sexta-feira, janeiro 03, 2014

Thomas Bangalter, dos Daft Punk, nasceu há 39 anos

Thomas Bangalter, nascido a 3 de janeiro de 1975, é produtor musical e o fundador do grupo de música eletrónica Daft Punk, tendo também produzido música para a banda Stardust, e para o filme Irreversible. Thomas tem a sua própria gravadora, chamada Roulé. Fora da produção musical, Thomas é realizador e director de fotografia. Bangalter é filho de Daniel Vangarde e tem uma irmã que vive no Brasil, no Rio de Janeiro, adotada por outra familia. Reside em Beverly Hills, na Califórnia, com a sua mulher, a actriz francesa Élodie Bouchez, e os seus dois filhos, Tara-Jay e Roxan.

Biografia
Thomas Bangalter começou a tocar piano com a idade de seis anos. Bangalter afirmou, em entrevista, que seus pais eram rigorosos em manter a sua prática, o que ele lhes agradeceria mais tarde. O seu pai, Daniel Vangarde, era um famoso produtor de música e compositor para artistas, tais como os Gibson Brothers, Ottawan e Sheila B. Devotion. Conforme expresso por Bangalter: "Eu nunca tive qualquer intenção de fazer o que meu pai estava fazendo."
Bangalter conheceu Guy-Manuel de Homem-Christo quando frequentavam a escola Lycée Carnot, em 1987. Foi aí que eles descobriram o seu fascínio mútuo com os filmes e música dos anos 60 e 70, "coisas básicas de culto adolescente, desde Easy Rider a Velvet Underground. "Eles e Laurent Brancowitz acabaram formando um trio de indie rock chamado Darlin, no qual Bangalter tocava guitarra e baixo. Bangalter considerou que "Foi talvez ainda mais uma coisa adolescente nessa altura. É como, você sabe, todo mundo quer estar numa banda.". Uma análise negativa refere-se ao ato como "um bando de punks bobos (Daft Punk em inglês)", que inspiraram o novo nome para Bangalter e Homem-Christo.
Pouco antes de atingir a idade de 18 anos, a Daft Punk cresceu, com os seus elementos interessados em música eletrónica, o que levou Brancowitz a deixar o grupo, para a prossecução de esforços com os colegas parisienses da banda Phoenix. Em 1993, Bangalter apresentou uma demonstração de material para Stuart Macmillan, dos Slam, que levou ao seu primeiro single "The New Wave". Daniel Vangarde deu conselhos valiosos à dupla. "Ele ajudou-nos a conhecer a situação das gravadoras e como elas funcionam. Sabendo isso, nós fizemos algumas opções, a fim de conseguir aquilo que queríamos."
Daniel Vangarde recebeu agradecimentos pelos seus esforços, nas notas de reconhecimentos de Homework. O título do álbum é atribuído em parte ao facto de que Homework foi gravado no quarto de Bangalter. Como ele comentou: "Eu tive que passar a cama para outra sala para ter espaço para o material." Nos anos seguintes do lançamento de 1997, Bangalter centrava-se na sua própria gravadora, Roulé ("rolar", em francês). A gravadora lançava singles de Romanthony, Roy Davis Jr., do próprio Bangalter, entre outros. Bangalter colaborou com Alan Braxe e Benjamin Diamond e lançou, em 1998, o hit "Music Sounds Better with You". Assim como para o Homework, o single foi gravado no estúdio da casa de Bangalter.
Em torno da mesma época de "Music Sounds Better with You", Bangalter co-produziu o segundo single de Bob Sinclar "Gym Tonic". A canção utilizava amostras de um video de exercícios de Jane Fonda. Fonda posteriormente recusou permissão para o uso da amostra. Uma banda chamada Spacedust lançou um single chamado "Gym and Tonic", que recria elementos de "Gym Tonic" e "Music Sounds Better with You". A música tornou-se número um no Reino Unido.
Em 1998, Bangalter e Homem-Christo colaboraram com Romanthony no que se tornaria a primeira das sessões de Discovery. Uma das faixas produzidas, "One More Time" se tornou o mais bem sucedido single da Daft Punk, em 2000. Bangalter também realizou, num sintetizador Yamaha CS-60, a faixa "Embuscade", no álbum de estreia de Phoenix, United, que foi lançado no mesmo ano. Ele também fez equipe com DJ Falcon sob a denominação Together para lançar o seu single, com o mesmo nome, em 2000. Em 2002, Bangalter foi pai de um filho, com a atriz Élodie Bouchez, chamado Tara-Jay.
Juntos lançaram o single "So Much Love to Give", em 2003. A faixa "Call on Me" de Eric Prydz foi inicialmente pensada para ser um acompanhamento de Together, devido à semelhança entre as duas canções e do uso da faixa pelo DJ Falcon nos seus espetáculos.
Entre 13 de setembro e 9 de novembro de 2004, Bangalter e Homem-Christo produziram e misturaram faixas para o seu álbum Human After All. Pouco depois, mudou-se para a sua actual casa, em Beverly Hills, Califórnia. A mudança é atribuível à carreira de Bouchez em Hollywood e pelo interesse no cinema de Bangalter. Em 2 de junho de 2008 Bouchez deu à luz o seu segundo filho com Bangalter, Roxan.



Sergio Leone nasceu há 85 anos!

Sergio Leone (Roma, 3 de janeiro de 1929 - Roma, 30 de abril de 1989) foi um cineasta italiano.

