 24 de outubro – França
20 a 24 de novembro – Guiné-Bissau
24 a 26 de novembro – Costa do Marfim
26 a 30 de novembro – Zaire
27 a 30 de dezembro – República Checa
  
1990
15 a 20 de fevereiro – Itália
10 a 21 de março – Chile e Brasil
26 a 29 de abril – Itália
05 a 06 de maio – Espanha
15 a 20 de maio – Marrocos
09 a 11 de outubro – Suécia
27 a 28 de outubro – Espanha
11 a 12 de novembro – Japão
  
1991
29 a 31 de janeiro – Noruega
21 a 23 de março – Cabo Verde
02 a 04 de abril – São Tomé e Príncipe
05 a 09 de abril – Itália
17 a 23 de maio – Rússia
08 a 11 de julho – Espanha
16 a 23 de julho – México
27 de agosto a 01 de setembro – Espanha
14 a 19 de setembro – França e Bélgica
08 a 10 de outubro – Bélgica
22 a 24 de novembro – França
08 a 12 de dezembro – Bélgica e França
  
1992
10 a 14 de janeiro – Estados Unidos
23 de janeiro a 04 de fevereiro – Índia
09 a 11 de março – França
13 a 14 de março – Espanha
25 a 29 de abril – Espanha
04 a 06 de maio – Suíça
06 a 09 de maio – Dinamarca
26 a 28de maio – Alemanha
30 a 31 de maio – Espanha
01 a 07 de junho – Brasil
11 a 13 de junho – Espanha
13 a 15 de junho – Alemanha
19 a 21 de junho – Itália
14 a 16 de outubro – França
16 a 19 de outubro – Alemanha
19 a 21 de outubro – Áustria
21 a 27 de outubro – Turquia
01 a 03 de novembro – Espanha
17 a 19 de novembro – França
26 a 28 de novembro – Espanha
13 a 16 de dezembro – França
  
1993
17 a 21 de fevereiro – França
14 a 16 de março – Bélgica
06 a 07 de abril – Espanha
18 a 20 de abril – Alemanha
21 a 23 de abril – Estados Unidos
27 de abril a 02 de maio – Grã-Bretanha e Escócia
14 a 16 de maio – Espanha
17 a 19 de maio – França
22 a 23 de maio – Espanha
01 a 04 de junho – Irlanda
04 a 06 de julho – Islândia
05 a 06 de julho – Espanha
09 a 14 de julho – Chile
14 a 21 de julho – Brasil
24 a 26 de julho – Espanha
06 a 07 de agosto – Bélgica
07 a 08 de setembro – Espanha
14 a 17 de de outubro – Coreia do Norte
18 a 27 de outubro – Japão
28 a 31 de outubro – Hong-Kong e Macau
  
1994
02 a 05 de fevereiro – França
27 de fevereiro a 03 de março – Espanha (incluindo Canárias)
18 a 26 de março – Brasil
08 a 12 de maio – África do Sul (tomada de posse de Mandela)
22 a 27 de maio – Itália
27 a 31 de maio – África do Sul
06 a 07 de junho – Espanha
12 a 20 de junho – Colômbia
05 a 06 de julho – França
10 a 13 de setembro – Itália
13 a 16 de setembro – Bulgária
16 a 18 de setembro – - França
28 a 30 de setembro – Guiné-Bissau
09 a 11 de outubro – Malta
11 a 16 de outubro – Egipto
17 a 18 de outubro – Letónia
18 a 20 de outubro – Polónia
09 a 10 de novembro – Grã-Bretanha
15 a 17 de novembro – República Checa
17 a 19 de novembro – Suíça
27 a 28 de novembro – Marrocos
07 a 12 de dezembro – Moçambique
30 de dezembro a 09 de janeiro 1995 – Brasil
  
1995
31 de janeiro a 02 de Fevereiro – França
12 a 13 de fevereiro – Espanha
07 a 08 de março – Tunísia
06 a 10 de abril – Macau
10 a 17 de abril – China
17 a 19 de abril – Paquistão
07 a 09 de maio – França
21 de setembro – Espanha
23 a 28 de setembro – Turquia
14 a 19 de outubro – Argentina e Uruguai
20 a 23 de outubro – Estados Unidos
27 de outubro – Espanha
31 de outubro a 04 de novembro – Israel
04 e 05 de novembro – Faixa de Gaza e Cisjordânia
05 e 06 de novembro – Cidade de Jerusalém
15 a 16 de novembro – França
17 a 24 de novembro – África do Sul
24 a 28 de novembro – Ilhas Seychelles
04 a 05 de dezembro – Costa do Marfim
06 a 10 de dezembro – Macau
11 a 16 de dezembro – Japão
  
1996
08 a 11 de janeiro – Angola
  
Durante os anos que ocupou o Palácio de Belém, Soares visitou 57 países (alguns várias vezes como por exemplo Espanha que visitou 24 vezes e a França 21 vezes), percorrendo no total 992.809 Km, o que corresponde a 22 vezes a volta ao mundo…
Para quê?

