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quarta-feira, março 20, 2024

Hoje é dia de recordar, cantando, um dos nossos melhores Poetas...

 

Menina dos olhos tristes 

Música - Zeca Afonso 

Letra - Reinaldo Ferreira 

 

Menina dos olhos tristes 

o que tanto a faz chorar

o soldadinho não volta

do outro lado do mar  

 

Vamos senhor pensativo 

olhe o cachimbo a apagar

o soldadinho não volta

do outro lado do mar 


Senhora de olhos cansados

porque a fatiga o tear

o soldadinho não volta

do outro lado do mar 

 

Anda bem triste um amigo

uma carta o fez chorar

o soldadinho não volta

do outro lado do mar

A lua que é viajante

é que nos pode informar

o soldadinho já volta

está mesmo quase a chegar 

 

Vem numa caixa de pinho

do outro lado do mar

desta vez o soldadinho

nunca mais se faz ao mar

 

 

 

Medo

Poema de Reinaldo Ferreira 

Música de Alain Oulman


Quem dorme à noite comigo?
É meu segredo, é meu segredo!
Mas se insistirem lhes digo.
O medo mora comigo,
Mas só o medo, mas só o medo!

E cedo, porque me embala
Num vaivém de solidão,
É com silêncio que fala,
Com voz de móvel que estala
E nos perturba a razão.

Que farei quando, deitado,
Fitando o espaço vazio,
Grita no espaço fitado
Que está dormindo a meu lado,
Lázaro e frio?

Gritar? Quem pode salvar-me
Do que está dentro de mim?
Gostava até de matar-me.
Mas eu sei que ele há-de esperar-me
Ao pé da ponte do fim.

quinta-feira, junho 15, 2023

Hoje é dia de recordar Alain Oulman, na voz de Amália...

 

Medo

Poema de Reinaldo Ferreira e música de Alain Oulman


Quem dorme à noite comigo?
É meu segredo, é meu segredo!
Mas se insistirem lhes digo.
O medo mora comigo,
Mas só o medo, mas só o medo!

E cedo, porque me embala
Num vaivém de solidão,
É com silêncio que fala,
Com voz de móvel que estala
E nos perturba a razão.

Que farei quando, deitado,
Fitando o espaço vazio,
Grita no espaço fitado
Que está dormindo a meu lado,
Lázaro e frio?

Gritar? Quem pode salvar-me
Do que está dentro de mim?
Gostava até de matar-me.
Mas eu sei que ele há-de esperar-me
Ao pé da ponte do fim.

 

quinta-feira, julho 01, 2021

Amália nasceu, provavelmente, há 101 anos

   
Amália da Piedade Rodrigues (Lisboa, 23 de julho de 1920 - Lisboa, 6 de outubro de 1999) foi uma fadista, cantora e actriz portuguesa, considerada o exemplo máximo do fado, comummente aclamada como a voz de Portugal e uma das mais brilhantes cantoras do século XX. Está sepultada no Panteão Nacional, entre os portugueses ilustres.
Tornou-se conhecida mundialmente como a Rainha do Fado e, por consequência, devido ao simbolismo que este género musical tem na cultura portuguesa, foi considerada por muitos como uma das suas melhores embaixadoras no mundo. Aparecia em vários programas de televisão pelo mundo fora, onde não só cantava fados e outras músicas de tradição popular portuguesa, como ainda canções contemporâneas (iniciando o chamado fado-canção) e mesmo alguma música de origem estrangeira (francesa, americana, espanhola, italiana, brasileira). Marcante contribuição sua para a história do Fado, foi a novidade que introduziu de cantar poemas de grandes autores portugueses consagrados, depois de musicados. Teve ainda ao serviço da sua voz a pena de alguns dos maiores poetas e letristas seus contemporâneos, como David Mourão Ferreira, Pedro Homem de Mello, Ary dos Santos, Manuel Alegre, Alexandre O’Neill e outros.

Filha de Albertino de Jesus Rodrigues, um músico sapateiro que, para sustentar os quatro filhos e a mulher, Lucinda da Piedade Rebordão, tentou a sua sorte em Lisboa. Amália nasceu a 1 de julho de 1920, porém apenas foi registada dias depois, tendo no seu assento de nascimento como nascida às cinco horas de 23 de julho de 1920, na rua Martim Vaz, na freguesia lisboeta da Pena. Amália pretendia, no entanto, que o aniversário fosse celebrado a 1 de julho ("no tempo das cerejas"), e dizia: Talvez por ser essa a altura do mês em que havia dinheiro para me comprarem os presentes. Catorze meses depois, o pai, não tendo arranjado trabalho, volta com a família para o Fundão. Amália fica com os avós na capital.
   

   

 

Medo

Poema de Reinaldo Ferreira e música de Alain Oulman


Quem dorme à noite comigo?
É meu segredo, é meu segredo!
Mas se insistirem lhes digo.
O medo mora comigo,
Mas só o medo, mas só o medo!