Biografia
Filho de um antigo industrial do cinema, ele ficou conhecido mundialmente por popularizar o género do western spaghetti. Ele começou com dezoito anos, como assistente de direção em filmes de cineastas como Vittorio De Sica, Luigi Comencini e Mervyn LeRoy.
Foi só em 1960 é que se estreou como diretor em O Colosso de Rodes, mas, em 1964, realiza o antológico Por um punhado de dólares, cuja estrela era o novato Clint Eastwood. O filme teria duas sequelas com o mesmo ator, formando a chamada trilogia dos dólares. Em 1969, já consagrado internacionalmente, finalizaria o seu projeto mais ambicioso até então, o filme Once Upon a Time in the West. Era para ser seu último western como diretor, mas acabaria aceitando realizar mais um da série, o filme Giù la testa, em 1971, também conhecido como Once Upon a Time… The Revolutionis. Passando os anos seguintes como produtor, somente em 1984 ele dirigiria o seu último grande filme dessa segunda trilogia, conhecida por trilogia da América, e que acabou se tornando também o último filme que dirigiu na sua carreira.
Nos anos 60, quando o cinema italiano estava essencialmente voltado para as comédias, Sergio Leone foi um dissidente, primeiro especializando-se em filmes épicos e depois na recriação do Oeste e nos filmes de western. Ele passou treze anos preparando o clássico Era uma vez na América, um épico sobre a máfia, lançado em 1984, no Festival de Cannes.
Foi um dos mais brilhantes cineastas da sua geração e inventor de um estilo em que não faltam momentos de pura genialidade. Ele é hoje fonte de inspiração para novos cineastas como Quentin Tarantino e Robert Rodriguez.
A sua sepultura está localizada no cemitério Campo di Verano, em Roma.

John Paul Jones - 68 anos

John Paul Jones, nome artístico de John Baldwin (Sidcup, 3 de janeiro de 1946) é um multi-instrumentista, baixista e teclista britânico. Jones ganhou notoriedade por ser o baixista, teclista e um dos membros dos Led Zeppelin até o desmembramento da banda, após a morte de John Bonham, em 1980. 

O símbolo de Jones no álbum Led Zeppelin IV

Desde então, Jones vem desenvolvendo uma carreira a solo. Também toca guitarra, bandolim, koto, harmónica e ukulele.
De acordo com o Allmusic, Jones "deixou sua marca na história da música rock & roll como um músico inovador, arranjador e diretor". Muitos baixistas notáveis do rock ​​foram influenciados por John Paul Jones, incluindo John Deacon, Geddy Lee, Steve Harris, Flea, Gene Simmons e Krist Novoselic. Jones faz atualmente parte da banda Them Crooked Vultures, com Josh Homme e Dave Grohl, onde toca baixo, piano e outros instrumentos.

Jones nasceu em Sidcup, Kent e aprendeu a tocar teclados com o pai, que foi pianista em grandes orquestras nas décadas de 40 e 50, principalmente com a “Ambrose Orchestra”. A sua mãe também pertencia ao mundo da música, o que permitia que a família muitas vezes fizesse digressões por Inglaterra. A suas influências abrangiam um grande leque de estilos, desde os blues de Big Bill Broonzy, ao jazz de Charles Mingus e ao piano clássico de Rachmaninov. Aos 14 anos era organista e condutor do coro da igreja local e foi nessa altura que comprou as suas primeiras guitarras baixo.
O nome artístico John Paul Jones foi sugerido pelo seu amigo, Andrew Loog Oldham, depois de ter visto um cartaz de cinema com esse nome na França.

A primeira banda em que Jones tocou, aos quinze anos, chamava-se “The Deltas”. Tocou baixo para um grupo de jazz-rock de Londres chamado “Jet Blacks”. A sua grande oportunidade surgiu em 1962, quando conheceu Jet Harris e Tony Meehan (recém-saídos dos Shadows) tendo tocado baixo para a sua banda durante dois anos. Entre 1964 e 1968, John foi muito procurado para tocar baixo e teclados com artistas como os Rolling Stones, Herman's Hermits, Donovan, Jeff Beck, Cat Stevens, Rod Stewart, Shirley Bassey, Lulu e muitos outros.
Durante as sessões de gravação de "Hurdy gurdy man" de Donovan, John conheceu Jimmy Page, tendo voltado a encontrar-se no álbum "Little games" dos The Yardbirds, onde fez os arranjos orquestrais e tocou violoncelo na faixa de abertura. Quando Chris Dreja decidiu abandonar os Yardbirds, para seguir a profissão de fotógrafo, John foi a primeira opção de Page para formar os The New Yardbirds que, pouco depois, optaram pelo nome de Led Zeppelin.
Eu estava a trabalhar nas sessões para a canção de Donovan, Hurdy Gurdy Man e John Paul Jones estava tratando dos arranjos musicais. Durante um intervalo, ele perguntou-me se eu poderia usar um baixista no novo grupo que estava a formar. Ele tinha uma formação musical adequada, e tinha ideias bastante brilhantes. Eu agarrei logo a hipótese de tê-lo na banda.
Para além da sua importância como baixista, as suas aptidões como teclista acrescentaram uma dimensão eclética à música dos Zeppelin, retirando–lhe o rótulo de ser apenas mais uma banda de hard rock. No palco, a música preferida de John era “No quarter”, que muitas vezes chegava a demorar mais de meia-hora e incluía trechos de “Amazing Grace” e variações de peças clássicas de compositores como Rachmaninov.
O seu envolvimento com os Led Zeppelin não o afastou das sessões de estúdio, tendo participado em gravações de “Family Dogg”, Peter Green, “Madeline Bell”, Roy Harper e “Wings”.
Desde 1980, as suas colaborações incluem os “REM”, “Heart”, “Ben E, King”, “Mission”, “La Fura Dels Baus”, Brian Eno e “The Butthole Surfers”. Apareceu em vídeos e gravações de Paul McCartney.
O seu primeiro álbum a solo “Zooma” foi editado em 1999, seguindo de “Thunderthieh” em 2001, onde pela primeira vez Jones mostrou os seus dotes vocais
No ano de 2005, Jones gravou uma linha de baixo no CD duplo dos Foo Fighters "In your Honor".
Em 2009, é formado um novo "Power Trio", com John Paul Jones (Led Zeppelin) no baixo e teclados, Dave Grohl (Nirvana e Foo Fighters) na bateria e Josh Homme (Queens of the Stone Age) nas guitarras e vocais. Esse novo trio denomina-se "Them Crooked Vultures", e as primeiras impressões musicais já demonstram uma forte ligação com o estilo dos "Led Zeppelin" de fazer música.




