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terça-feira, setembro 12, 2023

A gruta de Lascaux foi descoberta há 83 anos...!

  
Lascaux é um complexo de cavernas ao sudoeste da França, famoso pela suas pinturas rupestres. A disposição da caverna, cujas paredes estão pintadas com bovídeos, cavalos, cervos, cabras selvagens, felinos, entre outros animais, permite pensar que tratar-se de um santuário. As investigações levadas a cabo durante os últimos decénios permitem situar a cronologia das pinturas no final do Solutrense e princípio do Madalenense, ou seja, 17.000 anos AP
  
Geografia e contexto geológico
A gruta fica no Périgord, na comuna de Montignac (Dordonha), a quarenta quilómetros a Sudeste de Périgueux.
Abre-se sobre a margem esquerda do rio Vézère, numa colina calcária do Cretáceo superior. Contrariamente a muitas outras cavernas da região, a de Lascaux, na França, é relativamente «seca». Com efeito, uma camada de argila impermeável isola-a de qualquer infiltração de água, impedindo novas formações de concreções calcárias, etc.
  
Descoberta
Foi descoberta no dia 12 de setembro de 1940 por quatro adolescentes: Marcel Ravidat, Jacques Marsal, Georges Agnel e Simon Coencas, que avisaram ao seu antigo professor, Léon Laval. O pré-historiador Henri Breuil, refugiado na zona durante a ocupação nazi, foi o primeiro especialista que visitou Lascaux, em 21 de setembro de 1940, em companhia de Jean Bouyssonnie e André Cheynier. H. Breuil foi também o primeiro em autenticá-la, descrevê-la e estudá-la. De seguido, realizou os primeiros cópias dos desenhos (calcos) desde fins de 1940, passando vários meses in situ para analisar as obras, que atribuiu ao período perigordiano.
Depois de passar vários anos na Espanha, Portugal e mesmo na África do Sul, voltou em 1949, prosseguindo às escavações com Séverin Blanc e Maurice Bourgon, ao pé da cena do poço, onde aguardava encontrar uma sepultura. O que tirou à luz foram pontas de azagaias, decoradas e feitas de chifre de rena
De 1952 a 1963, por encomenda de Breuil, foram efetuados novos levantamentos, sobre 120 m², de calcos por André Glory, que contabilizaram um total de 1.433 representações (hoje estão catalogadas 1.900).
Por essa mesma época, as representações parietais foram também estudadas por Annette Laming-Emperaire, André Leroi-Gourhan e, entre 1989 e 1999, por Norbert Aujoulat.
    
Classificação
A caverna foi classificada entre os monumentos históricos da França logo no ano da sua descoberta, a 27 de dezembro de 1940.
Em outubro de 1979, foi incluída no Património Mundial da UNESCO, com outros sítios e grutas ornamentadas do vale.
 
       in Wikipédia

segunda-feira, setembro 12, 2022

A gruta de Lascaux foi descoberta há 82 anos

  
Lascaux é um complexo de cavernas ao sudoeste da França, famoso pela suas pinturas rupestres. A disposição da caverna, cujas paredes estão pintadas com bovídeos, cavalos, cervos, cabras selvagens, felinos, entre outros animais, permite pensar que tratar-se de um santuário. As investigações levadas a cabo durante os últimos decénios permitem situar a cronologia das pinturas no final do Solutrense e princípio do Madalenense, ou seja, 17.000 anos AP
  
Geografia e contexto geológico
A gruta fica no Périgord, na comuna de Montignac (Dordonha), a quarenta quilómetros a Sudeste de Périgueux.
Abre-se sobre a margem esquerda do rio Vézère, numa colina calcária do Cretáceo superior. Contrariamente a muitas outras cavernas da região, a de Lascaux, na França é relativamente «seca». Em efeito, uma camada de argila impermeável isola-a de qualquer infiltração de água, impedindo novas formações de concreções calcárias, etc.
  