Expliquem ao povo para que serviu tanta viagem… Eis um dos porquês do nosso recurso ao acordo da troika.

Para o qual esta Alteza agora quer deixar de ser ”fiel“…
Mário Soares: A obrigação do PS ser fiel ao acordo da troika chegou ao fim – Economia – Jornal de Negócios
(Já ninguém se lembra disto…)

A propósito de um aniversariante de hoje - parte I


(imagens daqui)

Escândalos da democracia: O livro que vendeu 30 mil e desapareceu
Não foi só o livro. O autor emigrou após as revelações que atingiram Mário Soares

Fixe bem esta data: 27 de janeiro de 1996. Era um sábado e o público português assistiu a um fenómeno sem precedentes: um livro, escrito por um autor nacional, vendeu 30.000 exemplares no lançamento. Depois foi retirado do mercado e nunca mais reapareceu."Contos proibidos. Memórias de um PS desconhecido" foi a obra "mais atrevida", segundo Nelson de Matos, a pessoa que o publicou na Dom Quixote. Numa entrevista ao "Expresso", em 2004, o editor negou ter sofrido pressões ou ameaças, mas denunciou a existência de "comentários negativos" que lhe causaram "bastantes dificuldades pessoais". "A todos expliquei que o livro existia", disse na altura. "Tinha revelações importantes e procurava ser sério ao ponto de as provar. Desse ponto de vista, achei que merecia ser discutido na sociedade." Nelson de Matos é também, provavelmente, uma das poucas pessoas que conhece o paradeiro do autor - a hipótese mais repetida é a Suécia, mas ninguém está em condições de confirmar nada. O escritor, tal como acontecera antes com o bestseller instantâneo, desapareceu sem deixar rasto. Dez anos mais tarde, o jornalista Joaquim Vieira publicou cinco textos sobre o assunto na "Grande Reportagem". Em conversa com o i, recorda que "quando o livro saiu, o Rui Mateus foi entrevistado pelo Miguel Sousa Tavares na SIC, e a primeira pergunta que este lhe fez foi: 'Então, como é que se sente na pele de um traidor?' Toda a entrevista decorreu sob essa ideia."Mas o que continha o livro afinal? Qual o motivo para as desaparições? Retomando a síntese de Vieira, que o analisou a fundo, Rui Mateus diz que Mário Soares, "após ganhar as primeiras presidenciais, em 1986, fundou com alguns amigos políticos um grupo empresarial destinado a usar fundos financeiros remanescentes da campanha. (...) Que, não podendo presidir ao grupo por questões óbvias, Soares colocou os amigos como testas-de-ferro". O investigador Bernardo Pires de Lima também leu o livro e conserva um exemplar. "Parece-me evidente que desapareceu de circulação rapidamente por ser um documento incómodo para muita gente, sobretudo altas figuras do PS, metidas numa teia de tráfico de influências complicada que o livro não se recusa a revelar com documentos", observa.A obra consta de dez capítulos e 47 anexos. Ao todo, 455 páginas que arrancam na infância do autor, percorrem o primeiro quarto de século do PS (desde as origens na clandestinidade da Acção Socialista) e acabam em 1995, perto do final do segundo mandato de Soares. Na introdução, Mateus escreve: "É um livro de memórias em redor do Partido Socialista, duma perspectiva das suas relações internacionais, que eu dirigira durante mais de uma década." Os últimos três capítulos abordam o caso Emaudio - um escândalo rebentado pelo próprio Mateus e que motivou a escrita de "Contos proibidos" para "repor a verdade". Para Joaquim Vieira e Bernardo Pires de Lima, a credibilidade do livro é de oito sobre dez. "O livro adianta imensos detalhes que reforçam a sua credibilidade e nenhum deles foi alguma vez desmentido", argumenta o jornalista e actual presidente do Observatório da Imprensa. Vieira lamenta o "impacto político nulo e nenhuns efeitos" das revelações de Mateus. "Em vez de investigar práticas porventura ilícitas de um chefe de Estado, os jornalistas preferiram crucificar o autor pela 'traição' a Soares." Apesar de, na estreia, terem tido todas as coberturas, livro e autor caíram rapidamente no esquecimento. Hoje, a obra pulula na Internet em versão PDF.