J. R. R. Tolkien nasceu há 122 anos

Sir John Ronald Reuel Tolkien CBE (Bloemfontein, 3 de janeiro de 1892Bournemouth, 2 de setembro de 1973), mais conhecido simplesmente como J. R. R. Tolkien, foi um escritor, professor universitário e filólogo britânico.
Tolkien nasceu na África do Sul e aos três anos de idade, com sua mãe e irmão, passou a viver na Inglaterra, terra natal de seus pais. Desde pequeno fascinado pela linguística, licenciou-se na Faculdade de Letras em Exeter. Lutou na Primeira Guerra Mundial, onde começou a escrever os primeiros rascunhos do que se tornaria o seu "mundo secundário" complexo e cheio de vida, denominado Arda, palco das mundialmente famosas obras O Hobbit, O Senhor dos Anéis e O Silmarillion, esta última, sua maior paixão, que, postumamente publicada, é considerada sua principal obra, embora não a mais famosa.
Tornou-se filólogo e professor universitário, tendo sido professor de anglo-saxão (e considerado um dos maiores especialistas do assunto) na Universidade de Oxford de 1925 a 1945, e de inglês e Literatura inglesa na mesma universidade de 1945 a 1959. Mesmo precedido de outros escritores de fantasia, tais como William Morris, Robert E. Howard e E. R. Eddison, devido à grande popularidade de seu trabalho, Tolkien ficou conhecido como o "pai da moderna literatura fantástica". Vendeu mais de 200 milhões de livros. Sua obra influenciou toda uma geração.
Católico fervoroso, foi grande amigo de C.S. Lewis, autor de As Crónicas de Nárnia, ambos membros do grupo de literatura The Inklings.

quinta-feira, janeiro 02, 2014

Mily Balakirev, o líder do Grupo dos Cinco, nasceu há 177 anos

Mily Alexeyevich Balakirev (Nizhny Novgorod, 2 de janeiro de 1837*São Petersburgo, 29 de maio de 1910*) foi um compositor russo, mais conhecido atualmente por fazer parte e liderar o Grupo dos Cinco, um grupo nacionalista de músicos russos no qual faziam parte, além de Balakirev, César Cui, Modest Mussorgsky, Aleksandr Borodin e Nikolai Rimsky-Korsakov.
* 21 de dezembro de 1836 e 16 de maio de 1910, respetivamente, no calendário juliano, então em vigor na Rússia

A maior parte de sua obra é composta por canções, tanto eruditas quanto populares. Balakirev escreveu também duas sinfonias, dois poemas sinfónicos, quatro aberturas e diversas peças para piano, entre as quais figura Islamey: Fantasia oriental, a sua obra mais conhecida, principalmente entre pianistas, devido a sua complexidade e imensa dificuldade.


Santana Castilho e a guerra contra os Professores

Opinião

Um abraço aos professores portugueses

Santana Castilho*



Basta um esforço ínfimo de memória para qualquer se aperceber de quanto deve aos professores.

Há crónicas que nascem de jacto, outras que se arrastam. Comecei por ensaiar uma retrospectiva sobre o ano que terminou. Abandonei. Digitei linhas e linhas sobre o ano que vai seguir-se. Não gostei. Parei e recordei. Porque é mau que percamos a memória colectiva.
Recordei escolas fechadas aos milhares, Portugal interior fora.

Recordei os protestos, onde hoje vejo esquecimento.

Recordei as falsas aulas de substituição, com que Maria de Lurdes Rodrigues iniciou a proletarização dos professores. Perdeu em tribunal mas abriu um caminho sinistro. E hoje vejo Crato, oportuno, trilhá-lo com zelo.

Recordei a divisão dos professores em titulares e outros. Caiu a aberração mas persiste a tentação. De que outra forma se explica a disponibilidade para examinar colegas a três euros por cabeça?

Recordei o altruísmo anónimo por parte de professores, que testemunho há décadas, no combate nacional ao abandono escolar precoce. Vejo, atónito, o novo desígnio governamental de promover o abandono docente precoce.

Recordei a indignação nas ruas e a contemporização nos memorandos e nos entendimentos. E hoje vejo o desalento de tantos que desacreditaram.

Recordei dois que acabam de partir e senti raiva por tantos que, vivos, são mortos para a profissão. E pergunto-me se, algum dia, muitos com nome responderão pelos futuros que destruíram.

Recordei a infame guerra em curso aos professores, a quem, em fartas partes, se deve o notório aumento das qualificações dos portugueses. Mau grado desencontros e desencantos.

Recordei dados recentes (2013 Global Teacher Status Index, Varkey GEMS Foundation) de um estudo que apurou a atitude das sociedades desenvolvidas relativamente aos seus docentes. E vi o estatuto social dos professores portugueses no último terço da tabela, bem atrás da maioria dos seus parceiros europeus. E vi, sem espanto, que apenas 12% dos portugueses encorajam os filhos a serem professores (o segundo pior resultado do universo estudado).