Descoberta
Foi descoberta no dia 12 de setembro de 1940 por quatro adolescentes: Marcel Ravidat, Jacques Marsal, Georges Agnel e Simon Coencas, que avisaram ao seu antigo professor, Léon Laval. O pré-historiador Henri Breuil, refugiado na zona durante a ocupação nazi, foi o primeiro especialista que visitou Lascaux, em 21 de setembro de 1940, em companhia de Jean Bouyssonnie e André Cheynier. H. Breuil foi também o primeiro em autenticá-la, descrevê-la e estudá-la. De seguido, realizou os primeiros cópias dos desenhos (calcos) desde fins de 1940, passando vários meses in situ para analisar as obras, que atribuiu ao período perigordiano.
Depois de passar vários anos na Espanha, Portugal e mesmo na África do Sul, voltou em 1949, prosseguindo às escavações com Séverin Blanc e Maurice Bourgon, ao pé da cena do poço, onde aguardava encontrar uma sepultura. O que tirou à luz foram pontas de azagaias, decoradas e feitas de chifre de rena
De 1952 a 1963, por encomenda de Breuil, foram efetuados novos levantamentos, sobre 120 m², de calcos por André Glory, que contabilizaram um total de 1.433 representações (hoje estão catalogadas 1.900).
Por essa mesma época, as representações parietais foram também estudadas por Annette Laming-Emperaire, André Leroi-Gourhan e, entre 1989 e 1999, por Norbert Aujoulat.
    
Classificação
A caverna foi classificada entre os monumentos históricos da França logo no ano da sua descoberta, a 27 de dezembro de 1940.
Em outubro de 1979, foi incluída no Património Mundial da UNESCO, com outros sítios e grutas ornamentadas do vale.
 
       in Wikipédia

domingo, setembro 12, 2021

A gruta de Lascaux foi descoberta 81 anos

  
Lascaux é um complexo de cavernas ao sudoeste da França, famoso pela suas pinturas rupestres.
A disposição da caverna, cujas paredes estão pintadas com bovídeos, cavalos, cervos, cabras selvagens, felinos, entre outros animais, permite pensar que tratar-se de um santuário. As investigações levadas a cabo durante os últimos decénios permitem situar a cronologia das pinturas no final do Solutrense e princípio do Madalenense, ou seja, 17.000 anos AP
  
Geografia e contexto geológico
A gruta fica no Périgord, na comuna de Montignac (Dordonha), a quarenta quilómetros a Sudeste de Périgueux.
Abre-se sobre a margem esquerda do rio Vézère, numa colina calcária do Cretáceo superior. Contrariamente a muitas outras cavernas da região, a de Lascaux, na França é relativamente «seca». Em efeito, uma camada de argila impermeável isola-a de qualquer infiltração de água, impedindo novas formações de concreções calcárias, etc.
  
Descoberta
Foi descoberta no dia 12 de setembro de 1940 por quatro adolescentes: Marcel Ravidat, Jacques Marsal, Georges Agnel e Simon Coencas, que avisaram ao seu antigo professor, Léon Laval. O pré-historiador Henri Breuil, refugiado na zona durante a ocupação nazi, foi o primeiro especialista que visitou Lascaux, em 21 de setembro de 1940, em companhia de Jean Bouyssonnie e André Cheynier. H. Breuil foi também o primeiro em autenticá-la, descrevê-la e estudá-la. De seguido, realizou os primeiros cópias dos desenhos (calcos) desde fins de 1940, passando vários meses in situ para analisar as obras, que atribuiu ao período perigordiano.
Depois de passar vários anos na Espanha, Portugal e mesmo na África do Sul, voltou em 1949, prosseguindo às escavações com Séverin Blanc e Maurice Bourgon, ao pé da cena do poço, onde aguardava encontrar uma sepultura. O que tirou à luz foram pontas de azagaias, decoradas e feitas de chifre de rena
De 1952 a 1963, por encomenda de Breuil, foram efetuados novos levantamentos, sobre 120 m², de calcos por André Glory, que contabilizaram um total de 1.433 representações (hoje estão catalogadas 1.900).
Por essa mesma época, as representações parietais foram também estudadas por Annette Laming-Emperaire, André Leroi-Gourhan e, entre 1989 e 1999, por Norbert Aujoulat.
    
Classificação
A caverna foi classificada entre os monumentos históricos da França desde o mesmo ano da sua descoberta, a 27 de dezembro de 1940.
Em outubro de 1979, foi incluída no Património Mundial da UNESCO, com outros sítios e grutas ornamentadas do vale.
   
