quinta-feira, abril 08, 2010

Conferência - Litoral: Problemas e Potencialidades

A Oikos - Associação de Defesa do Ambiente e do Património da Região de Leiria vai realizar, nos dias 16 e 17 de Abril de 2010, na Galeria Municipal da Marinha Grande, a Conferência "Litoral: Problemas e Potencialidades" cujo programa e cartaz colocámos neste post.


Tem um excelente programa, com nomes conhecidos, conteúdos muito actuais, uma saída de campo e, sobretudo, é de graça... É pena não ser toda ao fim-de-semana, pois há quem trabalhe à sexta (eu, por acaso, tenho o dia todo com aulas e no sábado estou de serviço nos Regionais de Xadrez do Desporto Escolar, que se realizam nesses mesmos dias na Marinha Grande...).

Se puderes, participa e divulga...!


(Clicar para aumentar)


NOTA: os dados principais da Conferência, para quem quiser ler ou imprimir:

OBJECTIVOS
  • Compreender a importância dos recursos do litoral, analisar as suas potencialidades e fragilidades, detectar disfunções no seu uso em geral e na região em particular;
  • Reflectir sobre a importância dos recursos do litoral e conhecer, analisar e divulgar as políticas e estratégias para o seu uso sustentado;
  • Discutir os instrumentos de planeamento e gestão do litoral, buscando uma maior responsabilização dos beneficiários e a recuperação dos ecossistemas que lhe estão associados;
  • Promover a cooperação entre entidades públicas e privadas na definição de novos modelos de desenvolvimento e estratégias de abordagem à problemática da conservação dos recursos associados ao litoral;
  • Sensibilizar e incentivar todos os agentes (poderes central, regional e local, agentes económicos, ONGA's e outras ONG's, estabelecimentos de todos os graus de ensino e população em geral) para as temáticas em análise, sua relevância estratégica, económica, social e ambiental.
PROGRAMA

Dia 16 de Abril, Sexta-Feira

MANHÃ
09.00 - Entrega de documentação
09.30 - SESSÃO DE ABERTURA
  • Presidente da Oikos
  • Presidente da C. M. Marinha Grande
  • Governador Civil do Distrito de Leiria
  • Secretário de Estado do Ambiente

10.00 - PAINEL A: CARACTERIZAÇÃO E PROBLEMAS DO LITORAL
“Litoral: Espelho da Sociedade - Mudam-se os Tempos Mudam-se as Vontades” - Alveirinho Dias (CIMA - Centro de Investigação Marinha e Ambiental)
“Litoral Regional - Um Retrato Ambiental” - Mário Oliveira (OIKOS)

Intervalo para café

“Cetáceos no Litoral de Alcobaça: Dos Arrojamentos à Investigação” - Sofia Quaresma (Câmara Municipal de Alcobaça)
“Os Sistemas de Informação Aplicados à Gestão do Litoral” - António Mota Lopes (Instituto Geográfico Português)

12.30 - DEBATE
Moderador: Jorge Dinis (FCT - Universidade de Coimbra)


TARDE

14.30 - PAINEL B: POLÍTICAS, ESTRATÉGIAS E POTENCIALIDADES

“Estratégia Nacional para a Gestão Integrada da Zona Costeira” - Paulo Machado (Instituto Nacional da Água)
“Litoral e Áreas Protegidas” - Teresa Leonardo (Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade)
“Os Desafios do Turismo na Zona Costeira” - José Carlos Ferreira (FCT - Universidade Nova de Lisboa)

Intervalo para café

“Avaliação Ambiental Estratégica para a Gestão do Litoral: O Caso de Estudo de Tróia” - João Joanaz de Melo (FCT - Universidade Nova de Lisboa)
“Litoral de Gaia - Problemas e suas potencialidades” - Henrique Nepomuceno (Parque Biológico de Gaia)

DEBATE
Moderador: Nuno Carvalho (Oikos)


Dia 17 de Abril, Sábado

09.00 / 13.00 - SAÍDA DE CAMPO

Mais um sismo forte sem consequências



Indonésia: Levantado alerta de tsunami após sismo de magnitude 7,8 em Samatra

O alerta de tsunami depois do sismo de magnitude 7,8 que sacudiu hoje de madrugada a ilha de Samatra já foi levantado em toda a região, informaram as autoridades locais.

O alerta de tsunami depois do sismo de magnitude 7,8 que sacudiu hoje de madrugada a ilha de Samatra já foi levantado em toda a região, informaram as autoridades locais.

Relativamente ao sismo, as autoridades indonésias referiram não ter recebido informações de danos dignos de registo em Sinabang.

"Os nossos polícias nada viram digno de registo", disse o chefe da polícia local, Dedi Junaidi, à cadeia de televisão MetroTV.




NOTA: para saber mais podem consultar a página do USGS dedicada a este sismo, onde a magnitude foi entretanto revista para um valor de 7,7 - AQUI.

Egito Gonçalves nasceu há 90 anos

José Egito de Oliveira Gonçalves (Matosinhos, 8 de Abril de 1920 - Porto, 29 de Janeiro de 2001), mais conhecido por Egito Gonçalves, foi um poeta, editor e tradutor. Publicou os primeiros livros na década de 1950. Teve como actividade profissional a administração de uma editora. A sua intensa actividade de divulgação cultural e literária concretizou-se, a partir dos anos 50, na fundação e/ou direcção de diversas revistas literárias, como A Serpente (1951), Árvore (1952-54), Notícias do Bloqueio (1957-61), Plano (1965-68, publicada pelo Cineclube do Porto) e Limiar. Em 1977 foi-lhe atribuído o Prémio de Tradução Calouste Gulbenkian, da Academia das Ciências de Lisboa pela selecção de Poemas da Resistência Chilena e, em 1985, recebeu o Prémio Internacional Nicola Vaptzarov, da União de Escritores Búlgaros. Em 1995 obteve o Prémio de Poesia do Pen Clube, o Prémio Eça de Queirós e o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores com o livro E No Entanto Move-se. A sua obra encontra-se traduzida em francês, polaco, búlgaro, inglês, turco, romeno, catalão e castelhano.



Tudo Vai Bem, Amor!...

Tudo vai bem, amor! Aqui estamos longe!
Aqui malogra-se a abordagem dos terrores,
ninguém descarna o sonho ou a esperança,
não há fantasmas de espingarda ao ombro,
ninguém agoniza chicoteado pelas sombras...
Aqui não há ditadores nem guilhotinam os oráculos,
ninguém encobre estrelas com areia,
não cortam com navalhas os seios das mulheres,
não se incendeiam ghetos com corpos de crianças:
é tudo útil, simples, como um campo de trigo
- a Esfinge é um animal de pedra muito gasta.
Os poetas podem passear nas ruas; a paz
não é uma aranha sobre terra árida.
O sono não se povoa de estátuas de ameaça,
o amor não se faz de coração crispado:
o leito do amor é a simples terra nua.

in O Vagabundo Decepado - Egito Gonçalves

Música dos anos oitenta para geopedrados


quarta-feira, abril 07, 2010

Formação - Gruta do Carvão


No dia 17 de Abril de 2010 (sábado) decorrerá uma acção de formação para habilitação de novos guias e monitores de visitas à Gruta do Carvão.