Mário Soares nasceu há 95 anos

Mário Alberto Nobre Lopes Soares (Lisboa, 7 de dezembro de 1924Lisboa, 7 de janeiro de 2017) foi um político português.
Político de profissão e vocação, co-fundador do Partido Socialista, a 19 de abril de 1973, Mário Soares iniciou na juventude o seu percurso político, integrando grupos de oposição ao Estado Novo, primeiro ligado ao Partido Comunista Português - MUNAF e MUD - e depois na oposição não comunista - Resistência Republicana e Socialista, que funda com dissidentes do PCP e através do qual entrará para o Diretório Democrato-Social. Pela sua atividade oposicionista foi detido 12 vezes pela PIDE - cumprindo cerca de três anos de cadeia (Aljube, Caxias e Penitenciária) - e, posteriormente, deportado para São Tomé. Permaneceu nessa ilha até o governo de Marcello Caetano lhe permitir o regresso a Portugal, sendo, posteriormente às eleições de 1969 - nas quais Soares foi cabeça-de-lista pela CEUD em Lisboa - forçado a abandonar o país, optando pelo exílio em França.
No processo de transição democrática subsequente ao 25 de abril de 1974 Mário Soares afirmou-se como líder partidário no campo democrático, contra o Partido Comunista, batendo-se pela realização de eleições. Foi ainda Ministro de alguns dos governos provisórios - Ministro dos Negócios Estrangeiros, logo no I Governo Provisório, ficou associado ao processo de descolonização, defendendo de forma intransigente a independência e autodeterminação das províncias ultramarinas.
Vencedor das primeiras eleições legislativas realizadas em democracia, foi Primeiro-Ministro dos dois primeiros governos constitucionais, o I e II governos constitucionais, este último de coligação com o CDS. A sua governação foi marcada pela instabilidade democrática - nomeadamente, pela tensão entre o Governo e o Presidente da República - Conselho da Revolução - pela crise financeira e pela necessidade de fazer face à paralisação da economia ocorrida após o 25 de abril, que levou o Governo a negociar um grande empréstimo com os EUA. Ao mesmo tempo, foi um período em que o Governo, e Soares em particular, se empenhou em desenvolver contactos com outros líderes europeus, tendentes à adesão de Portugal às Comunidades Europeias.
Líder da oposição entre 1979 e 1983, no ano de 1982, Mário Soares conduziu o PS ao acordo com o PSD e o CDS (que então formavam um governo chefiado por Francisco Pinto Balsemão) para levar a cabo a revisão constitucional de 1982, que permitiu a extinção do Conselho da Revolução, a criação do Tribunal Constitucional e o reforço dos poderes da Assembleia da República.
Foi, de novo, Primeiro-Ministro do IX governo, do chamado Bloco Central, num período marcado por uma nova crise financeira e pela intervenção do FMI em Portugal.
Posteriormente, foi Presidente da República durante dois mandatos, entre 1986 e 1996, vencendo de forma tangente, e à segunda volta, as eleições presidenciais de 1986, e com larga maioria as de 1991, em que contou não só com o apoio do PS como do PSD, de Cavaco Silva. Sendo o primeiro civil a exercer o cargo de Presidente da República, deixou patente um novo estilo presidencial, promovendo a proximidade com as populações e a projeção de Portugal no estrangeiro; sendo marcado ao mesmo tempo pela tensão política com os governos de Cavaco Silva e pelo polémico caso TDM (Teledifusão de Macau).
Biografia
Nascido em Lisboa, foi o segundo filho de João Lopes Soares, ex-padre e pedagogo, ministro na I República e combatente do Salazarismo, e de Elisa Nobre Baptista. Co-fundador do Partido Socialista de Portugal, a 19 de abril de 1973, Mário Soares foi um dos mais famosos resistentes ao Estado Novo, pelo que foi preso doze vezes (num total de cerca de três anos de cadeia) e deportado sem julgamento para a ilha de São Tomé, em 1968, até se exilar em França, em 1970.
Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1951, e em Direito, na Faculdade de Direito da mesma universidade, em 1957. Foi nos tempos de estudante que, com apoio do pai, iniciou o seu percurso político - pertenceu ao MUNAF - Movimento de Unidade Nacional Anti-Fascista, em maio de 1943, integrou a Comissão Central do MUD - Movimento de Unidade Democrática, sob a presidência de Mário de Azevedo Gomes, em 1946, foi fundador o MUD Juvenil e membro da primeira Comissão Central, no mesmo ano. Em 1949, ano em que, a 22 de fevereiro, se casou na prisão, com registo na 3.ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa, com Maria Barroso foi secretário da Comissão Central da candidatura do General Norton de Matos à Presidência da República, em 1955 integrou o Directório Democrático-Social, dirigido por António Sérgio, Jaime Cortesão e Azevedo Gomes e, em 1958, pertenceu à comissão da candidatura do General Humberto Delgado à Presidência da República. Foi militante do Partido Comunista Português e, como advogado, defensor do Dr. Alvaro Cunhal.