Planta da gruta
  
Descrição da caverna
A gruta de Lascaux é relativamente pequena: o conjunto dos corredores não ultrapassa os 250 m de comprimento, com um desnível de 30 m, aproximadamente. A parte decorada corresponde a um nível superior, pois o inferior está fechado pela presença de dióxido de carbono.
A entrada atual corresponde com a entrada pré-histórica.
Para facilidade de descrição, a caverna está tradicionalmente subdividida num certo número de zonas, denominadas salas ou corredores. Os nomes, imaginários, devem-se em parte a H. Breuil e fazem, com frequência referência à arquitetura religiosa:
  • a primeira sala é a "Sala dos Touros" ou "Rotonda", de 17 m por 6 m de largura e 7 de altura;
  • prolonga-se pelo "Divertículo axial", uma galeria mais estreita na mesma direção, mais ou menos do mesmo tamanho;
  • depois da Sala dos Touros, à direita do Divertículo axial, acede-se à "Passagem", um corredor de dez metros;
  • na prolongação da Passagem abre-se a "Nave", outro corredor mais elevado, com cerca de vinte metros;
  • a Nave prossegue com uma parte não decorada, pois as paredes são pouco apropriadas, seguindo logo até ao "Divertículo dos Felinos", um estreito corredor com cerca de vinte metros;
  • A "Abside" é uma sala redonda que se abre para Oeste, na confluência da Passagem e a Nave;
  • O "Poço" abre-se no fundo da Abside. Seu acesso supõe uma baixada de 4 a 5 metros até ao começo do nível inferior.
As grutas não podem ser visitadas devido à exalação de CO2, porque a emissão desse gás, pela respiração, pode desfazer a pintura.
  
Lascaux II
Perante os indícios de deterioração das pinturas, surgidos a partir dos anos 50, originados principalmente pelo gás carbónico da respiração dos visitantes, em 1963, foi tomada a decisão de encerrar a gruta às visitas de turistas, tendo sido, desde então, adotadas diversas medidas para controlar a atmosfera interior da gruta, a qual recuperou progressivamente o seu brilho original.
Como alternativa à significativa procura turística, foi construída uma réplica de uma parte representativa da caverna ("Divertículo axial" e "Sala dos Touros"). O projeto foi parcialmente financiado pela venda do original ao Estado, em 1972. Parado em 1980, foi logo retomado pelo departamento da Dordogne, sendo inaugurado em 1983.
Uma dupla camada de betão permitiu reproduzir fielmente a caverna original. As obras parietais foram logo reproduzidas por uma equipa dirigida por M. Peytral.
Situada a 200 m do original, a réplica, batizada como Lascaux II, foi inaugurada a 18 de julho de 1983.
   

sábado, setembro 12, 2020

A gruta de Lascaux foi descoberta oitenta anos


Lascaux é um complexo de cavernas ao sudoeste da França, famoso pela suas pinturas rupestres.
A disposição da caverna, cujas paredes estão pintadas com bovídeos, cavalos, cervos, cabras selvagens, felinos, entre outros animais, permite pensar que tratar-se de um santuário. As investigações levadas a cabo durante os últimos decénios permitem situar a cronologia das pinturas no final do Solutrense e princípio do Madalenense, ou seja, 17.000 anos AP

Geografia e contexto geológico
A gruta fica no Périgord, na comuna de Montignac (Dordonha), a quarenta quilómetros a Sudeste de Périgueux.
Abre-se sobre a margem esquerda do rio Vézère, numa colina calcária do Cretáceo superior. Contrariamente a muitas outras cavernas da região, a de Lascaux, na França é relativamente «seca». Em efeito, uma camada de argila impermeável isola-a de qualquer infiltração de água, impedindo novas formações de concreções calcárias, etc.

