Mostrar mensagens com a etiqueta Verão. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Verão. Mostrar todas as mensagens

sábado, setembro 23, 2023

Poesia para celebrar o aproximar do final do verão...

 

(imagem daqui)

 

VERÃO


Encho as mãos com a terra
por onde passaste.
Guardo nela os teus passos.
O rumor do mar
e do verão que levavas nos pés
como um barco. 


in Cântico sobre uma gota de água (2021) - Eduardo Bettencourt Pinto

sexta-feira, julho 28, 2023

Vivaldi morreu há duzentos e oitenta e dois anos


 

Antonio Lucio Vivaldi (Veneza, 4 de março de 1678 - Viena, 28 de julho de 1741) foi um grande compositor e músico italiano do estilo barroco tardio. Tinha a alcunha de il prete rosso ("o padre ruivo") por ser um sacerdote católico de cabelos ruivos. Compôs 770 obras, entre as quais 477 concertos e 46 óperas. É sobretudo reconhecido popularmente como o autor da série de concertos para violino e orquestra Le quattro stagioni ("As Quatro Estações").
    

 


quarta-feira, junho 21, 2023

Chegou o verão...!

Solstício de verão no Hemisfério Norte
   
Na astronomia, solstício (do latim sol + sistere, que não se mexe) é o momento em que o Sol, durante seu movimento aparente na esfera celeste, atinge a maior declinação em latitude, medida a partir da linha do equador. Os solstícios ocorrem duas vezes por ano: em dezembro e em junho. O dia e hora exatos variam de um ano para outro. Quando ocorre no verão significa que a duração do dia é a mais longa do ano. Analogamente, quando ocorre no inverno, significa que a duração da noite é a mais longa do ano.
No hemisfério norte o solstício de verão ocorre por volta do dia 21 de junho e o solstício de inverno por volta do dia 21 de dezembro. Estas datas marcam o início das respetivas estações do ano neste hemisfério. Já no hemisfério sul, o fenómeno é inverso: o solstício de verão ocorre em dezembro e o solstício de inverno ocorre em junho. Os momentos exatos dos solstícios, que também marcam as mudanças de estação, são obtidos por cálculos de astronomia (este ano é no dia 21 de junho, às 10.14 horas).
Devido à órbita elíptica da Terra, as datas nas quais ocorrem os solstícios não dividem o ano em um número igual de dias. Isto ocorre porque quando a Terra está mais próxima do Sol viaja mais rapidamente do que quando está mais longe, em conformidade com a segunda lei de Kepler.
Os trópicos de Câncer e Capricórnio são definidos em função dos solstícios. No solstício de verão do hemisfério sul, os raios solares incidem perpendicularmente à superfície da Terra no Trópico de Capricórnio. No solstício de verão do hemisfério norte, ocorre o mesmo fenómeno no Trópico de Câncer.
   

 


   


 As amoras
   
O meu país sabe as amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.

   
  
Eugénio de Andrade

sábado, março 04, 2023

Vivaldi nasceu há 345 anos...