Esta iniciativa decorrerá com formação teórica (09.30 às 12.30 horas) e formação prática (14.00 às 18.00 horas) com visita aos troços da Rua de Lisboa e da Rua do Paim da referida cavidade vulcânica.

Esta actividade é aberta a todos os interessados, que devem, no entanto, efectuar inscrição (grutadocarvao@amigosdosacores.pt).



NOTA: há que dar os parabéns ao Amigos dos Açores - Associação Ecológica por mais esta iniciativa...

Comboios e Dinossáurios


No trilho dos Dinossáurios – Castelo Branco

Os dinossáurios invadem o Geopark: Esqueletos, crânios de dinossauros, ovos, ninhos e ovos com embriões, garras e dentes vão invadir o Geopark Naturtejo, numa actividade que esta instituição promove em Castelo Branco e que é a maior exposição itinerante de Dinossáurios do Mundo.

A exposição decorre de 27 de Março a 30 de Outubro de 2010, estando aberta todos os dias entre as 10.00 e as 19.00 horas.

A CP tem um pacote especial para os fins-de-semana que inclui o transporte de comboio, o transfer entre a estação de Castelo Branco e o Centro de Exposições do Nercab e ainda a visita à exposição, à venda nas bilheteiras do serviço Longo Curso e Regional.

Este pacote é válido também durante a semana para grupos.

Consulte os horários dos comboios com transfer - AQUI.

Para pedidos de informação e preços envie um e-mail para gruposlbrj@cp.pt ou contacte através dos telefones 249 132 752 ou 919 558 443.

Para mais informações sobre a exposição sugere-se ainda a consulta ao site oficial.

Dia Nacional dos Moinhos

Uma velha música para celebrar a data...


Ravi Shankar - 90 anos!

Pandit Ravi Shankar (Ghazipur, 7 de Abril de 1920) é um famoso músico indiano.

Começou a sua carreira como bailarino na companhia do irmão Uday Shankar. Aos 18 anos iniciou os seus estudos de sitar, tendo sido discípulo de Baba Allauddin Khan. Famoso em todo o mundo, tocou no Woodstock junto com grandes mestres da música como Janis Joplin, e Jefferson Airplane. É também o pai de Norah Jones, famosa artista contemporânea de jazz e de Anoushka Shankar, a quem ensinou a arte do sitar. Teve grande influência na fase psicodélica dos Beatles, e após o fim da banda, gravou um disco produzido por George Harrison, o "Chants of India".

in Wikipédia



terça-feira, abril 06, 2010

Música actual para desanuviar



Owl City - Fireflies

You would not believe your eyes
If ten million fireflies
Lit up the world as I fell asleep

'Cause they'd fill the open air
And leave teardrops everywhere
You'd think me rude
But I would just stand and stare

I'd like to make myself believe
That planet Earth turns slowly
It's hard to say that I'd rather stay
Awake when I'm asleep
'Cause everything is never as it seems

'Cause I'd get a thousand hugs
From ten thousand lightning bugs
As they tried to teach me how to dance

A foxtrot above my head
A sock hop beneath my bed
A disco ball is just hanging by a thread

I'd like to make myself believe
That planet Earth turns slowly
It's hard to say that I'd rather stay
Awake when I'm asleep
'Cause everything is never as it seems
When I fall asleep

Leave my door open just a crack
(Please take me away from here)
'Cause I feel like such an insomniac
(Please take me away from here)
Why do I tire of counting sheep
(Please take me away from here)
When I'm far too tired to fall asleep

To ten million fireflies
I'm weird 'cause I hate goodbyes
I got misty eyes as they said farewell

But I'll know where several are
If my dreams get real bizarre
'Cause I saved a few and I keep them in a jar

I'd like to make myself believe
That planet Earth turns slowly
It's hard to say that I'd rather stay
Awake when I'm asleep
'Cause everything is never as it seems
When I fall asleep

I'd like to make myself believe
That planet Earth turns slowly
It's hard to say that I'd rather stay
Awake when I'm asleep
'Cause everything is never as it seems
When I fall asleep

I'd like to make myself believe
That planet earth turns slowly
It's hard to say that I'd rather stay
Awake when I'm asleep
Because my dreams are bursting at the seams

Dia Nacional dos Moinhos e Moinhos Abertos 2010 - locais abertos ao público


A pedido de diversos leitores, aqui fica um link para a listagem de actividades, datas e moinhos visitáveis em 07.04.2010 (quarta-feira) e 10/11.04.2010 (sábado e domingo próximos) - ver AQUI.

Há imensos locais, embora se note a ausência de certos distritos/regiões e de certos locais emblemáticos da molinologia. Por exemplo, nos Açores, há apenas actividades em S. Jorge e Santa Maria e este ano, no distrito da Guarda, não há nenhuma actividade...


Música dos anos oitenta para geopedrados


Andrada e Silva morreu há 172 anos

José Bonifácio de Andrada e Silva (Santos, 13 de Junho de 1763Niterói, 6 de Abril de 1838) foi um naturalista, estadista e poeta brasileiro. É conhecido pelo epíteto de "Patriarca da Independência".




NOTA: para os geólogos portugueses Andrada e Silva é um geólogo e mineralogista luso-brasileiro, o nosso mais famoso mineralogista, com imensas descoberta na área e a quem foi dedicado o livro que deu origem à ainda actual classificação dos minerais...

segunda-feira, abril 05, 2010

Petição - Ajustes Directos da Parque Escolar

Ajustes Directos da Parque Escolar

Ao Ex.mo Sr. Presidente da Assembleia da República:

A Parque Escolar E.P.E. é uma empresa pública que “tem por objecto o planeamento, gestão, desenvolvimento e execução do programa de modernização da rede pública de escolas secundárias e outras afectas ao Ministério da Educação.”. (cit.)

Desde a data da sua criação, a 21 de Fevereiro de 2007, beneficia de um regime de excepção na celebração de contratos de empreitada de obras públicas, de locação ou aquisição de bens móveis e de aquisição de serviços; concedido pelos seus estatutos fundadores, DL 41/2007, prorrogado pelo DL 25/2008 de 20 de Fevereiro, posteriormente pelo DL 34/2009 de 6 de Fevereiro e já no decorrer do corrente ano de 2010 pelo DL aprovado em Conselho de Ministros a 21 de Janeiro.

O referido regime de excepção permite o recurso aos procedimentos de negociação, consulta prévia ou ajuste directo como possíveis na formação dos contratos, desde que esteja salvaguardado o “cumprimento dos princípios gerais da livre concorrência, transparência e boa gestão, designadamente a fundamentação das decisões tomadas” . (cit.)

Cumulativamente estipula a publicação obrigatória no portal da Internet dedicado aos Contratos Públicos, daqueles que forem realizados na sequência de ajuste directo ao abrigo deste regime de excepção; sendo esta, condição de eficácia do respectivo contrato. Refere ainda a necessidade de convite a pelo menos três entidades distintas para apresentação de propostas.

A Parque Escolar E.P.E., ao arrepio das mais elementares regras da transparência e da boa regulação profissional, tem ignorado estas disposições e subvertido a excepcionalidade concedida. A consecutiva repetição na escolha das equipas projectistas é flagrante, tendo vários gabinetes de arquitectura sido contemplados com projectos para 3, 4, 5 e 6 escolas.