Descoberta
Foi descoberta no dia 12 de setembro de 1940 por quatro adolescentes: Marcel Ravidat, Jacques Marsal, Georges Agnel e Simon Coencas, que avisaram ao seu antigo professor, Léon Laval. O pré-historiador Henri Breuil, refugiado na zona durante a ocupação nazi, foi o primeiro especialista que visitou Lascaux, em 21 de setembro de 1940, em companhia de Jean Bouyssonnie e André Cheynier. H. Breuil foi também o primeiro em autenticá-la, descrevê-la e estudá-la. De seguido, realizou os primeiros cópias dos desenhos (calcos) desde fins de 1940, passando vários meses in situ para analisar as obras, que atribuiu ao período perigordiano.
Depois de passar vários anos na Espanha, Portugal e mesmo na África do Sul, voltou em 1949, prosseguindo às escavações com Séverin Blanc e Maurice Bourgon, ao pé da cena do poço, onde aguardava encontrar uma sepultura. O que tirou à luz foram pontas de azagaias, decoradas e feitas de chifre de rena
De 1952 a 1963, por encomenda de Breuil, foram efetuados novos levantamentos, sobre 120 m², de calcos por André Glory, que contabilizaram um total de 1.433 representações (hoje estão catalogadas 1.900).
Por essa mesma época, as representações parietais foram também estudadas por Annette Laming-Emperaire, André Leroi-Gourhan e, entre 1989 e 1999, por Norbert Aujoulat.
  
Classificação
A caverna foi classificada entre os monumentos históricos da França desde o mesmo ano da sua descoberta, a 27 de dezembro de 1940.
Em outubro de 1979, foi incluída no Património Mundial da UNESCO, com outros sítios e grutas ornamentadas do vale.

Planta da gruta

Descrição da caverna
A gruta de Lascaux é relativamente pequena: o conjunto dos corredores não ultrapassa os 250 m de comprimento, com um desnível de 30 m, aproximadamente. A parte decorada corresponde a um nível superior, pois o inferior está fechado pela presença de dióxido de carbono.
A entrada atual corresponde com a entrada pré-histórica.
Para facilidade de descrição, a caverna está tradicionalmente subdividida num certo número de zonas, denominadas salas ou corredores. Os nomes, imaginários, devem-se em parte a H. Breuil e fazem, com frequência referência à arquitetura religiosa:
  • a primeira sala é a "Sala dos Touros" ou "Rotonda", de 17 m por 6 m de largura e 7 de altura;
  • prolonga-se pelo "Divertículo axial", uma galeria mais estreita na mesma direção, mais ou menos do mesmo tamanho;
  • depois da Sala dos Touros, à direita do Divertículo axial, acede-se à "Passagem", um corredor de dez metros;
  • na prolongação da Passagem abre-se a "Nave", outro corredor mais elevado, com cerca de vinte metros;
  • a Nave prossegue com uma parte não decorada, pois as paredes são pouco apropriadas, seguindo logo até ao "Divertículo dos Felinos", um estreito corredor com cerca de vinte metros;
  • A "Abside" é uma sala redonda que se abre para Oeste, na confluência da Passagem e a Nave;
  • O "Poço" abre-se no fundo da Abside. Seu acesso supõe uma baixada de 4 a 5 metros até ao começo do nível inferior.
As grutas não podem ser visitadas devido à exalação de CO2, porque a emissão desse gás, pela respiração, pode desfazer a pintura.

Lascaux II
Perante os indícios de deterioração das pinturas, surgidos a partir dos anos 50, originados principalmente pelo gás carbónico da respiração dos visitantes, em 1963, foi tomada a decisão de encerrar a gruta às visitas de turistas, tendo sido, desde então, adotadas diversas medidas para controlar a atmosfera interior da gruta, a qual recuperou progressivamente o seu brilho original.
Como alternativa à significativa procura turística, foi construída uma réplica de uma parte representativa da caverna ("Divertículo axial" e "Sala dos Touros"). O projeto foi parcialmente financiado pela venda do original ao Estado, em 1972. Parado em 1980, foi logo retomado pelo departamento da Dordogne, sendo inaugurado em 1983.
Uma dupla camada de betão permitiu reproduzir fielmente a caverna original. As obras parietais foram logo reproduzidas por uma equipa dirigida por M. Peytral.
Situada a 200 m do original, a réplica, batizada como Lascaux II, foi inaugurada a 18 de julho de 1983.

