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sexta-feira, março 15, 2024

Sérgio Vieira de Mello nasceu há 76 anos...

  
Sérgio Vieira de Mello (Rio de Janeiro, 15 de março de 1948 - Bagdad, 19 de agosto de 2003) foi um brasileiro funcionário da Organização das Nações Unidas (ONU) durante 34 anos e Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos desde 2002. Morreu em Bagdad, juntamente com outras 21 pessoas, vítima de um atentado a bomba contra a sede local da ONU. A organização extremista Al Qaeda assumiu a responsabilidade pelo ocorrido e afirmou que Mello era o alvo principal do ataque.
   
(...) 
   
Em 1996 foi nomeado assistente do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, antes de ser enviado para Nova Iorque, em janeiro de 1998, como Secretário-geral-adjunto para Assuntos Humanitários das Nações Unidas.
Para muitos, o brasileiro era a personificação do que a ONU poderia e deveria ser: com uma disposição fora do comum para ir ao campo de ação, corajoso, carismático, flexível, pragmático e muito eficiente na negociação com governos corruptos e ditadores sanguinários, em busca da paz.
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, afirmava que Vieira de Mello era "a pessoa certa para resolver qualquer problema". Foi o primeiro brasileiro a atingir o alto escalão da ONU. Como negociador da ONU atuou em alguns dos principais conflitos mundiais - Bangladesh, Camboja, Líbano, Bósnia e Herzegovina, Kosovo, Ruanda e Timor-Leste, entre 1999 e 2002, quando se mostraria inflexível nas denúncias dos crimes indonésios.
Em maio de 2003, foi enviado como representante oficial do Secretário-geral das Nações Unidas para o Iraque, país que estava mergulhado num sangrento conflito. Em julho daquele ano, Sérgio fez parte de uma equipe que vistoriou a Prisão de Abu Ghraib antes do local ser reformado.
Foi na capital iraquiana, Bagdad, que acabou sendo morto, em 2003, durante o ataque suicida ao Hotel Canal, com a explosão provocada por um camião-bomba. O hotel era usado como sede da ONU em Bagdad havia mais de uma década. Além dos 22 mortos, cerca de 150 pessoas ficaram feridas no ataque - o mais violento realizado contra uma missão civil das Nações Unidas até então. Abu Musab Zarqawi, chefe da organização terrorista Al Qaeda, assumiu a responsabilidade pelo atentado. Segundo os autores do ataque, Mello foi assassinado pois ele era um "cruzado" que teria ajudado a retirar uma parte (Timor-Leste) do país muçulmano que é a Indonésia. O atentado provocou a retirada dos funcionários estrangeiros da ONU do território iraquiano.
   

sexta-feira, março 08, 2024

Ruy Cinatti nasceu há 109 anos

(imagem daqui)
    
Ruy Cinatti Vaz Monteiro Gomes (Londres, 8 de março de 1915 - Lisboa, 12 de outubro de 1986) foi um poeta, antropólogo e agrónomo português.
  
Ruy Cinatti escreveu sobre São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Foi co-fundador de Os Cadernos de Poesia (1940).
A 10 de junho de 1992 foi agraciado, a título póstumo, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
    

   

  

Linha de Rumo
  
 
Quem não me deu Amor, não me deu nada.
Encontro-me parado...
Olho em meu redor e vejo inacabado
O meu mundo melhor.
 
Tanto tempo perdido...
Com que saudade o lembro e o bendigo:
Campo de flores
E silvas...
 
Fonte da vida fui. Medito. Ordeno.
Penso o futuro a haver.
E sigo deslumbrado o pensamento
Que se descobre.
  
Quem não me deu Amor, não me deu nada.
Desterrado,
Desterrado prossigo.
E sonho-me sem Pátria e sem Amigos,
Adrede.
   
  
Ruy Cinatti

sábado, janeiro 27, 2024

Suharto, ditador e genocida indonésio, morreu há 16 anos

     
Hadji Mohamed Suharto, ou simplesmente Suharto (Kemusuk, Yogyakarta, 8 de junho de 1921 - Jacarta, 27 de janeiro de 2008) foi um político e militar indonésio.
Foi general e o segundo presidente da Indonésia, entre 1967 e 1998.
Suharto nasceu a 8 de junho de 1921 nas Índias Orientais Holandesas, numa casa de bambu trançado murado na aldeia de Kemusuk, uma parte da grande aldeia de Godean. A aldeia fica a 15 km a oeste de Yogyakarta, o coração cultural do javanesa. O seu pai, Kertosudiro, tinha dois filhos de um casamento anterior e era um oficial de irrigação da aldeia. A sua mãe, Sukirah, era parente distante do sultão Hamengkubuwono V.
Em 30 de setembro de 1965, Suharto orquestrou um golpe que foi acompanhado pelo massacre de comunistas e democratas indonésios e que resultou num genocídio que fez entre 500 mil e dois milhões de vítimas, perante a indiferença mundial, num episódio que ficou conhecido como o Massacre na Indonésia de 1965–66.
Durante as três décadas em que esteve à frente dos destinos da Indonésia, Suharto construiu um governo nacional forte e centralista, forçando a estabilidade no heterogéneo arquipélago indonésio através da supressão dos dissidentes políticos e dos separatismos regionais. As suas políticas levaram a um substancial crescimento económico do país, apesar de muitos dos ganhos no nível de vida tenham sido perdidos com a crise financeira asiática que começou em 1997 e acabou por precipitar a sua queda. Com a prosperidade económica, Suharto enriqueceu pessoalmente, tendo criado um pequeno círculo de privilegiados através da implementação de monopólios estatais, subsídios e outros esquemas menos lícitos.
   