   
Antonio Lucio Vivaldi (Veneza, 4 de março de 1678 - Viena, 28 de julho de 1741) foi um grande compositor e músico italiano do estilo barroco tardio. Tinha a alcunha de il prete rosso ("o padre ruivo") por ser um sacerdote católico de cabelos ruivos. Compôs 770 obras, entre as quais 477 concertos e 46 óperas. É sobretudo reconhecido popularmente como o autor da série de concertos para violino e orquestra Le quattro stagioni ("As Quatro Estações").
Filho de Camilla Calicchio e Giovanni Battista Vivaldi, era o mais velho de sete irmãos. O seu pai, um barbeiro, mas também um talentoso violinista (alguns chegam a considerá-lo como um virtuoso), ajudou-o a iniciar uma carreira no mundo da música, matriculando-o ainda pequeno, na Capela Ducal de São Marcos para aperfeiçoar os seus conhecimentos musicais e foi responsável pela sua admissão na orquestra da Basílica de São Marcos, onde se tornou o maior violinista do seu tempo. Em 1703, Vivaldi tornou-se padre. Em 1704, foi-lhe dada dispensa da celebração da Santa Eucaristia devido à sua saúde frágil (aparentemente sofreria de asma), tendo-se voltado para o ensino de violino num orfanato de raparigas chamado Ospedale della Pietà em Veneza. Pouco tempo após a sua iniciação nestas novas funções, as crianças ganharam-lhe apreço e estima; Vivaldi compôs para elas a maioria dos seus concertos, cantatas e músicas sagradas. Em 1705 a primeira coleção (raccolta) dos seus trabalhos foi publicada. Muitos outros se lhe seguiram. No orfanato, desempenhou diversos cargos interrompidos apenas pelas suas muitas viagens. Em 1712 compôs o "Estro armonico", uma coleção de 12 concertos que repercutiu em toda a Europa e mais tarde teve seis obras transcritas por Bach, em 1713, tornou-se responsável pelas atividades musicais da instituição. Em paralelo com as suas atividades sacras, Vivaldi obteve permissão para apresentar no teatro de Santo Ângelo as suas primeiras óperas e alguns concertos: "Outtone in villa" e "Orlando Furioso" e entre outros concertos, "La Stravaganza". Em 1723 publicou o Opus 8, que contém "As Quatro Estações", a sua obra mais conhecida.
Apesar do seu estatuto de sacerdote teve vários casos amorosos, um dos quais com uma de suas alunas, a cantora Anna Giraud, com quem Vivaldi era suspeito de manter uma menos clara atividade comercial nas velhas óperas venezianas, adaptando-as apenas ligeiramente às capacidades vocais da sua amante. Este negócio causou-lhe alguns dissabores com outros músicos, como Benedetto Marcello, que terá escrito um panfleto contra ele.
Vivaldi, tal como muitos outros compositores da época, terminou a sua vida em pobreza. As suas composições já não suscitavam a alta estima que uma vez tiveram em Veneza; gostos musicais em mudança rapidamente o colocaram fora de moda, e Vivaldi terá decidido vender um avultado número dos seus manuscritos a preços irrisórios, por forma a financiar uma migração para Viena. As razões da partida de Vivaldi para essa cidade não são claras, mas parece provável que terá querido conhecer Carlos VI, que adorava as suas composições (Vivaldi dedicou La Cetra a Carlos em 1727), e assumiu a posição de compositor real na Corte Imperial. Contudo, pouco depois da sua chegada a Viena, Carlos VI viria a morrer. Este trágico golpe de azar deixou o compositor desprovido da proteção real e de fonte de rendimentos. Vivaldi teve que vender mais manuscritos para sobreviver. Faleceu pouco tempo depois, no dia 28 de julho de 1741. Encontra-se sepultado na Universidade Tecnológica de Viena, Viena na Áustria. Foi-lhe dada sepultura anónima de pobre (a missa de Requiem na qual o jovem Joseph Haydn terá cantado, no coro). Igualmente desafortunada, a sua música viria a cair na obscuridade até ao início do século XX.
     

 


quinta-feira, julho 28, 2022

Vivaldi morreu há duzentos e oitenta e um anos

    
Antonio Lucio Vivaldi (Veneza, 4 de março de 1678 - Viena, 28 de julho de 1741) foi um grande compositor e músico italiano do estilo barroco tardio. Tinha a alcunha de il prete rosso ("o padre ruivo") por ser um sacerdote católico de cabelos ruivos. Compôs 770 obras, entre as quais 477 concertos e 46 óperas. É sobretudo reconhecido popularmente como o autor da série de concertos para violino e orquestra Le quattro stagioni ("As Quatro Estações").
    

 


sexta-feira, julho 01, 2022

terça-feira, junho 21, 2022

Poema para celebrar a chegada do verão...


   


 As amoras
   
O meu país sabe as amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.

   
  
Eugénio de Andrade

Chegou o verão...!