terça-feira, julho 19, 2011

Os portugueses são um bocadinho trogloditas, diz a ciência

Ancestralidade
Metade dos portugueses descende das mulheres de Altamira e Lascaux
por Marta F. Reis, Publicado em 19 de Julho de 2011

Estudos do genoma para conhecer os antepassados fazem dez anos. Também são procurados em Portugal
O complexo de grutas de Lascaux, em França, foi vital para os europeus
 Parece um disparate, porém, depois de mais de uma hora a tentar perceber como é que qualquer coisa como uma dúzia de letras do nosso ADN (do total de 3 mil milhões) podem revelar o percurso dos nossos antepassados, a ideia até desperta algumas emoções. "Depois de saber que era descendente da avó Helena, fiz questão de ir a Lascaux", diz José Carlos Soares Machado.

O presidente da Associação Portuguesa de Genealogia (APG) fala das grutas francesas, recheadas de desenhos nas paredes. Ao referir-se a Helena, mergulha naquilo que foram os últimos dez anos de estudos genéticos sobre ancestralidade. Em 2001, o cientista de Oxford Bryan Sykes explicou num livro que era possível alargar as tradicionais árvores genealógicas ao início do Homo sapiens (na região da Etiópia, há 200 mil anos). O público gostou da ideia e os centros de investigação com especialistas em genética começaram a disponibilizar-se para fazer o trabalho. Em Portugal, o Instituto de Medicina Molecular de Lisboa já fez 200 perfis.

Expliquemos a história da avó Helena, caso queira incluir Lascaux nos destinos de férias. Metade dos europeus, e também dos portugueses, descenderão das mulheres que habitaram as quentinhas grutas do Sul europeu (Lascaux mas também Altamira em Espanha e Vila Nova de Foz Côa) durante a última glaciação, há 12 mil anos. Se a mulher que desencadeou toda esta vasta descendência se chamava de facto Helena não se sabe, e talvez seja pouco provável, mas o nome surge no livro de Sykes "As Sete Filhas de Eva", onde o investigador explica os diferentes perfis genéticos que descenderam da chamada "Eva mitocondrial", a primeira mulher que passou sequências de ADN às suas filhas através das mitocôndrias dos óvulos.

Das cerca de 30 linhagens maternas já descobertas pelos investigados nas populações mundiais, há duas que parecem ter habitados as grutas do Sul da Europa. Em termos genéticos, chama-se a estes grupos de descendência "haplogrupos" e pode dizer-se que a maioria dos portugueses, como os europeus, descende do H e do U (em Portugal são 41% e 17% respectivamente). Sykes, que queria tornar a história fácil para os leigos em ciência, disse que os portadores da marca genética H eram netos da avó Helena e explicou no seu livro como a senhora era adepta das pinturas rupestres. Resta dizer que entre os famosos netos de Helena se encontra a rainha Maria Antonieta, factóide a que talvez nunca chegasse se se dedicasse a construir a sua árvore genealógica.

Do lado do pai, Soares Machado tem um legado viquingue (bastante comum na Escandinávia), mas mais de metade dos portugueses (55%) descende também dos celtas, que por sua vez descendiam dos homens que chegaram à Europa vindos do Sul da Sibéria, actual Cazaquistão e Usbequistão, antes de se enfiarem nas grutas do Sul. A segunda ascendência mais comum é a dos descendentes das populações que não deixaram África na altura das primeiras migrações, há 80 mil anos (Paleolítico Médio). Estes clãs que se mantiveram pelo Corno de África enquanto a maioria se dedicava a colonizar a Península Arábica parece ter começado a ganhar diferenças genéticas há 53 mil anos. Em Portugal representam 14% das linhagens paternas, mas são um ascendente muito mais comum na região do Magrebe, onde representam 33% a 80% do fundo genético das populações.

Como se faz Maria do Carmo Fonseca, directora do Instituto de Medicina Molecular onde a spin-off GenoMed começou a fazer estes testes há três anos (a pedido da APG), ajuda a compreender a análise que permite conhecer os antepassados. A matéria-prima é o genoma humano, a sequência de ADN onde estão contidas todas as informações genéticas para as células funcionarem e o organismo cumprir as funções vitais. "À medida que o nosso conhecimento sobre o genoma humano tem evoluído percebemos cada vez mais como funciona e que informação podemos encontrar sobre o nosso passado, o nosso presente e eventualmente o nosso futuro", diz a investigadora Prémio Pessoa em 2010.