A invasão de Timor-Leste
Em 1975, na sequência da retirada de Portugal do Timor Português, a Fretilin tomou momentaneamente o poder e Suharto ordenou às suas tropas que invadissem o país. Em causa estavam elevados interesses económicos, nomeadamente o petróleo do Mar de Timor. Estima-se que 200 mil timorenses tenham perecido, cerca de um terço da população total. Em 15 de julho de 1976 o antigo Timor Português tornou-se a 27.ª província indonésia, com o nome de "Timor Timur". A situação só foi alterada em 1999, quando o seu sucessor, Baharuddin Jusuf Habibie, acordou a transferência da administração para as Nações Unidas e a realização de um referendo que acabou na proclamação da independência de Timor-Leste.
    
Morte
Após um período de internamento que durou 23 dias, o ex-ditador indonésio morreu no hospital Petarmina, em Jacarta, depois de um coma causada por falência múltipla dos órgãos. A sua rejeição na cultura popular marcou os media internacionais até ao século XXI.
   

terça-feira, dezembro 26, 2023

José Ramos-Horta celebra hoje 74 anos

  
José Manuel Ramos-Horta (Díli, 26 de dezembro de 1949) é um político e jurista timorense, presidente do seu país de 2007 a 2012. Antes fora o Ministro de Negócios Estrangeiros de Timor-Leste desde a independência, em 2002. Antes disto foi o porta-voz da resistência timorense no exílio, durante a ocupação indonésia, entre 1975 e 1999.
  
Vida e obra
Nascido de mãe timorense e pai português (exilado em Timor), foi educado numa missão católica em Soibada. Devido à atividade política pró-independência, esteve exilado, por um ano, em 1970-1971, durante a época colonial, em Moçambique.
Considerado como moderado, ocupa o cargo de Ministro das Relações Exteriores no governo auto-proclamado em 28 de novembro de 1975, apenas com 25 anos de idade. Deixou Timor-Leste apenas três dias antes da invasão indonésia, em viagem até Nova Iorque, para apresentar às Nações Unidas o caso timorense. Aí expõe a violência perpetrada pela Indonésia na ocupação do território, tornando-se o representante permanente da Fretilin na ONU nos anos seguintes.
Em dezembro de 1996, José Ramos-Horta partilha o Nobel da Paz com o compatriota e bispo católico D. Carlos Filipe Ximenes Belo. O Comité Nobel laureou-os pelo contínuo esforço para terminar com a opressão vigente em Timor-Leste, esperando que o prémio despolete o encontro de uma solução diplomática para o conflito em Timor-Leste com base no direito dos povos à autodeterminação.
José Ramos Horta estudou Direito Internacional na Academia de Direito Internacional de Haia, nos Países Baixos (1983) e na Universidade de Antioch (Estados Unidos) onde completou o mestrado em Estudos da Paz (1984), bem como uma série de outros cursos de pós-graduação sobre a temática do Direito Internacional e da Paz. A 9 de junho de 1998 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade. Em outubro de 2000 foi investido, juntamente com D. Ximenes Belo e Xanana Gusmão, como doutor honoris causa pela Universidade do Porto (por proposta da respetiva Faculdade de Letras).
Em 2003, José Ramos Horta apoiou a invasão do Iraque pelas tropas anglo-norte-americanas, criticando o regime ditatorial de Saddam Hussein e a Al Qaeda, lembrando que Osama bin Laden tinha justificado o ataque terrorista de Bali entre outros argumentos com o facto de Timor-Leste ter sido supostamente vítima de ataques contra o Islão pelos países ocidentais (a Indonésia tem a maior população islâmica no mundo).
No fim de junho de 2006, renunciou ao cargo de Ministro de Negócios Estrangeiros e da Defesa ao saber que o questionado primeiro-ministro Mari Alkatiri permaneceria no cargo.
Após a crise que culminou na renúncia de Alkatiri, assumiu em 8 de julho de 2006 o cargo de primeiro-ministro, com Estanislau da Silva como vice-primeiro-ministro e Rui Araújo como segundo vice-primeiro-ministro.
José Ramos-Horta era apontado pela imprensa portuguesa como um dos sucessores de Kofi Annan no cargo de secretário-geral da ONU. Ramos-Horta não confirmou o seu interesse no cargo, mas também não excluiu a hipótese.
Na segunda volta das eleições de 9 de maio de 2007, Ramos-Horta foi eleito Presidente da República de Timor-Leste, em disputa com Francisco Guterres Lu Olo, sucedendo a Xanana Gusmão no cargo.
A 13 de novembro de 2007 foi agraciado com o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique.
Desde outubro de 2014 é presidente do Painel Independente de Alto Nível para as Operações de Paz da ONU e co-Presidente da Comissão Internacional sobre o Multilateralismo.
Na manhã de 11 de fevereiro de 2008 foi alvejado no estômago, durante um ataque armado à sua casa. O ataque foi perpetrado pelo grupo dissidente das forças armadas liderado pelo major Alfredo Reinado, que foi morto no ataque.
      

quinta-feira, dezembro 07, 2023

O genocídio em Timor-Leste começou há 48 anos...