Recordei, a propósito, que a International Association for the Evaluation of Educational Achievement realiza, cada quatro anos, dois estudos conceituados internacionalmente: o TIMMS (Trends in International Mathematics and Science Study) e o PIRLS (Progress in International Reading Literacy Study). Portugal participou na edição de ambos de 1995, tendo ficado nos últimos lugares do ranking. Ausente dos estudos de 1999, 2003 e 2007, voltou a ser cotado em 2011. Entre 50 países, ficou no 15º lugar em Matemática e 19º em ciências. Entre 45 países, foi 19º no PIRLS. Em valor absoluto, os resultados foram positivamente relevantes. Foram-no, ainda mais, em valor relativo: de 1995 para 2011, foi Portugal o país que mais progrediu em Matemática e o segundo que mais avançou no ensino das ciências; se reduzirmos o universo aos países da União Europeia, estamos na 12ª posição em ciências, 7ª em Matemática e 8ª em leitura; se ponderarmos estes resultados face ao estatuto económico e financeiro das famílias e dos estados com que nos comparamos, o seu significado aumenta e deita por terra o discurso dos que destratam os professores. Estes resultados, é bom e actual recordá-lo, são fruto do trabalho dos professores portugueses.

Recordei outro estudo, promovido por Joana Santos Rita e Ivone Patrão, investigadoras do Instituto Superior de Psicologia Aplicada, segundo o qual metade dos professores portugueses sofre de stress, ansiedade e exaustão. E vi que as causas apuradas são o excesso de trabalho e de burocracia e a pressão para o sucesso. E vi, vejo, o que o ministro Crato tem por sucesso: caminhos que desprezam a natureza axiológica da Educação, tentando impor-lhe o modelo de mercado, fora ela simples serviço circunscrito a objectivos utilitários e instrumentais, regulada apenas por normas de eficácia e eficiência. E recordei, então, uma carta a um professor, transcrita num livro de João Viegas Fernandes (Saberes, Competências, Valores e Afectos, Plátano Editores, Lisboa, 2001):
… Sou sobrevivente de um campo de concentração. Os meus olhos viram o que jamais olhos humanos deveriam poder ver: câmaras de gás construídas por engenheiros doutorados; adolescentes envenenados por físicos eruditos; crianças assassinadas por enfermeiras diplomadas; mulheres e bebés queimados por bacharéis e licenciados…

… Eis o meu apelo: ajudem os vossos alunos a serem humanos. Que os vossos esforços nunca possam produzir monstros instruídos, psicopatas competentes, Eichmanns educados. A leitura, a escrita e a aritmética só são importantes se tornarem as nossas crianças mais humanas.

Basta um esforço ínfimo de memória para qualquer se aperceber de quanto deve aos professores. Chega uma réstia de inteligência para qualquer perceber que um ataque aos professores é um ataque ao futuro colectivo. Porque tenho a graça de ter voz pública, começo 2014 com um abraço aos professores portugueses.

*Professor do ensino superior

in Público - ler notícia

Paulo Guinote e o ano de 2013 em revista no Público

Pelo Público Em Papel

Público, 31 de dezembro de 2013

Em jeito de balanço, muito resumido, e no qual até me esqueci de incluir o aumento da dimensão das turmas, como outro claro exemplo da defesa dos “interesses dos alunos”.
Mesmo a acabar o texto leia-se “os professores contarem apenas consigo mesmos”. Erro meu, má fortuna de não rever os textos à lupa.

Isaac Asimov nasceu, provavelmente, há 94 anos

Isaac Asimov (Petrovichi, circa 2 de janeiro de 1920 - Nova Iorque, 6 de abril de 1992), foi um escritor e bioquímico americano, nascido na Rússia, autor de obras de ficção científica e divulgação científica.
A obra mais famosa de Asimov é a série da Fundação, também conhecida como Trilogia da Fundação, que faz parte da série do Império Galático e que logo combinou com sua outra grande série dos Robots. Também escreveu obras de mistério e fantasia, assim como uma grande quantidade de não-ficção. No total, escreveu ou editou mais de 500 volumes, aproximadamente 90.000 cartas ou postais, e tem obras em cada categoria importante do sistema de classificação bibliográfica de Dewey, exceto em filosofia.
Asimov foi reconhecido como mestre do género da ficção científica e, junto com Robert A. Heinlein e Arthur C. Clarke, foi considerado em vida como um dos "Três Grandes" escritores da ficção científica.
Asimov foi membro e vice-presidente por muito tempo da Mensa, ainda que com falta: ele os descrevia como "intelectualmente combalidos". Exercia, com mais frequência e assiduidade, a presidência da American Humanist Association (Associação Humanista Americana).
Em 1981, um asteroide recebeu seu nome em sua homenagem, o 5020 Asimov. O robô humanóide "ASIMO" da Honda, também pode ser considerada uma homenagem indireta a Asimov, pois o nome do robô significa, em inglês, Advanced Step in Innovative Mobility, além de também significar, em japonês, "também com pernas" (ashi mo), em um trocadilho linguístico em relação à propriedade inovadora de movimentação deste robô.