Como exemplo extremo desta conduta a Parque Escolar E.P.E. entregou os projectos de 11 escolas à mesma equipa projectista.

O gasto discricionário dos dinheiros públicos, num programa de requalificação de 2500 milhões de euros envolvendo 332 escolas, não é próprio do recomendável acesso democrático à encomenda pública e a blindagem no acesso à informação sobre os vários procedimentos inviabiliza o necessário escrutínio público.

O obscurantismo com que tem sido governado o processo de obras públicas que mais verbas tem movimentado nos últimos anos, a total ausência de critérios públicos e transparentes nas escolhas das empresas objecto de adjudicações directas, a progressiva constatação de problemas nas obras concluídas e, sobretudo, a defesa do interesse público motiva os abaixo-assinado a solicitar à Assembleia da República que delibere:

1. A revogação do estatuto de excepcionalidade de contratação utilizado pela Parque Escolar E.P.E., passando todas as contratações a ser regidas pelas disposições constantes do Código dos Contratos Públicos, como as demais entidades públicas;

2. Propor ao governo a exoneração dos actuais membros do Conselho de Administração da Parque Escolar E.P.E., e a nomeação de novos membros de reconhecido mérito profissional e académico, como garante de condução de um processo transparente, participado e veloz;

3. Solicitar ao Tribunal de Contas a abertura de um procedimento de auditoria à Parque Escolar E.P.E. ao abrigo do Art. 55º da Lei n.º 98/97, de 26 de Agosto (Lei de organização e processo do Tribunal de Contas).

Então o fim-do-mundo não era em 2012?

Sismo em Moçambique faz 59 feridos
Alguns edifícios sofreram danos
03.04.2010

Um sismo fez 59 feridos no norte de Moçambique. O abalo atingiu o distrito de Angoche, província de Nampula, esta sexta-feira.

De acordo com a edição electrónica da Rádio Moçambique, que cita o presidente do Conselho Municipal de Angoche não há vítimas mortais.

É acrescentado que alguns edifícios ficaram danificados parcialmente.

Não é avançada, contudo, a gravidade dos ferimentos sofridos pelas vítimas, tal como não são especificados detalhes sobre a magnitude do sismo ou o nome das localidades atingidas.




05 Abril 2010 - 08.19
Mais de cem feridos
Sismo de 7.2 faz dois mortos no México

Um violento sismo de magnitude 7.2 na escala de Richter sacudiu ontem, pelas 23.40 horas (hora de Lisboa), o estado mexicano da Baixa Califórnia (fronteira entre México e EUA) provocando, pelo menos, dois mortos e mais de uma centena de feridos. O forte abalo, que durou 30 segundos, foi também sentido em Los Angeles, San Diego e no estado norte-americano do Arizona.

De acordo com um responsável da Protecção Civil do México, uma das vítimas morreu soterrada após o desabamento de um edifício em Mexicali, enquanto a outra foi atropelada mortalmente por um veículo ligeiro quando saía para a rua para se salvaguardar de uma possível derrocada provocada pelo sismo.

O epicentro do tremor de terra foi registado a 175 quilómetros da cidade mexicana de Tijuana.

Vários testemunhos, segundo a imprensa on-line norte-americana, dão conta de água a transbordar de piscinas de várias residências. Há relatos, também, de pessoas que ficaram presas em elevadores e de outras que vieram para a rua em pânico. Até ao momento, não há registo de qualquer vítima mortal, mas as primeiras informações dão conta de um número indeterminado de feridos na Baixa Califórnia. Neste estado mexicano, há ainda registo de 11 incêndios e uma estrada intransitável.

Os bombeiros foram chamados para socorrer pessoas presas em elevadores. Janelas partidas, carros e prédios que abanaram, linhas telefónicas em baixo são outras ocorrências já registadas.

De acordo com a Reuters, na cidade de Tijuana existem vários edifícios que sofreram danos graves e os pacientes do Hospital Geral foram evacuados. Nadia Camacho, recepcionista de um hotel mexicano, referiu que a terra continua a tremer e que o edifício foi evacuado. 'Estamos em alerta. Ninguém ficou no hotel, estão todos na rua', disse.

'Não sentíamos um abalo deste tipo desde 1979', afirmou Michelle Tapia, à CNN, residente no estado da Califórnia. Joe Madison andava às compras quando se deu o sismo: 'Senti que a loja inteira se moveu e as pessoas correram para a rua'.

Desde o primeiro abalo, já foram sentidas várias réplicas, que chegaram já aos 5.1 de magnitude. Inicialmente, o Instituto Geofísico norte-americano (USGS) tinha informado que o abalo tinha atingido uma magnitude de 6.9 na escala de Richter mas, uma hora depois, actualizou essa marca para 7.2.

A ética republicana e socialista - versão socrática

Novos dados mostram que actividade privada não era “residual”

Sócrates assinou 21 projectos de casas quando era exclusivo na AR

Moradia em Faia foi construída sob a responsabilidade de Sócrates seis metros para lá do local aprovado

Duas repreensões por unanimidade, ameaças de sanções legais e severas críticas dos serviços camarários foram o resultado dos últimos anos da actividade de José Sócrates como projectista de edifícios na Guarda, entre 1987 e 1991.


José Sócrates foi afastado pela Câmara da Guarda, em 1990 e 1991, da direcção técnica de obras particulares de cujos projectos era autor, depois de ter sido várias vezes advertido por causa da falta de qualidade dos seus projectos e da falta de acompanhamento das obras - chegando a ser ameaçado com sanções disciplinares. Num dos casos, a saída de cena do então engenheiro técnico, que era deputado em regime de dedicação exclusiva há mais de dois anos, foi imposta pela autarquia socialista como condição para o desembargo da obra que projectara e dirigia.

No conjunto de 26 processos de licenciamento encontrados pelo PÚBLICO, no Arquivo Municipal da Guarda, em que Sócrates esteve envolvido como projectista e responsável de obra entre 1987 e o final de 1990, em acumulação com a actividade de deputado num período em que era presidente da Federação do PS de Castelo Branco, avultam três em que o seu nome foi substituído na direcção dos trabalhos sem que ele ou o dono da obra o tenham requerido.

Em dois destes casos o actual primeiro-ministro foi substituído por outros técnicos depois de ter sido repreendido por escrito pelo então presidente da câmara, Abílio Curto - que mais tarde veio a cumprir uma pena de prisão pelo crime de corrupção. As repreensões em causa foram enviadas pelo correio a José Sócrates, na sequência das deliberações camarárias, aprovadas por unanimidade, que o admoestaram pelo "pouco cuidado posto na elaboração do projecto" (1987) e pela "falta de fiscalização das obras de que é autor dos projectos devendo fiscalizá-las rigorosamente" (1990).

No primeiro deixou a obra no final de 1988 sem que se perceba porquê, não havendo no processo nenhum elemento que permita esclarecê-lo nem saber de quem partiu a iniciativa. Já no segundo, o seu afastamento resultou de uma imposição camarária cujo fundamento e objectivo também não consta do processo.

Anteriormente às advertências aprovadas pelo executivo já alguns técnicos camarários tinham subscrito diversas críticas à falta de cumprimento dos regulamentos em vigor por parte daquele projectista, nestes e noutros processos, redigidas em termos mais severos do que as deliberações do executivo.

