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quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Divulgação científica - o contributo de uma minha ex-aluna da Universidade de Aveiro (UA)

Em prol da alfabetização científica
Estudante de Biologia da UA dá contributo para levar ciência a todos os públicos


Vera Ferreira, 23 anos, é aluna da Universidade de Aveiro e está a realizar um estágio profissionalizante (4º ano opcional da licenciatura em Biologia) na área da comunicação de ciência, no Parque de Las Ciencias, em Granada. O gosto por comunicar ciência levou-a a querer saber mais sobre a iniciativa «Jovem Jornalista de Ciência», promovida pelo «Ciência Hoje» mas o contacto com este jornal online português de ciência resultou num compromisso mais sério: a colaboração regular numa secção criada à sua medida.


@ua_online - Como surgiu o convite para ser colaboradora do Ciência Hoje?
Vera Ferreira (VF) - Após ter pedido informações sobre a nova iniciativa Jovem «Jornalista» de Ciência, promovida pelo jornal. A iniciativa não se adequava à minha faixa etária mas foi-me proposto pelo director do jornal, Jorge Massada, que escrevesse um pequeno artigo sobre a minha experiência no mundo da comunicação de ciência. O convite foi uma surpresa, ainda mais pelo facto de o director ter visto nesta participação a oportunidade de criar uma secção no jornal dedicada a colaboradores externos.

@ua_online - O que a levou a aceitar o desafio?
VF - Do meu ponto de vista, o Ciência Hoje desempenha um papel muito importante na divulgação da actividade científica desenvolvida em Portugal e no estrangeiro. Para alguém que está a começar a trilhar os caminhos da divulgação científica, a oportunidade que me foi dada não poderia ser recusada.

@ua_online - Que reflexo espera venha a ter esta colaboração?
VF - Espero vir a aumentar a minha (ainda pouca) experiência na área com o apoio de uma equipa qualificada, desenvolver não só as minhas capacidades comunicativas mas também contribuir para a alfabetização científica, levando a ciência a todos os públicos.


Biologia: uma formação atractiva

@ua_online - Quais os motivos que a levaram a estudar Biologia na Universidade de Aveiro?
VF - Foi a minha primeira opção. Dentro do conjunto de universidades que oferecem o curso de Biologia, o programa da UA era o mais atractivo, por ser muito diverso e com forte ligação à investigação. A disciplina de Pesquisa (3º ano) e o Estágio (4º ano opcional) proporcionam uma integração no mundo da investigação e até funcionam, de uma forma transitória e acompanhada, como uma via para o mercado de trabalho; uma mais valia do curso, sem dúvida!

@ua_online - O curso e a UA corresponderam às suas expectativas?
VF - O Departamento de Biologia é bastante acessível. Os professores são muito cooperantes e interessados no bom desempenho dos seus alunos. Os laboratórios de aulas proporcionam todas as condições para uma boa aprendizagem, com todas as condições e equipamentos necessários. A Biologia é um campo muito amplo e o curso faz um apanhado de todas as áreas. O facto de termos muitas cadeiras de opção permite que os alunos delineiem o seu próprio percurso consoante as suas preferências.
A UA é uma universidade jovem, moderna, com um ambiente informal e com um grande espírito académico. Bastante informatizada e com elevadas preocupações em termos de acessibilidade. Não poderia estar mais satisfeita com as condições que nos são dadas.

@ua_online - Que competências adquiriu ao longo do curso e que adequabilidade entende terem para o bom desempenho da sua profissão?
VF - A apresentação de trabalhos é uma parte importante da avaliação das disciplinas e há uma grande preocupação por parte dos professores do Departamento em desenvolver as capacidades de comunicação dos seu alunos. Somos constantemente solicitados a expor oralmente trabalhos de investigação/pesquisa, o que fez com que a minha capacidade de comunicação oral e o à vontade com a assistência se desenvolvessem.
Depois, a licenciatura em Biologia conjuga outras áreas como a química e a física, competências que agora me permitem colaborar em projectos multidisciplinares.