Isaac Asimov nasceu em Petrovichi shtetl ou Oblast de Smolensk, República Soviética Russa (hoje província de Mahilou, Bielorrússia), filho de Anna Rachel Berman Asimov e Judah Asimov, um moleiro de uma família de judeus. Em virtude das diferenças entre o calendário hebraico e o calendário juliano (à época ainda em uso na região pela Igreja Ortodoxa), bem como pela falta de registos, a sua data de nascimento não pode ser precisada, situando-se entre 4 de outubro de 1919 e 2 de janeiro de 1920, sendo esta última considerada como a correta por Asimov, que sempre celebrou seu aniversário a 2 de janeiro. A família deriva seu nome de ozimiye, uma palavra da língua russa que significa um cereal de inverno que o seu bisavô negociava, ao qual o sufixo paterno foi adicionado. A sua família emigrou para os Estados Unidos quando ele tinha só três anos de idade. Como seus pais falavam sempre iídiche e inglês com ele, ele nunca aprendeu russo. Enquanto crescia em Brooklyn, Nova Iorque, Asimov aprendeu a ler, por si próprio, quando tinha cinco anos e permaneceu fluente em iídiche, bem como em inglês. Os seus pais tinham uma loja de doces, e toda a gente da família tinha de lá trabalhar. Revistas baratas, de papel de polpa, chamadas pulp, sobre ficção científica eram vendida na loja e ele começou a lê-las. Por volta dos onze anos, começou a escrever as histórias próprias e, por volta dos dezanove anos, tendo-se tornado fã de ficção científica, começou a vender as suas histórias a revistas. John W. Campbell, o editor de Astounding Science Fiction,, para quem ele vendeu as suas primeiras histórias, foi uma forte influência formativa e tornou-se um amigo.
Asimov foi aluno das New York City Public Schools (escolas públicas de Nova Iorque), inclusive a Boys' High School, de Brooklyn. A partir daí, ele foi para a Universidade de Columbia, onde se graduou em 1939, depois tirando um Ph.D. em Bioquímica, em 1948. Entretanto, passou três anos, durante a Segunda Guerra Mundial, a trabalhar como civil na Naval Air Experimental Station, do porto da Marinha em Filadélfia. Quando a guerra acabou, ele foi destacado para o Exército Americano, tendo só servido nove meses, antes de ser honrosamente reformado. Durante a sua breve carreira militar, ele ascendeu ao posto de cabo, com base na sua habilidade para escrever à máquina, e escapou por pouco de participar nos testes da bomba atómica, em 1946, no atol de Bikini.
Depois de completar o seu doutoramento, Asimov entrou para a Faculdade de Medicina da Universidade de Boston, com a qual permaneceu associado a partir daí. Depois de 1958, isto foi sem ensinar, já que se virou para a escrita em tempo integral (suas receitas da escrita já excediam as do salário académico). Pertencer ao quadro permanente significou que ele manteve o título de professor associado e, em 1979, a universidade honrou sua escrita promovendo-o a professor catedrático de bioquímica. Os arquivos pessoais de Asimov, a partir de 1965, estão arquivados na Mugar Memorial Library da universidade, doados por ele a pedido do curador, Howard Gottlieb. A colecção preenche 464 caixas em 71 metros de prateleira.

O Príncipe D. João Manuel, pai de El-Rei D. Sebastião, morreu há 460 anos

D. João Manuel, Príncipe Herdeiro de Portugal, (Évora, 3 de Junho de 1537 - Lisboa, 2 de Janeiro de 1554) foi o oitavo filho de El-Rei D. João III e da sua mulher, a Rainha D. Catarina de Áustria.

Vida e morte
D. João Manuel nasceu Infante e tornou-se Príncipe Herdeiro de Portugal em 1539, depois da morte na infância dos seus quatro irmãos mais velhos. Em 1552, casou com Joana de Áustria, uma princesa espanhola, sua prima direita pelos lados paterno e materno. Joana era filha do Imperador Carlos V (e o 2º Rei de Espanha, com título de Carlos I) e da Imperatriz Dona Isabel, irmã de Dom João III.
Dezoito dias depois da sua morte, com apenas 16 anos, nasceu o seu filho póstumo, o futuro rei D. Sebastião. Está sepultado no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.
 

Kjarri Sveinsson, ex-teclista dos Sigur Rós, faz hoje 36 anos

(imagem daqui)

Kjartan (Kjarri) Sveinsson (2 de janeiro, de 1978) foi o teclista da banda islandesa de post-rock, Sigur Rós, a qual se juntou em 1998. Na verdade ele é um multi-instrumentista, como Jonny Greenwood do Radiohead ou George Harrison, já que toca também piano, órgão, flauta, guitarra, banjo, entre outros instrumentos pouco convencionais que contribuíram para o som característico de Sigur Rós. Kjartan deixou a banda em 2012.
Kjartan casou-se em 2001 com María Huld Markan Sigfúsdóttir, violinista do grupo Amiina, um quarteto de cordas que acompanha os Sigur Rós.
Ele compôs a banda sonora para a curta-metragem nomeada para o Óscar em 2005, Síðasti bærinn, para a curta-metragem Plastic Bag do premiado diretor Ramin Bahrani, em 2009 e para o filme Ondine de 2009, dirigido por Neil Jordan.
Kjarri é membro do conselho consultivo para Kraumur Music Fund, que visa "reforçar a vida musical islandesa, principalmente através do apoio a jovens músicos na execução e apresentação das suas obras."


quarta-feira, janeiro 01, 2014

Lhasa deixou-nos há quatro anos...

Official press release

The singer Lhasa de Sela passed away in her Montreal home on the night of January 1st 2010, just before midnight.

She succumbed to breast cancer after a twenty-one month long struggle, which she faced with courage and determination.

Throughout this difficult period, she continued to touch the lives of those around her with her characteristic grace, beauty and humor. The strength of her will carried her once again into the recording studio, where she completed her latest album, followed by successful record launches in Montreal at the Théatre Corona and in Paris at the Théatre des Bouffes du Nord. Two concerts in Iceland in May were to be her last.

She was forced to cancel a long international tour scheduled for autumn 2009. A projected album of the songs of Victor Jara and Violeta Parra would also remain unrealized.

Lhasa de Sela was born on September 27, 1972, in Big Indian, New York.

Lhasa's unusual childhood was marked by long periods of nomadic wandering through Mexico and the U.S., with her parents and sisters in the school bus which was their home. During this period the children improvised, both theatrically and musically, performing for their parents on a nightly basis. Lhasa grew up in a world imbued with artistic discovery, far from conventional culture.