Na terceira obra de cuja direcção Sócrates foi excluído, já em 1991, ano em que se tornou porta-voz do PS para a área do Ambiente e membro do secretariado nacional do partido, o seu afastamento foi também determinado por despacho camarário, mais uma vez sem que se perceba a razão e sem que no processo da obra existam quaisquer reparos ao seu trabalho.

Quanto à informação que deu origem à primeira das repreensões aprovadas pela câmara, o então chefe da repartição técnica da autarquia, já falecido, escreveu textualmente: "O senhor eng. técnico José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa foi já advertido pelo pouco cuidado que manifesta na apresentação dos trabalhos apresentados nesta câmara municipal e continua a proceder de igual forma, sem o mínimo respeito por ela e pelos seus técnicos (...) Deverão solicitar-se mais uma vez os elementos nas devidas condições e adverti-lo que não se aceitarão mais casos idênticos, sob pena de procedimento legal." A informação conclui, observando que se Sócrates "não pode ou não tem tempo de se deslocar à Guarda para fazer os trabalhos como deve ser só tem um caminho que é não os apresentar."

Em causa estava um projecto de 1987 em que nalgumas peças se falava na construção de uma moradia a construir na Quinta dos Bentos, na Guarda, e noutras se falava em duas moradias geminadas. Por outro lado, as plantas apresentadas e assinadas pelo projectista não indicavam sequer o local da obra a construir.

No segundo processo em que foi advertido pela vereação tratava-se de uma moradia a erguer em Sequeira, junto à Guarda, em que a repartição técnica da câmara emitiu informações desfavoráveis ao projecto e às suas posteriores alterações, qualificando algumas delas como "um absurdo". Face à insistência do proprietário e do projectista, a mesma repartição propôs, em Março de 1990, e Abílio Curto concordou, que "deve alertar-se o requerente de que se porventura estiver em obra a executar estas alterações se sujeita a um processo de coimas e o técnico a ser chamado à responsabilidade".

Apesar desta ameaça, as alterações indeferidas foram construídas sem que o responsável pela obra se opusesse, o que levou uma das arquitectas da repartição, também já falecida, a propor a demolição da ampliação ilegal da moradia e a escrever que "o técnico deve ser chamado à responsabilidade (o que não será a primeira vez, aliás) e deve ser seriamente alertado, pois, como deputado na Assembleia da República e residente na Covilhã, não vejo como poderá visitar as obras que dirige - o que, à luz do novo decreto 19/90, lhe poderá vir a acarretar uma pena de suspensão por falta de assistência às obras e de assinatura da folha de obra".

Paralelamente a construção foi embargada, a parte ilegal foi demolida pelo proprietário, e a câmara, em ofício assinado por Abílio Curto em Dezembro de 1990, notificou o proprietário, sem qualquer justificação, "para apresentar novo termo de responsabilidade [leia-se: de outro técnico] após o que se procederá ao desembargo da obra" - tal como aconteceu de imediato.

Num terceiro processo, relativo à construção de uma moradia na aldeia de Cavadoude, cujo projecto e direcção de obra têm o nome José Sócrates, não se encontra qualquer crítica ao seu trabalho, mas um despacho de um responsável camarário datado de Janeiro de 1991 determina, também sem qualquer fundamentação, que "é necessário notificar o requerente de que é preciso a declaração de responsabilidade de outro técnico".

Afastamento sem razões conhecidas

O PÚBLICO questionou António Patrício, colega de curso e amigo de José Sócrates, enquanto autor da informação que determinou a exclusão do actual primeiro-ministro da direcção de uma obra particular em 1991, mas o actual director regional adjunto de Agricultura do Centro não encontrou uma explicação concreta. "Havia situações em que o técnico desaparecia, ou em que alguma coisa não estava a correr bem e nós próprios tomávamos a iniciativa de mandar substituí-lo, mas nesses casos não faço ideia do que aconteceu", afirmou António Patrício.

Já o actual presidente da autarquia, Joaquim Valente, também colega de curso e amigo de Sócrates, informou que a documentação existente na câmara não permite explicar o que se passou, nomeadamente se a exclusão se deveu ou não ao facto de aquele técnico ser responsável por demasiadas obras em simultâneo.

De acordo com um regulamento aprovado pela câmara em 1987, tinha de haver na sua secretaria uma "relação das obras executadas ou em execução" sob a responsabilidade de cada técnico ali inscrito para apresentar projectos e dirigir obras, sendo que nenhum deles poderia "assumir a responsabilidade simultânea de mais de 24 obras" no concelho. Todavia, segundo Joaquim Valente, "não havia processos individuais constituídos, pelo que, por recurso a esta via, não é possível determinar o número de projectos subscritos pelos técnicos".

Embora afirme que tais processos individuais não existiam, o autarca garante, sem fundamentar essa afirmação, que "não foi proposta qualquer sanção" contra Sócrates na câmara, situação que, a ter-se verificado, poderia também explicar o seu afastamento da direcção das obras. Abílio Curto, presidente da câmara à data dos factos, nunca esteve disponível para falar ao PÚBLICO.

domingo, abril 04, 2010

Dia Nacional dos Moinhos e Moinhos Abertos 2010


Após o sucesso nacional de 2009 a Rede Portuguesa de Moinhos volta a assinalar o Dia Nacional dos Moinhos na próxima quarta-feira, dia 7 de Abril de 2010.

Como é tradicional, no fim de semana mais próximo do Dia Nacional, os Moinhos Abertos realizam-se agora nos dias 10 de Abril (Sábado) e 11 de Abril (Domingo) por forma a permitir a participação de todos.

Esta iniciativa conta com grande participação nacional, pelo que neste dia estarão abertos 143 moinhos em 71 núcleos moageiros. A cobertura nacional atinge em 13 Distritos do Continente e na Região Autónoma dos Açores, num total de 40 municípios envolvidos.

Poema para celebrar a Páscoa

PORQUE TE AMAMOS

Nós Te amamos.
E sussurramos baixinho o Teu nome.
(Há um gosto a mar e a azul no Teu nome)
Nós Te amamos.
E vemos-Te todos os dias.
Vemos-Te na terra que Tu sabias florir de espigas.
Vemos-Te na chuva, que Tu abençoavas quando caia.
Vemos-Te nas coisas simples que Tu tornavas grandes.
Nós Te amamos
E voltamos a conversar contigo à lareira.
E voltamos a ver-Te entrar em casa ao anoitecer.
Nós Te amamos.
E Tu voltas a viver em nós,
Porque Te amamos.

in De Bibe e Caneta (poesia infantil) - MJFOM

Milo MacMahon - 25 anos de saudade

Emílio Victor Caldeira MacMahon Vitória Pereira, mais conhecido por Milo, (n. Angola 3 de Maio de 1940 - 4 de Abril de 1985) na então cidade de Sá da Bandeira, actual Lubango, foi um cantor português.

Juntamente com Raúl Indipwo formou no Uíge o Duo Ouro Negro centrado no folclore de Angola.