E cedo, porque me embala
Num vaivém de solidão,
É com silêncio que fala,
Com voz de móvel que estala
E nos perturba a razão.

Que farei quando, deitado,
Fitando o espaço vazio,
Grita no espaço fitado
Que está dormindo a meu lado,
Lázaro e frio?

Gritar? Quem pode salvar-me
Do que está dentro de mim?
Gostava até de matar-me.
Mas eu sei que ele há-de esperar-me
Ao pé da ponte do fim.

domingo, junho 23, 2013

A propósito da greve que os Professores vão (continuar a) fazer na 2ª-feira

Professores, uma referência contra o medo
São José Almeida - 22.06.2013



Na semana em que se assinalam os dois anos da posse do Governo de coligação PSD-CDS, chefiado por Pedro Passos Coelho, o executivo sofreu uma derrota política com a greve dos professores. O dia 17 de Junho pode vir a ficar na história deste Governo como o dia marcante no que tem sido a investida autofágica ao próprio Estado, que o Governo tem consumado no ataque aos funcionários públicos.

A greve dos professores no dia de exame nacional de Português - na continuação da greve às avaliações, que já estava a ser um sucesso - foi uma importante derrota política de todo o Governo e em especial do primeiro-ministro, que deu cobertura à forma como o ministro da Educação geriu este assunto e o transformou num braço-de-ferro com os sindicatos dos professores e com os professores em geral. A derrota foi tal que os exames previstos para o dia da greve geral já foram antecipados para a véspera.

O primeiro-ministro autorizou e apoiou a forma autoritária e no limite do poder democrático e do Estado de direito como o ministro da Educação procurou forçar os professores a irem vigiar exames. Quebrando todas as noções de bom senso e de tentativa de conciliação social que competem ao poder executivo em democracia, o ministro da Educação insistiu na recusa em adiar o exame para 20 de Junho, como foi sensatamente proposto pelo colégio arbitral a que o próprio ministro recorreu e que se recusou a decretar serviços mínimos. Se o tivesse feito, Nuno Crato tinha de uma penada saído como um governante que sabe dialogar e reconhecer o direito democrático à greve, mas que pôs em primeiro lugar o interesse dos alunos. Seria visto como um vencedor e teria esvaziado a greve dos professores, deixando os sindicatos sem espaço político e social para remarcar a greve para outro dia de exames.

Mas o primeiro-ministro, com o respaldo e o veemente apoio político que deu a Nuno Crato nesta cruzada, decidiu que mais uma vez os professores iam servir de exemplo. E adoptando a arrogância do autoritarismo neoliberal perante o trabalho e prosseguindo a mesma linha ideológica de que tem governado com o intuito de baixar o valor do trabalho, o Governo seguiu em relação à greve dos professores as regras de um manual de thatcherismo de trazer por casa. Convenceu-se que também ele ia "quebrar a espinha" aos sindicatos. Enganou-se.

O que o Governo conseguiu foi lançar a confusão nos exames de Português, que ou não se realizaram ou realizaram em muitos casos atabalhoadamente. Se não, vejamos os dados que resultam de um dia de greve. Segundo o próprio Ministério da Educação, apenas 76% dos 75 mil alunos inscritos a exame conseguiram realizar a provas, ou seja, cerca de 20 mil alunos ficaram sem exame de Português, pelo que o ministério foi obrigado a anunciar logo no mesmo dia que se realiza novo exame dia 2 de Julho.
Mas a imagem da seriedade e do rigor de Estado, que é necessária à execução de exames, ficou comprometida. Mesmo antes do dia, o facto de o ministério convocar para vigiarem exames dez vezes mais professores do que os dez mil que normalmente estariam envolvidos, mostra o desespero e a falta de racionalidade com que o Governo agiu perante o problema. Já em relação ao dia, os dados conhecidos falam por si.

Conclusão: o exercício de autoritarismo protagonizado por Nuno Crato redundou em descrédito da autoridade de Estado e na mácula do currículo dos alunos. A greve teve assim apenas um aspecto positivo - a vitória que ela foi para os professores. E neste sentido, ou seja, num sentido social mais amplo, pode dizer-se que esta greve foi uma mais-valia para a sociedade portuguesa e para a democracia.

Isto porque, se o Governo pensou que ia fazer dos professores um exemplo e que ia "quebrar a espinha" ao movimento sindical, a união dos sindicatos e a união com que todos os professores agiram deu uma lição ao Governo sobre como nem tudo é permitido e como há pessoas que não se deixam intimidar pelo medo. A maioria da classe docente, ao mostrar que não se deixava acobardar pela intimidação do Governo, deu uma lição de dignidade e serviu de exemplo a toda a função pública, a todos os trabalhadores, à sociedade portuguesa e à democracia portuguesa. Os professores estão assim de parabéns, pois voltaram a ser uma referência para a sociedade, uma referência contra o autoritarismo e contra o medo.

in Público - artigo de opinião aqui

sexta-feira, fevereiro 26, 2010

Poema alusivo à época de esgoto em que alguns políticos nos submergiram

 