Later Lhasa became the exceptional artist that the entire world discovered in 1997 with La Llorona, followed by 2003's The Living Road, and 2009's self-titled LHASA. These three albums have sold over a million copies world-wide.

It is difficult to describe her unique voice and stage presence, which earned her iconic status in many countries throughout the world, but some Journalists have described it as passionate, sensual, untameable, tender, profound, troubling, enchanting, hypnotic, hushed, powerful, intense, a voice for all time.

Lhasa had a unique way of communicating with her public. She dared to open her heart on stage, allowing her audience to experience an intimate connection and communion with her. She profoundly affected and inspired many people throughout the cities and countries she visited.

An old friend of Lhasa's, Jules Beckman, offered these words:

We have always heard something ancestral coming through her. She has always spoken from the threshold between the worlds, outside of time. She has always sung of human tragedy and triumph, estrangement and seeking with a Witness's wisdom. She has placed her life at the feet of the Unseen.

Lhasa leaves behind her partner Ryan, her parents Alejandro and Alexandra, her step-mother Marybeth, her 9 brothers and sisters (Gabriela, Samantha, Ayin, Sky, Miriam, Alex, Ben, Mischa and Eden), her 16 nieces and nephews, her cat Isaan, and countless friends, musicians, and colleagues who have accompanied her throughout her career, not to mention her innumerable admirers throughout the world.

Her family and close friends were able to mourn peacefully during the last two days, and greatly appreciated this meaningful period of quiet intimacy. Funeral and services will be held privately.

It has snowed more than 40 hours in Montreal since Lhasa's departure. 



Lhasa de Sela morreu há quatro anos...

Lhasa de Sela (Big Indian, New York, 27 de setembro de 1972 - Montreal, 1 de janeiro de 2010) foi uma cantora dos Estados Unidos da América, radicada no Canadá.
A sua ascendência era, de um lado mexicana, e de outro, americano-judeu-libanesa, filha de um professor, não convencional, que percorria os EUA e o México, difundindo o conhecimento, e de uma fotógrafa. Assim passou sua infância, de maneira nómada, juntamente com os seus pais e as suas três irmãs.
A sua obra musical mistura tradição mexicana, klezmer e rock e é cantada em três idiomas: espanhol, francês e inglês.
Faleceu a 1 de janeiro de 2010, em Montreal, Canadá, vítima de cancro de mama.


Há 196 anos, indiretamente por causa do vulcão Tambora, foi publicado romance gótico Frankenstein

Frankenstein ou o Moderno Prometeu (Frankenstein: or the Modern Prometheus, no original em inglês), mais conhecido simplesmente por Frankenstein, é um romance de terror gótico com inspirações do movimento romântico, de autoria de Mary Shelley, escritora britânica nascida em Londres. O romance relata a história de Victor Frankenstein, um estudante de ciências naturais que constrói um monstro em seu laboratório. Mary Shelley escreveu a história quando tinha apenas 19 anos, entre 1816 e 1817, e a obra foi primeiramente publicada em 1818, sem crédito para a autora na primeira edição. Atualmente costuma-se considerar a versão, revista, da terceira edição do livro, publicada em 1831, como a definitiva.
O romance obteve grande sucesso e gerou todo um novo género de literatura de terror, tendo grande influência na literatura e cultura popular ocidental.

Origem
Em 1815 o Monte Tambora, na ilha de Sumbawa, na atual Indonésia, entrou em erupção. Como consequência, um milhão e meio de toneladas de poeira foram lançadas na atmosfera, bloqueando a luz solar, deixando o ano de 1816 sem verão no hemisfério norte.
Neste ano, Mary Shelley, então com 19 anos e ainda com o nome de solteira, Mary Wollstonecraft Godwin, e seu futuro marido, Percy Bysshe Shelley, foram passar o verão à beira do Lago Léman, onde também se encontrava o amigo e escritor Lord Byron. Forçados a ficar confinados por vários dias em ambiente fechado pelo clima hostil anormal para a época e local, os três e mais outro hóspede, o também escritor John Polidori, passavam o tempo lendo uns para os outros historias de horror, principalmente histórias de fantasmas alemãs traduzidas para o francês.
Eventualmente Lord Byron propôs que os quatro escrevessem, cada um, uma história de fantasmas. Byron escreveu um conto que usaria em parte mais tarde na conclusão de seu poema Mazzepa. Inspirado por outro fragmento de história de Byron desta época, Polidori mais tarde escreveria o romance “O Vampiro”, que seria a primeira história ocidental contendo o vampiro, como conhecemos hoje, e que, décadas depois, inspiraria Bram Stoker no seu Drácula. Porém, passados vários dias, Mary Shelley ainda não conseguira criar uma história. Eventualmente ela veio a ter uma visão sobre um estudante dando vida a uma criatura. Essa visão tornou-se a base da história de Frankenstein, a qual Mary Shelley veio a desenvolver num romance, encorajada pelo seu futuro marido.
Desta forma, é curioso notar que o Frankenstein e o Vampiro vieram a ter sua génese literária na mesma ocasião.
Shelley relatou sua versão da génese da história no prefácio à terceira edição de seu romance.

Edições
Mary Shelley completou o romance em 1817 e Frankenstein ou o moderno Prometeu foi publicado em 1 de janeiro de 1818 por uma pequena editora de Londres, a Lackington, Hughes, Harding, Mavor & Jones, após ter sido rejeitada por duas outras editoras. A publicação não continha o nome da autora, somente um prefácio escrito por Percy Bysshe Shelley, o seu noivo, e uma dedicatória a William Godwin, o seu pai. A primeira edição foi feita em três volumes e foram impressas somente 500 cópias.
Apesar das críticas desfavoráveis, a edição teve um sucesso de vendas quase imediato. Ficou bastante conhecida, principalmente através de adaptações para o teatro, e a obra foi traduzida para o francês.
A segunda edição de Frankenstein foi publicada a 11 de agosto de 1823, em dois volumes, desta vez com o crédito como autora para Mary Shelley.
Em 31 de outubro de 1831, a editora Henry Colburn & Richard Bentley lançou a primeira edição popular em um volume. Esta edição foi significativamente revista por Mary Shelley, e continha um novo e longo prefácio escrito por ela, relatando a génese da história. Esta edição é a mais conhecida e mais usada como base para traduções.