Autor de grandes êxitos como Muamba, Banana e Cola, Poema Para Salvador Allende, Beija-me..., entre outras. Milo faleceu devido a um edema.

in Wikipédia



sábado, abril 03, 2010

Fado Hilário


Hilário morreu há 114 anos


Augusto Hilário da Costa Alves nasceu em Viseu em 1864. No entanto, ao consultarmos a sua Certidão de Edade no Arquivo da Universidade de Coimbra, reparamos que na transcrição do seu registo de Baptismo, afinal, foi exposto na roda desta cidade [Viseu] pelas cinco horas da manhã e que em vez de se chamar Augusto Hilário refere a quem dei o nome de Lázaro Augusto.

Fica então a questão do porquê de Augusto Hilário. A resposta vem num documento anexo à Certidão de Edade referindo que no seu crisma solicitou para daí em diante se chamar Augusto Hilário (em 1877).

Quanto ao seu percurso escolar segundo João Inês Vaz e Júlio Cruz terá principiado no Liceu de Viseu pois frequentou o Liceu de Viseu com o intuito de fazer os estudos preparatórios para admissão à Faculdade de Filosofia. Certo é que, em 1889, vem para Coimbra fazer os preparatórios de Medicina. Dos Anuários da Universidade de Coimbra conclui-se que esteve matriculado em Filosofia entre os anos lectivos de 1889/1890 e 1891/1892 como aluno obrigado, sendo de destacar também que no ano lectivo de 1890/1891 frequentou a cadeira o Curso Livre de Língua Grega. Nos anos lectivos de 1892/1893 a 1895/1896 esteve matriculado em Medicina, tendo repetido o primeiro ano, tendo falecido quase a terminar o Curso.

Viveu na Rua Infante D. Augusto n.º 60, no Largo do Observatório n º 5, e na travessa de S. Pedro n.º 14. No entanto, segundo os autores já citados, quando veio para Coimbra também se inscreveu na Marinha para receber subsídio do Estado Português.

É claro que durante o seu tempo de estudante cantou e tocou guitarra, tendo feito parte da Tuna Académica da Universidade de Coimbra (no tempo em que o Doutor Egas Moniz, futuro Prémio Nobel da Medicina, era o Presidente da Tuna). Participou também na célebre homenagem a João de Deus, durante a qual, segundo João Inês Vaz e Júlio Cruz, após a actuação, terá atirado a guitarra para a assistência e, claro está, nunca mais a viu. Para obviar a falta da Guitarra, valeu-lhe o Ateneu Comercial de Lisboa que lhe ofereceu a derradeira guitarra em 1895 (a Guitarra do Hilário que hoje conhecemos).

Depois de ter actuado em diversos locais do país, acabou por falecer em Viseu no dia 3 de Abril de 1896. Segundo a cópia da Certidão de Óbito na obra dos autores referenciados, morreu pelas nove horas da noite e sem sacramentos. Além disso, foi sepultado no cemitério público desta cidade [Viseu].


sexta-feira, abril 02, 2010

Porque hoje é Sexta-Feira Santa - VII

Pietà - Paula Rego

Porque hoje é Sexta-Feira Santa - VI

Pietá

Vejo-te ainda, Mãe, de olhar parado,
Da pedra e da tristeza, no teu canto,
Comigo ao colo, morto e nu, gelado,
Embrulhado nas dobras do teu manto.

Sobre o golpe sem fundo do meu lado
Ia caindo o rio do teu pranto;
E o meu corpo pasmava, amortalhado,
De um rio amargo que adoçava tanto.

Depois, a noite de uma outra vida
Veio descendo lenta, apetecida
Pela terra-polar de que me fiz;

Mas o teu pranto, pela noite além,
Seiva do mundo, ia caindo, Mãe,
Na sepultura fria da raiz.

Miguel Torga

Porque hoje é Sexta-Feira Santa - V


Ecce Homo - Museu Nacional de Arte Antiga

Porque hoje é Sexta-Feira Santa - IV


“A nossa fatalidade é a nossa história” (Antero de Quental, 1842-1891).


Logo a seguir a 25 de Abril assistiu-se em Portugal a uma convulsão social, denominada Processo Revolucionário em Curso (PREC), que se fez sentir em todos os domínios da sociedade com reflexos nefastos no actual sistema educativo.

Pouco a pouco, uma aparente normalidade foi restabelecida em outros sectores da res publica mas que deixou resquícios numa carreira docente abrangente de todos os docentes da educação pré-escolar ao ensino secundário, como se “a democracia fundada sobre a igualdade absoluta não fosse a mais absoluta tirania”, como escreveu Cesar Cantú.

Ou seja, uma espécie de “sociedade sem classes” que não encontra paralelo em qualquer outro país europeu com carreiras docentes distintas e em que os vencimentos divergem em função do grau de ensino ministrado e da formação académica dos docentes.

Inicialmente, houve essa destrinça salarial entre bacharéis (alguns com simples diplomas do então ensino médio) e licenciados. Mas foi sol de pouca dura! Logo surgiram escolas privadas ditas superiores, e até sindicatos docentes, a aproveitarem-se da situação para fazerem disso um negócio chorudo vendendo “licenciaturas” enquanto o diabo esfrega um olho a simples equiparados a bacharéis, oriundos do então chamado ensino médio.

Para este statu quo, a Fenprof e a própria FNE tiveram um papel preponderante assumindo a vanguarda de um igualitarismo que Medina Carreira definiu como sendo “uma trafulhice” (Revista Expresso, 24/10/2009). De permeio, assistiu-se à proletarização do exercício docente, com greves e manifestações de massas herdadas do século XIX, batendo-se desesperadamente para retardar, ou até impedir, a criação de uma Ordem dos Professores mesmo depois de profissões em grande parte formadas por profissionais sem diploma académico superior de raiz (v. g., enfermagem e técnicos oficiais de contas) estarem actualmente representadas por ordens profissionais.

Bem sabem o Governo a Fenprof (que vive o período de graça de ter sabido congregar numa plataforma sindical a maioria dos sindicatos docentes unidos num descontentamento de natureza laboral) que a criação de uma Ordem dos Professores é uma questão de tempo em benefício do sistema educativo e do exercício da docência em que a profissão de professor não existe verdadeiramente, como existem as profissões de médico ou de advogado, por exemplo.

Disse Woody Allen que ”o político de carreira é aquele que faz de cada solução um problema”. Surge agora o secretário de Estado Adjunto e da Educação Alexandre Ventura, no Diário de Notícias (20/03/2010), “a mostrar-se favorável à criação de uma instância de auto-regulação da profissão de professor e elaboração de um código deontológico” ,com o nome de “Conselho Superior das Profissões de Educação”, como diria Pessoa, “uma coisa indistinta, a indistinção entre nada e coisa nenhuma”. Para o efeito, é, ainda aí, proposto por ele “um debate que importa prosseguir no seio das organizações representativas dos educadores e dos professores”.

Cabe aqui perguntar: a que “organizações representativas” se refere Alexandre Ventura? A sindicatos, como escreveu Mário Soares (Diário de Notícias, 29/01/2008) “correias de transmissão do PCP” e, por razões óbvias, contrários a uma regulação que escape à sua influência política? Se essa auto-regulação é atribuída por norma às ordens profissionais porque apelidar esse organismo de direito público de “Conselho Superior da Profissões de Educação” criando, desde logo, uma possível indefinição sobre a respectiva abrangência: professores, psicólogos, assistentes sociais, pessoal administrativo, auxiliares de acção educativa?