Solstício de verão no Hemisfério Norte
   
Na astronomia, solstício (do latim sol + sistere, que não se mexe) é o momento em que o Sol, durante seu movimento aparente na esfera celeste, atinge a maior declinação em latitude, medida a partir da linha do equador. Os solstícios ocorrem duas vezes por ano: em dezembro e em junho. O dia e hora exatos variam de um ano para outro. Quando ocorre no verão significa que a duração do dia é a mais longa do ano. Analogamente, quando ocorre no inverno, significa que a duração da noite é a mais longa do ano.
No hemisfério norte o solstício de verão ocorre por volta do dia 21 de junho e o solstício de inverno por volta do dia 21 de dezembro. Estas datas marcam o início das respetivas estações do ano neste hemisfério. Já no hemisfério sul, o fenómeno é inverso: o solstício de verão ocorre em dezembro e o solstício de inverno ocorre em junho. Os momentos exatos dos solstícios, que também marcam as mudanças de estação, são obtidos por cálculos de astronomia (este ano é no dia 21 de junho, às 10.14 horas).
Devido à órbita elíptica da Terra, as datas nas quais ocorrem os solstícios não dividem o ano em um número igual de dias. Isto ocorre porque quando a Terra está mais próxima do Sol viaja mais rapidamente do que quando está mais longe, em conformidade com a segunda lei de Kepler.
Os trópicos de Câncer e Capricórnio são definidos em função dos solstícios. No solstício de verão do hemisfério sul, os raios solares incidem perpendicularmente à superfície da Terra no Trópico de Capricórnio. No solstício de verão do hemisfério norte, ocorre o mesmo fenómeno no Trópico de Câncer.
   

quarta-feira, julho 28, 2021

Vivaldi morreu há duzentos e oitenta anos...

    
Antonio Lucio Vivaldi (Veneza, 4 de março de 1678 - Viena, 28 de julho de 1741) foi um grande compositor e músico italiano do estilo barroco tardio. Tinha a alcunha de il prete rosso ("o padre ruivo") por ser um sacerdote católico de cabelos ruivos. Compôs 770 obras, entre as quais 477 concertos e 46 óperas. É sobretudo reconhecido popularmente como o autor da série de concertos para violino e orquestra Le quattro stagioni ("As Quatro Estações").
    

 


Hoje é dia de ouvir Vivaldi...!

segunda-feira, junho 21, 2021

Poesia para celebrar a chegada do verão...!


   


 As amoras
   
O meu país sabe as amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.

   
  
Eugénio de Andrade

 

(imagem daqui)


Poema da sombra mínima
  
  
De um mesmo corpo o Sol projecta sombras
de diferentes tamanhos e contornos.
  
  
Quando atinge o seu zénite, o mais alto,
aquele seu mais alto que é possível,
quase não tenho sombra,
quase a busco,
quase não a descubro de acanhada.
  
  
Glória ao Sol na alturas!
  
  
Ó alegria da sombra mínima!
Eu canto, eu rio, eu sonho, eu estendo os braços,
eu com os dedos afago.
Falam-me as pedras, sorriem-me as paredes
e à beira dos meus passos se desenham
os novelos de luz, os véus, as plumas,
aqueles rolos breves e translúcidos
com que sobem ao céu, nas telas quinhentistas,
os bem-aventurados.
  
  
Ó alegria da sombra mínima!
  
  
Já não me cansa o que lá vai no tempo.
Já não me cansa o que há-de vir depois.
A sombra existe sempre
mas quando o Sol me banha do seu alto,
ó alegria das alegrias!,
eu canto, eu rio, eu sonho,eu estendo os braços,
eu com os dedos afago.
  
  
in Novos Poemas Póstumos (1990) - António Gedeão

Começou o verão...!