O cantor de country Del Reeves morreu há 7 anos

Franklin Delano "Del" Reeves (Sparta, Carolina do Norte, 14 de julho de 1932 - 1 de janeiro de 2007) foi um cantor de música country norte-americano, mais conhecido pelas suas canções da década de 1960. Tornou-se num dos cantores masculinos de country dessa década. Reeves devia o seu nome ao presidente Franklin Delano Roosevelt, que fora nomeado pelo Partido Democrático para ser o seu candidato a presidente alguns dias antes do nascimento do cantor.


Há 33 anos um sismo matou 71 pessoas na Terceira e São Jorge

 
Rua da Rocha



Igreja da Misericórdia
 
Sé Catedral
(imagens daqui)

O sismo da Terceira de 1980, também referido como terramoto de 1980 nos Açores, foi uma catástrofe natural, um sismo de grande intensidade, ocorrido a 1 de janeiro de 1980 no Grupo Central do arquipélago dos Açores.

Mapa de epicentros dos sismos mais importantes no Grupo Central dos Açores (daqui)

O evento
O sismo ocorreu pelas 15.42 (hora local) do dia 1 de janeiro de 1980, e teve magnitude 7,2 na escala de Richter e intensidades máximas de IX na escala de Mercalli, na Terceira, e VIII, no Topo e em Santo Antão, em S. Jorge. A profundidade hipocentral estimada foi de 10 km e o epicentro situou-se no mar, cerca de 35 km a SSW de Angra do Heroísmo.

Os danos
Em consequência, na ilha Terceira causou a destruição de 80% dos edifícios na cidade de Angra do Heroísmo, assim como extensos danos na vila de São Sebastião e nas freguesias do Oeste e Noroeste da ilha (em especial nas Doze Ribeiras); na Graciosa, danos nas freguesias do Carapacho e na Luz; e na ilha de São Jorge, danos nas freguesias de Vila do Topo e de Santo Antão.
Foram registadas 71 vítimas fatais (51 na Terceira e 20 em São Jorge) e mais de 400 feridos.
No total, ficaram danificados mais de 15.500 edifícios, causando cerca de 15.000 desalojados.
O então presidente da República Portuguesa, António Ramalho Eanes anunciou três dias de luto nacional.


O Almirante Canaris nasceu há 127 anos

Wilhelm Franz Canaris (1 de janeiro 18879 de abril 1945) foi um almirante alemão, líder dos serviços de espionagem militar (a Abwehr) de 1935 a 1944. Foi também uma das figuras da resistência alemã (Widerstand) ao regime nazi de Adolf Hitler e um dos envolvidos no atentado de 20 de julho de 1944.

Início de vida
Canaris nasceu no início de 1887, na vila de Aplerbeck, localizada na Vestfália, perto de Dortmund. O seus pais foram Karl Canaris, um industrial abastado, e Auguste Popp. Enquanto jovem, Canaris recebeu uma educação cuidada, que lhe permitiu dominar com fluência quatro línguas, incluindo inglês e castelhano. Em 1905, aos dezassete anos, alistou-se na Marinha Imperial Alemã, inspirado pela figura de Constantine Kanaris, um almirante e político grego que se distinguiu na luta pela independência do seu país. A sua família acreditava estar, de alguma forma, relacionada com o almirante e somente em 1938 é que Canaris descobriu que a sua ascendência era de origem italiana.
No início da Primeira Guerra Mundial, Canaris foi destacado para o SMS Dresden como Segundo Piloto. O navio participou, logo em dezembro de 1914, na batalha das Ilhas Falkland e graças ao heroísmo do Almirante Graf Spee, em liderar um combate perdido contra à Royal Navy britânica, o Dresden, que estava bem atrás em relação aos demais navios da frota, consegue fugir em direção ao pacífico e refugiar-se por algum tempo nas costas chilenas.Em Março de 1915 a sua tripulação foi capturada mas Canaris consegue fugir e regressar em Agosto, com a ajuda do seu domínio do castelhano e de comerciantes alemães.
De volta ao serviço activo, Canaris foi destacado para Espanha, onde desempenhou funções de coordenação de espionagem e intercepção de mensagens inimigas. Mais tarde adquiriu um comando de submarino e destacou-se pela sua eficácia, sendo responsável pelo naufrágio de 18 navios britânicos. No final da guerra, Canaris encontrava-se já na lista negra do MI6.