Como nos adverte a vox populi, "nas costas dos outros lemos as nossas”. Como tal, temo que para a educação se esteja a desenhar uma solução que não seja peixe nem carne, ou que convenha que seja carne a passar por peixe, ou vice-versa, como o acontecido com o exercício profissional de jornalista com carteiras profissionais passadas até 94 pelo respectivo sindicato, a exemplo das carteiras profissionais de electricistas, cabeleireiros, esteticistas, cozinheiros, sem querer pôr em causa a respeitabilidade destas profissões.

Seja a que pretexto for, o jornalismo, pelo seu importante papel social, devia estar a coberto de soluções de recurso, ou mesmo envenenadas, motivadas pelas fortes objecções levantadas à criação de uma Ordem dos Jornalistas. Anos idos, num programa da TV2, intitulado “Clube dos Jornalistas, assistiu-se a um debate entre dois jornalistas e uma ex-presidente do Sindicato de Jornalistas, de seu nome Diana Andriga, manifestando-se ela declaradamente contrária à criação de um Ordem dos Jornalistas em oposição às opiniões favoráveis de Octávio Ribeiro, subdirector do Correio da Manhã” e Eduardo Cintra Torres, crítico de televisão do Público. Manifestou-se igualmente a favor – não posso precisar se nessa altura ou em qualquer outra – o antigo director do Diário de Notícias, Bettencourt Resendes. Por seu turno, em 25/7/2005, em artigo de opinião, José Manuel Fernandes, director do Público, perante os inúmeros desafios levantados à profissão de jornalista – e a que, ainda, segundo ele, o respectivo sindicato não pode dar resposta, sob pena de exorbitar nas suas funções -, saía em defesa “de uma associação de filiação obrigatória para todos os jornalistas”. E interrogava-se e aos seus leitores: “Uma Ordem?”

Estes pesos pesados do jornalismo nacional encontraram pela frente a simples e expectável opinião da sindicalista Diana Andriga com respaldo no constitucionalista e então deputado do Partido Socialista Vital Moreira: ”Sempre me manifestei contra a criação de uma ordem profissional [dos jornalistas] – aliás rejeitada num referendo à classe realizado há mais de uma década” (Público, 05/07/2005). Em contradita com a opinião favorável do então bastonário da Ordem dos Advogados, Júlio de Castro Caldas, esta tomada de posição fora no ano anterior já defendida por este constitucionalista ao considerar a criação de uma Ordem dos Jornalistas como “não sendo a melhor solução” (Público, 03/06/97). Ora, o argumento do referendo, por si havido como uma espécie de pachorrenta e idolatrada vaca sagrada dos hindus tinha sido revisado por Miguel Sousa Tavares: “(…) opus-me no referendo feito à classe sobre a criação de uma Ordem dos Jornalistas. Hoje, revejo a minha posição: é urgente a criação de uma Ordem dos Jornalistas” (Público, 06/03/98).

Como ultima ratio para a sua discordância, escreveu Vital Moreira “que as ordens profissionais tiveram a sua origem no sistema corporativo do Estado Novo” (Público, 05/07/2005). Mas ,como é sabido, a criação da Ordem dos Advogados (Decreto 11.715/26, de 16 de Junho) é sete anos anterior à Constituição Portuguesa de 1933 que estabeleceu o regime corporativo em Portugal. Apesar de uns tanto opositores à criação da Ordem dos Professores pertencerem ao Partido Socialista nada autoriza a pensar que esta formação política esteja contra esta forma de associação profissional de direito público: foi no consulado de António Guterres que foi criada a Ordem dos Enfermeiros destinada a uma profissão sem formação académica universitária como era de tradição.

Cessem as desculpas de mau pagador. A docência merece e deve ser tratada com a dignidade de que é credora por um passado que muito a lustra. Para o efeito, deverá ser nomeada oficialmente uma comissão instaladora nacional para a criação da Ordem dos Professores, sempre falada e sempre deixada para as calendas gregas como se o seu protelar fosse a solução para que o exercício da função docente, órfã do título profissional de professor, deixe de ser “arrabalde de si própria”, como diria Pessoa.

Post scriptum: A vontade dos docentes para a criação da Ordem dos Professores ficou bem expressa numa petição apresentada, em 2004, pelo Sindicato Nacional dos Professores Licenciados, na Assembleia da República, subscrita por 7857 assinaturas (quase o dobro das 4000 exigidas para o efeito) que foi discutida sem ser votada sob a alegação de estar para ser publicada uma Lei Quadro das associações públicas profissionais como viria a acontecer.

in De Rerum Natura - post de Rui Batista

Porque hoje é Sexta-Feira Santa - III


Porque hoje é Sexta-Feira Santa - II

socrates

A propósito de um falso desmentido de Sócrates

O director do Expresso responde ao primeiro-ministro, que em entrevista ao "Jornal de Notícias" o acusou de não ter falado verdade aos deputados.


1. Na comissão de ética do Parlamento, em resposta a uma pergunta do deputado do PS João Serrano sobre se alguma vez o primeiro-ministro me pressionara, respondi sim. Que me pedira para não publicar uma notícia sobre a sua licenciatura na Universidade Independente. No sábado passado, numa entrevista ao "Jornal de Notícias", o primeiro-ministro referiu-se a esse facto nos seguintes termos: "Esse depoimento é falso. Essa conversa não ocorreu como foi descrita. O depoimento diz tudo sobre pessoas que são capazes de dar a sua versão sobre uma conversa privada e que o fazem de forma cobarde, quando não está a outra presente, para o desmentir".

Quero deixar bem claro que fui educado de forma a não mentir. Menos ainda numa Comissão Parlamentar. Fui educado por pessoas que tinham e têm da democracia e da liberdade um alto conceito, algumas delas pagando um preço elevado por isso. Estudei no Colégio Moderno e os valores que me transmitiram foram os mesmos que os da minha família: sou um homem livre e vou continuar a sê-lo.

2. O telefonema que refiro foi na noite de 29 para 30 de Março de 2007 (de quinta para sexta-feira, antes da saída da notícia). Foi feito para mim, depois de um assessor de Sócrates ter também telefonado, com modos mais suaves. O assessor era José Almeida Ribeiro, hoje secretário de Estado-adjunto do primeiro-ministro, mas dessa conversa nada tenho a dizer - foi cordial e correcta, naturalmente expressando o ponto de vista do chefe do Governo.

Seguiu-se o telefonema do primeiro-ministro - e, de facto, foi bem pior do que eu contei na Comissão de Ética: além de me ter pedido para eu não publicar o texto em causa, o telefonema decorreu no meio de berros exaltados por parte do chefe do Governo. Podem pensar que me foi indiferente - não foi. Ninguém fica indiferente quando o dever o obriga a fazer algo que deixa outro ser humano tão exasperado, tão fora de si, tão desagradavelmente mal-educado.
Infelizmente - por uma estrita consciência deontológica e pelo sentido de dever - não tive outra alternativa senão publicar essa notícia, recolhida por duas jornalistas e que estava devida e rigorosamente sustentada.