@ua_online - É uma formação que o mercado de trabalho precisa/procura?
VF - Há cada vez mais cientistas a fazerem parte de equipas multidisciplinares de comunicação ou consultadoria. É importante que não só pedagogos ou comunicadores sociais façam parte destes grupos, mas que haja uma colaboração próxima com os investigadores para que se mantenha uma das características principais da ciência: o rigor.
Portugal está no bom caminho para a promoção da cultura científica pois o programa Ciência Viva tem-na fomentado de forma correcta. E a procura deste tipo de equipas vem dos mais diversos tipos de instituições: universidades, centros de ócio e museus de educação informal de ciência, câmaras municipais...


Estágio no Parque de las Ciencias

@ua_online - O que a levou ao exercício da sua actual actividade no Parque de las Ciencias
VF - Tudo aconteceu porque, no ano lectivo passado (2009-2010), estava apenas a fazer a Pesquisa do 3º ano da licenciatura (24 ECTS) e, por isso, pude preencher os restantes créditos com disciplinas de mestrado. Fiz, então, a disciplina de Exposição, Divulgação e Comunicação em Biociências.
Este ano lectivo decidi fazer o estágio profissionalizante (4º ano opcional) na área da comunicação de ciência. Queria dar os primeiros passos nesta área mas desconhecia a existência do Parque. A escolha do local para a realização do estágio foi da responsabilidade ao meu actual orientador da UA, Prof. Paulo Trincão, que já conhecia de perto o trabalho que o Parque desenvolve.
O Parque de las Ciencias oferece um conjunto de actividades educativas a escolas e professores contribuindo para o ensino não-formal da ciência através de ateliês, formação, guias e cadernos didácticos. Em Novembro do ano passado fui integrar o Departamento de Educação e Actividades. O meu compromisso era o de conhecer os espaços museológicos e aprender o máximo sobre as actividades desenvolvidas no Departamento para que, numa segunda fase, possa desenvolver o meu próprio projecto.

@ua_online - Como pode descrever exactamente o seu trabalho e o seu dia a dia
VF - O meu estágio está dividido em duas fases: na primeira tomei conhecimento da estrutura interna do Parque e das actividades que se promovem dentro e fora do museu. Neste momento, na segunda fase, o dia-a-dia é passado entre dois trabalhos paralelos: a participação activa na construção, desenvolvimento e acompanhamento de actividades educativas e o desenvolvimento do meu próprio projecto de estágio. Sempre que há oportunidade é-me dada a possibilidade de assistir aos ateliers educativos, às conferências ou outra actividade que seja promovida no/pelo Parque.

@ua_online - Como está a decorrer a experiência em Granada. As relações profissionais e hábitos diários são muito diferentes?
VF - Em relação à rotina diária há duas diferenças bastante grandes, uma das quais requereu (e ainda requer) grande esforço adaptativo: a hora de almoço começa às três da tarde! A cultura desportiva dos granadinos é muito marcante pois não se acomodam só com as inúmeras actividades culturais que a cidade oferece, mas também passam, muito tempo a passear e a fazer desporto.
As relações profissionais são muito pouco burocratas e muito agradáveis. Todos os colegas do Departamento de Educação (na maioria professores) contribuíram para a minha rápida integração. Não me foram impostas quaisquer restrições na utilização das ferramentas que o museu possui e a interacção com outros departamentos (Comunicação, Infografia, etc.) é muito acessível. Pela semelhança com a nossa, também a língua não se revelou uma dificuldade: basta conhecer as palavras que são efectivamente diferentes.

@ua_online - Regressar a Portugal continua nos seus planos? Quando?
VF - Voltarei ainda antes do final do ano lectivo para terminar a parte escrita do projecto de estágio, sendo que ainda não está definido o local da sua apresentação. Regressar definitivamente é uma incerteza. Em grande parte dependerá do local onde venha a realizar a tese de mestrado, algo que também não está definido. 


NOTA:  já tinhamos aqui falado desta experiência da Vera - ler AQUI.

quarta-feira, janeiro 26, 2011

Divulgação científica - notícia no CiênciaHoje

Comunicar ciência… de Aveiro a Granada
O Parque de las Ciencias - Andaluzia é um museu interactivo com mais de 70 000 metros quadrados
por Vera Ferreira*

Vera Ferreira, licenciada em Biologia pela Universidade de Aveiro

Sempre gostei de comunicar, mas quando segui pelo caminho das ciências pensei que esse lado ficasse para sempre excluído. Sábia a voz que diz que quando terminamos um curso não significa necessariamente que sigamos esse rumo.

Com a licenciatura em Biologia pela Universidade de Aveiro (UA) quase terminada, tive a oportunidade de fazer algumas disciplinas de mestrado em Biologia Aplicada, também na UA. Embora a área escolhida tenha sido Ecologia, a disciplina de Exposição, Divulgação e Comunicação em Biociências, obrigatória para todos os ramos do mestrado, veio reavivar o desejo de comunicar e ainda melhor: comunicar ciência.

Pela mesma altura decorriam as inscrições para os programas de mobilidade. A última etapa da minha licenciatura é um estágio profissionalizante opcional numa entidade exterior à universidade e nada mais adequado que o sub-programa Erasmus Estágio. A escolha do Parque de las Ciencias, em Granada, Espanha, foi imediata. Não por mim, que nada entendia destas andanças, mas pelo meu orientador, o professor da tal disciplina.

O Parque de las Ciencias oferece um conjunto de actividades educativas a escolas e professores contribuindo para o ensino não-formal da ciência através de ateliês, formação, guias e cadernos didácticos. Foi exactamente no Departamento de Educação e Actividades que fui integrada em Novembro do ano passado para iniciar o meu estágio. O meu compromisso era o de conhecer os espaços museológicos e aprender o máximo sobre as actividades desenvolvidas no Departamento para que numa segunda fase pudesse desenvolver o meu próprio projecto.

A adaptação ao local de trabalho foi rápida. No Parque ninguém se aborrece pois há sempre numerosas coisas a decorrer nas quais podemos participar. A língua não foi entrave mas outros aspectos culturais foram de difícil adaptação, como sair para hora de almoço às três da tarde! Granada não é uma cidade de grandes dimensões. Para quem estudou numa cidade como Aveiro, a transição é simples mas nem pensem em passear pelo centro num feriado. O fluxo de turistas é incrivelmente grande, não fosse a Alhambra, ex-libris citadino, Património da Humanidade.

Passados os primeiros meses começa-se a sentir falta da calçada portuguesa ou de ouvir música e assistir a televisão noutro idioma que não seja o castelhano, mas ao mesmo tempo começamos a admirar a cultura desportiva que leva os granadinos todos os dias aos parques da cidade ou ao fim-de-semana até à Serra Nevada para passear. Ouvir flamenco nas discotecas e na rua é comum e é com grande facilidade que somos atropelados pelas centenas de carrinhos de bebés que existem na cidade espanhola onde se regista um verdadeiro baby boom.

Alhambra a partir de Generalife

Agora, já integrada no desafio que é comunicar ciência tenho que o pôr em prática sem nunca esquecer o meu percurso académico que me faz pensar segundo o método científico. Conseguirá um cientista ser um comunicador de ciência?

O objectivo agora é procurar falhas no percurso ciência-sociedade e dar o meu contributo para que os conteúdos científicos principalmente a investigação actual cheguem facilmente ao grande público. Parece mais simples do que é na realidade. A probabilidade de mutação das “certezas” de um projecto de investigação, em comparação com teorias e conceitos já estabelecidos, é muito maior e os fins que consolidam os resultados finais são muitas vezes longínquos dos objectivos iniciais.

Parque das Ciências
O Parque de las Ciencias - Andaluzia, em Granada, é um museu interactivo com mais de 70 000 metros quadrados de espaços dedicados ao ócio cultural e científico, situado a poucos minutos do centro histórico da cidade. Construído em cinco fases, conjuga pavilhões temáticos com zonas ao ar livre onde a ciência se funde com os espaços verdes. Criado em 1995, foi o primeiro museu interactivo dedicado à ciência nesta região espanhola.

* Licenciatura em Biologia, Universidade de Aveiro, nova colaboradora Ciência Hoje


NOTA: a Vera Ferreira, minha ex-aluna e irmã de uma actual aluna, está de parabéns! De recordar que ela já apareceu aqui no Blog neste post e neste também...