Foi professor do Ensino Secundário Particular e chegou a dirigir o Colégio Moderno, fundado pelo pai. Como advogado defensor de presos políticos, participou em numerosos julgamentos, realizados no Tribunal Plenário e no Tribunal Militar Especial. Representou a família de Humberto Delgado na investigação do seu alegado assassinato e, juntamente com Adelino da Palma Carlos, defendeu também a causa dinástica de Maria Pia de Saxe-Coburgo e Bragança. Ainda na década de 1950 foi membro da Resistência Republicana e Socialista, redactor e signatário do Programa para a Democratização da República em 1961, candidato a deputado pela Oposição Democrática, em 1965, e pela CEUD, em 1969.
Aquando do seu exílio em França, em 1970, foi chargé de cours nas universidades de Paris VIII (Vincennes) e Paris IV (Sorbonne), e igualmente professor convidado na Faculdade de Letras da Universidade da Alta Bretanha, em Rennes, que lhe atribuiu o grau de Doutor Honoris Causa. Em 1973, foi o primeiro fundador do Partido Socialista, de que foi secretário-geral e ainda hoje é militante.
Estando ainda aí, em 1972, foi à loja à loja maçónica parisense "Les Compagnons Ardents", da "Grande Loge de France", pedir apoio para a luta política contra o Estado Novo e ingressou na maçonaria, segundo ele próprio, optando depois por ficar "adormecido".
A 28 de abril de 1974, três dias depois da Revolução de 25 de Abril, regressou do exílio em Paris, no chamado "Comboio da Liberdade". Dois dias depois, esteve presente na chegada a Lisboa de Álvaro Cunhal. Ainda que tivessem ideias políticas diferentes, subiram de braços dados, pela primeira e última vez, as ruas da Baixa Pombalina e a avenida da Liberdade.
Durante o período revolucionário que ficou conhecido como PREC foi o principal líder civil do campo democrático, tendo conduzido o Partido Socialista à vitória nas eleições para a Assembleia Constituinte de 1975.
Foi Ministro dos Negócios Estrangeiros, de Maio de 1974 a Março de 1975, e um dos impulsionadores da independência das colónias portuguesas, tendo sido responsável por parte desse processo.
A partir de março de 1977 colaborou no processo de adesão de Portugal à CEE, vindo a subscrever, como primeiro-ministro, o Tratado de Adesão, em 12 de julho de 1985.
Foi primeiro-ministro de Portugal nos seguintes períodos:
Presidente da República entre 1986 e 1996 (1.º mandato de 10 de março de 1986 a 1991, 2.º mandato de 13 de janeiro de 1991 a 9 de março de 1996).
Deputado ao Parlamento Europeu entre 1999 e 2004, foi candidato a presidente do parlamento, mas perdeu a eleição para Nicole Fontaine, a quem não teve problema em chamar «dona de casa» (no sentido pejorativo do termo).
Fundador da Fundação Mário Soares em 1991.
Em 13 de dezembro de 1995 assume a Presidência da Comissão Mundial Independente Sobre os Oceanos; em março de 1997 a Presidência da Fundação Portugal África e a Presidência do Movimento Europeu; em setembro a Presidência do Comité Promotor do Contrato Mundial da Água. Como ex-presidente da república, é também Conselheiro de Estado.
Foi, em 2005, aos oitenta anos, o segundo candidato - após Jerónimo de Sousa pelo PCP - a assumir a candidatura à Presidência da República (o que seria um inédito terceiro mandato) após algumas crispações no PS, principalmente com o seu amigo de longa data Manuel Alegre. Na eleição, a 22 de fevereiro de 2006, obteve apenas o terceiro lugar, com 14% dos votos.
Em 2007 foi nomeado presidente da Comissão de Liberdade Religiosa. Também presidia ao Júri do Prémio Félix Houphouët-Boigny, da UNESCO, desde 2010, e era patrono do International Ocean Institute, desde 2009 e até à sua morte. Era patrono do International Ocean Institute, desde 2009.
Dia 11 de outubro de 2010 recebeu o Doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Lisboa aquando das comemorações do centenário da mesma, coincidindo com as comemorações do centenário da República Portuguesa (5 de Outubro).
Com 89 anos foi eleito a personalidade do ano de 2013 pela imprensa estrangeira radicada em Portugal. É pai de João Soares e Isabel Soares.
  

Ary dos Santos nasceu há 82 anos

(imagem daqui)
  
José Carlos Pereira Ary dos Santos (Lisboa, 7 de dezembro de 1937 - Lisboa, 18 de janeiro de 1984) foi um poeta e declamador português.
Ficou na história da música portuguesa por ter escrito poemas de 4 canções participantes no Festival Eurovisão da Canção: Desfolhada Portuguesa (1969), com interpretação de Simone de Oliveira, Menina do Alto da Serra (1971), interpretada por Tonicha, Tourada (1973), interpretada por Fernando Tordo e Portugal no Coração (1977), interpretada pelo grupo Os Amigos.