Os estudos mais comuns têm a ver com o diagnóstico ou a susceptibilidade a doenças - quando os investigadores procuram mutações ou genes já associados a patologias como o cancro ou a doença de Alzheimer. Mas cedo se percebeu que, além das instruções genéticas, inscritas em zonas que codificam proteínas, havia zonas do genoma que podiam querer dizer algo mais (as mesmas onde se procura informação sobre parentalidade ou maternidade). "O teste é o mesmo mas olhamos para zonas diferentes do ADN, a que chamamos silenciosas porque não codificam proteínas." Restava um problema: se recebemos informação genética do nosso pai e da nossa mãe, que se mistura, era preciso olhar para regiões que viessem inequivocamente de um ou de outra. A aposta recaiu assim no cromossoma Y (transmitido dos pais para os filhos) e no ADN mitocondrial (contido no óvulo da mãe).

O processo de identificação do haplogrupo acaba por parecer um jogo. Sobretudo desde que passou a haver grandes estudos genéticos para diferentes populações. Confrontando sequências de ADN (a forma como as letras que compõem o código genético estão dispostas), os cientistas acabaram por perceber que a simples troca de letras em posições específicas permite identificar a ancestralidade. Depois de terem a sequência de ADN, folhas onde as letras A, C, G e T se dispõem em partes, os investigadores verificam manualmente as posições utilizadas para definir cada grupo. Assim, imagine-se, se no marcador x (entre seis e nove que é necessário observar até chegar ao veredicto possível mediante o conhecimento actual) há um C em vez de um G, é possível dizer se a pessoa descende por via paterna dos mercadores fenícios que passaram pela Península Ibérica há 3 mil anos ou dos viquingues que invadiram a Escandinávia há 7 mil.

Para ver a ascendência materna repete--se a análise, e as letras, consoante o sítio, podem revelar pegadas históricas mais comuns, ligadas aos refúgios nas grutas francesas e espanholas, ou então (como só acontece com 5% dos portugueses), uma linhagem materna ligada a refúgios da mesma época no Nordeste da Itália. Neste caso, em vez de se partilhar a família alargada com Maria Antonieta poderá chamar primo afastado a Ötzi, o homem do gelo, uma das múmias mais antigas conhecidas, de um homem que terá vivido há 5300 anos.

Apesar de para já ainda não serem muitos os grupos conhecidos, a expectativa dos investigadores é continuarem a aumentar os subgrupos dentro de cada população. A GenoMed tem ainda uma parceria com um grupo de investigação de Santiago de Compostela que permite quantificar o grau de mistura: ou seja, com fundo paterno celta e linhagem materna fenícia, poderá perceber o que pesa mais no seu código genético. Um mapa-múndi com a divisão de populações por haplogrupos permite perceber que entre os nativos da Península Ibérica existe uma grande mistura, enquanto nos americanos e africanos se mantém maior homogeneidade.

Para Maria do Carmo Fonseca, os factos curiosos não se ficam por aqui. Um estudo publicado em 2003 conclui, por exemplo, que 0,5% da população mundial parece ser descendente do imperador mongol Gengiscão, ilustre famoso a quem é atribuído um dos subgrupos do haplogrupo C (dominante no Norte da Ásia). "Na região ocupada pelos mongóis há um padrão que parece tão frequente que, por ter sido datado de há mil anos, permite pensar que 8% dos homens locais descendem de Gengiscão. Ele não podia ter tido mais que umas dezenas de filhos, mas deviam ser tão tortos que dominavam os outros." Outra verificação que tem gerado polémica, assinada por Sykes, é que metade dos ingleses têm a mesma ascendência que alemães e dinamarqueses. E que não teriam sobrevivido ao frio glaciar sem os abrigos ibéricos. 

in i - ler notícia

sábado, junho 18, 2011

Gruta do Escoural - Visita Virtual


No âmbito do projecto em curso de valorização da Gruta do Escoural financiado pelo INALENTEJO (QREN), foi possível obter um novo levantamento das principais galerias daquela cavidade, recorrendo à moderna tecnologia de "varrimento laser".