Solstício de verão no Hemisfério Norte
   
Na astronomia, solstício (do latim sol + sistere, que não se mexe) é o momento em que o Sol, durante seu movimento aparente na esfera celeste, atinge a maior declinação em latitude, medida a partir da linha do equador. Os solstícios ocorrem duas vezes por ano: em dezembro e em junho. O dia e hora exatos variam de um ano para outro. Quando ocorre no verão significa que a duração do dia é a mais longa do ano. Analogamente, quando ocorre no inverno, significa que a duração da noite é a mais longa do ano.
No hemisfério norte o solstício de verão ocorre por volta do dia 21 de junho e o solstício de inverno por volta do dia 21 de dezembro. Estas datas marcam o início das respectivas estações do ano neste hemisfério. Já no hemisfério sul, o fenómeno é inverso: o solstício de verão ocorre em dezembro e o solstício de inverno ocorre em junho. Os momentos exatos dos solstícios, que também marcam as mudanças de estação, são obtidos por cálculos de astronomia (este ano é no dia 21 de junho, às 04.32 horas).
Devido à órbita elíptica da Terra, as datas nas quais ocorrem os solstícios não dividem o ano em um número igual de dias. Isto ocorre porque quando a Terra está mais próxima do Sol viaja mais rapidamente do que quando está mais longe, em conformidade com a segunda lei de Kepler.
Os trópicos de Câncer e Capricórnio são definidos em função dos solstícios. No solstício de verão do hemisfério sul, os raios solares incidem perpendicularmente à superfície da Terra no Trópico de Capricórnio. No solstício de verão do hemisfério norte, ocorre o mesmo fenómeno no Trópico de Câncer.
   

terça-feira, julho 28, 2020

Vivaldi morreu há 279 anos

   
Antonio Lucio Vivaldi (Veneza, 4 de março de 1678 - Viena, 28 de julho de 1741) foi um grande compositor e músico italiano do estilo barroco tardio. Tinha a alcunha de il prete rosso ("o padre ruivo") por ser um sacerdote católico de cabelos ruivos. Compôs 770 obras, entre as quais 477 concertos e 46 óperas. É sobretudo reconhecido popularmente como o autor da série de concertos para violino e orquestra Le quattro stagioni ("As Quatro Estações").
    
  

sábado, junho 20, 2020

Hoje é quando o Dia é grande, a Noite é curta e a Sombra é mínima...

Google Doodle de 20.06.2020 - início do verão

  
Poema da sombra mínima
  
  
De um mesmo corpo o Sol projecta sombras
de diferentes tamanhos e contornos.
  
  
Quando atinge o seu zénite, o mais alto,
aquele seu mais alto que é possível,
quase não tenho sombra,
quase a busco,
quase não a descubro de acanhada.
  
  
Glória ao Sol na alturas!
  
  
Ó alegria da sombra mínima!
Eu canto, eu rio, eu sonho, eu estendo os braços,
eu com os dedos afago.
Falam-me as pedras, sorriem-me as paredes
e à beira dos meus passos se desenham
os novelos de luz, os véus, as plumas,
aqueles rolos breves e translúcidos
com que sobem ao céu, nas telas quinhentistas,
os bem-aventurados.
  
  
Ó alegria da sombra mínima!
  
  
Já não me cansa o que lá vai no tempo.
Já não me cansa o que há-de vir depois.
A sombra existe sempre
mas quando o Sol me banha do seu alto,
ó alegria das alegrias!,
eu canto, eu rio, eu sonho,eu estendo os braços,
eu com os dedos afago.
  
  
in Novos Poemas Póstumos (1990) - António Gedeão

Começou o verão...!