O primeiro-ministro falou, na mesma noite, com outro membro da direcção do Expresso sobre este assunto e fê-lo também de forma desagradável, pouco cordata, não só não compreendendo o nosso dever e a nossa missão como recusando-se a:
a) Fazer qualquer desmentido ou comentário à notícia que tínhamos;
b) Escrever exactamente o que nos estava a dizer (sem os insultos), de forma a publicarmos o seu ponto de vista;
c) Esclarecer o que quer que fosse sobre o assunto (recordo que só o fez na RTP, muito depois de o caso ter começado).

Quero ainda deixar claro que, nos tempos subsequentes, e até à Comissão Parlamentar de Ética, nunca referi este facto. Fi-lo na Comissão porque um deputado, como se pode ver na gravação disponível na Assembleia da República, me perguntou directamente se tinha sido pressionado por Sócrates. Verifico também - e acho grave - que o primeiro-ministro entende ser um acto de cobardia envolvê-lo numa resposta a um deputado, numa Comissão de Ética. Lamento que o chefe do Governo não tenha percebido que eu não estava num grupo de amigos, nem num debate televisivo, mas na sede da democracia portuguesa onde ao lado da estátua da eloquência - que Sócrates tem em abundância - está a da Justiça - que ele não entende.

3. Mas quanto a cobardia, gostava ainda de acrescentar uma coisa: só uma vez tinha referido esta pressão - foi ao próprio José Sócrates, por carta.
Essa carta veio a propósito de uma acusação que o primeiro-ministro me fez, numa entrevista à "Visão", a 15 de Outubro de 2009. Cito Sócrates: "Vou-lhe contar um episódio com o Expresso. Numa entrevista, em 2005, o director do jornal perguntou-me: 'Então, o pior já passou?'. E eu respondi: 'O pior é sempre o que está para vir...'. Título do Expresso: 'O pior está para vir'. São episódios como este... Não gosto que coloquem as minhas palavras nas mãos de editores que estão ávidos de uma frase bombástica, embora não correspondendo àquilo que eu disse".
Ainda que tudo isto fosse verdade, se este é o melhor exemplo de mau jornalismo que Sócrates tem, dê-se por feliz; eu tenho bem piores. Mas é mentira... O título que saiu (em 4 de Março de 2006 e não 2005, como Sócrates por lapso diz) pode ser consultado em qualquer arquivo e foi "O mais difícil está por fazer". Aliás, toda a entrevista, antes de publicada, foi revista pelo primeiro-ministro, tendo as suas objecções sido tomadas em conta - possibilidade, aliás prevista no nosso Código de Conduta..

Foi por isso que, numa carta que lhe enviei no mesmo dia em que aquela acusação me foi feita - e da qual tenho o protocolo de entrega -, lhe dei conta da confusão que fizera e da injustiça que cometera ao acusar-me de algo que não fiz. Nessa mesma carta, de 15 de Outubro de 2009 - muito antes, repito, de haver qualquer Comissão de Ética ou de inquérito, tinha Sócrates acabado de ganhar as eleições -, escrevi ainda: "Nunca me queixei do facto de me teres pressionado para retirar a notícia da licenciatura". O primeiro-ministro nunca teve a iniciativa, nem a hombridade, de repor a verdade das suas declarações à "Visão", nem a educação de me responder, apesar de nos conhecermos há muitos anos, muito embora não fôssemos amigos chegados (como jornalista acompanhei o PS durante anos, o que justifica o tratamento por tu). Sócrates não pode, pois, queixar-se de cobardia da minha parte. Nem eu lhe devolverei o insulto.

4. Nada disto abala as minhas convicções de homem livre. Sei bem o que José Sócrates pretende: dramatizar, extremar e colocar-me a mim e ao Expresso na linha de fogo dos inimigos do Governo e do PS. Mas, do mesmo modo que o Expresso nunca se colocou contra ou ao lado de governos, sem nunca abdicar do seu direito de crítica (mesmo quando o seu patrão era o primeiro-ministro), assim eu me mantenho no meu caminho, com bons amigos em todos os quadrantes, incluindo no Governo e no PS, alguns meus familiares.

Nem Sócrates é o país, nem Sócrates é o PS. Quem, como eu, já passou por 17 governos e 10 primeiros-ministros, sem qualquer desmentido ao seu trabalho, passará também de cabeça erguida por este.

Henrique Monteiro - Artigo publicado na edição do Expresso de 27.03.2010

Porque hoje é Sexta-Feira Santa...


quinta-feira, abril 01, 2010

A Guerra Civil Espanhola terminou há 71 anos








1 de Abril, dia de Tsunami

Casas que se afastaram 150 metros das suas fundações (em 1º plano)

Faz hoje 64 anos que ocorreu um sismo, numa das ilhas Aleutas, que provocou um tsunami com 173 mortes no Havai. Foi este evento que levou os Estados Unidos da América a estudar estas catástrofes e a tentar preveni-las, como hoje se faz com sucesso no Oceano Pacífico...

Sugestões de leitura sobre o assunto:

Temos penas...

Do Blog A Educação do meu Umbigo publicamos, com a devida vénia e uma ligeira discordância, o seguinte post:

Não estou com muita vontade de fazer o longo post que o assunto merece, até porque não conheço a proposta que tanto parece entusiasmar tanta gente.

Julgo mesmo que no próximo dia 28 de Abril vai surgir uma coligação de “Esquerda” pronta a criar um documento que irá fazer desesperar todos aqueles que tiveram esperança em que do actual momento de debate público nascesse algo mais do que uma peça de retórica (e prática) do eduquês político mais comum.

Com o argumento – válido – de que as propostas da “Direita” (leia-se CDS) trazem um elemento potencialmente discriminatório das famílias mais carenciadas, pois só contemplam a penalização através dos mecanismos de apoio do Estado de que não dependem os agregados familiares menos desfavorecidos, deverá sair uma proposta mais ou menos consensual do lado canhoto do Parlamento no sentido de tudo mudar para ficar na mesma ou pior.

As tiradas que se foram ouvindo e lendo – em especial da equipa do ME e dos representantes da Fenprof, mas não só, que continuam num idílio semanalmente renovado por todo e qualquer pretexto de fazer inveja a qualquer par de enamorados – levam-me a esperar o pior.

Os únicos protestos têm origem – natural – na Plataforma de Estudantes liderada por Pedro Feijó que parece não perceber que um estatuto não contém apenas direitos e que há actos que – por muito que pareça politicamente incorrecto – merecem mesmo punição por constituírem desrespeito objectivo pelas regras de convivência em sociedade.

Mas, excepção feita à possibilidade do pessoal não-docente poder aplicar com rapidez medidas correctivas (resta saber como colocar isso em prática…), as alterações que antevejo não são no sentido de tornar este documento melhor do que está.

Mesmo a eliminação esperada das provas de recuperação é capaz de trazer um presente envenenado bem disfarçado.

Isto para não falar desta negociação ter aberto por completo a porta para, em conjunto com os reajustamentos curriculares, desaparecerem por decreto as repetências do Ensino Básico.

Sei que não é uma regulamentação disciplinar que resolve todos os problemas e perturbações nas escolas, mas a mensagem geral que se transmite é muito importante.

E neste momento parece-me que tudo se encaminha para uma aliança de todos os protagonistas da coreografia negocial em torno da ideologia bem-pensante que já produziu os documentos catastróficos de 1998 e 2008.