       
A invasão indonésia de Timor-Leste começou a 7 de dezembro de 1975, quando os militares indonésios invadiram Timor-Leste sob o pretexto de anti-colonialismo. O derrube de um breve governo popular liderado pela Fretilin provocou uma ocupação violenta durante um quarto de século em que, aproximadamente, se estima que 100 a 180 mil soldados e civis  terão sido mortos.
Durante os primeiros anos da ocupação, os militares indonésios enfrentaram forte resistência no interior montanhoso da ilha, mas, a partir de 1977-1978, os militares adquiriram armamento moderno aos Estados Unidos, Austrália e outros países para destruir o grupo rebelde. No entanto, nas duas últimas décadas do século XX viram-se contínuos combates entre grupos indonésios e timorenses sobre o estatuto de Timor- Leste; até que os violentos confrontos em 1999 levaram à intervenção da ONU pela Missão das Nações Unidas em Timor-Leste, depois da realização de um referendo em que os timorenses votaram pela independência, que viria a ocorrer em 2002.
   

terça-feira, novembro 28, 2023

A breve, precoce e abortada independência de Timor-Leste foi declarada há 48 anos

   
Timor-Leste
(oficialmente chamado de República Democrática de Timor-Leste) é um dos países mais jovens do mundo, e ocupa a parte oriental da ilha de Timor no Sudeste Asiático, além do exclave de Oecusse, na costa norte da parte ocidental de Timor, da ilha de Ataúro, a norte, e do ilhéu de Jaco ao largo da ponta leste da ilha. As únicas fronteiras terrestres que o país tem ligam-no à Indonésia, a oeste da porção principal do território, e a leste, sul e oeste de Oecusse, mas tem também fronteira marítima com a Austrália, no Mar de Timor, a sul. A sua capital é Díli, situada na costa norte.
Conhecido no passado como Timor Português, foi uma colónia portuguesa até 1975, altura em que se tornou independente, tendo sido invadido pela Indonésia três dias depois. Permaneceu considerado oficialmente pelas Nações Unidas como território português por descolonizar até 1999. Foi, porém, considerado pela Indonésia como a sua 27.ª província, com o nome de "Timor Timur". Em 30 de agosto de 1999 cerca de 80% do povo timorense optou pela independência, em referendo organizado pela Organização das Nações Unidas.

 
O primeiro contacto europeu com a ilha foi feito pelos portugueses quando estes lá chegaram em 1512 em busca do sândalo. Durante quatro séculos, os portugueses apenas utilizaram o território timorense para fins comerciais, explorando os recursos naturais da ilha. Díli, a capital do Timor Português, apenas nos anos 1960 começou a dispor de luz elétrica, e na década seguinte, água, esgoto, escolas e hospitais. O resto do país, principalmente em zonas rurais, continuava atrasado.
Até agosto de 1975 Portugal liderou o processo de auto-determinação de Timor-Leste, promovendo a formação de partidos políticos tendo em vista a independência do território. Quando as forças pró-indonésias atacam as forças portuguesas no território, estas são obrigadas a deixar a ilha de Timor e refugiam-se em Ataúro quando se dá início à Guerra Civil entre a FRETILIN e as forças pró-Indonésias. A FRETILIN (Frente Revolucionária de Timor-Leste) saiu vitoriosa da guerra civil e proclamou a independência a 28 de novembro do mesmo ano, o que não foi reconhecido por Portugal. A proclamação da independência por um partido de tendência marxista levou a que a Indonésia invadisse Timor Leste. Em 7 de dezembro, os militares indonésios desembarcavam em Díli, ocupando brevemente toda a parte oriental de Timor, apesar do repúdio da Assembleia-Geral e do Conselho de Segurança da ONU, que reconheceram Portugal como potência administrante do território.
A ocupação militar da Indonésia em Timor-Leste fez com que o território se tornasse a 27.ª província indonésia, chamada "Timor Timur". Uma política de genocídio resultou num longo massacre de timorenses. Centenas de aldeias foram destruídas pelos bombardeamentos do exército da Indonésia, sendo utilizadas toneladas de napalm contra a resistência timorense (chamada de Falintil). O uso do produto queimou boa parte das florestas do país, limitando o refúgio dos guerrilheiros na densa vegetação local.

domingo, novembro 12, 2023

Hoje é dia de recordar um célebre e triste massacre...

O Massacre de Santa Cruz foi há trinta e dois anos...

Túmulo do Sebastião Gomes, no cemitério Santa Cruz
   
O Massacre de Santa Cruz em Timor-Leste foi um tiroteio sobre manifestantes pró-independência no cemitério de Santa Cruz em Díli, a 12 de novembro de 1991, durante a ocupação de Timor-Leste pela Indonésia. A maioria das vítimas foram jovens, por isso, depois da independência, passou a ser um feriado, o Dia Nacional da Juventude em Timor Leste. Nesse dia tinha havido uma missa por alma de Sebastião Gomes, um jovem membro da resistência timorense (RENETIL), e havido uma romagem à sua campa no cemitério. Os jovens motivados pela revolta por esse assassinato, manifestaram-se contra os militares da Indonésia com o objetivo de mostrarem o seu apoio à independência do país.
  
História
Após a invasão de Timor-Leste pela Indonésia em 1975 (então, formalmente, ainda Timor Português), muitos timorenses sentiam-se oprimidos e foram mortos por questões políticas. Desde então, a resistência timorense combateu o exército indonésio. Em outubro de 1991 uma delegação com membros do Parlamento Português e 12 jornalistas planeavam visitar o território de Timor Leste durante a visita do Representante Especial das Nações Unidas para os Direitos Humanos e Tortura, Pieter Kooijmans. O governo Indonésio objetou à inclusão na delegação da jornalista australiana Jill Jolliffe, que apoiava e ajudava o movimento independentista Fretilin, e Portugal, consequentemente, cancelou a ida da delegação. O cancelamento desmoralizou os ativistas independentistas em Timor Leste, que esperavam usar a visita para melhorar a visibilidade internacional da sua causa. As tensões entre as autoridades indonésias e a juventude timorense aumentaram após o cancelamento da visita dos deputados de Portugal. Em 28 de outubro, as tropas indonésias localizaram um grupo de membros da resistência na Igreja de Motael, em Díli. O confronto deu-se entre os ativistas pró-integração e os ativistas independentistas que estavam na Igreja; quando este acabou, um homem de cada lado estava morto. Sebastião Gomes, um apoiante da independência de Timor Leste, foi retirado da Igreja e abatido pela tropa indonésia e o integracionista Afonso Henriques foi atingido e morto durante a luta.
A 12 de novembro, mais de duas mil pessoas marcharam desde a igreja onde se celebrou uma missa em memória de Sebastião Gomes até ao cemitério de Santa Cruz, onde está enterrado, para lhe prestar homenagem. O exército indonésio abriu fogo sobre a população, matando 271 pessoas no local e com 127 a morrer, dos ferimentos, nos dias seguintes. Ainda hoje a localização de muitos corpos continua ainda a ser desconhecida.
Alguns manifestantes foram presos e só foram libertados em 1999, por altura do referendo da independência.
  
(imagem daqui)
       
Consequências
O massacre foi filmado pelo repórter de imagem Max Stahl, que deu assim uma preciosa ajuda para dar a conhecer ao mundo o que tinha acontecido em Díli. Os acontecimentos foram condenados internacionalmente e chamaram atenção para a causa dos timorenses. Em 1992, Rui Veloso, músico português, compôs e interpretou a música Maubere a favor da causa timorense.
  
No cemitério de Santa Cruz, os manifestantes exibem bandeiras da OJETIL, da FRETILIN e da UDT, forças revolucionárias timorenses (daqui)
 
  

quinta-feira, outubro 12, 2023

Saudade de Ruy Cinatti...


 

Linha de Rumo
  
 
Quem não me deu Amor, não me deu nada.
Encontro-me parado...
Olho em meu redor e vejo inacabado
O meu mundo melhor.
 
Tanto tempo perdido...
Com que saudade o lembro e o bendigo:
Campo de flores
E silvas...
 
Fonte da vida fui. Medito. Ordeno.
Penso o futuro a haver.
E sigo deslumbrado o pensamento
Que se descobre.
  
Quem não me deu Amor, não me deu nada.
Desterrado,
Desterrado prossigo.
E sonho-me sem Pátria e sem Amigos,
Adrede.
   
  
Ruy Cinatti

quarta-feira, agosto 30, 2023

Timor-Leste votou pela independência há vinte e quatro anos...!

        
Invasão
A 7 de dezembro de 1975 Timor-Leste foi invadido pela Indonésia, que a ocupou durante os 24 anos seguintes. Timor mergulhou na violência fratricida e o governador Mário Lemos Pires, destituído de orientações precisas de Lisboa e sem forças militares suficientes para reimpor a autoridade portuguesa, abandonou a capital e refugiou-se na ilha de Ataúro, que fica de frente para a cidade de Díli (atual capital de Timor-Leste).
A Indonésia justificou a invasão alegando a defesa contra o comunismo, discurso que lhe garantiu apoio do governo dos Estados Unidos e da Austrália, entre outros, mas que não impediu a sua condenação pela comunidade internacional.
A invasão indonésia seguiu-se uma das maiores tragédias do pós II Guerra Mundial. A Indonésia recorreu a todos os meios para dominar a resistência: calculam-se em duzentas mil as vítimas de combates e chacinas; as forças policiais e militares usavam de forma sistemática e sem controlo meios brutais de tortura, a população rural, nas áreas de mais acesa disputa com a guerrilha, era encerrada em "aldeias de recolonização", procedeu-se à esterilização forçada de mulheres timorenses.
Simultaneamente, a fim de dar ao facto consumado da ocupação um carácter irreversível, desenvolveu-se uma política de descaracterização do território, quer no plano cultural (proibição do ensino do português e a islamização), quer no plano demográfico (javanização), quer ainda no plano político (integração de Timor na Indonésia como sua 27ª província). A esta descaracterização há que acrescentar a exploração das riquezas naturais através de um acordo com a Austrália para a exploração do petróleo no Mar de Timor.
       
Independência
No terreno, a guerrilha não se rendeu, embora com escassos recursos materiais, humanos e financeiros e apesar de ter sofrido pesados desaires, como a deserção de dirigentes e a perda de outros, pela morte em combate de Nicolau Lobato ou por detenção de Xanana Gusmão. Embora reduzida a umas escassas centenas de homens mal armados e isolados do mundo, conseguiu, nos tempos mais recentes, alargar a sua luta ao meio urbano com manifestações de massas e manter no exterior uma permanente luta diplomática, para o que contou, em muitas circunstâncias, com a compreensão e o apoio da Igreja Católica local, liderada por D. Carlos Ximenes Belo, bispo de Díli.
Para atingir a almejada independência, Timor-Leste contou antes do mais com as suas próprias forças e capacidade de resistência, mas também com apoios externos de ativistas em todo o mundo, bem como da diplomacia de países amigos, em particular os de língua portuguesa. Em Portugal, nomeadamente, além da ação do governo, muitos núcleos de ativistas pró-Timor foram formados, culminando em 1999 com um buzinão permanente em frente à embaixada dos Estados Unidos, e um cordão humano gigante cercando as embaixadas de potências influentes.
Em 30 de agosto de 1999, os timorenses votaram, por esmagadora maioria, pela independência, pondo fim a 24 anos de ocupação indonésia, na sequência de um referendo promovido pelas Nações Unidas. O resultado do referendo gerou confrontos por parte de grupos pró-Indonésia. O conflito, que destruiu boa parte da infraestrutura do país e matou cerca de duzentas mil pessoas (1/4 da população), só foi resolvido com a mobilização da Missão das Nações Unidas de Apoio no Timor-Leste (UNMISET). Em 20 de maio de 2002 a independência de Timor-Leste foi restaurada e as Nações Unidas entregaram o poder ao primeiro Governo Constitucional de Timor-Leste.
   

   
in Wikipédia
 
      
  
O referendo sobre a independência do Timor-Leste foi realizado em 30 de agosto de 1999, como decisão política sobre o Timor-Leste, um país do Sudeste Asiático. As origens do referendo deram-se com o pedido feito pelo Presidente da Indonésia, Bacharuddin Jusuf Habibie, ao secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, em 27 de janeiro de 1999. O pedido consistia em realizar um referendo em Timor-Leste, no qual seria dado, à população da província indonésia, o poder de escolha de uma maior autonomia dentro da Indonésia ou a independência
  
Origem
Nos meses anteriores, o Presidente Jusuf Habibie tinha feito várias declarações públicas em que ele mencionava que os custos de manutenção de subsídios monetários para apoiar a província não foram equilibrados por qualquer benefício mensurável para a Indonésia. Devido a esta desfavorável análise custo-benefício, a decisão mais racional seria ser dada, à província, que não fazia parte dos limites originais da Indonésia até 1945, a escolha democrática sobre se queria ou não permanecer na Indonésia. Esta escolha também ficou ligada com o programa de democratização geral de Habibie, no período pós-Suharto.
Como etapa de acompanhamento para o pedido de Habibie, a ONU organizou uma reunião entre o governo indonésio e o governo português (que detinha a autoridade colonial anterior sobre Timor-Leste). Em 5 de maio de 1999, essas negociações resultaram no "Acordo entre a República da Indonésia e a República Portuguesa sobre a Questão de Timor-Leste". O referendo seria realizado para determinar se Timor Leste permaneceria parte da Indonésia como uma Região Autónoma Especial, ou separar-se-ia da Indonésia. O referendo foi organizado e monitorizado pela Missão das Nações Unidas em Timor-Leste (UNAMET) e 450.000 pessoas estavam aptas a votar, incluindo 13.000 timorenses fora dos limites territoriais do Timor-Leste.
  
Resultados
Foram apresentados, aos eleitores, as seguintes alternativas:
  1. Você aceita a proposta de autonomia especial a Timor-Leste, dentro do estado unitário da República da Indonésia?
  2. Você rejeita a proposta de autonomia especial a Timor-Leste, levando à separação de Timor-Leste da Indonésia?
Alternativa Votos %
Aceitar 94 388 21,50
Rejeitar 344 580 78,50
Inválidos/brancos/nulos
Total 438 968 100
Eleitores registados 451 792 98,60

   
Reações 
O governo indonésio aceitou o resultado em 19 de outubro de 1999, revogando as leis que formalmente anexavam Timor-Leste à Indonésia. As Nações Unidas aprovaram uma resolução que instituía a Administração Transitória das Nações Unidas em Timor Leste (UNTAET), que levaria à independência do país, em maio de 2002.
    

sábado, agosto 19, 2023

Sérgio Vieira de Mello foi assassinado há vinte anos...

     
Sérgio Vieira de Mello (Rio de Janeiro, 15 de março de 1948 - Bagdade, 19 de agosto de 2003) foi um brasileiro funcionário da Organização das Nações Unidas (ONU) durante 34 anos e Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos desde 2002. Morreu em Bagdade, juntamente com outras 21 pessoas, vítima de atentado atribuído à Al Qaeda, contra a sede local da ONU.
 
(...)
 
Tornou-se funcionário da ONU em 1969 - o mesmo ano em que o seu pai, então embaixador, foi aposentado compulsoriamente dos quadros do Ministério das Relações Exteriores brasileiro. Passou a maior parte de sua vida trabalhando no Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR, ou ACNUR, em português), servindo em missões humanitárias e de manutenção da paz: em Bangladesh, durante sua independência, em 1971; no Sudão e em Chipre, após a invasão turca de 1974. Por três anos foi responsável pelas operações do UNHCR em Moçambique, durante a guerra civil que se seguiu à independência do país, em 1975, e depois, no Peru.
Em 1981 foi nomeado conselheiro político sénior das forças da ONU no Líbano. Em 1982 dececionou-se com os ataques sistemáticos do Hezbollah a partir de território libanês a Israel, o que acabou por iniciar a Guerra do Líbano, com Israel invadindo território daquele país visando desarmar o grupo terrorista financiado pelo Irão e apoiado pela Síria. Depois disso, desempenhou diversas funções importantes, no UNHCR, de 1983 a 1991. Foi chefe do Departamento Regional para Ásia e Oceânia e diretor da Divisão de Relações Externas.
Entre 1991 e 1996 foi enviado especial do Alto Comissário ao Cambodja, como diretor do repatriamento da Autoridade da ONU de Transição no Camboja (U.N. Transitional Authority in Cambodia, UNTAC), tendo sido o primeiro e único representante da ONU a manter conversações com o Khmer Vermelho. Foi diretor da United Nations Protection Force (UNPROFOR), a primeira força de paz na Croácia e na Bósnia e Herzegovina, durante as guerras da Jugoslávia. Foi também coordenador humanitário da ONU na região dos Grandes Lagos Africanos.
Em 1996 foi nomeado assistente do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, antes de ser enviado para Nova Iorque, em janeiro de 1998, como Secretário-geral-adjunto para Assuntos Humanitários das Nações Unidas.
Para muitos, o brasileiro era a personificação do que a ONU poderia e deveria ser: com uma disposição fora do comum para ir ao campo de ação, corajoso, carismático, flexível, pragmático e muito eficiente na negociação com governos corruptos e ditadores sanguinários, em busca da paz.
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, afirmava que Vieira de Mello era "a pessoa certa para resolver qualquer problema". Foi o primeiro brasileiro a atingir um alto escalão na ONU. Como negociador da ONU atuou em alguns dos principais conflitos mundiais - Bangladesh, Cambodja, Líbano, Bósnia e Herzegovina, Kosovo, Ruanda e Timor-Leste, entre 1999 e 2002, quando se mostraria inflexível nas denúncias dos crimes indonésios. E por fim, no Iraque, onde foi morto durante o ataque suicida ao Hotel Canal, com a explosão provocada por um camião-bomba. O Hotel Canal era usado como sede da ONU em Bagdade há mais de uma década.
Além dos 22 mortos, cerca de 150 pessoas ficaram feridas no ataque - o mais violento realizado contra uma missão civil da ONU até então. Atribuído pelos Estados Unidos à rede Al Qaeda, o ataque provocou a retirada dos funcionários estrangeiros da organização do território iraquiano.
Segundo o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, momentos depois da explosão, Vieira de Mello telefonou para a ONU de seu telemóvel, falando sobre a situação. Ele permaneceu preso sob os escombros durante mais de três horas. Entretanto, segundo Samantha Power, que entrevistou mais de 400 pessoas (diversas das quais presentes no local da explosão) para escrever o livro "O homem que queria salvar o mundo", Vieira de Mello comunicou apenas com a equipa de resgate e com Carolina Larriera, sua companheira, através de um buraco nos escombros. Ainda segundo Samantha Power, os contactos telefónicos com a sede da ONU em Nova Iorque partiram de Ramiro Lopes da Silva, vice de Vieira de Mello e funcionário responsável pela segurança. O chefe da administração civil dos EUA no Iraque, Paul Bremer, disse que possivelmente Vieira de Mello teria sido o alvo do atentado. "Tudo aconteceu debaixo da janela de Sérgio Vieira de Mello. Eu acho que ele era o alvo", disse Lone à rede BBC.
Vieira de Mello era considerado por muitos como o virtual sucessor de Kofi Annan na Secretaria-Geral das Nações Unidas. Apesar de frequentemente confrontar-se com a impotência da ONU diante de tragédias humanas, sua biografia prova que ainda existe algo a ser defendido na organização.
Desempenhou temporariamente as funções de representante especial do Secretário Geral Kofi Annan no Kosovo, onde foi substituído por Bernard Kouchner. De novembro de 1999 a maio de 2002, exerceu o cargo de administrador de transição da ONU em Timor-Leste. Em 12 de setembro de 2002, foi nomeado Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
Em maio de 2003 fora indicado pelo secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, como seu representante especial, durante quatro meses no Iraque.
Sérgio Vieira de Mello foi enterrado no cemitério de Plainpalais (Cimetière des Rois), em Genebra. Alguns meses após o atentado, a ONU realizou uma homenagem póstuma, entregando o Prémio de Direitos Humanos das Nações Unidas àquele que foi um dos mais importantes funcionários da entidade.
Sérgio era conhecido pelo seu carisma e obstinação. Mas a aversão à ostentação de bens materiais também fez parte da sua história. Fazia questão de mostrar-se igual aos mais humildes. Na Bósnia, Vieira de Mello recusou colete blindado. Como os civis não dispunham daquele "luxo", acreditava que criaria uma barreira com o povo local se saísse às ruas com a proteção. Apesar de dispor de carros de luxo, em Nova Iorque, Bruxelas, Bagdade e Paris, andava a pé, de táxi ou de metro. Mas sempre foi amigo dos motoristas colocados à sua disposição e era através deles que obtinha importantes informações sobre o povo local, principalmente das suas necessidades, os seus anseios e a localização dos bairros mais humildes, onde viviam os refugiados, com quem se reunia espontaneamente para ensinar os princípios básicos de moral, ética e cidadania. Em Bagdad saiu de um bairro de refugiados a meio da noite e voltou com meia dúzia de ovos, que ele mesmo cozinhou e dividiu com as crianças e jovens. A um militar americano que o abordou, disse "não há como falar sobre moral com quem está de barriga vazia". Abdicou de um apartamento de mais de 500 metros quadrados em Nova Iorque, com vista para o Central Park, por um outro de apenas dois quartos, próximo do seu local de trabalho. Dizia que ali sentia-se mais feliz.
O seu brilhantismo, cultura, simpatia e desapego aos holofotes e bens materiais eram suas principais características, que somadas ao seu tipo pessoal atlético, tornaram-no um ícone entre as principais celebridades mundiais. Por duas vezes foi eleito o homem mais desejado e charmoso do mundo pelas revistas VOGUE e Vanity Affairs, mas não compareceu para receber os títulos. Em entrevista ao New York Times, humilde como sempre, comentou que as revistas haviam se enganado e disse que se ele tinha algo a receber, que fosse revertido para donativos aos refugiados do Iraque.
   

terça-feira, junho 20, 2023

Xanana Gusmão - 77 anos

    

José Alexandre "Kay Rala Xanana" Gusmão (Manatuto, 20 de junho de 1946) é um político timorense. Foi um dos principais ativistas pela independência de seu país, tendo sido o 1° presidente durante largos anos na resistência timorense, durante a ocupação indonésia.
Durante o início da década de 90, Gusmão envolveu-se na diplomacia e na utilização dos meios de comunicação, instrumento utilizado para alertar o mundo para o massacre ocorrido no cemitério de Santa Cruz em 12 de novembro de 1991. Gusmão foi entrevistado pelos media internacionais e chamou a atenção do mundo inteiro.
Com o seu alto perfil, Gusmão converte-se em objetivo principal do governo indonésio. Uma campanha para capturá-lo finalmente ocorre em novembro de 1992. Em novembro de 1992 foi preso, submetido à tortura do sono, julgado e condenado a prisão perpétua pelo governo indonésio. Foi-lhe negado o direito a se defender. Passou sete anos na prisão de Cipinang em Jacarta. A sua libertação, no entanto, ocorreria em fins de 1999. Durante o cativeiro foi visitado por representantes das Nações Unidas e altos dignitários como Nelson Mandela.
   
Referendo e administração das Nações Unidas
Em 30 de agosto de 1999 é realizado um referendo em Timor-Leste, com a esmagadora maioria da população a votar pela independência do território. Perante isso, os militares indonésios e os grupos paramilitares por eles apoiados e armados começaram uma campanha de terror que trouxe consequências terríveis. Apesar do governo indonésio negar estar por detrás desta ofensiva, foi condenado internacionalmente por não evitar a ação. Como resultado da pressão diplomática internacional, uma força de pacificação da ONU, constituída maioritariamente por soldados australianos entrou em Timor-Leste e Gusmão foi libertado. Com o seu regresso a Díli começou uma campanha de reconciliação e de reconstrução.
Gusmão foi convidado para governar juntamente com a administração da ONU até 2002. Durante este tempo promoveu continuamente campanhas para a unidade e a paz dentro de Timor-Leste e assumiu-se como o líder de facto na nova nação.
    
Eleição como presidente (2002) até a atualidade 
As eleições presidenciais, em abril de 2002, deram-lhe a vitória de forma retumbante, convertendo-o no primeiro presidente de Timor-Leste quando o país se tornou formalmente independente, em 20 de maio de 2002.
No início de 2007 anuncia que não é candidato à reeleição. Funda, com o objetivo de concorrer às eleições legislativas de 30 de junho, um novo partido político cuja sigla é CNRT, a mesma do antigo Conselho Nacional de Resistência Timorense, o que causa polémica. Do ato eleitoral sai indigitado.
Depois da libertação do jugo indonésio, foi o primeiro presidente de Timor Leste e ocupou mais tarde o cargo de primeiro-ministro.
   

 


domingo, maio 21, 2023

O ditador genocida indonésio Suharto foi apeado há 25 anos

  
Hadji Mohamed Suharto, ou simplesmente Suharto (Kemusuk, Yogyakarta, 8 de junho de 1921 - Jacarta, 27 de janeiro de 2008) foi um político e militar indonésio.
Foi general e o segundo presidente da Indonésia entre 12 de março de 1967 e 21 de maio de 1998.
Suharto nasceu em 8 de junho de 1921 durante o Índias Orientais holandesas, numa casa de bambu trançado murado na aldeia de Kemusuk, uma parte da grande aldeia de Godean. A aldeia fica a 15 km a oeste de Yogyakarta, o coração cultural do javanesa. O seu pai, Kertosudiro tinha dois filhos do seu casamento anterior e era um oficial de irrigação da aldeia. A sua mãe Sukirah, uma mulher local, era parente distante do sultão Hamengkubuwono V por ser descendente da sua primeira concubina.
Em 30 de setembro de 1965, Suharto orquestrou um golpe que foi acompanhado pelo massacre de comunistas e democratas indonésios e que resultou num genocídio que fez entre 500 mil e dois milhões de vítimas, perante a indiferença mundial e da população local iletrada, num episódio que ficou conhecido como o Massacre na Indonésia de 1965–66.
Durante as três décadas em que esteve à frente dos destinos da Indonésia, Suharto construiu um governo nacional forte e centralista, forçando a estabilidade no heterogéneo arquipélago indonésio através da supressão dos dissidentes políticos e dos separatismos regionais. As suas políticas levaram a um substancial crescimento económico do país, apesar de muitos dos ganhos no nível de vida tenham sido perdidos com a crise financeira asiática que começou em 1997 e acabou por precipitar a sua queda. Com a prosperidade económica, Suharto enriqueceu pessoalmente, tendo criado um pequeno círculo de privilegiados através da implementação de monopólios estatais, subsídios e outros esquemas menos lícitos.
  
Invasão de Timor-Leste
Em 1975, na sequência da retirada de Portugal do Timor Português, a Fretilin tomou momentaneamente o poder e Suharto ordenou às suas tropas que invadissem o país. Em causa estavam elevados interesses económicos, nomeadamente o petróleo do Mar de Timor. Estima-se que 200 mil timorenses tenham perecido, cerca de um terço da população total. Em 15 de julho de 1976 o antigo Timor Português tornou-se a 27.ª província indonésia, com o nome de "Timor Timur". A situação só foi alterada em 1999, quando o seu sucessor, Baharuddin Jusuf Habibie, acordou a realização de um referendo que acabou com a proclamação da independência de Timor-Leste.

Morte 
Após um período de internamento que durou 23 dias, o ex-ditador indonésio morreu no hospital Petarmina, em Jacarta, depois de um coma causado por falência múltipla dos órgãos.
  

sábado, maio 20, 2023

Timor-Leste tornou-se independente, definitivamente, há 21 anos

      
Timor-Leste, é um dos países mais jovens do mundo, e ocupa a parte oriental da ilha de Timor, no Sudeste Asiático, além do exclave de Oecusse, na costa norte da parte ocidental de Timor, da ilha de Ataúro, a norte, e do ilhéu de Jaco, ao largo da ponta leste da ilha. As únicas fronteiras terrestres que o país tem ligam-no à Indonésia, a oeste da porção principal do território, e a leste, sul e oeste de Oecusse, mas tem também fronteira marítima com a Austrália, no Mar de Timor, a sul. Com 14.874 quilómetros quadrados de extensão territorial, Timor-Leste tem superfície equivalente às áreas dos distritos portugueses de Beja e Faro somadas, o que ainda é consideravelmente menor que o menor dos estados brasileiros, Sergipe. A sua capital é Díli, situada na costa norte.
Conhecido no passado como Timor Português, foi uma colónia portuguesa até 1975, altura em que se tornou independente, tendo sido invadido pela Indonésia três dias depois. Permaneceu considerado oficialmente pelas Nações Unidas como território português, por descolonizar, até 1999. Foi, porém, considerado pela Indonésia como a sua 27.ª província, com o nome de "Timor Timur". Em 30 de agosto de 1999, cerca de 80% do povo timorense optou pela independência em referendo organizado pela Organização das Nações Unidas (ONU).
A língua mais falada em Timor-Leste era o indonésio no tempo da ocupação indonésia, sendo hoje o tétum (mais falado na capital). O tétum e o português formam as duas línguas oficiais do país, enquanto o indonésio e a língua inglesa são consideradas línguas de trabalho pela atual constituição de Timor-Leste.
Geograficamente, o país enquadra-se no chamado sudeste asiático, enquanto do ponto de vista biológico aproxima-se mais das ilhas vizinhas da Melanésia, o que o colocaria na Oceânia e, por conseguinte, faria dele uma nação transcontinental.
      
 
(...)
   
A ocupação militar da Indonésia em Timor-Leste fez com que o território se tornasse a 27.ª província indonésia, chamada "Timor Timur". Uma política de genocídio resultou num longo massacre de timorenses. Centenas de aldeias foram destruídas pelos bombardeamentos do exército da Indonésia, sendo utilizadas toneladas de napalm contra a resistência timorense (chamada de Falintil). O uso do produto queimou boa parte das florestas do país, limitando o refúgio dos guerrilheiros na densa vegetação local.
Entretanto, a visita do Papa João Paulo II a Timor-Leste, em outubro de 1989, foi marcada por manifestações pró-independência, que foram duramente reprimidas. No dia 12 de novembro de 1991, o exército indonésio disparou sobre manifestantes que homenageavam um estudante morto pela repressão no cemitério de Santa Cruz, em Díli. Cerca de 271 pessoas foram mortas no local. Outros manifestantes foram mortos nos dias seguintes, "caçados" pelo exército da Indonésia.
A causa de Timor-Leste pela independência ganhou maior repercussão e reconhecimento mundial com a atribuição do Prémio Nobel da Paz ao bispo Carlos Ximenes Belo e a José Ramos Horta em outubro de 1996. Em julho de 1997, o presidente sul-africano Nelson Mandela visitou o líder da FRETILIN, Xanana Gusmão, que estava na prisão. A visita fez com que aumentasse a pressão para que a independência fosse feita através de uma solução negociada. A crise na economia da Ásia no mesmo ano afetou duramente a Indonésia. O regime militar de Suharto começou a sofrer diversas pressões com manifestações cada vez mais violentas nas ruas. Tais atos levaram à demissão do general em maio de 1998.
Em 1999, os governos de Portugal e da Indonésia começaram, então, a negociar a realização de um referendo sobre a possível independência ou autonomia do território, sob a supervisão de uma missão da ONU. No mesmo período, o governo indonésio iniciou programas de desenvolvimento social, como a construção e recuperação de escolas, hospitais e estradas, para promover uma boa imagem junto aos timorenses.
Desde o início dos anos 90, uma lei indonésia aprovava milícias que "defendessem" os interesses da nação em Timor-Leste. O exército indonésio treinou e equipou diversas milícias, que serviram de ameaça contra o povo durante o referendo. Apesar das ameaças, mais de 98% da população timorense foi às urnas no dia 30 de agosto de 1999 para votar na consulta popular, e o resultado apontou que 78,5% dos timorenses queriam a independência.
As milícias, protegidas pelo exército indonésio, desencadearam uma onda de violência antes da proclamação dos resultados. Homens armados mataram nas ruas todas as pessoas suspeitas de terem votado pela independência. Milhares de pessoas foram separadas das famílias e colocadas à força em camiões, cujo destino ainda hoje é desconhecido (muitas levadas a Kupang, no outro lado da ilha de Timor, pertencente a Indonésia). A população começou a fugir para as montanhas e buscar refúgio em prédios de organizações internacionais e nas igrejas. Os estrangeiros foram evacuados, deixando Timor entregue à violência dos militares e das milícias indonésios.
Em 1990, João Gil publica, no álbum Um Destes Dias, a famosa música portuguesa Timor, escrita por João Monge e várias vezes cantada por Luís Represas. Música essa que quase originou um segundo hino nacional e que, ainda hoje, faz presença nos concertos da banda.
A Organização das Nações Unidas (ONU) decide criar uma força internacional para intervir na região. Em 22 de setembro de 1999, soldados australianos sob bandeira da ONU entraram em Díli e encontraram um país totalmente incendiado e devastado. Grande parte da infraestrutura de Timor-Leste havia sido destruída e o país estava quase totalmente devastado. Xanana Gusmão, líder da resistência timorense, foi libertado logo em seguida.
   
   
Em abril de 2001, os timorenses foram novamente às urnas para a escolha do novo líder do país. As eleições consagraram Xanana Gusmão como o novo presidente timorense e, em 20 de maio de 2002, Timor-Leste tornou-se totalmente independente.