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segunda-feira, abril 22, 2024

Não se pode ter os dois...?

Ou há TGV ou vinho da Bairrada

 

 

Vinha na região da Bairrada, Anadia, Aveiro

 

A Câmara de Coimbra considera a alta velocidade uma obra estratégica que deve avançar rapidamente, mesmo que tenha alguns impactos negativos no concelho – como é o caso do desaparecimento de algumas marcas de vinho importantes da Bairrada e da destruição da localidade de Quinta das Cunhas.

O presidente da Comissão Vitivinícola da Bairrada (CVB) garante que o atual projeto de alta velocidade, que atravessa uma longa mancha de vinha da região, pode pôr em causa marcas que são o “carro chefe” de um grupo ou empresa de vinhos.

“[O projeto de alta velocidade] pode ser determinante para o desaparecimento de marcas, marcas que temos que são dependentes da existência desta ou daquela vinha e que podem desaparecer por desaparecerem as condições de produção que existem”, explicou à agência Lusa Pedro Soares.

Do traçado já definido (que reserva um corredor que será depois afinado), a linha de alta velocidade terá “um impacto muito grande” numa mancha praticamente contínua de vinha da Bairrada, que se estende “ao longo do concelho da Anadia, tocando também no concelho de Cantanhede e, ligeiramente, no concelho de Oliveira do Bairro”, notou.

Para Pedro Soares, mais importante do que o impacto direto num número de hectares de vinha que possam vir a ser expropriados, os efeitos sentir-se-ão nos solos “que vão ficar mexidos” e na alteração da paisagem, quando a Bairrada tem apostado cada vez mais no enoturismo.

“Do ponto de vista ambiental, vamos estar a mexer em cursos de água, vamos alterar aquilo que é o ecossistema existente no solo e, por conseguinte, vamos estar a alterar as condições desse solo para a prática da vitivinicultura”, aclarou.

Pedro Soares realçou que é também importante definir como serão ressarcidas empresas e produtores que podem ver ameaçadas propriedades assentes num trabalho “com mais de 80, 100 ou 120 anos” e marcas construídas que, vendo desaparecer uma determinada vinha, “podem também vir a desaparecer”.

“Se a vinha não existe, acabou a narrativa e acabou aquele vinho e aquela história”, constatou, salientando que essas propriedades pequenas são, por vezes, “a bandeira de uma região para o comércio e para o mundo” e “o carro chefe que ajuda a colocar valor nas restantes marcas” de uma determinada empresa.

 

Quinta das Cunhas pode desaparecer

O projeto da alta velocidade, cujo traçado em Coimbra, na zona sul, não acolheu a opção defendida pelo município, prevê a possibilidade de demolição de cerca de 60 habitações no concelho de Coimbra.

Quando Estrela Dias, de 70 anos, soube que a sua casa poderia ir abaixo com a alta velocidade, no verão de 2023, teve “um ataque de coração” e teve de ir ao hospital.

Desde então, a habitante da Quinta das Cunhas, que viveu sempre naquela localidade junto à fronteira do concelho de Coimbra com o de Condeixa-a-Nova, tem precisado de medicação para dormir à noite, face à possibilidade de quase toda a localidade, com cerca de uma dezena de habitações e uma população de 15 a 20 pessoas, poder desaparecer.

“A casa é reles, mas, mesmo reles, fui eu que a fiz, mais o meu marido. Agora, ao fim de tanto tempo, e a vida cara, a gente vai ficar sem casa?”, questiona Estrela Dias.

Ainda sem projeto de execução, na Quinta das Cunhas a população agarra-se à esperança de que possa vir a ser evitada a demolição das casas.

O presidente da União de Freguesias do Ameal, Taveiro e Arzila, Jorge Mendes (CDU), salienta essa mesma esperança de que o projeto possa ser revisto, uma vez que aquela localidade “está rodeada de floresta e um desvio de 100 ou 200 metros deixaria de passar por cima das casas”.

“Temos a convicção de que isso vá acontecer”, notou, recordando que as reuniões preparatórias com a Câmara de Coimbra e Infraestruturas de Portugal também apontam para essa possibilidade, em fase de projeto de execução.

 

Coimbra quer TGV “rapidamente”

Face à possibilidade de demolições, o município de Coimbra criou um gabinete de apoio para acompanhar essas situações, tendo já recebido três munícipes.

No entanto, para o autarca de Coimbra José Manuel Silva, os efeitos positivos deste investimento para o concelho superam, em larga medida, os impactos negativos.

A alta velocidade, para José Manuel Silva, é um investimento fundamental para Coimbra e tem de avançar “no mais curto espaço de tempo”.

Este investimento já “vem a ser discutido há muitos anos e é essencial para Portugal avançar rapidamente com este projeto e, para Coimbra, é de uma importância estratégica”, vincou.

O autarca recordou que a alta velocidade aproxima Coimbra “de dois aeroportos”, que passam a servir a cidade de “forma direta, com os mesmos tempos que acontecem em praticamente todas as cidades da Europa”.

Naquele concelho, foi escolhida a opção que menos impactos trará e, mesmo com alguns prejuízos sobretudo em zonas de vinha, o município salienta que os benefícios suplantam os impactos negativos.

 

in ZAP

sábado, março 30, 2024

Vem aí uma série da RTP sobre o vinho e vinha em Portugal

Série documental da RTP1 sobre vinhos estreia-se na segunda-feira

 

Vinhos Com História, a nova série da RTP1 sobre vinhos nacionais, terá cinco episódios, cada um dedicado a uma zona diferente do país. O primeiro foi filmado na ilha do Pico.


A série demorou cerca de três anos a filmar, com uma pandemia pelo meio a dificultar as viagens para a ilha do Pico, nos Açores, onde acontece o primeiro episódio


Os vinhos do Pico, os vinhos de talha do Alentejo, os verdes tintos do Minho, os medievais entre Alcobaça e Ourém e os vinhos de Colares. Vinhos Com História, a nova série documental da RTP1, com estreia marcada para esta segunda-feira, 1 de abril, às 23.00, dedica cada um dos seus cinco episódios à história de vinhos portugueses únicos e dos seus produtores. A ideia foi da realizadora Cristina Ferreira Gomes que, antes da série, não tinha nenhuma ligação com o vinho. 

Foi por acaso, numa viagem de carro a caminho da Praia das Maçãs, em Sintra, que Cristina Ferreira Gomes entrou na Adega Visconde de Salreu para visitar uma exposição sobre o vinho de Colares. “Era uma realidade que desconhecia completamente”, conta ao Terroir. “A improbabilidade de ter vinhos ali naquela região de Colares, com vinhas escavadas na areia, autênticas trincheiras paliçadas com canas. Comecei a pensar que, tal como eu, também muita gente não conheceria esta realidade.”

Série documental da RTP1 sobre vinhos estreia-se na segunda-feira A ideia de uma série documental sobre vinhos portugueses começou a ganhar forma. “Comecei a investigar se haveria em Portugal vinhos com histórias tão interessantes e tão arrebatadoras como as do vinho de Colares”, continua a realizadora e autora. Descobriu várias, mas não foi fácil pôr a série em marcha. “Demorou muito tempo a concretizar. Tive de reunir financiamento e contactar uma série de entidades que permitissem que a série fosse filmada [além de câmaras municipais, também a ViniPortugal e a Comissão Vitivinícola Regional dos Açores apoiaram o projeto].”

 

A vinha do enforcado, no Minho, será o tema de um dos episódios

 

Mais do que falar sobre a origem dos vinhos, o seu objetivo era documentar os tempos atuais e destacar os produtores “que mantêm viva a história”, sublinha a realizadora. “As pessoas que comercializam os vinhos e são apaixonadas por eles.” Série documental da RTP1 sobre vinhos estreia-se na segunda-feira 

Além disso, queria retratar as vinhas ao longo das várias estações do ano e acompanhar o processo de fabrico dos vinhos, dos trabalhos no campo e na adega até à vindima. 

Ao todo, a série demorou cerca de três anos a filmar, com uma pandemia pelo meio a dificultar as viagens para a ilha do Pico, nos Açores, onde acontece o primeiro episódio, talvez o mais trabalhoso. “[Esse episódio] conta a história do vinho do Pico desde o tempo da expansão marítima até à queda do império do Verdelho e à recuperação, na contemporaneidade, das vinhas do Pico, absolutamente fabulosas.” 

O episódio menciona também a crise da filoxera, que destruiu as vinhas e deu origem à “grande vaga de imigração do Pico, Faial e São Jorge”, explica Cristina. 

O segundo a ser exibido, na segunda-feira seguinte, 8 de abril, também às 23.00, conta a história dos vinhos de Colares, a inspiração para a série, com uma explicação sobre a maneira como o crash da bolsa de Nova Iorque, em 1929, afetou a produção deste vinho.

 

 

VINHO DO PICO, DOCUMENTÁRIO- SÉRIE DOCUMENTAL VINHOS COM HISTÓRIA from Mares do Sul on Vimeo 

 

Os episódios seguintes serão dedicados aos vinhos de talha da zona de Vila de Frades, no Alentejo, ao vinho medieval cisterciense, entre Alcobaça e Ourém, e à vinha do enforcado, no Minho. “Há muitos programas sobre vinhos, mas sempre do ponto de vista do consumo. O que me interessa é a história, o vinho como um objeto que faz parte da nossa vida”, resume a realizadora. “Somos um país de vinho.”

Cristina Ferreira Gomes não tinha nenhuma ligação a esta área. Aliás, também em abril, no dia 5, a RTP2 tem agendada a estreia de outro documentário seu, Olga Roriz, sobre a coreógrafa e bailarina portuguesa. “Não tenho um conhecimento do mundo dos vinhos, nem tenho essa pretensão”, confessa a realizadora. “O meu interesse foi mesmo do ponto de vista documental, de fazer uma série sobre vinho.”

in Público

quarta-feira, dezembro 27, 2023

O Tratado de Methuen foi assinado há trezentos e vinte anos

 John Methuen (1650-1706) - Adrien Carpentiers
 
O Tratado de Methuen, também referido como Tratado dos Panos e Vinhos, foi um tratado assinado entre a Inglaterra e Portugal, em 27 de dezembro de 1703. Foram seus negociadores o embaixador extraordinário britânico John Methuen, por parte da Rainha Ana da Inglaterra, e D. Manuel Teles da Silva, Marquês de Alegrete.
Pelos termos, os portugueses se comprometiam a consumir os têxteis britânicos e, em contrapartida, os britânicos, os vinhos de Portugal. Com três artigos, é o texto mais reduzido da história diplomática europeia:
"I. Sua Majestade El-Rei de Portugal promete tanto em Seu próprio Nome, como no de Seus Sucessores, de admitir para sempre daqui em diante no Reino de Portugal os Panos de lã, e mais fábricas de lanifício de Inglaterra, como era costume até o tempo que foram proibidos pelas Leis, não obstante qualquer condição em contrário. 
 
II. É estipulado que Sua Sagrada e Real Majestade Britânica, em seu próprio Nome e no de Seus Sucessores, será obrigada para sempre daqui em diante, de admitir na Grã Bretanha os Vinhos do produto de Portugal, de sorte que em tempo algum (haja Paz ou Guerra entre os Reinos de Inglaterra e de França), não se poderá exigir de Direitos de Alfândega nestes Vinhos, ou debaixo de qualquer outro título, direta ou indiretamente, ou sejam transportados para Inglaterra em Pipas, Toneis ou qualquer outra vasilha que seja mais o que se costuma pedir para igual quantidade, ou de medida de Vinho de França, diminuindo ou abatendo uma terça parte do Direito do costume. Porem, se em qualquer tempo esta dedução, ou abatimento de direitos, que será feito, como acima é declarado, for por algum modo infringido e prejudicado, Sua Sagrada Majestade Portuguesa poderá, justa e legitimamente, proibir os Panos de lã e todas as demais fabricas de lanifícios de Inglaterra. 
III. Os Exmos. Senhores Plenipotenciários prometem, e tomam sobre si, que seus Amos acima mencionados ratificarão este Tratado, e que dentro do termo de dois meses se passarão as Ratificações."
     

terça-feira, dezembro 27, 2022

O Tratado de Methuen foi assinado há 319 anos pela Inglaterra e Portugal

 John Methuen (1650-1706) - Adrien Carpentiers
 
O Tratado de Methuen, também referido como Tratado dos Panos e Vinhos, foi um tratado assinado entre a Inglaterra e Portugal, em 27 de dezembro de 1703. Foram seus negociadores o embaixador extraordinário britânico John Methuen, por parte da Rainha Ana da Inglaterra, e D. Manuel Teles da Silva, Marquês de Alegrete.
Pelos termos, os portugueses se comprometiam a consumir os têxteis britânicos e, em contrapartida, os britânicos, os vinhos de Portugal. Com três artigos, é o texto mais reduzido da história diplomática europeia:
"I. Sua Majestade El-Rei de Portugal promete tanto em Seu próprio Nome, como no de Seus Sucessores, de admitir para sempre daqui em diante no Reino de Portugal os Panos de lã, e mais fábricas de lanifício de Inglaterra, como era costume até o tempo que foram proibidos pelas Leis, não obstante qualquer condição em contrário. 
 
II. É estipulado que Sua Sagrada e Real Majestade Britânica, em seu próprio Nome e no de Seus Sucessores, será obrigada para sempre daqui em diante, de admitir na Grã Bretanha os Vinhos do produto de Portugal, de sorte que em tempo algum (haja Paz ou Guerra entre os Reinos de Inglaterra e de França), não se poderá exigir de Direitos de Alfândega nestes Vinhos, ou debaixo de qualquer outro título, direta ou indiretamente, ou sejam transportados para Inglaterra em Pipas, Toneis ou qualquer outra vasilha que seja mais o que se costuma pedir para igual quantidade, ou de medida de Vinho de França, diminuindo ou abatendo uma terça parte do Direito do costume. Porem, se em qualquer tempo esta dedução, ou abatimento de direitos, que será feito, como acima é declarado, for por algum modo infringido e prejudicado, Sua Sagrada Majestade Portuguesa poderá, justa e legitimamente, proibir os Panos de lã e todas as demais fabricas de lanifícios de Inglaterra. 
III. Os Exmos. Senhores Plenipotenciários prometem, e tomam sobre si, que seus Amos acima mencionados ratificarão este Tratado, e que dentro do termo de dois meses se passarão as Ratificações."
     

segunda-feira, dezembro 27, 2021

O Tratado de Methuen foi assinado há 318 anos

 John Methuen (1650-1706) - Adrien Carpentiers
 
O Tratado de Methuen, também referido como Tratado dos Panos e Vinhos, foi um tratado assinado entre a Inglaterra e Portugal, em 27 de dezembro de 1703. Foram seus negociadores o embaixador extraordinário britânico John Methuen, por parte da Rainha Ana da Inglaterra, e D. Manuel Teles da Silva, Marquês de Alegrete.
Pelos termos, os portugueses se comprometiam a consumir os têxteis britânicos e, em contrapartida, os britânicos, os vinhos de Portugal. Com três artigos, é o texto mais reduzido da história diplomática europeia:
"I. Sua Majestade ElRey de Portugal promete tanto em Seu proprio Nome, como no de Seus Sucessores, de admitir para sempre daqui em diante no Reyno de Portugal os Panos de lãa, e mais fábricas de lanificio de Inglaterra, como era costume até o tempo que forão proibidos pelas Leys, não obstante qualquer condição em contrário. 
 
II. He estipulado que Sua Sagrada e Real Magestade Britanica, em seu proprio Nome e no de Seus Sucessores será obrigada para sempre daqui em diante, de admitir na Grã Bretanha os Vinhos do produto de Portugal, de sorte que em tempo algum (haja Paz ou Guerra entre os Reynos de Inglaterra e de França), não se poderá exigir de Direitos de Alfândega nestes Vinhos, ou debaixo de qualquer outro título, directa ou indirectamente, ou sejam transportados para Inglaterra em Pipas, Toneis ou qualquer outra vasilha que seja mais o que se costuma pedir para igual quantidade, ou de medida de Vinho de França, diminuindo ou abatendo uma terça parte do Direito do costume. Porem, se em qualquer tempo esta dedução, ou abatimento de direitos, que será feito, como acima he declarado, for por algum modo infringido e prejudicado, Sua Sagrada Magestade Portugueza poderá, justa e legitimamente, proibir os Panos de lã e todas as demais fabricas de lanificios de Inglaterra. 
III. Os Exmos. Senhores Plenipotenciários prometem, e tomão sobre si, que seus Amos acima mencionados ratificarão este Tratado, e que dentro do termo de dois meses se passarão as Ratificações."
     

domingo, dezembro 27, 2020

O Tratado de Methuen foi assinado há 317 anos

 John Methuen (1650-1706) - Adrien Carpentiers

 
O Tratado de Methuen, também referido como Tratado dos Panos e Vinhos, foi um tratado assinado entre a Inglaterra e Portugal, em 27 de dezembro de 1703. Foram seus negociadores o embaixador extraordinário britânico John Methuen, por parte da Rainha Ana da Inglaterra, e D. Manuel Teles da Silva, Marquês de Alegrete.
Pelos termos, os portugueses se comprometiam a consumir os têxteis britânicos e, em contrapartida, os britânicos, os vinhos de Portugal. Com três artigos, é o texto mais reduzido da história diplomática europeia:
"I. Sua Majestade ElRey de Portugal promete tanto em Seu proprio Nome, como no de Seus Sucessores, de admitir para sempre daqui em diante no Reyno de Portugal os Panos de lãa, e mais fábricas de lanificio de Inglaterra, como era costume até o tempo que forão proibidos pelas Leys, não obstante qualquer condição em contrário. 
 
II. He estipulado que Sua Sagrada e Real Magestade Britanica, em seu proprio Nome e no de Seus Sucessores será obrigada para sempre daqui em diante, de admitir na Grã Bretanha os Vinhos do produto de Portugal, de sorte que em tempo algum (haja Paz ou Guerra entre os Reynos de Inglaterra e de França), não se poderá exigir de Direitos de Alfândega nestes Vinhos, ou debaixo de qualquer outro título, directa ou indirectamente, ou sejam transportados para Inglaterra em Pipas, Toneis ou qualquer outra vasilha que seja mais o que se costuma pedir para igual quantidade, ou de medida de Vinho de França, diminuindo ou abatendo uma terça parte do Direito do costume. Porem, se em qualquer tempo esta dedução, ou abatimento de direitos, que será feito, como acima he declarado, for por algum modo infringido e prejudicado, Sua Sagrada Magestade Portugueza poderá, justa e legitimamente, proibir os Panos de lã e todas as demais fabricas de lanificios de Inglaterra. 
III. Os Exmos. Senhores Plenipotenciários prometem, e tomão sobre si, que seus Amos acima mencionados ratificarão este Tratado, e que dentro do termo de dois meses se passarão as Ratificações."
   

 

sexta-feira, dezembro 27, 2019

O Tratado de Methuen foi assinado há 316 anos

(imagem daqui)
  
O Tratado de Methuen, também referido como Tratado dos Panos e Vinhos, foi um tratado assinado entre a Inglaterra e Portugal, em 27 de dezembro de 1703. Foram seus negociadores o embaixador extraordinário britânico John Methuen, por parte da Rainha Ana da Inglaterra, e D. Manuel Teles da Silva, Marquês de Alegrete.
Pelos termos, os portugueses se comprometiam a consumir os têxteis britânicos e, em contrapartida, os britânicos, os vinhos de Portugal. Com três artigos, é o texto mais reduzido da história diplomática europeia:
"I. Sua Majestade ElRey de Portugal promete tanto em Seu proprio Nome, como no de Seus Sucessores, de admitir para sempre daqui em diante no Reyno de Portugal os Panos de lãa, e mais fábricas de lanificio de Inglaterra, como era costume até o tempo que forão proibidos pelas Leys, não obstante qualquer condição em contrário. 
 
II. He estipulado que Sua Sagrada e Real Magestade Britanica, em seu proprio Nome e no de Seus Sucessores será obrigada para sempre daqui em diante, de admitir na Grã Bretanha os Vinhos do produto de Portugal, de sorte que em tempo algum (haja Paz ou Guerra entre os Reynos de Inglaterra e de França), não se poderá exigir de Direitos de Alfândega nestes Vinhos, ou debaixo de qualquer outro título, directa ou indirectamente, ou sejam transportados para Inglaterra em Pipas, Toneis ou qualquer outra vasilha que seja mais o que se costuma pedir para igual quantidade, ou de medida de Vinho de França, diminuindo ou abatendo uma terça parte do Direito do costume. Porem, se em qualquer tempo esta dedução, ou abatimento de direitos, que será feito, como acima he declarado, for por algum modo infringido e prejudicado, Sua Sagrada Magestade Portugueza poderá, justa e legitimamente, proibir os Panos de lã e todas as demais fabricas de lanificios de Inglaterra. 
III. Os Exmos. Senhores Plenipotenciários prometem, e tomão sobre si, que seus Amos acima mencionados ratificarão este Tratado, e que dentro do termo de dois meses se passarão as Ratificações."
   

sábado, dezembro 27, 2014

O Tratado de Methuen foi assinado há 311 anos

(imagem daqui)

O Tratado de Methuen, também referido como Tratado dos Panos e Vinhos, foi um tratado assinado entre a Inglaterra e Portugal, em 27 de dezembro de 1703. Foram seus negociadores o embaixador extraordinário britânico John Methuen, por parte da Rainha Ana da Inglaterra, e D. Manuel Teles da Silva, Marquês de Alegrete.
Pelos termos, os portugueses se comprometiam a consumir os têxteis britânicos e, em contrapartida, os britânicos, os vinhos de Portugal. Com três artigos, é o texto mais reduzido da história diplomática europeia:
"I. Sua Majestade ElRey de Portugal promete tanto em Seu proprio Nome, como no de Seus Sucessores, de admitir para sempre daqui em diante no Reyno de Portugal os Panos de lãa, e mais fábricas de lanificio de Inglaterra, como era costume até o tempo que forão proibidos pelas Leys, não obstante qualquer condição em contrário. 
 
II. He estipulado que Sua Sagrada e Real Magestade Britanica, em seu proprio Nome e no de Seus Sucessores será obrigada para sempre daqui em diante, de admitir na Grã Bretanha os Vinhos do produto de Portugal, de sorte que em tempo algum (haja Paz ou Guerra entre os Reynos de Inglaterra e de França), não se poderá exigir de Direitos de Alfândega nestes Vinhos, ou debaixo de qualquer outro título, directa ou indirectamente, ou sejam transportados para Inglaterra em Pipas, Toneis ou qualquer outra vasilha que seja mais o que se costuma pedir para igual quantidade, ou de medida de Vinho de França, diminuindo ou abatendo uma terça parte do Direito do costume. Porem, se em qualquer tempo esta dedução, ou abatimento de direitos, que será feito, como acima he declarado, for por algum modo infringido e prejudicado, Sua Sagrada Magestade Portugueza poderá, justa e legitimamente, proibir os Panos de lã e todas as demais fabricas de lanificios de Inglaterra. 
III. Os Exmos. Senhores Plenipotenciários prometem, e tomão sobre si, que seus Amos acima mencionados ratificarão este Tratado, e que dentro do termo de dois meses se passarão as Ratificações."

segunda-feira, dezembro 09, 2013

Artigo interessante para qualquer geólogo ou biólogo no Público

Portugal, o santuário mundial da biodiversidade da vinha
Por Abel Coentrão
23.11.2013

As grandes nações do vinho já começam a replicar o modelo português, mas levam um atraso de décadas na recolha de dados

Um conjunto de factores favoreceu a manutenção, em Portugal, de centenas de castas de vinha autóctones, cada uma delas com um grau de variabilidade bem acima do que acontece nos países que foram apostando em clones de meia dúzia de castas na moda e muito produtivas. Um grupo de cientistas vem estudando o potencial desse património genético, que, diz o rosto deste projecto, pode tornar o país numa Meca da viticultura.
Chegámos atrasados a quase tudo. Às Luzes, à Industrialização, à Democracia. Portugal, um pequeno país teimosamente agarrado à cauda da Europa tem um pequeno segredo mal guardado que o anda a pôr nas bocas do mundo que tem boca para um bom vinho como um país de vanguarda, a anos-luz dos restantes países vinícolas do planeta. Na revista World of Fine Wine já lhe chamaram Arca de Noé da biodiversidade da vinha. Antero Martins, sumidade na área da genética quantitativa aplicada ao melhoramento de plantas, ou mais simplesmente um dos "Noés" desta história, prefere pensar que estamos a caminho de nos tornarmos uma espécie de "Meca do Vinho". Mas porquê tanta excitação?

A culpa é do tal atraso. Em parte, pelo menos, concede o responsável pela Investigação da Sogrape, António Graça, outro dos envolvidos na recém-criada Associação Portuguesa para a Diversidade da Videira (Porvid), que desde 2009 prossegue, agora de uma forma institucional, os esforços de identificação e preservação da biodiversidade destas plantas iniciados há 35 anos por um trio de "carolas", o já referido Antero Martins, do Instituto Superior de Agronomia, da Universidade de Lisboa, Nuno Magalhães, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e Luís Carneiro, da Estação Agronómica Nacional. O seu esforço permitiu identificar, no nosso país, 250 castas autóctones (no território que pode ser o da península), muito para lá das dezenas utilizadas, pelos produtores. E o número já peca por defeito porque, nas análises genéticas mais recentes, se percebeu que plantas que se pensavam ser apenas uma variante (genótipo) dentro da casta, são afinal castas diferentes. O que vai, de certeza, engrossar a lista deste património.

Quando o mundo se rendia a vinhos estremes, feitos a partir de meia dúzia de castas francesas, plantadas nos quatro cantos do globo; quando viveiristas e agricultores de outros países seleccionavam eugenisticamente, por elimininação, castas, e plantas (genótipos) dentro das castas com as melhores características para responder ao mercado, cada vez mais global mas, em contraponto, a estreitar o gosto, Portugal estava ainda a acordar do longo sono salazarista, que o manteve fechado, e não apenas à Coca-Cola. Por cá mantinham-se tradições como as dos vinhos de lote, com mistura de castas, muita vinha velha por arrancar – alguma até pré-filoxérica, como os mortórios do Douro – e técnicas culturais que favoreciam o acaso em vez da selecção e, que, por isso, mantiveram uma parte importante da biodiversidade do país, o único que tem cem por cento do território numa qualquer região demarcada, lembra António Graça.

Pode parecer contraditório, mas este atraso acertou o nosso relógio com o do planeta, que já reconhecia a importância da biodiversidade nesses finais de 70, em que, gastando horas fora das aulas e fins-de-semana, Martins e seus pares puseram pés ao caminho. Numa abnegação que ainda hoje os mantém, apesar de jubililados, ainda ligados ao projecto, conseguiram, em pouco tempo, criar uma rede informal: com as direcções regionais de agricultura e algumas empresas, que perceberam desde logo a importância de participar nesta missão de recolha, estudo, selecção e – note-se a diferença – preservação das variedades genéticas da vinha portuguesa. Em poucos anos, dezenas de quintas por esse país fora acolheram campos experimentais e viveiros onde esse património foi mantido.

Agora, depois de o Estado ter cedido em 2009 à Porvid parte de uma herdade em Pegões, na Península de Setúbal, nada longe de propriedades e da adega de sócios como a José Maria da Fonseca ou a Cooperativa de Santo Isidro de Pegões, entre outros, as plantas estão todas a caminho de uma nova casa. Milhares delas já foram instaladas (em vasos) e vai-se preparar mais terreno para guardar 50 mil genótipos das tais 250, ou mais, castas portuguesas, mesmo ao lado de uma área de 80 a 100 hectares onde uma parte importante dessa variabilidade vai ser enxertada e posta a produzir, para análise comparativa.

A necessidade de guardar um tão elevado número de espécimes é facilmente percebida se soubermos que, nas mais de 60 castas já bem estudadas ao longo destes anos, há exemplos de uma diversidade intra-casta impensável noutros países, que andaram a deitar essa variabilidade ao lixo. Se o Riesling alemão se faz com muitos poucos clones, do Alvarinho, há 530 genótipos diferentes conhecidos, com diferentes consequências na produção, compara Antero Martins. Aliás, foi depois de estudada a variabilidade interna da Touriga Nacional, um dos primeiros alvos da atenção do projecto, que o sector conseguiu descobrir e seleccionar genótipos que, com ganhos superiores a 30%, resolveram o problema da baixa produtividade e da desconfiança com que esta grande casta portuguesa era encarada, na década de 70, pelos produtores do Douro.

O estudo aprofundado da variabilidade dentro de cada casta foi um dos grandes avanços do projecto e Antero Martins insiste sempre em associá-lo à entrada em cena de uma sua assistente, Elsa Gonçalves, que o ultrapassou – e ele di-lo com o gosto de quem não quer ficar com o conhecimento só para si – na capacidade de pôr a estatística, e a informática, ao serviço da genética quantitativa. Graças a este aporte, já reconhecido no meio científico internacional, a equipa conseguiu, para mais de seis dezenas de castas, identificar as suas variantes internas e o comportamento de cada uma, independentemente de factores ambientais, em parâmetros como a produção, a acidez, o açucar (importante para o teor alcoólico) e as antocianas (pigmentos responsáveis pela cor escura do vinho tinto).

Não é difícil imaginar a utilidade deste conhecimento para a vitivinicultura portuguesa. E há casos concretos em que ele já resolveu problemas, explica António Graça. Já se percebeu por exemplo que a tinta-roriz, muito apreciada, entre outros aspectos, pela cor que imprime aos vinhos, perde, precisamente nesse aspecto, a partir de um determinado patamar de produção, potenciado por condições ambientais favoráveis. Perante isto, tem sido feito um esforço de enxertar as novas vinhas com genótipos menos "produtivos", mas que garantem a qualidade máxima pretendida. António Graça, tal como Antero Martins, antevêem o que isto, multiplicado por todo o nosso parque de castas, significa, em termos de competitividade, para o país, numa altura em que são visíveis os efeitos das alterações climáticas.

Antevendo o risco, é o homem das empresas, António Graça, quem mais toca, na conversa com a FUGAS, na questão ambiental. Mas Portugal está a construir, com o projecto da Porvid, a capacidade de escolher, a cada momento, as vinhas que melhor se adaptam, por exemplo, à subida da temperatura ambiente, rejubila. Já Antero Martins foge da sua genética quantitativa para fazer notar que estaremos preparados para responder a outro tipo de desafios, como o das modas, o gosto. Se hoje se produzem vinhos com teores de álcool bem acima dos 12,5 graus que eram habituais há umas décadas, nada nos diz que os vinhos de baixo teor alcoólico, para os quais hoje já há algum mercado, não se tornarão um trend. E, se for necessário, nós saberemos dar resposta a essa demanda, vinca.

Apesar de ir dizendo que gostava de ser mais reformado do que é – e desconfiamos que não conseguiria manter-se muito longe do campo experimental de Pegões, que nos mostrou com orgulho – Antero Martins não esconde a satisfação pelo reconhecimento que o projecto vem tendo por esse mundo fora, nas revistas especializadas e em congressos do sector. As grandes nações do vinho já começam a replicar o modelo português, mas levam um atraso de décadas na recolha de dados. E "o projecto de Pegões é para mais 50 anos", nota António Graça. O seu sucesso pleno está no entanto dependente da entrada de mais dinheiro – por via das quotas de mais associados, mecenas, apoios estatais e fundos europeus – que garantam uma estabilidade financeira que esta luta pela biodiversidade no sector ainda não teve.

Se nunca houve muito dinheiro, o esforço valeu-lhes, pelo menos, alguns "brindes". Com o estudo aprofundado da variabilidade dentro de cada casta, os portugueses começaram a ter dados concretos sobre o caminho que cada uma delas seguiu, desde um ponto de origem. Esse ponto, como noutras espécies vegetais, é aquele em que a variabilidade da planta é maior (porque foi necessário mais tempo para a conseguir). É o contributo luso para a história desta cultura milenar. Que não traz boas notícias para todos. Rioja ficou a saber, pela Porvid, que o seu Tempranillo (a nossa Tinta Roriz ou Aragonez) não surgiu por ali, como pensavam, mas na zona de Valdepenãs, a sul de Madrid. Já a casta forte da Bairrada, a Baga, terá afinal surgido no Dão. E a Jaen, famosa nesta região, tem aqui tão pouca variedade que o mais certo é ser muito recente nesta zona do país, indiciando outra origem.

Depois, ao longo destes anos, ao calcorrear o país, os investigadores foram percebendo também que Portugal é um santuário da Vitis silvestrys, a planta silvestre que há milhares de anos foi domesticada pelo homem para se tornar nas videiras que hoje conhecemos. Há mais de 150 núcleos destas vinhas e, assinala António Graça, só nos faltará encontrar algum vínculo arqueológico para podermos, quem sabe, pôr em causa a teoria que coloca no médio Oriente o nascimento da cultura do vinho. Já há na Europa quem defenda a tese da origem múltipla, e Portugal está muito atento a esse debate, que, como a questão da biodiversidade, do uso de castas raras e desconhecidas, pode gerar dividendos económicos se, como insiste António Graça, formos capazes de "comunicar, comunicar, comunicar isto lá fora".

Já este ano, a Porvid associou-se a um projecto, com origem em França e ambições globais, a Wine Mosaic, que luta pela promoção das castas antigas do mediterrâneo, como aquela, quase extinta, que é cultivada por um italiano na Toscana e que, se não vende nada no seu país, teve sucesso em Hong Kong e no Japão, segundo a Wine Spectator. "É que, sabe, eu acho que no vinho, mais do que o que está lá dentro, muito do que se vende é cultura, é a sua história, o trabalho que implicou", acrescenta o presidente da Porvid, Antero Martins, convicto de que Portugal terá muito a ganhar com as dezenas de hectares de vinha, amostra complexa, e completa da nossa biodiversidade, que ele espera ver plantados, e continuamente estudados, em Pegões. Numa herdade prestes a tornar-se o novo santuário da viticultura portuguesa.

in Público - ler notícia

terça-feira, agosto 10, 2010

A importância científica de São Lourenço, recordada no seu dia

 

(imagem daqui)

Segundo a Igreja Católica, hoje é a data do martírio de São Lourenço de Huesca:

Lourenço de Huesca ou São Lourenço (Huesca ou Valência, Espanha, 225? — Roma, 10 de Agosto de 258) foi um mártir católico e um dos sete primeiros diáconos (guardiões do tesouro da Igreja) da Igreja Cristã, sediada em Roma.
O cargo de diácono era de grande responsabilidade, pois consistia no cuidado dos bens da Igreja e a distribuição de esmolas aos pobres. No ano 257 Valeriano decretou a perseguição dos cristãos e, ao ano seguinte, foi detido e decapitado o Papa Sisto II.
Segundo as tradições, quando o Papa São Sixto se dirigia ao local da execução, São Lourenço ia junto a ele e chorava. "Aonde vai sem o seu diácono, meu pai?", perguntava-lhe. O Pontífice respondeu: "Não penses que te abandono, meu filho, pois dentro de três dias me seguirás".
Após a execução do Papa, o imperador ameaçou a Igreja para entregar as suas riquezas no prazo de 3 dias. Passados três dias, São Lourenço levou as pessoas que foram auxiliadas pela Igreja e os fiéis cristãos diante do imperador. Depois, exclamou a seguinte frase que lhe valeu a morte: "Estes são o património (riquezas) da Igreja". O imperador, furioso e indignado, mandou prendê-lo, e ser queimado vivo sobre um braseiro ardente, por cima de uma grelha. 


Segundo a sabedoria popular, este é um dia para ver como está a vinha (assunto que muito interessa, por motivos óbvios, a geólogos...) - Pelo São Lourenço, vai à vinha e enche o lenço, diz o ditado. Mas o povo, comovido com as lágrimas de Lourenço, despedindo-se do seu chefe espiritual, diz que essas lágrimas são visíveis no céu esta noite e nas seguintes - são as famosas Lágrimas de São Lourenço...

Embora hoje lhes chamemos de Perseidas, há esta bonita estória que devemos recordar - e amanhã falaremos mais deste assunto...!

 (imagem daqui)

sábado, março 28, 2009

Blog interessante


Como qualquer geólogo aprecio um bom vinho. Aliás o sonho de muitos geólogos era trabalhar na ligação entre a Enologia e a Geologia - de facto alguns fazem a ponte, muito harmoniosamente, entre as duas áreas: basta ver a adega de alguns de nós para perceber tal facto...

Assim sugerimo-vos hoje um blog sobre vinhos que considerámos muito interessante: do Nariz à Boca.



NOTA: corrigidos o erros (aqui não há acordos ortográficos...) a pedido de uma nossa leitora muito especial.