(imagem daqui)

 

Poema Pouco Original do Medo 

 

O medo vai ter tudo 
pernas 
ambulâncias 
e o luxo blindado 
de alguns automóveis 
Vai ter olhos onde ninguém o veja
mãozinhas cautelosas 
enredos quase inocentes 
ouvidos não só nas paredes 
mas também no chão
no teto 
no murmúrio dos esgotos 
e talvez até (cautela!) 
ouvidos nos teus ouvidos 
 
O medo vai ter tudo 
fantasmas na ópera 
sessões contínuas de espiritismo 
milagres 
cortejos 
frases corajosas 
meninas exemplares 
seguras casas de penhor 
maliciosas casas de passe 
conferências várias 
congressos muitos 
óptimos empregos 
poemas originais 
e poemas como este 
projectos altamente porcos  
heróis 
(o medo vai ter heróis!)  
costureiras reais e irreais 
operários 
(assim assim) 
escriturários 
(muitos) 
intelectuais 
(o que se sabe)
a tua voz talvez
talvez a minha 
com a certeza a deles 
   
Vai ter capitais  
países
suspeitas como toda a gente 
muitíssimos amigos 
beijos 
namorados esverdeados 
amantes silenciosos 
ardentes 
e angustiados 
 
Ah o medo vai ter tudo
tudo
(Penso no que o medo vai ter 
e tenho medo
que é justamente 
o que o medo quer)
  
O medo vai ter tudo
quase tudo 
e cada um por seu caminho
havemos todos de chegar 
quase todos
a ratos
  
Sim
a ratos 

   

Alexandre O'Neil

segunda-feira, janeiro 11, 2010

A Liberdade, os Estudantes e a Escola Pública

Estudantes falam em repressão de manifestações por parte das autoridades da Educação

Os estudantes do ensino secundário acusaram hoje algumas direcções regionais de educação de impedirem a realização de manifestações, avançando que há alunos com processos no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) por se manifestarem.


"Viemos aqui denunciar os atropelos à liberdade e democracia dos estudantes", disse hoje Nicole Santos, representante do distrito do Porto na Delegação Nacional de Associação de Estudantes dos Ensinos Básico e Secundário (DNAEEBS), à saída de uma reunião com o secretário de Estado adjunto da Educação.

De acordo com aquela responsável, há "alunos que estão envolvidos em processos no DIAP por se manifestarem, participarem ou convocarem manifestações".

Só no distrito do Porto, "sete estudantes estão envolvidos em processos no DIAP", segundo informações de Nicole Santos, que avançou ainda que destes alunos, "cinco estão a ser acusados apenas por estarem presentes em manifestações".

Segundo a aluna do 12º ano, este não é um caso isolado: "Já foi recolhida uma série de exemplos por todo o país de estudantes que são identificados". Por isso, a reunião de hoje serviu também para saber se o Ministério da Educação tinha conhecimento destas situações e "que medidas pretende tomar para parar com este flagelo".

Os estudantes falam ainda de "grande repressão" e de "patrulhas enormes" chamadas para acompanhar as manifestações e que servem para "meter medo" aos estudantes.

Além dos processos, Nicole Santos disse ainda que "em quase todas as escolas há histórias de impedimento de realização de RGA [Reunião Geral de Alunos]". A forma de bloquear estes encontros passa por "não darem salas para as reuniões, não justificarem as faltas dos alunos, não distribuirem as convocatórias", exemplificou a estudante.

Luís Encarnação, representante de Lisboa na DNAEEBS e que hoje também participou na reunião no Ministério da Educação (ME), acrescentou que existem "professores que querem assistir às RGA, o que é proibido".

Para este responsável, "não é o conselho executivo que é culpado, não é a polícia. Não se trata de casos isolados e a culpa é do Ministério da Educação". No entanto, o secretário de estado terá remetido a responsabilidade desta situação para o Ministério da Administração Interna.

No próximo dia 4 de Fevereiro, os estudantes vão sair à rua para se manifestarem contra a política de educação e para exigirem mais investimento nas escolas, melhores condições, mais funcionários e o inicio das aulas de educação sexual para todos.

domingo, janeiro 18, 2009

Poesia para se reflectir num Dia de Greve

Mãos - Guayasamin



entrega as tuas mãos ao medo
e não viverás.
há um espaço de arbítrio - entre acaso, ética,
responsabilidade, dever -
uma fenda para a coragem.
a vida caminha pela terra
passos decididos
entre tudo e nada,
uma brevidade imperceptível
a roçar os nossos rostos.
nada restará
depois que as horas calarem.
entrega tua face ao medo
e não a verás viva.

Silvia Chueire


Porque o caminho se faz caminhando seja ele qual for e porque há por aí muitas espécies de MEDO. Quando eu era pequena e tinha medo do escuro, o meu Pai apagava a Luz e dizia:
- Para perderes o medo, tens de apagar a Luz.
Era como dizer:
- Tens de aprender a viver com a ausência... daquilo que pensas que te tira o medo.

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