Solstício de verão no Hemisfério Norte
   
Na astronomia, solstício (do latim sol + sistere, que não se mexe) é o momento em que o Sol, durante seu movimento aparente na esfera celeste, atinge a maior declinação em latitude, medida a partir da linha do equador. Os solstícios ocorrem duas vezes por ano: em dezembro e em junho. O dia e hora exatos variam de um ano para outro. Quando ocorre no verão significa que a duração do dia é a mais longa do ano. Analogamente, quando ocorre no inverno, significa que a duração da noite é a mais longa do ano.
No hemisfério norte o solstício de verão ocorre por volta do dia 21 de junho e o solstício de inverno por volta do dia 21 de dezembro. Estas datas marcam o início das respectivas estações do ano neste hemisfério. Já no hemisfério sul, o fenómeno é inverso: o solstício de verão ocorre em dezembro e o solstício de inverno ocorre em junho. Os momentos exatos dos solstícios, que também marcam as mudanças de estação, são obtidos por cálculos de astronomia (este ano é no dia 20 de junho, às 21.44 horas).
Devido à órbita elíptica da Terra, as datas nas quais ocorrem os solstícios não dividem o ano em um número igual de dias. Isto ocorre porque quando a Terra está mais próxima do Sol viaja mais rapidamente do que quando está mais longe, em conformidade com a segunda lei de Kepler.
Os trópicos de Câncer e Capricórnio são definidos em função dos solstícios. No solstício de verão do hemisfério sul, os raios solares incidem perpendicularmente à superfície da Terra no Trópico de Capricórnio. No solstício de verão do hemisfério norte, ocorre o mesmo fenómeno no Trópico de Câncer.
   
    

   


 As amoras
   
O meu país sabe as amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.

   
  
Sophia de Mello Breyner Andresen

sexta-feira, junho 21, 2019

Chegou o verão!

Iluminação da Terra pelo Sol durante o solstício do hemisfério norte
  
Na astronomia, solstício (do latim sol + sistere, que não se mexe) é o momento em que o Sol, durante seu movimento aparente na esfera celeste, atinge a maior declinação em latitude, medida a partir da linha do equador. Os solstícios ocorrem duas vezes por ano: em dezembro e em junho. O dia e hora exatos variam de um ano para outro. Quando ocorre no verão significa que a duração do dia é a mais longa do ano. Analogamente, quando ocorre no inverno, significa que a duração da noite é a mais longa do ano.
   
  
As Amoras
  
O meu país sabe a amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.

  
  
in O outro nome da Terra (1988) - Eugénio de Andrade

terça-feira, julho 31, 2018

Porque já é amanhã...!


1 de Agosto - Xutos & Pontapés

É amanhã dia um de Agosto
E tudo em mim, é um fogo posto
Sacola às costas, cantante na mão
Enterro os pés no calor do chão
E há tanto sol pelo caminho
Que sendo um, não me sinto sozinho
Todos os anos, em praias diferentes
Se juntam corpos sedosos e quentes

Adoro ver a praia dourada
O estranho brilho da areia molhada
Mergulho verde nas ondas do mar
Procuro o fundo p'ra lhe tocar
Estendido ao sol, sem nada a dizer
Sorriso aberto de puro prazer
Todos os anos, em praias diferentes
Se juntam corpos sedosos e quentes

quinta-feira, junho 21, 2018

Poema alusivo à data

Iluminação da Terra pelo Sol durante o solstício de verão do hemisfério norte

Poema da sombra mínima


De um mesmo corpo o Sol projecta sombras
de diferentes tamanhos e contornos.


Quando atinge o seu zénite, o mais alto,
aquele seu mais alto que é possível,
quase não tenho sombra,
quase a busco,
quase não a descubro de acanhada.


Glória ao Sol na alturas!


Ó alegria da sombra mínima!
Eu canto, eu rio, eu sonho, eu estendo os braços,
eu com os dedos afago.
Falam-me as pedras, sorriem-me as paredes
e à beira dos meus passos se desenham
os novelos de luz, os véus, as plumas,
aqueles rolos breves e translúcidos
com que sobem ao céu, nas telas quinhentistas,
os bem-aventurados.


Ó alegria da sombra mínima!


Já não me cansa o que lá vai no tempo.
Já não me cansa o que há-de vir depois.
A sombra existe sempre
mas quando o Sol me banha do seu alto,
ó alegria das alegrias!,
eu canto, eu rio, eu sonho,eu estendo os braços,
eu com os dedos afago.


in Novos Poemas Póstumos (1990) - António Gedeão

segunda-feira, julho 31, 2017