O novo levantamento tinha 3 objectivos principais:

1.disponibilizar um registo tridimensional da gruta de grande rigor, para efeitos técnicos e científicos;

2. permitir futuramente, se necessário, a construção de uma "réplica" em tamanho natural, através da reprodução ainda que parcial de partes da cavidade;

3. produzir de imediato uma aplicação multimédia simulando uma visita virtual à Gruta, aplicação entretanto disponibilizada no Centro de Interpretação da Gruta do Escoural e no "Site" da DRCALEN.
Vejo o vídeo no site: .cultura-alentejo.pt/

in Profundezas... - post de Sofia Reboleira

sábado, março 27, 2010

Descoberta de mais pinturas rupestres alentejanas

Com mais de cinco mil anos
Investigadores da Universidade de Évora descobrem pinturas rupestres numa gruta do Alentejo

As pinturas têm mais de cinco mil anos e pertencem ao período do Neolítico e Calcolítico

Uma equipa da Licenciatura e do Mestrado de Arqueologia da Universidade de Évora (UE) descobriu um conjunto de pinturas rupestres numa gruta situada sob o altar de uma Igreja na vila de Alegrete, no concelho de Portalegre. "Do ponto de vista patrimonial (igreja, gruta e pinturas rupestres) é de uma importância extrema este achado", disse hoje à Lusa Jorge Oliveira, professor responsável pelos trabalhos de arqueologia da UE.

"Este achado é importante porque traz consigo uma memória de cinco mil anos de história e de devoção naquele espaço", sublinhou. O acesso à gruta, onde foram descobertas as pinturas rupestres esquemáticas de cor avermelhada, faz-se através de uma pequena porta oculta sob o altar da Ermida de Nossa Senhora da Lapa, espaço de culto erguido nos campos circundantes à vila de Alegrete.

De acordo com Jorge Oliveira, as pinturas rupestres, com mais de cinco mil anos, pertencem ao período do Neolítico e Calcolítico.

Ainda que parcialmente cobertas por cal, estas pinturas revelam, segundo os especialistas, uma continuada sacralização do espaço, ao qual está associada uma antiquíssima lenda relacionada com um cavaleiro medieval.

"As pessoas visitam aquele espaço todos os anos, principalmente quando se realiza a romaria em honra de Nossa Senhora da Lapa, mas a comunidade não sabia bem o que ia visitar, nem tinha conhecimento daquelas pinturas", relatou.

Jorge Oliveira, que considera aquela ermida construída entre os séculos XVI e XVII de "elevado interesse religioso", apelidou também de "elevado interesse etnográfico" o culto desenvolvido pelos populares em redor de uma lenda relacionada com um cavaleiro medieval.

A equipa da Licenciatura e do Mestrado de Arqueologia da UE vai iniciar, na segunda-feira, os primeiros trabalhos de estudo daquele sítio histórico, no âmbito de um protocolo estabelecido entre a Junta de Freguesia de Alegrete e a universidade.

Numa primeira fase, além da elaboração do levantamento topográfico do local proceder-se-á à fotografia e decalque das pinturas já visíveis e a prospecções arqueológicas na área envolvente da ermida.

A continuação dos trabalhos está prevista para o próximo Verão, prevendo-se a limpeza da cal que cobre grande parte das pinturas. "Vai ser complicado trabalhar naquele espaço pela ausência de luz e a cal que cobre algumas das pinturas também não vai facilitar o nosso trabalho", disse.

A equipa de trabalho da UE está ainda a equacionar a possibilidade de sondagens arqueológicas no interior da gruta.

Os trabalhos arqueológicos foram recentemente aprovados pelo Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) e autorizados pela Diocese de Portalegre e Castelo Branco, que tutela aquela ermida.

"A gruta tem um potencial arqueológico interessante que nos vai possibilitar uma escavação que nos poderá levar à identificação de que tipo de vivências ou depósitos arqueológicos é que estão no chão desta gruta", concluiu.



NOTA: a notícia, bem escrita, só peca por se esquecer que, até para divulgar, a referência à Gruta do Escoural...