Entre as guerras
Canaris permaneceu na Marinha depois do final da Primeira Grande Guerra, atingindo o grau de Capitão em 1931. Durante este período aprofundou o seu interesse na área da informação e contra-informação e envolveu-se na política alemã, embora nunca se tenha alistado no Partido Nazi. Em 1935, já depois da subida ao poder de Adolf Hitler, Canaris foi promovido à liderança da Abwehr e ao posto de contra-almirante. A sua primeira tarefa foi organizar uma rede de espiões em Espanha, no prelúdio da guerra civil. O seu trabalho foi bem sucedido e as informações recolhidas pelos seus homens influenciaram Hitler a aliar-se a Franco.
A sua carreira militar e política progrediu ao mesmo tempo que a situação política se deteriorava na Europa. Em 1938, Canaris começou a desiludir-se com a ideologia nazi e a agressividade latente de Hitler para com o resto do continente, assim como muitos outros oficiais da Wehrmacht que mais tarde integraram a resistência alemã. Para este núcleo, Hitler era visto como um lunático perigoso para a grandiosidade e estatuto da Alemanha e os membros do Partido Nazi eram desprezados pelas tácticas de repressão criminosa. Canaris passou logo à acção e esteve envolvidos na organização de dois planos para assassinar Hitler, em 1938 e em 1939, nunca concretizados. Um dos seus aliados nesta fase foi o futuro marechal Paul Ludwig Ewald von Kleist, que visitou Londres em segredo para conversações com membros do MI6. A ideia dos dissidentes, liderados por Canaris, era que se Hitler invadisse a Áustria, o Reino Unido iria declarar guerra à Alemanha. No entanto, concretizado o Anschluss, o primeiro-ministro britânico Neville Chamberlain decidiu-se por mais uma tentativa diplomática para apaziguar o expansionismo nazi. O resultado foi o acordo de Munique. A guerra foi adiada e Hitler ficou com uma auto-confiança renovada para prosseguir com os seus planos.
Canaris ficou extremamente desiludido com a postura passiva dos britânicos, mas, face aos sucessos políticos de Hitler, decidiu-se por uma atitude discreta. Os contactos com o MI6, no entanto, continuaram. De inimigo número um, Canaris passara a aliado da causa anti-Nazi.

II Guerra Mundial
No início da Segunda Guerra Mundial, Canaris deslocou-se à frente leste, na Polónia, na qualidade de chefe dos serviços de informação militar. Durante a visita testemunhou muitos crimes de guerra cometidas pela SS sobre as populações locais, nomeadamente contra a comunidade judaica. As suas funções requeriam que tomasse notas e elaborasse um relatório para Hitler sobre o andamento da guerra. Canaris cumpriu a obrigação, mas ficou revoltado contra as atrocidades a que assistiu. O relatório foi entregue ao Führer porém uma segunda via foi enviada para Londres, o que demonstra o continuar da relação secreta entre Canaris e os serviços secretos britânicos, mesmo depois do início das hostilidades entre ambos os países.
Ao longo dos anos seguintes, Canaris manteve uma vida dupla, mostrando-se como um líder dedicado à causa de Hitler por um lado, enquanto que por outro conspirava a sua queda com os britânicos e outros dissidentes da Wehrmacht. De acordo com a sua função de líder da Abwehr, Canaris recolheu informações importantes para o desenrolar da guerra, através da sua rede de espiões e, por diversas vezes, através dos seus contactos britânicos. Uma das informações que recolheu via MI6 foi o plano detalhado das disposições defensivas russas, nos meses que antecederam a Operação Barbarossa. O dossier foi bem recebido por Hitler mas provocou a suspeita de Heinrich Himmler (líder da SS - Schutzstaffel) e Reinhard Heydrich (líder do Sicherheitsdienst), quanto à verdadeira origem das informações. Canaris passou a estar sob suspeita, principalmente devido às suas viagens frequentes ao Sul de Espanha, onde provavelmente se encontrava com agentes britânicos de Gibraltar. Em 1942, a relação institucional de Canaris e Heydrich (seu antigo protegido na Kriegsmarine) deteriorou-se devido a um incidente na República Checa, relacionado com a captura de Paul Thümmel, um agente britânico, pela Gestapo. Canaris interferiu com a prisão e a execução certa do homem, alegando que, na realidade, Thümmel era um agente duplo ao serviço da Abwehr. A sua explicação passou, mas as suspeitas de Heydrich acumularam-se até à sua própria morte, num atentado realizado em Junho de 1942. É possível que o assassinato de Heydrich tenha sido organizado pelo MI6, de modo a proteger a posição de Canaris.
Após muita insistência da parte de Himmler, e apesar da falta de provas directas, Hitler foi finalmente convencido a demitir Canaris em fevereiro de 1944. A liderança da Abwehr passou para Walter Schellenberg, com fortes ligações ao Sicherheitsdienst, e Canaris foi colocado em prisão domiciliária, por suspeitas de conspiração.

Queda e legado
Canaris encontrava-se ainda em prisão domiciliária quando ocorreu o atentado de 20 de julho de 1944 contra a vida de Hitler. A sua situação ilibava-o de responsabilidade directa, mas após a prisão, tortura e interrogatório de vários envolvidos, Hitler e Himmler ficaram com provas que Canaris estava pelo menos moralmente de acordo com o sucedido. A sua prisão apertou-se, mas Canaris foi poupado a um tribunal marcial imediato: por um lado Hitler tinha a esperança que Canaris denunciasse mais conspiradores, por outro Himmler esperava usar os contactos britânicos de Canaris para salvar a sua posição após o final da guerra. Quando se tornou claro que Canaris não ia colaborar com nenhum dos planos, tornou-se dispensável. O julgamento foi sumário e a condenação à morte inevitável. Canaris foi executado por enforcamento a 9 de abril de 1945, no campo de concentração de Flossenbürg, poucas semanas antes do suicídio de Hitler e do final da guerra.
A coragem de Canaris na oposição a Hitler veio a público no fim da guerra, através de declarações de vários dos seus antigos colaboradores nos julgamentos de Nuremberga e de Stewart Menzies, líder do MI6. Foi também depois do fim da guerra que se descobriu que Canaris utilizou a sua posição para salvar a vida de muitos judeus, concedendo-lhes treino em espionagem e depois arranjando-lhes "missões" em países neutros. De entre as personalidades que saíram da Alemanha neste esquema contam-se Menachem Mendel Schneerson e Joseph Isaac Schneersohn.

Música para ajudar a começar bem um Ano Novo...