Há quem não aprenda mesmo com o passado mais ou menos recente! Deve ser por causa disso que acham a História se pode ensinar às metades de ano lectivo.

E o interessante é que sobre estas matérias há quem não lavre nenhum protesto enérgico, apenas se preocupando em não terem aparecido na televisão.

Pela minha parte, fico à espera do texto das propostas para demonstrar de que forma eles representam um avanço ou um retrocesso em relação ao que existe e já existiu.

Gruta do Carvão - S. Miguel


Os Amigos dos Açores - Associação Ecológica vão dedicar Abril, mês em que se comemora o Dia Mundial da Terra e do Património Geológico, a estas temáticas com especial evidência para a Gruta do Carvão.

A Gruta do Carvão, que terá dia de entrada livre a 22 de Abril, dispõe agora de um microsite em http://amigosdosacores.pt/grutadocarvao/

Foi criado também um grupo no Facebook em http://www.facebook.com/group.php?gid=103172536389271 onde os aderentes poderão receber notícias e deixar os seus testemunhos, sejam eles textos ou conteúdos multimédia!


Saiba mais sobre a Gruta do Carvão em:
http://amigosdosacores.pt/grutadocarvao/

Porque hoje é o 1º de Abril - Violência nas Escolas

Ontem deu uma reportagem na SIC que merece a nossa publicação - mas só porque hoje é Dia das Mentiras...



NOTA: penso que antes da reportagem pode aparecer propaganda à telenovela Lua Vermelha - não se assustem, mas por acaso até fica bem antes da peça...

Notícia sobre mineiros de Neves-Corvo

Mineiros de Neves-Corvo suspendem greve


Os trabalhadores das minas de Neves-Corvo, em Castro Verde, suspenderam a greve que durava há 45 dias, na sequência de um comunicado da administração da Somincor.

A empresa proprietária enviou um comunicado ao Sindicato dos trabalhadores da Industria Mineira (STIM), onde se mostrava “disponíveis para encetar negociações”.

Esta abertura da empresa detida pelo grupo canadiano Lundin Mining Corporation, surge “na sequência da intervenção do Presidente da República que ontem nos recebeu em Lisboa”, esclareceu Jacinto Anacleto, dirigente do STIM.

O sindicalista adiantou ainda que o processo negocial “vai ter inicio na próxima terça-feira” e deverá arrastar-se por “quatro ou cinco dias”, concluiu.

A greve iniciou-se no passado dia 16 de Fevereiro, terça-feira de Carnaval, e tem como epilogo o “dia das mentiras”, 1 de Abril, mas, num contexto de verdade laboral.

Recorde-se que os trabalhadores paralisavam diariamente duas horas em cada turno, como forma de garantir que a administração da empresa aumentasse o subsídio de fundo e o pagamento da compensação do dia de Santa Bárbara.

Em causa estava “o aumento de 100 euros no valor do subsídio e fundo, o pagamento de 50% em falta do dia de 4 de Dezembro (Santa Bárbara) e garantir a totalidade dessa compensação nos anos seguintes”, revelou na altura de início do protesto o sindicalista Jacinto Anacleto.

A Somincor tem cerca de 900 trabalhadores, 250 dos quais mineiros.

in JN - ler notícia

NOTA: para compreender melhor a referência a Santa Bárbara, sugere-se a leitura deste texto.

José Sócrates e as comemorações do Dia das Mentiras

(imagem daqui)

Segundo o Expresso, o Libération (jornal diário francês liberal de esquerda) não saiu em Portugal na quinta-feira, 18 Março, devido a "problemas de impressão"

Contudo houve quem fosse à procura do jornal e…leiam isto!



NOTA: texto recebido por e-mail, que alerta para o texto publicado no jornal Libération e que, curiosamente, nós reproduzimos parcialmente aqui no Blog, em 28 de Março de 2010 (clicar no link para reler):

O nosso PM nas bocas do mundo

As comemorações do 1º de Abril no Ministério da Educação

01 Abril 2010 - 00h30
Escolhido só é inspector desde 1 de Março
Novato investiga docente suicida

Manuel Garrinhas foi o escolhido pela Inspecção-Geral da Educação (IGE) para investigar o caso do professor de Música que se suicidou alguns dias após ter sido nomeado inspector.

Depois de fazer o estágio em 2009 e de cumprir o período experimental, Garrinhas foi integrado no mapa de pessoal da IGE, como inspector de carreira, a 1 de Março. A 12 de Março foi-lhe entregue o processo de Luís Vaz do Carmo, docente da EB 2,3 de Fitares (Sintra) que se atirou da ponte 25 de Abril a 9 de Fevereiro. "Deve ser o primeiro processo dele e a sua falta de experiência salta à vista", acusa uma professora, que solicitou anonimato.

Um outro docente garante que a escolha não é inocente: "Escolheram-no porque está a começar carreira e nunca vai contestar a versão da Direcção Regional de Educação de que o professor tinha fragilidades psicológicas." Os docentes garantem que o inspector está mais preocupado "em saber quem fala para os jornais" e que já foram inquiridos ex-colegas do suicida noutras escolas: "Em vez de investigarem o que se passou querem provar que já tinha problemas nas outras escolas." Luís Vaz do Carmo terá posto fim à vida por não aguentar as humilhações de que era alvo por parte de alguns dos alunos.


PORMENORES


ARTIGO 71 EM CAUSA

Alguns professores da EB 2,3 de Fitares, que solicitaram anonimato com receio de sofrer represálias na escola, acusam a IGE de violar o art.º 71 do Código Civil, sobre ofensa a pessoas falecidas, ao inquirirem ex-colegas do docente que se suicidou.

MINISTÉRIO EM SILÊNCIO

O CM confrontou o Ministério da Educação, a DRELVT e a Inspecção-Geral da Educação sobre a escolha de um inspector recém--nomeado para um caso tão delicado. Não obtivemos resposta.

in CM - ler notícia


ADENDA: o Blog A Educação do meu Umbigo, de Paulo Guinote, dá novas nuances à notícia (ler AQUI) - é preciso estar atento...

Mais um professor que não aguentou...

(clicar para aumentar)

Público, 31 de Março de 2010 (roubado daqui)

Poema

Manhã de Abril

Olho o céu nas poças da rua
que a chuva de ontem deixou,
como pássaros verdes as primeiras folhas
empoleiram-se nos ramos enegrecidos a do inverno
e o sol entorna sobre o casario miserável
uma chuva de falso oiro.
Que raiva me dá...
Foi hoje a enterrar aquela miúda loura
que via brincar na rua
com as tranças apertadas nos laços vermelhos
— morressem antes os velhos
que da vida nada esperam,
já sem amor, já sem esperança,
roídos de chagas e da lepra dos dias.
que não morresse ninguém, valá!
mas ela...
levaram-lhe flores os outros meninos da rua,
iam contentes como para uma festa,
e a mãe atrás do caixão chorando,
e as folhas verdes
e as flores nos canteiros e nas janelas
como se florir fosse uma coisa natural e inevitável
e o velho mendigo cego estendendo a mão,
e a gente educada tirando o chapéu por hábito...

Que raiva me dá a Primavera sobre a dor do Mundo!

Joaquim Namorado

Música para um novo mês



PS - em garoto gostava bastante deste disco e deste cantor irlandês; e, já agora, uma versão oriental da canção, com letra: