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sexta-feira, março 15, 2024

Bukharin foi executado há 86 anos...

    
Nikolai Ivanovich Bukharin (Moscovo, 9 de outubro de 1888 – Moscovo, 15 de março de 1938) foi um revolucionário e intelectual bolchevique e mais tarde um político soviético.
   
(...)
   
Ocupou importantes cargos políticos no Partido: 1917-1934, membro do Comité Central; 1918-1929, redator-chefe do Pravda; 1924-1929, membro do Politburo do Partido Comunista, integrado apenas por cinco pessoas; 1926-1929, presidente do Comité Executivo do Komintern.
Liderou a ala dos Comunistas de Esquerda dentro do Partido Comunista, tendo sido também o criador da NEP, a Nova Política Económica, sendo depois um dos políticos mais influentes na União Soviética, criticando sempre a crescente burocracia do estado e defendendo uma "alternativa programática viável" para o estalinismo.
Após a morte de Lenine, de início tomou partido por Estaline contra Trotski e a Oposição de Esquerda, mas, a partir de 1928, foi considerado por Estaline como possível rival e presumível líder da oposição de direita, razão pela qual foi afastado do poder em 1929.
Mais tarde, depois de uma reconciliação formal, recebeu o lugar de redator-chefe do Izvestia (1934).
No entanto, em 1937, foi preso e um ano mais tarde, em 1938, foi condenado à morte, no terceiro processo de Moscovo, e executado nesse mesmo ano.
A sua linha de pensamento dentro do marxismo determinava que o melhor caminho para o socialismo seria uma política gradualista.
Em 1988, durante a era de Mikhail Gorbachev, foi reabilitado jurídica e politicamente.
     

segunda-feira, março 11, 2024

Manuel da Fonseca morreu há trinta e um anos

(imagem daqui)

 

Manuel Lopes Fonseca, mais conhecido como Manuel da Fonseca (Santiago do Cacém, 12 de outubro de 1911 - Lisboa, 11 de março de 1993) foi um escritor (poeta, contista, romancista e cronista) português.
  
Biografia
Após ter terminado o ensino básico, Manuel da Fonseca prosseguiu os seus estudos em Lisboa. Estudou no Colégio Vasco da Gama, Liceu Camões, Escola Lusitânia e Escola de Belas-Artes. Apesar de não ter sobressaído na área das Belas-Artes, deixou alguns registos do seu traço, sobretudo nos retratos que fazia de alguns dos seus companheiros de tertúlias lisboetas como é o caso do de José Cardoso Pires. Durante os períodos de interregno escolar, aproveitava para regressar ao seu Alentejo de origem. Daí que o espaço de eleição dos seus primeiros textos seja o Alentejo. Só mais tarde e a partir de Um Anjo no Trapézio é que o espaço das suas obras passa a ser a cidade de Lisboa.
Membro do Partido Comunista Português (PCP), Manuel da Fonseca fez parte do grupo do Novo Cancioneiro e é considerado por muitos como um dos melhores escritores do neo-realismo português. Nas suas obras, carregadas de intervenção social e política, relata como poucos a vida dura do Alentejo e dos alentejanos.
A sua vida profissional foi muito díspar tendo exercido nos mais diferentes sectores: comércio, indústria, revistas, agências publicitárias, entre outras.
Era membro da Sociedade Portuguesa de Escritores quando esta atribuiu o Grande Prémio da Novelística a José Luandino Vieira pela sua obra Luuanda, o que levou ao encerramento desta instituição e à detenção de alguns dos seus membros na prisão de Caxias, entre os quais Manuel da Fonseca.
Em sua homenagem, a Escola Secundária de Santiago do Cacém denomina-se Escola Secundária Manuel da Fonseca e as bibliotecas municipais de Castro Verde e Santiago do Cacém chamam-se Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca.
 

 

 

Tragédia 

Foi para a escola e aprendeu a ler
e as quatro operações, de cor e salteado.
Era um menino triste:
nunca brincou no largo.
Depois, foi para a loja e pôs a uso
aquilo que aprendeu
— vagaroso e sério,
sem um engano,
sem um sorriso.
Depois, o pai morreu
como estava previsto.
E o Senhor António
(tão novinho e já era «o Senhor António»!...)
ficou dono da loja e chefe da família...
Envelheceu, casou, teve meninos,
tudo como quem soma ou faz multiplicação!...
E quando o mais velhinho
já sabia contar, ler, escrever,
o Senhor António deu balanço à vida:
tinha setenta anos, um nome respeitado...
— que mais podia querer?
Por isso,
num meio-dia de Verão,
sentiu-se mal.
Decentemente abriu os braços
e disse: — Vou morrer.
E morreu!, morreu de congestão...
 


in
Planície (1941) - Manuel da Fonseca

sexta-feira, março 08, 2024

A ARA, braço armado do PCP, atacou a base de Tancos há cinquenta e três anos

 

A Ação Revolucionária Armada (ARA) foi o braço armado do Partido Comunista Português, que esteve em atividade de 1970 a 1973, sobre a ditadura do Estado Novo, então liderada por Marcello Caetano.

 

(...) 

  

Operações

(...)

  • 8 de março de 1971 - Destruição de 28 aviões e helicópteros, com engenhos explosivos e incendiários, na base aérea de Tancos.

 

in Wikipédia

terça-feira, março 05, 2024

Poesia adequada à data...

 

 

Requiem para Pier Paolo Pasolini
 
  

Eu pouco sei de ti mas este crime
torna a morte ainda mais insuportável.
Era novembro, devia fazer frio, mas tu
já nem o ar sentias, o próprio sexo
que sempre fora fonte agora apunhalado.
Um poeta, mesmo solar como tu, na terra
é pouca coisa: uma navalha, o rumor
de abril podem matá-lo - amanhece,
os primeiros autocarros já passaram,
as fábricas abrem os portões, os jornais
anunciam greves, repressão, dois mortos na
primeira página,
o sangue apodrece ou brilhará
ao sol, se o sol vier, no meio das ervas.
O assassino, esse seguirá dia após dia
a insultar o amargo coração da vida;
no tribunal insinuará que respondera apenas
a uma agressão (moral) com outra agressão,
como se alguém ignorasse, excepto claro
os meritíssimos juízes, que as putas desta espécie
confundem moral com o próprio cu.
O roubo chega e sobra excelentíssimos senhores
como móbil de um crime que os fascistas,
e não só os de Salò, não se importariam
de assinar.
Seja qual for a razão, e muitas há
que o Capital a Igreja e a Polícia
de mãos dadas estão sempre prontos a justificar,
Pier Paolo Pasolini está morto.
A farsa, a nojenta farsa, essa continua.
 


Eugénio de Andrade

Rosa Luxemburgo nasceu há 153 anos...


Rosa Luxemburgo, em polaco Róża Luksemburg (Zamość, 5 de março de 1871 - Berlim, 15 de janeiro de 1919), foi uma filósofa e economista marxista polaca e judia, naturalizada alemã. Tornou-se mundialmente conhecida pela militância revolucionária ligada à Social-Democracia do Reino da Polónia e Lituânia (SDKP), ao Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) e ao Partido Social-Democrata Independente da Alemanha (USPD). Participou da fundação do grupo de tendência marxista do SPD, que viria a se tornar mais tarde o Partido Comunista da Alemanha (KPD).
Em 1914, após o SPD apoiar a participação alemã na Primeira Guerra Mundial, Luxemburgo fundou, ao lado de Karl Liebknecht, a Liga Espartaquista. Em 1 de janeiro de 1919, a Liga transformou-se no KPD. Em novembro de 1918, durante a Revolução Espartaquista, fundou o jornal Die Rote Fahne (A Bandeira Vermelha), para dar suporte aos ideais da Liga.
Luxemburgo considerou o levantamento espartaquista de janeiro de 1919 em Berlim como um grande erro. Entretanto, ela apoiaria a insurreição que Liebknecht iniciou sem o seu conhecimento. Quando a revolta foi esmagada pelas Freikorps, milícias de direita composta por veteranos da Primeira Guerra que defendiam a República de Weimar, Luxemburgo, Liebknecht e centenas de seus adeptos foram presos, espancados e assassinados, sem direito a julgamento. Desde as suas mortes, Luxemburgo e Liebknecht atingiram o status de mártires, tanto para marxistas quanto para social-democratas.
  
 
 

(imagem daqui)
     
Epitáfio para Rosa Luxemburgo

Aqui jaz
Rosa Luxemburgo
Judia da Polónia
Vanguarda dos operários alemães
Morta por ordem
Dos opressores. Oprimidos
Enterrai as vossas desavenças! 
   
  
  
Bertold Brecht

Pier Paolo Pasolini nasceu há cento e dois anos...

     
Pier Paolo Pasolini (Bolonha, 5 de março de 1922 - Óstia, 2 de novembro de 1975) foi um cineasta, poeta e escritor italiano. Nos seus trabalhos, Pasolini demonstrou uma versatilidade cultural única e extraordinária, que serviu para transformá-lo numa figura controversa. Embora o seu trabalho continue a gerar polémica e controvérsia até hoje, enquanto Pasolini ainda era vivo, os seus trabalhos foram tidos como brilhantes obras de arte por muitos pensadores da cultura italiana.
O crítico literário dos Estados Unidos, Harold Bloom considera Pasolini o maior poeta europeu e a maior voz da poesia do século XX.
  
Biografia
Era filho de Carlo Alberto Pasolini, militar de carreira, e de Susanna Colussi, professora primária, natural de Casarsa della Delizia (Friul), ao norte da Itália. Teve um irmão, chamado Guidalberto Pasolini (1925 - 1945), que faleceu numa emboscada, lutando na Segunda Guerra Mundial. Em 1926, o pai de Pasolini foi preso por dívidas de jogo e a sua mãe mudou-se para a casa da família em Casarsa della Delizia, na região de Friuli.
  
Vida pessoal
Em 1939, Pasolini formou-se em Literatura na Universidade de Bologna. Era homossexual assumido e um artista solitário. Antes de ficar famoso como cineasta, Pasolini havia trabalhado também como professor, poeta e novelista. Entre os seus livros mais conhecidos, estão Meninos da Vida, Uma Vida Violenta e Petróleo (livro). De porte atlético e estatura média, Pasolini usava óculos com lentes muito grossas.
  
Adesão ao PCI
Em 26 de janeiro de 1947, Pasolini escreveu uma declaração polémica para a primeira página do jornal Libertà: "Na nossa opinião, pensamos que, atualmente, só o comunismo é capaz de fornecer uma nova cultura." A controvérsia foi parcialmente devido ao facto de ele ainda não ser um membro do Partido Comunista Italiano, PCI. Após a sua adesão ao PCI, participou em várias manifestações, e, em meados de 1949, participou no Congresso da Paz, em Paris. Observando as lutas dos trabalhadores e camponeses, e vendo os confrontos dos manifestantes com a polícia italiana, ele começou a criar o seu primeiro romance. No entanto, em outubro do mesmo ano, Pasolini foi acusado de corrupção de menores e atos obscenos em lugares públicos. Como resultado, foi expulso pela secção de Udine do Partido Comunista e perdeu o seu emprego de professor, que tinha obtido no ano anterior em Valvasone, ficando numa situação difícil.
Em janeiro de 1950, Pier Paolo Pasolini mudou-se para Roma, com a sua mãe.
  
Cinema
Realizou estudos para filmes sobre a Índia, a Palestina e sobre Oréstia, de Ésquilo, que pretendia filmar na África (Apontamento para uma Oréstia Africana). Os seus filmes são muito conhecidos por criticarem a estrutura do governo italiano (na época fortemente ligado à igreja católica), que promovia a alienação e hábitos conservadores na sociedade. Além disso, o seu cinema foi marcado por uma constante ligação com o arcaísmo prevalecente no homem moderno. Prova disso é a obra Teorema, em que um indivíduo entra na vida de uma família e a desestrutura por inteiro (cada membro da família representa uma instituição da sociedade).
Dirigiu os filmes da Trilogia da Vida, com conteúdo erótico e político: Il Decameron, I Raconti di Canterbury e Il fiore delle mille e una notte. Pasolini, num determinado momento da sua vida, renegou esses filmes, afirmando que eles foram apropriados erroneamente pela indústria cultural, que os classificava como pornográficos.
Essa trilogia foi filmada na Etiópia, Índia, Irão, Nepal e Iémen. Os filmes eram dobrados em italiano. Pelo conteúdo, pretensamente classificado como erótico, foi proibido nos Estados Unidos e só chegou a ser exibido já na década de 80. No Brasil, só foi exibido após a abertura política. Em Accattone, de 1961, Pasolini pôs em prática sua visão sobre a classe do proletariado na sociedade italiana da época. Gostava de trabalhar com atores amadores e do povo.
  
Morte
Pier Paolo Pasolini foi brutalmente assassinado em novembro de 1975. Ele tinha o rosto desfigurado e várias lesões no corpo. Foi encontrado no hidro-aeródromo de Ostia. Os motivos de seu assassinato continuam gerando polémica até hoje, sendo associados a um crime político ou um mero latrocínio. Um processo judicial concluiu que o cineasta foi assassinado por um prostituto, que teria como intuito assaltá-lo. Tal versão, porém, é muito duvidosa.
Existem estudos, filmes e programas de TV que põem em terra a versão acatada pela justiça italiana. No ano de 2005, Pino Pelosi declarou não ter sido ele o assassino de Pasolini, depois de ter cumprido pena como assassino confesso.

   


Supplica a mia madre

E' difficile dire con parole di figlio
ciò a cui nel cuore ben poco assomiglio.

Tu sei la sola al mondo che sa, del mio cuore,
ciò che è stato sempre, prima d'ogni altro amore.

Per questo devo dirti ciò ch'è orrendo conoscere:
è dentro la tua grazia che nasce la mia angoscia.

Sei insostituibile. Per questo è dannata
alla solitudine la vita che mi hai data.

E non voglio esser solo. Ho un'infinita fame
d'amore, dell'amore di corpi senza anima.

Perché l'anima è in te, sei tu, ma tu
sei mia madre e il tuo amore è la mia schiavitù:

ho passato l'infanzia schiavo di questo senso
alto, irrimediabile, di un impegno immenso.

Era l'unico modo per sentire la vita,
l'unica tinta, l'unica forma: ora è finita.

Sopravviviamo: ed è la confusione
di una vita rinata fuori dalla ragione.
 

Ti supplico, ah, ti supplico: non voler morire.
Sono qui, solo, con te, in un futuro aprile…
 
  
   
in
Poesia in forma di rosa (1964) - Pier Paolo Pasolini

Hugo Chávez morreu há onze anos

    
Hugo Chávez Frías (Sabaneta, 28 de julho de 1954  - Caracas, 5 de março de 2013) foi um político e militar venezuelano, tendo sido o 56.º presidente da Venezuela. Líder da Revolução Bolivariana, Chávez advogava a doutrina bolivarianista, promovendo o que denominava de socialismo do século XXI. Chávez foi também um crítico do neoliberalismo e da política externa dos Estados Unidos.
Oficial militar de carreira, Chávez fundou o Movimento Quinta República, da esquerda política, depois de liderar um golpe de estado mal-sucedido contra o governo de Carlos Andrés Pérez, em 1992.
Chávez foi eleito presidente em 1998, encerrando os quarenta anos de vigência do Pacto de Punto Fijo (assinado em 31 de outubro de 1958, entre os três maiores partidos venezuelanos) com uma campanha centrada no combate à pobreza. Reelegeu-se, vencendo as eleições de 2000 e 2006.
Com as suas políticas de inclusão social e apoio aos mais desfavorecidos obteve enorme popularidade no seu país. Durante a era Chávez, a pobreza entre os venezuelanos caiu de 49,4%, em 1999, para 27,8%, em 2010.
No plano político interno, Chávez fundiu os vários partidos de esquerda no PSUV. Fortaleceu os movimentos e as organizações populares, estabelecendo uma forte aliança com as classes mais pobres.
Nas várias eleições, realizadas ao longo de aproximadamente 15 anos, a oposição foi derrotada. Inconformados, os adversários de Chávez promoveram um golpe de Estado, no início de 2002, com apoio do governo dos Estados Unidos. Apesar de o governo norte-americano ter usado a sua influência para obter o reconhecimento imediato do novo governo, a comunidade internacional – inclusive o Brasil, então governado por Fernando Henrique Cardoso – condenou o golpe. Chávez acabou voltando ao poder três dias depois. No final do mesmo ano, mediante um referendo, a população foi chamada a opinar sobre a sua permanência na presidência. Chávez venceu o referendo sem dificuldade, ampliando assim a sua base política de apoio.
Inconformados, os lideres da oposição boicotaram as eleições parlamentares, no sentido de deslegitimar os eleitos e, assim, os futuros atos do Poder Legislativo. Essa manobra não teve o resultado esperado e acabou por dar a Chávez uma tranquila maioria no parlamento. Apesar de se ter afastado da vida parlamentar por decisão própria, a oposição passou, então, a acusar Chávez de monopolizar o poder - já que tinha de facto a maioria na Assembleia Nacional - e de nomear aliados para o Supremo Tribunal de Justiça. Além disso, a oposição também criticava o controle do Banco Central e da indústria petrolífera do país pela Presidência da República. Alguns também acusavam Chávez de perseguir adversários políticos e de pretender instaurar de uma ditadura do proletariado na Venezuela.
Já no plano externo, Chávez notabilizou-se por adotar uma retórica anti-imperialista, antiamericana e anticapitalista. Apoiou a autossuficiência económica, defendeu a integração latino-americana, a cooperação entre as nações pobres do mundo e protagonizou a criação da UNASUL, da ALBA, do Banco do Sul e da rede de televisão TeleSUR, além de dar apoio financeiro e logístico a países aliados. Segundo o governo Bush, Chávez era uma ameaça à estabilidade da América Latina. Observadores internacionais, como Jimmy Carter e a ONG Human Rights Watch, criticaram o "autoritarismo" do presidente venezuelano. Também foi criticado por adotar, após o malogrado golpe de 2002, "políticas que minaram os direitos humanos" no país.
Apesar de ser muito criticado pela imprensa, dentro e fora do seu país, e de adotar uma postura desafiante em relação aos Estados Unidos, muitos simpatizaram com sua ideologia, com as políticas sociais do seu governo e com sua política externa, voltada à integração latino-americana e às relações sul-sul, mediante incremento de trocas bilaterais e acordos de ajuda mútua.
Em 2005 e 2006, Chávez foi incluído, pela revista Time, entre as 100 pessoas mais influentes do mundo.
  
(...)
  
Em 5 de março de 2013, o vice-presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou a morte de Hugo Chávez, aos 58 anos, em Caracas, às 16.25 horas locais,por causa de um cancro na região pélvica e de uma infeção respiratória aguda. Algumas agências noticiosas, no entanto, especulam que o anúncio teria sido feito horas depois do falecimento de Chávez, que teria ocorrido em Havana, tendo o corpo sido transportado para Caracas em seguida. Por algum tempo, circulou a notícia de que o corpo de Chávez seria embalsamado, mas foi decidido posteriormente que tal procedimento não ocorreria, já que para isso o corpo teria de ser enviado à Rússia e permanecer por lá de 7 a 8 meses.
    

Estaline, o maior genocida do século XX, morreu finalmente há setenta e um anos

Estaline com o nazi Joachim von Ribbentrop no Kremlin, em 1939

   

Josef Vissarionovitch Stalin (Gori, 18 de dezembro de 1879 - Moscovo, 5 de março de 1953), nascido Iossif Vissarionovitch Djugashvili e conhecido como Estaline em língua portuguesa, foi o secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética e do seu Comité Central a partir de 1922 até à sua morte, em 1953, sendo assim o líder da União Soviética neste período.
Sob a liderança de Estaline, a União Soviética desempenhou um papel decisivo na derrota da Alemanha nazi na Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945) e passou a atingir o estatuto de superpotência, após rápida industrialização e melhoras nas condições sociais do povo soviético, durante esse período, o país também expandiu o seu território para um tamanho semelhante ao do antigo Império Russo.
Durante o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, em 1956, o sucessor de Estaline, Nikita Khrushchov, apresentou o seu discurso secreto, oficialmente chamado "Do culto à personalidade e suas consequências", a partir do qual se iniciou um processo de "desestalinização" da União Soviética. Ainda hoje existem diversas perspectivas ao redor de Estaline e do seu governo, alguns vendo-o como um ditador e tirano e outros como um líder habilidoso.
  
(...)
  
A Grande Purga
Em 1928 iniciou um programa de industrialização intensiva e de coletivização da agricultura soviética (plano quinquenal), impondo uma grande reorganização social e provocando a fome - genocídio na Ucrânia (Holodomor), em 1932 - 1933. Esta fome foi imposta ao povo ucraniano pelo regime soviético, tendo causado um mínimo de 4,5 milhões de mortes na Ucrânia, além de 3 milhões de vítimas noutras regiões da U.R.S.S. Nos anos 30 consolidou a sua posição através de uma política de modernização da indústria. Como arquiteto do sistema político soviético, criou uma poderosa estrutura militar e de policiamento. Mandou prender e deportar opositores, ao mesmo tempo que cultivava o culto da personalidade como arma ideológica.
A ação persecutória de Estaline, supõe-se, estendeu-se mesmo a território estrangeiro, uma vez que o assassinato de Leon Trótski, então exilado no México é-lhe creditado. Por mais providências que Trótski tomasse para proteger-se de agentes secretos, Ramón Mercader, membro do Partido dos Comunistas da Catalunha, foi para o México e conseguiu ganhar a confiança do dissidente, para executá-lo com um golpe de picareta. No momento do assassinato, Trótski escrevia uma biografia reveladora sobre Estaline. Esta seria uma das motivações para o crime, uma vez que o dirigente soviético desejava ocultar seu passado pré-revolucionário.
Desconfiando que as reformas económicas que implantara produziam descontentamento entre a população, Estaline dedicou-se, nos anos 30, a consolidar seu poder pessoal. Tratou de expulsar toda a oposição política. Se alguém lhe parecesse indesejável desse ponto de vista, ele se encarregava de desacreditá-lo perante a opinião pública.
Em 1934, Sergei Kirov, principal líder do Partido Comunista em Leningrado - e tido como sucessor presuntivo de Estaline - foi assassinado por um anónimo, Nikolaev, de forma até agora obscura; muitos consideram até hoje que Estaline não teria sido estranho a este assassinato. Seja como for, Estaline utilizou o assassinato como pretexto imediato para uma série de repressões que passaram para a história como a "Grande Purga". No dia 1 de dezembro de 2009 foi divulgado um diário de Nikolaev segundo ao qual se supôs que Nikolaev decidiu se vingar da sua demissão feita por Kirov do Instituto de História, e que o levou a ficar desempregado.
Estes deram-se no período entre 1934 e 1938 no qual Estaline concedeu tratamento duro a todos que lutassem contra o Estado soviético, ou mesmo supostos inimigos do Estado. Entre os alvos mais destacados dessa ação, estava o Exército Vermelho: parte de seus oficiais acima da patente de major foi presa, inclusive treze dos quinze generais-de-exército. Entre estes, Mikhail Tukhachevsky foi uma de suas mais famosas vítimas. Sofreu a acusação de ser agente do serviço secreto alemão. Com base em documentos entregues por Reinhard Heydrich, chefe do Serviço de Segurança das SS, Tukhachevsky foi executado, além de deportar muitos outros para a Sibéria. Com isso foi enfraquecido o comando militar soviético; ou seja, Estaline acreditou nas informações de Heydrich, e a sua atitude acabou debilitando a estrutura militar russa, que no entanto, conseguiu resistir ao ataque das tropas da Alemanha.
O principal instrumento de perseguição foi a NKVD. De acordo com Alan Bullock, o uso de espancamentos e tortura era comum, um facto francamente admitido por Khrushchev no seu famoso discurso posterior à morte de Estaline, onde ele citou uma circular de Estaline para os secretários regionais em 1939, confirmando que isto tinha sido autorizado pelo Comité Central em 1937.
  
Depurações
A condenação dos contra-revolucionários nos julgamentos de 1937-38 depois das depurações no Partido, exército e no aparelho estatal, tem raízes na história inicial do movimento revolucionário da Rússia.
Milhões de pessoas participaram no quê acreditavam ser uma batalha contra o czar e a burguesia. Ao ver que a vitória seria inevitável, muitas pessoas entraram para o partido. Entretanto nem todos haviam se tornado bolcheviques porque concordavam com o socialismo. A luta de classes era tal que muitas vezes não havia tempo nem possibilidades para pôr à prova os novos militantes. Até mesmo militantes de outros partidos inimigos dos bolcheviques foram aceites depois triunfo da revolução. Para uma parcela desses novos militantes foram dados cargos importantes no Partido, Estado e Forças Armadas, tudo dependendo da sua capacidade individual para conduzir a luta de classes.
Eram tempos muito difíceis para o jovem Estado soviético e a grande falta de comunistas, ou simplesmente de pessoas que soubessem ler, o Partido era obrigado a não fazer grandes exigências no que diz respeito à qualidade dos novos militantes. De todos estes problemas formou-se com o tempo uma contradição que dividiu o Partido em dois campos - de um lado os que queriam reduzir o socialismo para atuação de fortalecimento da URSS, ou seja, socialismo em um só país, por outro lado, aqueles que defendiam a ideia de que o socialismo deveria ser espalhado por todo o mundo e que a URSS não deveria se limitar a si própria. A origem destas últimas ideias vinha de Trótski, que foi caçado por Estaline após assumir o poder da URSS.
Trótski foi com o tempo obtendo apoio de alguns dos bolcheviques mais conhecidos. Esta oposição unida contra os ideais defendidas pelos marxistas-estalinistas, eram uma das alternativas na votação partidária sobre a política a seguir pelo Partido, realizada em 27 de dezembro de 1927. Antes desta votação foi realizada uma grande discussão durante vários anos e não houve dúvida quanto ao resultado. Dos 725.000 votos, a oposição só obteve 6.000 - ou seja, menos de 1% dos militantes do Partido apoiaram a oposição trotskista.
  
Deportações
Antes, durante e depois da Segunda Guerra, Estaline conduziu uma série de deportações em grande escala que acabaram por alterar o mapa étnico da União Soviética. Estima-se que entre 1941 e 1949 cerca de 3,3 milhões de pessoas foram deportadas para a Sibéria ou para repúblicas asiáticas. Separatismo, resistência/oposição ao governo soviético e colaboração com a invasão alemã eram alguns dos motivos oficiais para as deportações.
Durante o governo de Estaline os seguintes grupos étnicos foram completamente ou parcialmente deportados: ucranianos, polacos, coreanos, alemães, checos, lituanos, arménios, búlgaros, gregos, finlandeses, judeus entre outros. Os deportados eram transportados em condições espantosas, frequentemente em camiões de gado, milhares de deportados morriam no caminho. Aqueles que sobreviviam eram mandados a Campos de Trabalho Forçado.
Em fevereiro de 1956, no XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, Nikita Khrushchov condenou as deportações promovidas por Estaline, no seu relatório secreto. Nesse momento começa a chamada desestalinização, que, de chofre, engloba todos os partidos comunistas do mundo. Na verdade, esta desestalinização foi a afirmação de que Estaline cometeu excessos graças ao culto à personalidade que fora promovido ao longo de sua carreira política. Para vários autores anticomunistas, teria sido somente neste sentido que teria havido desestalinização, porquanto o movimento comunista na URSS deu prosseguimento à prática estalinista sem a figura de Estaline. De fato, a desestalinização não alterou em nada o caráter unipartidário do estado soviético e o poder incontestado exercido pelo Partido e pelos seus órgãos de repressão, mas significou também o fim da repressão policial em massa (a internação maciça de presos políticos em campos de concentração sendo abandonada, muito embora os campos continuassem como parte do sistema penal, principalmente para presos comuns), a suspensão de grande parte das sentenças estalinistas e o retorno e reintegração à vida quotidiana de grande massa de presos políticos e deportados. A repressão política, muito embora tenha continuado, não atingiu jamais, durante o restante da história soviética, os níveis de violência do estalinismo, principalmente porque foi abandonada a prática das purgas internas em massa no Partido.
As deportações acabaram por influenciar o surgimento de movimentos separatistas nos estados bálticos, no Tartaristão e na Chechénia, até os dias de hoje.
   
Número de vítimas
Após a extinção do regime comunista na União Soviética, historiadores passaram a estimar que, excluindo os que morreram por fome, entre 4-10 milhões de pessoas morreram sob o regime de Estaline. O escritor russo Vadim Erlikman, por exemplo, faz as seguintes estimativas:
Quantidade de pessoas Razão da morte
1,5 milhão Execução
5 milhões Gulags
1,7 milhão Deportados¹
1 milhão Países ocupados²
¹ Erlikman estima um total de 7,5 milhões de deportados
² Diz respeito aos mortos civis durante a ocupação russa

Este total estimado de 9 milhões, para alguns pesquisadores, deve ainda ser somado a 6-8 milhões dos mortos na fome soviética de 1932-1933, episódios também conhecidos como Holodomor. Existe controvérsia entre historiadores a respeito desta fome ter sido ou não provocada deliberadamente por Estaline para suprimir opositores de seu regime. Muitos argumentam que a fome ocorreu por questões circunstanciais não desejadas por Estaline ou que foi uma consequência acidental de uma tentativa de forçar a coletivização naquelas áreas afetadas pela fome. Todavia, também existem argumentos no sentido contrário, de que a fome foi sim provocada por Estaline. Para a última corrente, uma prova de que a fome foi provocada seria o facto de que a exportação de cereais da União Soviética para a Alemanha Nazi aumentou consideravelmente no ano de 1933, o que provaria que havia alimento disponível. Esta versão da história é retratada pelo documentário The Soviet Story.
Sendo assim, se o número de vítimas da fome for incluído, chega-se a um número mínimo de 10 milhões de mortes (mínimo de 4 milhões de mortos por fome e mínimo de 6 milhões de mortos pelas demais causas expostas). No entanto, Steven Rosefielde tem como mais provável o número de 20 milhões de mortos, Simon Sebag Montefiores sugere número um pouco acima de 20 milhões, no que é acompanhado por Dmitri Volkogonov (autor de Estaline: Triunfo e Tragédia), Alexander Nikolaevich Yakovlev, Stéphane Courtois e Norman Naimark. O pesquisador Robert Conquest recentemente reviu a sua estimativa original de 30 milhões de vítimas para cerca de 20 milhões, afirmando ainda ser muitíssimo pouco provável qualquer número abaixo de 15 milhões de vidas ceifadas pelo regime de Estaline.
 
(...)
  
Morte
Na manhã de 1 de março de 1953, depois de um jantar que durou a noite toda, e ter visto um filme, Estaline chegou à sua casa em Kuntsevo, a 15 km a oeste do centro de Moscovo, com o Ministro do Interior, Lavrentiy Beria, e os futuros ministros Georgy Malenkov, Nikolai Bulganin e Nikita Khrushchev, retirando-se para o quarto para dormir. À tarde, Estaline não saiu do quarto.
Embora os seus guardas estranhassem que não se levantasse à hora usual, tinham ordens estritas para não o perturbar e deixaram-no sozinho o dia inteiro. Cerca das 22.00 horas Peter Lozgachev, o comandante de Kuntsevo, entrou no quarto e viu Estaline caído de costas no chão, perto da cama, ainda com o pijama e ensopado em urina. Assustado, Lozgachev perguntou a Estaline o que aconteceu, mas só obteve respostas ininteligíveis. Lozgachev usou o telefone do quarto para chamar oficiais, dizendo-lhes que Estaline tinha tido um ataque e pedia que mandassem doutores para a residência de Kuntsevo imediatamente. Lavrentiy Beria foi informado e chegou algumas horas depois, mas os doutores só chegaram no início da manhã de 2 de março, mudando as roupas da cama e deitando-o. O acamado líder morreu quatro dias depois, a 5 de março de 1953. Estaline morreu de hemorragia cerebral (derrame), em circunstâncias ainda hoje pouco esclarecidas, com 74 anos de idade, sendo embalsamado a 9 de março. Avtorkhanov desenvolveu uma detalhada teoria, publicada inicialmente em 1976, apontando Beria como o principal suspeito de tê-lo envenenado. Todavia, outros historiadores ainda consideram que Estaline morreu de causas naturais.
     

sábado, março 02, 2024

Gorbatchov nasceu há 93 anos...


Mikhail Sergeevitch Gorbatchov ou Gorbachev (Stavropol, 2 de março de 1931Moscovo, 30 de agosto de 2022) foi um estadista e político russo. Oitavo e último líder da União Soviética, foi Secretário-Geral do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) de 1985 a 1991. Foi chefe de Estado do país de 1988 a 1991, na posição de Presidente do Presidium do Soviete Supremo de 1988 a 1989, Presidente do Soviete Supremo de 1989 a 1990 e Presidente da União Soviética de 1990 a 1991. Ideologicamente, a sua identificação inicial era com os ideais marxistas-leninistas, tendo, entretanto, no início da década de 90, se inclinado para a social democracia

De origens russas e ucranianas, Gorbatchov nasceu em Privolnoye, Krai de Stavropol numa família pobre, de camponeses. Nascido e criado durante o governo de Estaline, operava ceifeiras debulhadoras numa fazenda coletiva durante a sua juventude, antes de filiar-se no Partido Comunista, que, à época, governava a União Soviética sob um regime unipartidário de orientação marxista-leninista. Durante seus estudos na Universidade Estatal de Moscovo, casou-se com sua colega de faculdade Raíssa Titarenko em 1953, dois anos antes de graduar-se em direito. Ao mudar-se para Stavropol, trabalhou para a Komsomol, organização juvenil do PCUS e, após a morte de Estaline, tornou-se um forte apoiante das reformas desestalinizadoras do líder soviético Nikita Khrushchov. Foi nomeado Primeiro Secretário do Comité Regional de Stavropol do PCUS em 1970, posição na qual supervisionou a construção do Grande Canal de Stavropol. Em 1978, retornou a Moscovo para tornar-se Secretário do Comité Central do PCUS e, em 1979, entrou para o Politburo. Após os três anos que se seguiram desde a morte do líder soviético Leonid Brezhnev, após os breves governos de Yuri Andropov e Konstantin Chernenko, o Politburo elegeu Gorbatchov Secretário-Geral, tornando-o chefe de governo de facto, em 1985.

Apesar de seu compromisso de preservar o estado soviético e seus ideais socialistas, Gorbatchov acreditava que reformas políticas significativas eram necessárias, especialmente após o acidente nuclear de Chernobyl de 1986. Ordenou a retirada soviética da Guerra do Afeganistão e participou de diversos encontros com o presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan para limitar a proliferação de armas nucleares e acabar com a Guerra Fria. No que diz respeito à política interna, implementou a glasnost ("transparência"), política que aumentava as liberdades de expressão e imprensa, e a perestroika ("reestruturação"), política que objetivava descentralizar a tomada de decisões no âmbito econômico, com o propósito de aumentar a eficiência económica. As suas medidas democratizantes e a formação do Congresso dos Deputados do Povo enfraqueceram o sistema estatal unipartidário. Gorbatchov recusou-se a intervir militarmente nos vários países do Bloco do Leste que abandonaram as suas orientações marxistas-leninistas nos anos de 1989 e 1990. Um sentimento nacionalista crescente ameaçava o colapso da União Soviética, levando partidários marxistas-leninistas a tentarem um golpe de Estado contra o governo de Gorbatchov em agosto de 1991. Subsequentemente, houve a dissolução da União Soviética contra os desejos de Gorbatchov, levando-o a renunciar em dezembro. Após deixar o cargo, criou a Fundação Gorbatchov, tornou-se crítico dos governos dos presidentes russos Boris Yeltsin e Vladimir Putin, e fez campanha pelo movimento social-democrata russo.

Considerado uma das figuras mais importantes da segunda metade do século XX, Gorbatchov continua uma figura controversa. Galardoado com um grande número de prémios, incluindo o Prémio Nobel da Paz, foi amplamente elogiado por seu papel pelo fim da Guerra Fria, pela redução dos abusos de direitos humanos na União Soviética e por sua tolerância tanto à queda dos governos socialistas do leste europeu quanto à reunificação da Alemanha. Por outro lado, na Rússia, é constantemente escarnecido por não ter impedido o colapso soviético, evento que resultou em um declínio da influência russa no mundo e precedeu uma crise económica.

 

sexta-feira, março 01, 2024

Estaline teve (finalmente...) um AVC há 71 anos

    
Josef Vissarionovitch Stalin, Estaline em português, (Gori, 18 de dezembro de 1879 - Moscovo, 5 de março de 1953), nascido Iossif Vissarionovitch Djugashvili, foi secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética e do Comité Central desde 1922 até à sua morte, em 1953, sendo assim o líder da União Soviética neste período.
Sob a liderança de Estaline, a União Soviética desempenhou um papel decisivo na derrota da Alemanha nazi na Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945) e atingiu o estatuto de superpotência, após rápida industrialização e melhoras nas condições sociais do povo soviético, durante esse período, o país também expandiu seu território para um tamanho quase igual ao do antigo Império Russo.
Durante o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, em 1956, o sucessor de Estaline, Nikita Khrushchov, apresentou o seu Discurso Secreto, oficialmente chamado "Do culto à personalidade e suas consequências", a partir do qual iniciou-se um processo de "desestalinização" da União Soviética. Ainda hoje existem diversas perspetivas ao redor de Estaline e seu governo, alguns o vendo como ditador tirano e outros como líder habilidoso.
  
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Na manhã de 1 de março de 1953, depois de um jantar que durou a noite toda e ter visto um filme, Estaline chegou à sua casa em Kuntsevo, a 15 km a oeste do centro de Moscovo com o Ministro do Interior, Lavrentiy Beria, e os futuros líderes Georgy Malenkov, Nikolai Bulganin e Nikita Khrushchev, retirando-se para o quarto, para dormir. À tarde, Estaline não saiu do quarto.
Embora os seus guardas estranhassem que ele não se levantasse à hora usual, eles tinhas ordens estritas para não o perturbar e deixaram-no sozinho o dia inteiro. Cerca das 22.00 horas, Peter Lozgachev, o Comandante de Kuntsevo, entrou no quarto e viu Estaline caído de costas no chão, perto da cama, com o pijama e ensopado em urina. Um assustado Lozgachev perguntou a Estaline o que aconteceu, mas só obteve respostas ininteligíveis. Lozgachev usou o telefone do quarto enquanto chamava oficiais, dizendo-lhes que Estaline tinha tido um ataque e pedia que mandassem doutores para a residência de Kuntsevo imediatamente. Lavrentiy Beria foi informado e chegou algumas horas depois, mas os doutores só chegaram no início da manhã de 2 de março, mudando as roupas da cama e deitando-o. O acamado líder morreu quatro dias depois, em 5 de março de 1953, de hemorragia cerebral (derrame), em circunstâncias ainda hoje pouco esclarecidas, com 74 anos de idade, sendo embalsamado a 9 de março. Avtorkhanov desenvolveu uma detalhada teoria, publicada inicialmente em 1976, apontando Beria como o principal suspeito de tê-lo envenenado. Todavia, outros historiadores ainda consideram que Estaline morreu de causas naturais.
Nikita Khrushchov escreveu nas suas memórias que, imediatamente após a morte de Estaline, Lavrenty Beria teria começado a "vomitar o seu ódio (contra Estaline) e a zombar dele", e que quando Estaline demonstrou sinais de consciência, Beria teria se colocado de joelhos e beijado as mãos de Estaline. No entanto, assim que Estaline ficou novamente inconsciente, Beria imediatamente teria se levantado e cuspido com nojo.
Em 2003, um grupo de historiadores russos e americanos anunciaram a sua conclusão de que Estaline ingeriu varfarina, um poderoso veneno de rato que inibe a coagulação sanguínea e predispõe a vítima à hemorragia cerebral (derrame). Como a varfarina é insípida ela provavelmente teria sido o veneno utilizado. No entanto, os factos exatos envolvendo a morte de Estaline provavelmente nunca serão conhecidos.
O período imediatamente anterior ao seu falecimento, nos meses de fevereiro-março de 1953, foi marcado por uma atividade febril de Estaline nos preparativos de uma nova onda de perseguições e campanhas repressivas, exceção até para os padrões da era estalinista. Tratava-se do conhecido complô dos médicos: em 3 de janeiro de 1953, foi anunciado que nove catedráticos de medicina, quase todos judeus e que tratavam dos membros da liderança soviética, tinham sido "desmascarados" como agentes da espionagem americana e britânica, membros de uma organização judaica internacional, e assassinos de importantes líderes soviéticos.
Tratava-se da preparação de um novo julgamento-espetáculo, desta vez com claros traços de anti-semitismo, que certamente levaria a um pogrom nacional, e que implicaria, segundo Isaac Deutscher, na auto-destruição das próprias raízes ideológicas do regime, razão pela qual a morte de Estaline pareceu a muitos ter sido provocada pelos seus seguidores imediatos, claramente alarmados diante da iminente fascistização promovida por Estaline. O facto de que Beria estivesse alheio à preparação deste novo expurgo fez com que ele fosse apresentado como possível autor intelectual do suposto assassinato de Estaline; o facto é, no entanto, que Estaline era idoso e que sua saúde, desde o final da Segunda Guerra Mundial, era precária; aqueles que tiveram contacto pessoal com ele nos seus últimos anos lembram-se do contraste entre a sua imagem pública de ente semi-divino e sua aparência real, devastada pela idade. Simon Sebag Montefiore considera que, apesar de Estaline haver recebido assistência atrasada para o derrame que o vitimaria, a tecnologia médica da época nada poderia fazer por ele, em termos terapêuticos.
  

quarta-feira, fevereiro 21, 2024

O Manifesto Comunista foi publicado há 176 anos

    
O Manifesto Comunista (Das Kommunistische Manifest), originalmente denominado Manifesto do Partido Comunista (em alemão: Manifest der Kommunistischen Partei), publicado pela primeira vez em 21 de fevereiro de 1848, é historicamente um dos tratados políticos de maior influência mundial. Comissionado pela Liga dos Comunistas e escrito pelos teóricos fundadores do socialismo científico, Karl Marx e Friedrich Engels, expressa o programa e propósitos da Liga.
O Manifesto Comunista foi escrito no meio do grande processo de lutas urbanas das Revoluções de 1848, chamadas também de Primavera dos Povos, um processo revolucionário de quase um ano que atingiu os principais países Europeus e é uma análise da Revolução Industrial contemporânea a ela. Duas das suas maiores reivindicações foram reformas sociais, onde se conquista a diminuição da jornada diária de trabalho de doze para dez horas e o voto universal, embora apenas para os homens.
      

O golpe de estado comunista que acabou com a Democracia na Checoslováquia foi há 76 anos...

    
O Golpe de Estado da Checoslováquia de 1948, muitas vezes, simplesmente Golpe Checo ou Golpe de Praga (em checo: Únor 1948, em eslovaco: Február 1948, ambas significando "Fevereiro de 1948"; na historiografia comunista conhecido como "Fevereiro Vitorioso", em checo: Vítězný únor, em eslovaco: Víťazný február), foi um evento em que o Partido Comunista da Checoslováquia (KSČ), com o apoio soviético, assumiu o controle incontestável do governo da Checoslováquia, inaugurando mais de quatro décadas de ditadura sob seu comando.

 

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A crise começou a 21 de fevereiro de 1948, quando o Ministro do Interior escolheu oito novos Comissários em Praga, todos comunistas, o que demonstrava o controle do partido comunista sobre o governo da Checoslováquia e, em especial, sobre as forças de segurança do Estado. Isso provocou protestos, seguidos pela renúncia dos ministros democratas. Os renunciantes pensavam que assim provocariam uma crise política, levando a eleições gerais antecipadas, quando então derrotariam o Partido Comunista.
No entanto, havia uma atmosfera de tensão crescente e enormes manifestações lideradas pelos comunistas ocorrendo em todo o país, enquanto o presidente Edvard Benes procurava manter-se neutro, temendo que o fomento do KSČ causasse uma insurreição que, por fim, desse ao Exército Vermelho um pretexto para invadir o país e restaurar a ordem.
No entanto, os membros que se demitiram foram substituídos por membros do Partido Comunista, e, com o apoio de Estaline, o líder comunista da Checoslováquia, Klement Gottwald, marcou uma greve geral para 24 de fevereiro, criando assim uma série de comités de ação, apoiadas pelas milícias dos trabalhadores, que impediram qualquer resistência por parte das forças democráticas.
Enquanto isso, os ministros comunistas se mobilizavam. Para ajudá-los, o embaixador soviético, Valerian Zorin, chegou a Praga para organizar um golpe. Milícias armadas tomaram Praga; manifestações comunistas foram montadas, um manifestação estudantil anticomunista foi interrompida. Os ministérios comandados por não comunistas foram ocupados; funcionários eram demitidos, e os ministros impedidos de entrar em seus próprios gabinetes. O exército ficou confinado aos quartéis e não interferiu.
Num discurso perante 100.000 simpatizantes, o líder Gottwald ameaçou com uma greve geral, a não ser que o presidente Benes concordasse em formar um novo governo dominado pelos comunistas. O embaixador soviético ofereceu os serviços do Exército Vermelho, cujas tropas estavam preparadas  nas fronteiras do país. Mas Gottwald recusou a oferta, acreditando que a ameaça de violência, combinada com uma forte pressão política, seria o suficiente para forçar Benes a ceder. Após o golpe, Gottwald diria: "[Benes] sabe o que é a força, e isso o levará a avaliar essa [situação] de forma realista".
Em 25 de fevereiro de 1948, após duas semanas de intensa pressão da União Soviética o Presidente da República da Checoslováquia, Edvard Benes, cedeu todo o poder a Klement Gottwald e a Rudolf Slánský, aceitando a renúncia dos ministros não comunistas e nomeando um novo governo, sob a liderança de Gottwald e dominado por comunistas e social-democratas pró-Moscovo. O único ministério controlado por um não comunista era o das Relações Exteriores, que foi entregue a Jan Masaryk - encontrado morto duas semanas depois. Após o golpe, os comunistas moveram-se rapidamente para consolidar o seu poder: milhares de não simpatizantes foram demitidos, centenas foram presos e milhares de pessoas fugiram do país.
Nas eleições de 30 de maio, os eleitores foram presenteados com uma única lista - a da Frente Nacional - e que oficialmente obteve 89,2% dos votos. Na lista da Frente Nacional, os comunistas e os social-democratas (que logo se fundiram) tinham maioria absoluta. Mas praticamente todos os partidos não comunistas que haviam participado da eleição de 1946 também ficaram representados na lista da Frente Nacional e, assim, receberam alguns assentos parlamentares. No entanto, àquela altura, todos se haviam convertido em fiéis parceiros dos comunistas. A Frente Nacional foi transformada numa ampla organização patriótica dominada pelos comunistas, e a nenhum outro grupo político foi permitido existir. Consumido por estes eventos, Benes renunciou em 2 de junho e foi sucedido por Gottwald, 12 dias depois, falecendo em setembro do mesmo ano.
  

Impacto 
A Checoslováquia permaneceu como uma ditadura comunista até à Revolução de Veludo de 1989. O golpe tornou-se sinónimo da Guerra Fria. A perda da última democracia remanescente na Europa do Leste causou um choque profundo no Ocidente. Pela segunda vez em uma década, via-se a independência e a democracia da Checoslováquia serem apagadas por uma ditadura totalitária. A URSS parecia ter concluído a formação de um bloco monolítico soviético e concluído a divisão da Europa.
O impacto foi igualmente profundo, tanto na Europa Ocidental como nos Estados Unidos, e ajudou a unificar os países ocidentais contra o bloco comunista. Deu também um ar de presciência aos governos francês e italiano, que, no ano anterior, haviam forçado a saída dos partidos comunistas dos seus governos.
O golpe checo constituiu uma rutura definitiva nas relações entre as duas superpotências, com o Ocidente agora sinalizando a sua determinação de se comprometer numa de auto-defesa coletiva.
No Ocidente, o golpe de Praga teve um grande impacto porque a Checoslováquia era, geográfica, histórica e politicamente o país mais ocidental da Europa Central e Oriental.